Dramática a situação vivida pelos japoneses nas últimas horas. Um tremor de 8,9 graus na escala Richter, próximo ao arquipélago, provocou diversos danos nas cidades próximas. Em consequência do sismo, elevou-se um tsunami em direção às ilhas, levando barcos, casas, carros e tudo mais que havia pela frente. As contagens de mortes apontam para algo em torno de mil vítimas. Seriam muito mais, não fosse o Japão preparado para esse tipo de acontecimento.
Dentre as imagens apresentadas, chamou-me a atenção a invasão das águas sobre os campos de cultivo. No meio de tanta tragédia, ali pode estar mais uma: a salinização dos solos. Provavelmente as águas com teor salino vão se infiltrar no solo, prejudicando em muito a agricultura no local. Ainda mais grave por ser no Japão, país com tão poucas áreas para produzir alimentos.
Agora, vem a notícia (um pouco truncada) de um vazamento nuclear na usina de Fukushima Daiichi, com a evacuação de todos os moradores num raio de 10 km da usina. Parece que o tremor afetou o funcionamento do sistema de resfriamento da usina. Não se informou se o problema se deu no resfriamento da água do sistema primário (que passa pelo núcleo do reator) ou se no sistema secundário (que recebe calor da água do sistema primário e gera o vapor que movimenta a turbina). Aparentemente, o governo autorizou um vazamento da água pressurizada do circuito primário para reduzir a pressão do sistema. O esquema seguinte (fonte: http://ocantinhu.blogspot.com/2011/02/energia-nuclear.html) mostra um esquema de funcionamento de uma usina nuclear, no caso a de Angra dos Reis.
A água do circuito primário é fortemente contaminada com material radioativo pois passa pelo núcleo do reator (barras vermelhas à esquerda: elemento combustível). Essa água atinge grande pressão ao se vaporizar rapidamente. A explosão da contenção do reator nuclear de Chernobyl (URSS, 1986) aconteceu por uma falha na refrigeração do núcleo do reator. O "resfriamento" do núcleo é feito pela água que circula no mesmo e por barras de grafite ou boro (barras de controle) que são introduzidas para diminuir a intensidade da reação nuclear em cadeia (que gera o calor para vaporizar a água).
Uma usina baseada em fissão nuclear não pode explodir como se fosse uma bomba atômica (por usar urânio enriquecido num teor muito abaixo do que possibilita a ocorrência de uma explosão atômica), mas o vazamento de material radioativo é um sério problema. Todos sabemos os efeitos danosos da exposição à radiação, e para os japoneses ainda há um trauma e uma apreensão adicionais por causa dos bombardeios em Hiroshima e Nagasaki.
Aproveito para enviar um abraço amigo a todos que têm amigos ou parentes - japoneses, brasileiros ou de outras nacionalidades - que estão na área afetada.
Ramon Lamar de Oliveira Junior
NOVAS INFORMAÇÕES
12/03/2011: Baseado no divulgado pelo jornal Estado de São Paulo (www.estadao.com.br)
A Agência de Segurança Nuclear do Japão afirmou ser “altamente provável” que esteja ocorrendo o derretimento do reator número 1 da usina nuclear Daiichi, na cidade de Fukushima, nordeste do Japão. [O derretimento do núcleo do reator ocorre quando temperaturas altímissimas são geradas na ausência do sistema de resfriamento.]
Às 15h36 na hora local deste sábado (3h36 em Brasília), os muros e o teto da usina caíram em meio a várias colunas de fumaça. Houve vazamento radioativo e quatro funcionários se feriram levemente. Segundo a imprensa japonesa, a explosão ocorreu quando uma equipe tentava esfriar o reator nuclear número 1.
Os reatores das unidades 1, 2 e 3 da usina Daiichi se desligaram automaticamente às 14h26 (hora local) devido ao terremoto. Porém, cerca de uma hora depois, os geradores de segurança a diesel também se desligaram, deixando os reatores sem uma fonte de energia alternativa. Tal apagão é "uma das mais graves ocorrências que podem atingir uma usina nuclear", segundo especialistas do grupo de supervisão nuclear "Union of Concerned Scientists", baseado nos EUA. "Se toda a eletricidade alternativa é desligada, as opções para refrigerar o núcleo ficam limitadas".
12/03/2011: Baseado no divulgado pela Folha de S.Paulo (www.folha.uol.com.br)
O contêiner do reator da central nuclear de Fukushima 1, onde foi registrada uma explosão não sofreu danos, afirmou neste sábado o porta-voz do governo, citando a operadora, a Tepco (Tokyo Electric Power).
Em nota divulgada há pouco, o governo nipônico também anunciou que o nível de radiação na usina nuclear após a explosão começou a baixar. O nível de radioatividade registrado neste sábado na sala de controle do reator número 1 da central nuclear de Fukushima chegou a ser mil vezes superior ao normal, segundo a agência de notícias Kyodo.
12/03/2011: Link com explicações e esquema: clique aqui. A situação é grave, pois mais um reator está com problemas.
12/03/2011: Baseado no divulgado pela Folha de S.Paulo (www.folha.uol.com.br)
O contêiner do reator da central nuclear de Fukushima 1, onde foi registrada uma explosão não sofreu danos, afirmou neste sábado o porta-voz do governo, citando a operadora, a Tepco (Tokyo Electric Power).
Em nota divulgada há pouco, o governo nipônico também anunciou que o nível de radiação na usina nuclear após a explosão começou a baixar. O nível de radioatividade registrado neste sábado na sala de controle do reator número 1 da central nuclear de Fukushima chegou a ser mil vezes superior ao normal, segundo a agência de notícias Kyodo.
12/03/2011: Link com explicações e esquema: clique aqui. A situação é grave, pois mais um reator está com problemas.
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