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domingo, 10 de novembro de 2024

ENTREVISTA COM A PROFESSORA MAIRY

Introdução: A Professora Mairy é uma grande referência para mim no aprendizado de Ecologia e em meu caminho como biólogo. Tive algumas disciplinas com ela, e sempre me encantaram sua facilidade em transmitir ideias, seu vasto conhecimento e sua preocupação com a formação integral de nós, futuros profissionais. Com suas aulas, adquiri o hábito de tratar meus professores especiais como Mestre ou Mestra — espero que eles nunca tenham visto isso como brincadeira, pois sempre usei esses termos com absoluto respeito e reverência. Sou muito grato a ela, e esta entrevista é uma forma de expressar essa gratidão e manter viva sua história.

Professora Mairy, conte-nos resumidamente:

  1. Sobre sua origem

    Sou mineira, do Triângulo. Gosto de pamonha, milho assado e farinha de mandioca. Nasci no Cerrado e amo mangaba, pequi e araçá. Vivo em Belo Horizonte, onde é muito difícil encontrar mangaba. O pequi vem do norte de Minas e costuma aparecer aqui no período de Natal. Já o araçá, tenho dois pés em casa e sempre deixo metade da produção para os passarinhos do bairro. Nasci em Uberlândia, em 1948. Passei boa parte da infância, até os sete anos, na fazenda com meus avós, onde aprendi muito sobre processos naturais, criação de porcos, galinhas, patos, produção de esterco e cultivo de horta. Penso que essa interação com a natureza pode ter influenciado minhas escolhas anos depois. Também não posso deixar de mencionar um professor chamado Kasuto, um japonês recém-formado pela USP, que me ensinou Ciências no ginásio e Biologia no ensino médio e foi decisivo para despertar meu interesse pelas Ciências, especialmente pela Biologia.

  2. Como ingressou na carreira de professora e pesquisadora?

    No ensino médio, formei-me como Normalista. Aos 17 anos, já em Belo Horizonte, comecei a trabalhar como professora alfabetizadora no Grupo Escolar Flávio dos Santos. Ao final do ano, abriram inscrições para o concurso de professoras na Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais (SEE/MG), e decidi participar para me tornar professora concursada. Aqui faço uma pausa para contar sobre meu primeiro ato de rebeldia: meu pai me levou até o local do concurso, onde havia uma fila enorme. Não desci do carro e, quando ele perguntou "Você não vai para a fila?", respondi: "Acha que devo trabalhar para um governo que trata as professoras com tanto descaso?" Voltamos para casa, e decidi fazer vestibular.

    Havia cursado o Científico no ensino médio e tinha uma boa formação em Biologia, Física e Química, o que me deu uma chance no vestibular. Em 1968, entrei na Faculdade de Filosofia para cursar História Natural, que foi extinto em 1970, transformando-se em Ciências Biológicas. O curso era em período integral, das 8h às 18h. À noite, dava aula de Biologia no ensino médio. Era corrido e, muitas vezes, eu estudava o conteúdo para ensinar coisas que ainda não tinha visto na faculdade. Nos intervalos, participava de projetos com meu professor de Ecologia, e, quando a pesquisa exigia técnicas especiais, eu recorria aos pesquisadores da Fiocruz, René Rachou, em Minas Gerais.

    Nessas atividades, tornei-me conhecida pelo conhecimento em sistemática do grupo de moluscos Biomphalaria. Além disso, mesmo com os compromissos profissionais, eu participava das políticas estudantis, aprendendo muito sobre o mundo e lutando pelos direitos de alunos e professores ao longo da minha carreira.

  3. Por quais instituições passou, como docente ou pesquisadora?

    Minha carreira começou como professora alfabetizadora. Essa experiência ampliou meu entendimento sobre o raciocínio das crianças e me aproximou das teorias de Piaget, Vygotsky, Maria Montessori e Paulo Freire. Como estudante na UFMG em 1968, passei a dar aulas de Ciências no ensino fundamental e de Biologia no ensino médio.

    Trabalhei em várias escolas, como Nossa Senhora das Dores, onde participei do programa "Meu Professor é o Mais Bacana" na TV Itacolomi, e no Colégio da Previdência/MG, Colégio Santa Marcelina e Colégio Imaculada.

    Quando me formei, lecionei Ciências em escolas polivalentes do programa PREMEN, mas logo pedi demissão ao receber uma bolsa para o Instituto de Ultramar de Medicina Tropical em Lisboa, Portugal, onde desenvolvi pesquisa com moluscos. De volta ao Brasil, continuei a pesquisa na UFMG e trabalhei como professora em diversas instituições, inclusive na PUC/MG e UFMG.

  4. Quais são suas maiores alegrias como educadora?

    Trabalhar com o que gosto sempre me trouxe felicidade. Estar com os estudantes, em sala de aula ou no laboratório, era sempre uma alegria. Discutíamos, ríamos e fiz muitos amigos. Acompanhei a carreira de muitos, e ver seus sucessos sempre foi uma grande satisfação. Fui homenageada diversas vezes, o que me fez muito feliz.

  5. Como educadora, o que considera mais importante transmitir aos estudantes?

    Após muito tempo refletindo com colegas, concluí que, em Biologia e Ciências, o mais importante é desenvolver o raciocínio, a criatividade e a capacidade de estabelecer relações. Infelizmente, tenho observado que muitos jovens argumentam com base no "achismo" em vez de informações e correlações bem fundamentadas. Também considero essencial construir valores éticos e de respeito nas relações interpessoais. A compreensão sobre a natureza da ciência, através da história, é outra questão importante para formar bons cidadãos e cientistas.

  6. Quais autores, pesquisadores ou livros mais a influenciaram como educadora ou pesquisadora?

    Foram muitos os autores e professores que me influenciaram. No ensino médio, o livro de Biologia de Frota Pessoa era um favorito, e depois, os textos dos livros BSCS. Na graduação, livros como o de Humberto de Carvalho, Genética Programada, o de Odum sobre Ecologia, entre outros, foram marcos na minha formação. Na pesquisa científica, tive a influência do professor José Rabelo de Freitas e, para desenvolver um pensamento crítico, o professor Nelson Vaz e os livros de Maturana e Varela.

  7. Deixe uma mensagem para seus alunos de todos os tempos e locais.

    Há quase oitenta anos observo o mundo ao nosso redor e suas mudanças. Refiro-me a "nosso redor" como as comunidades acadêmicas em todos os níveis. Essa afirmação que faço não é científica, mas um puro sentimento intuitivo. A principal mudança a que me refiro está relacionada à transição no comportamento humano de cooperação para competição. Apesar de essas duas formas de relacionamento sempre estarem presentes nas relações pessoais, ser competitivo era, no passado, considerado moralmente ruim. As pessoas competitivas ficavam, no mínimo, mimetizadas nas comunidades, pelo fato de ser uma característica negativa. Hoje em dia, no entanto, ser competitivo é frequentemente visto como uma qualidade imprescindível para o sucesso, cada vez mais valorizada nos ambientes de produção.

    Diante disso, seleciono dois pensamentos que considero verdadeiros em todos os sentidos para aqueles que desejam uma vida profissional saudável e feliz. O primeiro é um provérbio africano que diz: "Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá em grupo." O segundo, de origem desconhecida, afirma: "O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe vence campeonatos."

    Posso afirmar, pela experiência de ter pertencido a diferentes grupos, que pessoas gregárias realizam melhor seus trabalhos, crescem mais rapidamente e, principalmente, apresentam produtos mais relevantes e significativos. Talvez essa seja a característica de um bom professor: saber dialogar e construir laços de confiança dentro de sua comunidade escolar.




De acordo com ela, na época que lecionou para mim. 
E com o reitor da UFMG Thomaz Aroldo em um evento.

E uma fotinha atual!!!


Revisão do texto: ChatGPT

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

ENTREVISTA COM O PROFESSOR MÁRIO DE MARIA

Introdução: Quem estudou Biologia em qualquer nível e não se encantou com esse ser humano? Uma pessoa de conhecimento ímpar, com uma vontade genuína e quase ansiosa de compartilhar tudo o que sabe, sem guardar sequer uma vírgula para si, transmitindo seu saber com generosidade aos alunos. Conhecido como “o Cara dos Artrópodes,” de piolhos a aranhas, escorpiões e até Limulus, ele reuniu uma coleção didática que impressiona até hoje e enche os olhos de quem visita a mostra de Biologia da UFMG. Sei disso porque meus alunos me enviam fotos do evento, e reconheço ali aqueles espécimes mais interessantes... e as famosas pegadinhas, como a inesquecível Lepas. É impossível não tê-lo como referência. Que fique registrado para a posteridade, quando eu e ele já formos apenas saudade, que existiu um professor maravilhoso e maravilhosamente comprometido com o ensino de Biologia.

Entrevista com o Professor Mário De Maria

1. Professor Mário De Maria, conte para nós, resumidamente, sobre suas origens.

Sou cidadão brasileiro, nascido em Belo Horizonte, em 1938, tendo como avós paternos imigrantes italianos e, maternos, imigrantes portugueses. Formei-me no antigo Curso de História Natural da UFMG, hoje Curso de Ciências Biológicas.

2. Como ingressou na carreira de professor e pesquisador?

Ainda como estudante, fui estagiário no Laboratório de Malacologia do Instituto de Endemias Rurais, sob a orientação do brilhante pesquisador Lobato Paraense. Também estagiei no mesmo instituto, no Laboratório de Ecologia, com o Roberto Milward. O estágio na Malacologia abriu portas para eu trabalhar como pesquisador no Laboratório de Esquistossomose, do Departamento de Biologia da UFMG, sob a orientação do brilhante pesquisador José Pellegrino, que me ofereceu uma bolsa financiada pelo Exército Americano. Os americanos estavam preocupados com o grande número de soldados mortos por esquistossomose japonesa durante a guerra.

Algum tempo depois, a UFMG abriu concurso para Professor Assistente do Departamento de Zoologia, onde comecei minha carreira de professor universitário. Como era professor em tempo parcial, trabalhei paralelamente nos colégios Tiradentes da PMMG, Dom Silvério e Santo Agostinho. Com a criação do Colégio Universitário da UFMG, prestei concurso e entrei para a equipe de Biologia, onde aprendi muito com colegas que vieram de Brasília e utilizavam a metodologia BSCS (Biological Science Curriculum Study), uma nova abordagem no ensino de Biologia. Trabalhei com professores como Edmar Chartone, Dulce R. Niffinegger, Isa Brant Starlig, Pedro Marcos Linardi, Ney Carnavalli e José Luiz Pedersoli. Nesse emprego, realmente me desenvolvi como professor. Com o fechamento dessa brilhante instituição, voltei para o Departamento de Zoologia, no ICB.

3. Por quais instituições passou, como docente ou pesquisador?

Além da UFMG, onde desenvolvi a maior parte da minha carreira acadêmica, trabalhei nos colégios Tiradentes da PMMG, Dom Silvério e Santo Agostinho, e no Colégio Universitário da UFMG, onde tive a oportunidade de trabalhar com uma equipe altamente capacitada e inovadora.

4. Como educador, o que considera mais importante transmitir para os estudantes?

"Mestre é aquele que caminha com o tempo, procurando paz, fazendo comunhão, despertando sabedoria. Mestre é aquele que estende a mão, inicia o diálogo e encaminha para a aventura da vida. Não é o que apenas ensina fórmulas, regras, raciocínios, mas aquele que desperta o aluno para a realidade, ao seu modo. Mestre não é aquele que dá de seu saber, mas aquele que faz germinar o saber do seu aluno."

5. Qual ou quais considera as suas maiores alegrias como educador?

Acompanhar o sucesso profissional dos meus alunos. Você, Ramon, é um deles!

6. Quais autores, pesquisadores ou livros mais o influenciaram como educador ou pesquisador?

  • Silent Spring (Rachel Carson)
  • Biologia dos Invertebrados (Jan A. Pechenik)
  • Biologia Celular e Molecular (De Robertis)
  • Biologie Animale (M. Acontece et P. Grassé)
  • Acúleos que Matam (Wolfgang Burcherel)
  • Parasitologia Médica (Samuel Pessoa)

Pessoas: sou grato ao Prof. Dr. José Pellegrino, que me deu a oportunidade de iniciar minha carreira de pesquisador, e ao grande colega e amigo Pedro Marcos Linardi, que sempre me apoiou.

7. Deixe uma mensagem para todos que foram seus alunos, em todos os tempos, em todos os locais.

Que sigam os passos que citei sobre o verdadeiro papel de um mestre.

Informações adicionais

Na minha carreira, fiz o mestrado em Parasitologia no Departamento de Parasitologia do ICB - UFMG. Por questões financeiras, não fiz o doutorado. Paralelamente ao curso de História Natural, cursei Engenharia Sanitária na Escola de Engenharia da UFMG, pois sempre levei a sério minha profissionalização, o que não me deixava tempo para diversão. Sou casado há 57 anos com Celsa Maria, médica, amiga, companheira e também minha ex-aluna nos cursos secundário e superior. Ela sempre me apoiou, principalmente no exercício da minha profissão. Temos três filhos, sete netos e um bisneto.





Revisão do texto: ChatGPT

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Entrevista com o Cláudio Busu, atual Secretário de Saúde de Sete Lagoas.

Cláudio Busu é advogado, Especialista em Direito Público, já atuou como Secretário Municipal de Meio Ambiente em Sete Lagoas, Procurador do Município de Esmeraldas, Secretário Municipal de Saúde e Procurador Geral do Município de Ribeirão das Neves e atualmente é o Secretário Municipal de Saúde e Gestor do SUS de Sete Lagoas. Busu nos concedeu a rápida entrevista abaixo e nos enviou a relação das unidades de saúde de Sete Lagoas, sob responsabilidade de Prefeitura Municipal.
Blog: Busu, seu estilo de trabalho nos órgãos públicos é diferente, pois não se recusa a usar as redes sociais.  Para isso, é claro, é importante conhecer essas mídias e estar pronto para levar pedradas. Você acha que todos os gestores deveriam estar assim mais próximos dos cidadãos?

Cláudio Busu: Sim. Gosto da total transparência, mesmo que a resposta seja negativa, prefiro praticar essa interação. O homem público que não aceita críticas deve mudar de área.

Blog: Convicções religiosas à parte, e sei que você as tem, você enxerga os cargos públicos como uma missão a ser cumprida para além do horário de expediente?

Busu: Mais que uma questão religiosa, a gestão pública pra mim é uma vocação e não existe espaço para dúvida ou desânimo, faço tudo com amor.

Blog: Você se decepciona com as ações de alguns "amigos" e se surpreende positivamente com a ação de alguns "inimigos"?

Busu: Como já tenho mais de oito anos de Administração Pública, tive como uma das primeiras lições não criar expectativas, sendo elas positivas ou negativas.

Blog: Liberdade para falar é uma das cláusulas do seu contrato de trabalho como Secretário de Saúde?

Busu: Não diria que seria liberdade, mas sim transparência.

Blog: Como andam os repasses federais e estaduais para Sete Lagoas na área de saúde?

Busu: Irregulares e alguns atrasos, temos mais de oito milhões de reais de programas estruturadores atrasados.

Blog: E o Hospital Regional, podemos ter esperança para até daqui uns 3 anos ou a coisa ainda demora mais?

Busu: Sim. Eu acredito e estou trabalhando para viabilizar esse sonho.

Blog: A vinda do Curso de Medicina para Sete Lagoas acabou virando uma batalha jurídica. Em que pé está esse processo?

Busu: O Ministério da Educação está aguardando definição judicial, estamos esperando ansiosamente.

Blog: Agora uma pergunta técnica. Quais tipos de unidades de saúde temos em Sete Lagoas? 

Busu: São 8 Centros de Saúde, 46 Estratégia de Saúde da Família (EFS), 8 Farmácias, 1 Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), 3 Clínicas Odontológicas, 20 consultórios odontológicos (dentro das ESF’S), 1 Fisioterapia, 1 Laboratório de Coleta de Exames, 1 Saúde Auditiva, 3 CAPS (01 infantil, 01 adulto e 01 Álcool e Drogas), 01 Centro de Especialidades Médicas (CEM), 01 Centro Viva Vida (CVV), Vigilância Sanitária, Central Marcação, CEREST, Controle da Dengue, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Rede de Frio, 3 Unidades de Urgência e Emergência (Hospital Municipal Monsenhor Flávio D’Amato, UPA III Dr. Juvenal Paiva e Pronto Atendimento Belo Vale). 

Blog: Busu, gostaríamos de agradecer a atenção em prontamente nos responder. Que mensagem gostaria de deixar para todos os que te acompanham e torcem pelo seu sucesso?

Busu: Eu tenho ciência das dificuldades que a saúde está passando e todos os entraves que encontrei, porém, dentro da minha limitação, vou tentar fazer a diferença. Dedicação e transparência são meus maiores compromissos.

Observação: O Secretário enviou-nos uma lista de todas as unidades de saúde de Sete Lagoas sob responsabilidade da Prefeitura Municipal que podem ser acessada clicando AQUI.