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domingo, 13 de julho de 2025

Uma árvore bacana para as calçadas e as podas mal feitas da CEMIG

Olá, pessoal!

Ontem, caminhando pela Rua Goiás, passei em frente à casa que morei quando criança. Essa casa foi vendida por meu pai para nosso amigo Prezado (Prezado Frangos) e até hoje a família dele comercializa lá um delicioso frango assado. Fica em frente ao CEME (Centro Educacional Mundo Encantado), uma referência no ensino em Sete Lagoas, com suas turmas do Fundamental I, capitaneado pela minha cunhada Teca e minhas sobrinhas Priscila e Carolina.

Aproveitei para fotografar a árvore que foi plantada em frente ao "Prezado", uma árvore-samambaia. Conheci-a quando fiz um dos meus cursos de Paisagismo Urbano em Holambra, juntamente com minhas colegas Adriana Drumond (artista plástica) e Regina Márcia (arquiteta). Gostamos muito dessa árvore e também da grama-amendoim. Com muito custo e insistência conseguimos trazer a grama-amendoim para que se tornasse conhecida em Sete Lagoas a partir de um projeto que fizemos para a praça Alexandre Lanza, em que fizemos a proposta que a mesma fosse utilizada. Daí ela, por sugestão minha, foi plantada em algumas das bases das palmeiras da Lagoa Paulino (era para plantar em todas, mas resolveram plantar clorofito e algumas e, como eu previa, não foi pra frente).

Bom, voltando à árvore-samambaia, está aí uma árvore que não é agressiva com calçadas (desde que plantada com espaçamento adequado), e tem uma série de características interessantes (apesar de ser uma espécie exótica, mas sem potencial para tornar-se invasora):

  • Raízes pouco agressivas – geralmente não causam elevação ou rachaduras em calçadas.
  • Tamanho controlado – pode chegar a cerca de 8, mas costuma ser mantida menor com poda.
  • Copa densa e ornamental, com aparência exótica e folhas que lembram samambaias.
  • Pouca sujeira – ao contrário de muitas árvores tropicais, não solta flores ou frutos em excesso.
  • Boa sombra, mas não excessiva ao ponto de escurecer demais calçadas ou jardins.
  • Raramente apresenta pragas ou doenças.

Acho que vale a pena conhecerem. Encontrei outras plantadas aqui em Sete Lagoas: ao lado do Colégio Caetano e em frente ao restaurante Mamute. Essa da rua Goiás precisará, em breve, de receber uma poda de elevação, para permitir melhor passagem de pedestres pela calçada. Vejam a foto:


Descendo um pouco mais a rua, aparecem para mim aquelas árvores fantasmagóricas, disformes pelas podas conduzidas pela CEMIG (geralmente são empresas terceirizadas). É um absurdo! A CEMIG publica um dos melhores MANUAIS DE ARBORIZAÇÃO que conheço, mas parece que é só para inglês ver.


Vejam só essas "podas técnicas" da CEMIG, na rua Goiás:

Francamente! É muito melhor investir num projeto de melhoria da arborização, suprimir essas árvores e plantar espécies mais adequadas que não atinjam a fiação ou que possam ser conduzidas para abrir a copa acima da fiação (muitos países desenvolvidos fazem isso). 
Acho que já passou muito da hora da Prefeitura Municipal e a CEMIG olharem para essa situação. Árvores podadas dessa forma podem ter seus caules apodrecidos por infiltração de água das chuvas e proliferação de cupins e fungos, bem como perdem totalmente o centro de equilíbrio e numa ventania mais forte podem cair provocando tragédias (envolvendo veículos, crianças, idosos...).
E olha que nem estou comentando da péssima arborização da cidade (que depois reclama do calorão). Em certos quarteirões não há uma árvore sequer.
Gente, vamos trabalhar de forma técnica, por favor!!!
Ah, breve comentarei do novo paisagismo de nossas praças e seus problemas!!!

- Ramon, que caramba, você só vê problemas???
- Não gente, eu vejo que falta muita técnica na nossa pobre arborização urbana. Já expliquei muito sobre isso aqui no blog. Por uma série de razões eu havia diminuido a frequência desse tipo de postagem. Mas não dá. Prefiro ser voz solitária a não escutar nenhuma voz. Vai dar certo... uma hora vai dar certo!

Ramon L. O. Junior

PS.: Agora, se você acha que tá tudo bacana... fica difícil!

sábado, 25 de janeiro de 2025

PERMEABILIDADE DO SOLO URBANO E ARBORIZAÇÃO URBANA NA PROVA DO ENEM 2024

Imagino que todo professor passa pelo mesmo dilema: - Estou conduzindo minhas aulas, estou abordando realmente as temáticas que os alunos precisam compreender para a vida e para se dar bem nos concursos que por aí aparecem (ENEM, vestibulares e outros)?
Então, nada é mais gratificante que encontrar uma questão como a que exponho abaixo sobre dois temas importantíssimos: IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO e ARBORIZAÇÃO URBANA. Essa questão fez parte da Segunda Aplicação do ENEM 2024, mostrando que estou no caminho certo e que os temas que abordo constam (e não é só essa questão) do banco de questões das provas do ENEM.
São temas que, sempre que tenho a oportunidade, lanço uma sementinha de conhecimento sobre eles. É muito importante que o estudante perceba que várias alterações e situações que ocorrem em seu redor estão sendo explicadas ali na aula. 
E a tal questão foi em cima do assunto, de uma forma muito bem colocada. E aí? Você sabe resolver?


Nas últimas décadas, a população dos centros urbanos tem requerido a pavimentação das vias públicas, visando o aumento do conforto e a minimização do desgaste de veículos. No entanto, essa melhoria da qualidade de vida pode trazer implicações ao meio ambiente. A impermeabilização impede a infiltração de água no solo, sendo carreados, portanto, todos os dejetos e impurezas para os cursos de água.

Qual ação poderia mitigar os efeitos danosos da contaminação dos cursos de água em virtude da impermeabilização das vias públicas?

A) Reciclar o lixo doméstico seco.
B) Incentivar a construção de fossas sépticas.
C) Difundir o uso de vasos de plantas nas vias públicas.
D) Promover a construção de parques e espaços arborizados.
E) Propor políticas de expansão da canalização das redes fluviais.


PS.: Se você soube resolver, não é uma questão difícil, está na hora de cobrar essas ações por parte do poder público!

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

LEIS INÓCUAS SOBRE A ARBORIZAÇÃO DE SETE LAGOAS - UM VEXAME

Meus amigos,

como é possível que duas leis publicadas no intervalo de quatro meses ao longo de 2024 sejam solenemente esquecidas? Uma publicada em Julho e a outra publicada em Novembro, emanadas das propostas de dois vereadores, tratando do mesmo tema da Conscientização sobre Arborização Urbana.

Uma prevendo o primeiro domingo de dezembro para ações de plantio e outra prevendo a semana subsequente como semana de conscientização sobre a importância da arborização.

Pois é... o domingo passou, a semana passou e NADA FOI FEITO! VEXAME!!!

Com a palavra a prefeitura de Sete Lagoas, a Secretaria de Meio Ambiente (que assina em conjunto as duas leis), a Câmara Municipal e os dois vereadores autores dos projetos (Caio Valace e João Evangelista) que seguem abaixo (imagino que os vereadores devam estar bem desapontados):




Eu estava começando a idealizar e convidar pessoas para uma campanha pró-arborização de Sete Lagoas, mas como fazê-lo se o Poder Público é tão avesso aos próprios compromissos que assume com as esferas de governo. Quanto mais com uma iniciativa única de cidadão. Lamentável, lamentável e lamentável.
Hoje acabamos de ter a notícia que atingimos o aumento 1,5 graus Celsius que o Acordo de Paris esperava para o final do século XXI. E nem um quarto do século completamos. Com as cidades agindo desse jeito, com o suco do PURO NEGACIONISMO CLIMÁTICO, medidas demagógicas e tudo do gênero, nosso futuro não vai ser lá grande coisa.
A gente tenta fazer... mas como?

Ramon Lamar de Oliveira Junior
Professor e Biólogo

domingo, 27 de novembro de 2022

Queda de Árvores: Sete Lagoas segue aguardando uma tragédia

(REPOSTANDO FRENTE A ACONTECIMENTOS ATUAIS) (ORIGINALMENTE POSTADO EM 02/12/2020)

Sem um programa efetivo de controle e monitoramento das árvores usadas em nossa arborização pública, Sete Lagoas insiste em cometer os mesmos erros de sempre. Aliás, Sete Lagoas nem enxerga que está no caminho errado.

Enquanto tratamos, no plano teórico e acadêmico, a arborização urbana como "floresta urbana" cheia de benefícios para a comunidade e para o ecossistema urbano, seguimos na prática com um grande percentual das cidades brasileiras simplesmente nem tomando conhecimento desses estudos e avanços.

Gestão da floresta urbana é possível. Nem precisa de coisa muito avançada, mas a Arborização 4.0 (para apropriar de um termo usado na agricultura, prima rica muito mais respeitada) também existe e pode ser feita com softwares específicos, georreferenciamento, drones, câmeras térmicas, equipamentos de ultrassom para diagnóstico e tudo o mais. Tudo para permitir o manejo adequado. Mas...

Mas enquanto isso existe e se desenvolve cada vez mais, afastamo-nos no sentido oposto em velocidade vertiginosa. O negacionismo existe nessa área também.

Ressalvadas as poucas e, às vezes inglórias, lutas para o plantio e cuidado com as árvores, vemos na maioria das vezes o descaso e o abandono. Podas só existem para liberar fiação elétrica ou outro cabeamento, na balbúrdia de cabos aéreos que proliferam. 

A escolha de plantas, na maioria das vezes regida pelo "custo", é para "embelezar"... esquecendo-se de todos demais os atributos. Copiando modelos de cidades que têm clima completamente diferente. Paisagismo sem pensar em irrigação e cuidados. E assim vão diminuindo as árvores nas calçadas. E assim algumas praças seguem cada vez mais feias. Algumas foram abençoadas por adoção. Mas muitas vezes padecem com propostas paisagísticas desgastadas, quase primitivas.

Mas essa postagem é para falar de uma tragédia que é anunciada ano após ano. Faz pouco mais de um ano que várias árvores da espécie Pau-Ferro caíram aqui na Avenida Vila Lobos (Sete Lagoas, MG).  Estive lá com uma turma de alunos e mostrei in loco os problemas. Caíram porque estavam podres. Estavam podres por causa de podas mau executadas. Cansei de documentar e mostrar isso. E mostro para quem quiser ver. Podas mau feitas, parasitas, podridão, formigas, cupins e fungos caule adentro. Resultado: queda! Especialmente em tempos de chuvas e ventos fortes.



Pau-ferro com raiz e caule apodrecidos que caiu
em Outubro de 2019 na Avenida Vila Lobos.
Não foi acidente. Não era uma árvore sadia.

E é isso que se avizinha. Deus queira que não ocorra. Mas Deus queira também que tenhamos juízo para evitar tragédias. A substituição dessas árvores no canteiro central da referida avenida já foi pedida por vários abaixo-assinados, alguns até coordenados por órgãos públicos. Ou trocam por magnólias-amarelas ou trocam por quaresmeiras. Isso já foi pedido. Algumas quaresmeiras foram plantadas, mas não como substituição. Precisamos dessa ação, urgente!

Só rezar para não acontecer o pior não adianta. Façamos a nossa parte!

Ramon L. O. Junior


PS.: Não nos esqueçamos que um dos Buritis na margem da Lagoa Paulino está com tremenda podridão em seu caule. Com um buraco que o atravessa de um lado a outro. Já foi falado e refalado aqui no blog. Até agora, nada! E é uma árvore protegida por lei municipal. E se não fosse, hein? (Veja a matéria de 2013, clicando AQUI.) E sabe-se lá quantas árvores estão aqui com problemas similares... só esperando... só espreitando!

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

SETE LAGOAS PRECISA DE ÁRVORES... E LEIS QUE AS GARANTAM!

A situação da arborização urbana de Sete Lagoas é lamentável. São diversos quarteirões da cidade em que não encontramos no máximo uma árvore nas calçadas, experimente observar. Muitas vezes, nem arbustos. A cidade, hoje, respira principalmente às custas das árvores que alguns mantêm nos quintais e jardins. E os quintais e jardins estão acabando. 

Pululam aqui e ali argumentos para um verdadeiro combate às árvores: (1) está atrapalhando a fachada da minha loja, (2) cai muita folha, flor e fruto no chão, (3) passarinho fica na árvore e faz cocô no meu carro, (4) essa árvore é feia, (5) a árvore tá na minha calçada, é minha, e faço com ela o que eu quiser, (6) fulano de tal pediu para cortar e fulano de tal é poderoso, não podemos decepcioná-lo, (7) precisamos criar mais um loteamento (em vez de regularizar as dezenas de loteamentos irregulares), (8) a lenha dessa árvore vai ser boa, principalmente agora que o gás tá caro e (9) deu vontade de cortar uma árvore hoje. Lembrando que existem argumentos técnicos para a supressão e substituição de árvores. Supressão e substituição!!!

Estamos numa cidade quente, onde as árvores auxiliam muito para um melhor microclima, com temperaturas mais amenas e umidade mais alta. Sem contar o trabalho de melhorar a absorção da água  das chuvas pelo solo e consequente alimentação dos nossos importantíssimos lençóis subterrâneos.

Agora, imagine só se nossa cidade resolvesse legitimar o ataque às árvores na forma de legislações que permitam aumentar a área impermeável das construções urbanas, não vinculem compensações ambientais a uma exata fiscalização pelos órgãos competentes, diminuam a quantidade de árvores plantadas a cada árvore suprimida, ou que privilegiem a compensação ambiental na forma de praças e outros espaços sem arborização.

Argumentos técnico-científicos existem, e são inúmeros, para procurar aumentar a área verde de um município. Para isso temos a possibilidade de nos assessorarmos na SBAU - Sociedade Brasileira de Arborização Urbana e em outros grupos de profissionais que atuam de forma semelhante. Mas quando os argumentos técnico-científicos perdem para argumentos econômicos e políticos que, ainda por cima , subvertem a construção do arcabouço legal, então a coisa fica feia.

Dia da Árvore, Semana da Árvore, Mês da Árvore... tudo isso perde o sentido quando não compreendemos a importância das árvores todos os dias. Tudo isso perde o sentido quando não é a árvore o verdadeiro objeto a ser preservado pelas legislações ambientais, inclusive as urbanas.

Ramon L. O. Junior

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Sobre plantio de árvores ameaçadas de extinção

Li, dias atrás, um pedido na internet para se divulgar a ideia de contactar e estimular as prefeituras e as pessoas a plantarem em suas calçadas, praças e outros locais espécies de árvores ameaçadas de extinção, notadamente da Mata Atlântica.
Não canso de dizer que internet está cheia de especialista que não é especialista. Não estou discutindo o mérito da boa intenção, ninguém fala em favorecer a arborização e proteger espécies nativas sem estar bem intencionado, é claro. A pessoa, em questão, que divulgou tal ideia - salvo engano de minha memória - tem formação na área do Direito.
À primeira vista a ideia é louvável. Vamos resolver dois problemas de uma vez: a escassa arborização urbana e a natureza que vem perdendo suas espécies. 
Contudo, posso elencar três "contras" em relação à ideia proposta e convido-os a refletir sobre o assunto.

1) A maioria das árvores ameaçadas são árvores que necessitam de condições de habitat muito específico. São árvores chamadas climácicas, ou seja, de comunidades-clímax. Essas árvores estão habituadas a locais mais úmidos, sombreados e com pouco vento. Sabidamente nas calçadas e praças a situação é exatamente o contrário.

2) As árvores climácicas de florestas normalmente têm raízes superficiais. Isso nas praças menores e nas calçadas pode e vai provocar danos à pavimentação e eventualmente a equipamentos subterrâneos como tubulações de água, esgoto e águas pluviais, ou fiação e cabos enterrados.

3) As árvores nativas para se plantar em uma determinada região são as nativas regionais. Ou seja, aqui em Sete Lagoas, se resolvermos plantar alguma nativa, devemos plantar nativas do cerrado como o pau-terra, por exemplo. Essas são mais adaptadas ao solo, ao clima e às pragas que existem em nossa região.

Talvez a ideia possa ser melhor aproveitada em grandes praças ou parques botânicos com locais adequados para esse trabalho de preservação.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

DISCIPLINA DE ARBORIZAÇÃO URBANA

REPUBLICANDO DO FACEBOOK...

Vai um recadinho aqui. Este semestre vou dar a Disciplina de Arborização Urbana na Faculdade Santo Agostinho. São apenas 1h40min por semana. Acho que vai ser na noite de quinta-feira. 
A programação envolve reconhecer algumas espécies mais importantes, aprender sobre a história da arborização urbana, discutir sobre plantas nativas e exóticas, algumas técnicas de manejo (plantio, poda, compra de mudas...), importância da arborização e principalmente vamos ENSINAR A NÃO PLANTAR ÁRVORES DE GRANDE PORTE A DOIS METROS DOS POSTES DE ILUMINAÇÃO
Gente, arborização urbana é importante, um bom trabalho está sendo feito na área central (que é importante que seja mantido e cuidado de maneira correta). Contudo, erros primários estão sendo cometidos. 
Tô falando sério! Deve ser baratinho para fazer só essa disciplina. Acredito que a disciplina também será ofertada em outras faculdades, por outros professores. Por favor, quem tiver função decisória nesse assunto bem que poderia fazer o curso. 
Ah, se a questão é horário e se houver um bom número de interessados que trabalham nesse setor público, acho que consigo com minha coordenadora para oferecer esse curso num dia da semana à tarde! Dá pra fazer tudo em 3 meses! A arborização urbana vai agradecer. 
Depois vocês podem fazer outros cursos, especializações, mestrado, doutorado... mas tem que começar!!!

PS.: A foto ficou feia porque deu um problema no armazenamento da imagem no celular. Mas mais feia está a situação: oitizeiro (que chega a mais de 10 metros de altura - tem gente que acha que fica sempre pequeno e bonitinho), sem tutoramento (todas as plantadas estão e olha que ali venta muito), a dois metros do poste de iluminação e do lado de uma "caixa de visita" da CEMIG. Para aproveitar o serviço que já foi feito, sugiro transplantar essa muda e plantar um hibisco ou uma espirradeira no local.

PS.: Ah... antes que digam que é implicância. Ontem, por volta desse horário, enviei a imagem com texto ao Secretário de Meio Ambiente sugerindo a mudança da muda plantada e informando que sei que esse é o típico problema operacional. Sei que ele e o prefeito não são culpados diretos do assunto e que as pessoas que estão na parte operacional têm que ter mais conhecimento técnico para o serviço que são designadas.

sábado, 22 de julho de 2017

SUGESTÕES PARA A SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE NO QUE DIZ RESPEITO AO PAISAGISMO E ARBORIZAÇÃO URBANA

Prezados,

tenho acompanhado desde muito tempo a situação da nossa cidade "pretensamente turística" no que diz respeito ao paisagismo e arborização urbana. Já escrevi várias vezes sobre o tema e, no curto período de tempo que tive a honra de participar da administração pública (pouco mais de um ano) tentei colocar algumas questões em prática. Infelizmente, a gente descobre que por mais bem intencionados que possamos estar, sempre haverá os que não querem levar as ideias adiante por uma série de razões e a mais grave delas chama-se inveja. Muitos não aceitam sugestões porque as mesmas não serão vistas como ideias próprias e sim criatividade dos outros. 
A gente estuda, e não é pouco, para procurar dar os melhores palpites sobre a questão. A gente investe, compra livros, vai a congressos, lê trabalhos, participa de grupos de discussão sobre o assunto não é por lazer. É por acreditar que podemos fazer a diferença. Fico muito triste quando o gestor público não enxerga a coisa desse jeito... e à medida que vamos descendo na hierarquia (segundo e terceiro escalão) a coisa só piora. 
Então venho propor uma pequena lista de ações. Não é necessário realizar nenhuma, claro, isso não é imposição. Precisamos apenas que se pense um pouco sobre o assunto. Sei muito bem da crise econômica que vivemos, mas não são medidas caras. Muitas vezes trata-se de uma melhor gestão dos recursos já existentes, melhor distribuição das frentes de trabalho, busca de apoios e parcerias... e criatividade, é claro! Já não consigo acreditar mais no propalado "potencial turístico" da cidade. Não vejo ações sérias nessa direção. Ações que comecem do mais simples e não a procura de uma fato espetacular que vai atrair a população do planeta para nos visitar.
Concentro-me aqui nos aspectos de paisagismo (vi que estão trabalhando em algumas praças, então devem estar sensíveis a isso) e na questão da arborização urbana. Então seguem-se as sugestões:

1) É necessário investir em arborização das nossas ruas. Temos muitos e muitos quarteirões que não possuem uma arvoreta sequer. E olha que em muitos locais as calçadas são largas, com mais de dois metros de largura. Compreendo, obviamente, a falta de arborização em calçadas estreitas, mas em calçadas largas é difícil engolir.  Precisamos orientar sobre plantio adequado, espécies adequadas, locais adequados. Falta de arborização adequada em praças então é mais inacreditável ainda. Precisamos partir para o Plano Diretor de Arborização Urbana.
2) Precisamos acabar com as "bordaduras" de pingo-de-ouro ou buxinho no entorno das praças. Isso já caiu em desuso faz mais de 20 anos! Dá um enorme trabalho, precisa de manutenção constante, esconde o interior da praça e até transmite sensação de insegurança para quem está sentado num banco com uma "moita" às suas costas. Vamos partir para o "clean" ("paisagismo limpo"), felizmente vejo alguns exemplos brotando aqui e ali. Vamos investir nisso, que no caso, não é gastar e sim economizar recursos e tempo.
3) Precisamos de um Programa Municipal de Podas e Remoção de Parasitas. Estamos praticamente deixando as podas da arborização por conta da CEMIG e a poda que eles fazem é outra... menos de embelezamento e cuidados com a árvore. É preciso um calendário de trabalho para que essas podas sejam efetivas, talvez até em parceria com a concessionária de energia, mas algo mais amplo do que simplesmente "afaste a árvore dos fios".
4) Sem manutenção não tem jeito! Um caminhão-pipa para molhar as plantas das praças e os locais de arborização recente (canteiros centrais) é fundamental. Bem como uma equipe. Só oito pessoas (algumas sem a mínima condição de trabalhar) não vão conseguir cuidar das nossas 130 praças. As praças são espaços públicos que precisam da manutenção para que tenham o uso público correto e não se tornem pontos de venda de drogas ou outras contravenções. A praça precisa atrair a família, as crianças, os jovens. E uma praça mal cuidada jamais cumprirá esse papel.
5) É preciso fazer a população entender que as áreas centrais, de maior visibilidade, precisam mesmo de mais atenção. Claro que as praças e lagoas mais periféricas não podem ficar ao Deus-dará! Isso faz parte da Educação Ambiental e que, nesse caso, pode se converter em empregos na área do turismo, ou pelo menos um reforço nas atividades já existentes próximo a essas áreas (melhoria do comércio, por exemplo).
6) Segurança é importante em nossas praças e ruas. A Guarda Municipal tem que estar presente nesses espaços. São muitos bons espaços que podem abrigar o lazer sadio mas encontram-se sem qualquer forma de segurança para os potenciais visitantes. A recente obra do Grotão do Canaã é um exemplo. Está largada e poderia ser um ótimo local para caminhadas, mas para isso precisaríamos de uma dupla de Guardas Municipais indo e vindo no local.

São palpites, são colaborações, apenas isso.

Abraços e contem sempre comigo.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Sobre plantios na Serra de Santa Helena

Sempre, nas minhas postagens que mostram belas árvores remanescentes de nossa sucumbida arborização urbana, surgem comentários afirmando "como seria bonito se plantássemos isso e aquilo na Serra de Santa Helena". Vai aí uma resposta curta e padrão. Na boa, não é para ninguém ficar bravo. O problema é que há questões técnicas e é preciso estudar para fazer a coisa certa. Por isso existem profissões!
"Quem quiser plantar ipê (ou outra árvore qualquer) na Serra de Santa Helena, trate de providenciar a irrigação. Já plantaram uma Amazônia lá em cima e morre tudo. Prefeitura não tem estrutura pra isso. Não consegue molhar nem grama de Praça. A grama do CAT (Praça Wilson Tanure) tá sequinha e vai morrer se não for irrigada no meio dessa seca. Aí, quando aparece um caminhãozinho pra fazer a irrigação surge um maluco do nada, briga com o motorista e quase bate no pessoal porque  "está desperdiçando água"... água não potável, diga-se de passagem... escrito de todo tamanho do lado do caminhão. Em resumo: façam um projeto viável de plantio, com espécies adequadas e não esperem que a prefeitura vá adotar! Pode ser que um dia, quando nascer dente em galinha, vamos ter essa prioridade para cuidar de arborização na Serra de Santa Helena. Por enquanto não se cuida nem das poucas árvores que restaram em nossas causadas. Sejamos realistas para não nos decepcionarmos. Sou contra o plantio na Serra? Não, óbvio que não. Mas com espécies adequadas, nos locais adequados e com um projeto viável de irrigação. Aliás, estou trabalhando essa ideia com alguns alunos que querem fazer uma coisa mais no estilo devagar e sempre!"

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Começo de uma obra estranha...

Estava caminhando até o Supermercado Santo Antônio, aqui perto de casa, quando me deparei com um princípio de "obra". Segue a imagem...


Imaginei três possíveis destinos:

1) Banquinhos para o pessoal sentar e curtir a praça. (Improvável pois não há nada para se curtir ali e os "banquinhos" mal estão presos ao cimento abaixo... um inclusive já caiu... deve ter tomado um chute.)

2) Vão apenas fazer murinho em volta da árvore. (Aí o espaço interno vai servir como depósito de lixo... e talvez até outras coisinhas.)

3) Vão fazer um murinho e encher o centro com terra para fazer um jardim elevado. (Então a árvore, no caso uma paineira, está condenada à morte pois não se pode colocar terra cobrindo o caule da planta. Caule é caule, raiz é raiz. A raiz tem um tecido interno chamado endoderme que impede que micro-organismos cheguem até seus vasos condutores de seiva contaminando e matando a planta. Caule não tem endoderme, ou seja, qualquer apodrecimento e contaminação na superfície do caule poderá chegar até os vasos condutores e matar a planta.)

Estou deveras curioso... espero que a criatividade da pessoa (ou órgão) que está gerindo essa "obra" seja maior que a minha pois não consegui pensar em nada diferente. Então resolvi registrar e colocar aqui no blog para consultas futuras.

Ramon L. O. Junior

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Dois TCCs sobre Arborização Urbana em Sete Lagoas apresentados em 2016

Segue o resumo do TCC da minha orientanda Nívea Labanca SOUZA, intitulado "Estudo Quali-Quantitativo e da Percepção dos Moradores em Relação à Arborização Urbana do Entorno da Faculdade Santo Agostinho de Sete Lagoas (Sete Lagoas,MG, Brasil)".


RESUMO: Para que a arborização urbana possa proporcionar todos os benefícios de que é capaz aos cidadãos, é necessário bom planejamento e estudos técnicos. Essa é a maneira destas áreas verdes colaborarem com a saúde mental, física e psicológica das pessoas. O presente estudo teve como objetivo a análise qualitativa e quantitativa da arborização urbana do entorno da Faculdade Santo Agostinho, abrangendo as ruas Atenas, Coimbra, Florença, Genebra, Milão, Nápolis, Nice e Turim, do bairro Jardim Europa, de Sete Lagoas, Minas Gerais. Também foi aplicado um questionário a 41 moradores dessas mesmas ruas escolhidos de modo aleatório, para avaliação da percepção sobre a arborização local. Foram identificados 100 indivíduos arbóreos de 24 espécies, sendo 15 nativas e 9 exóticas. Apenas 21 espécimes não mostraram sinais de podas incorretas. Alto grau de podridão e outros danos provocados principalmente por poda incorreta que sugerem a necessidade de supressão estão presentes em 14 dos espécimes analisados. Não foi observada a presença de plantas parasitas nos 100 indivíduos analisados. A quase totalidade dos moradores do entorno reconhece como principais vantagens da arborização a produção de sombra e sua capacidade de tornar o ar mais fresco. A principal desvantagem apontada relaciona-se com a escuridão e e sensação de insegurança à noite. 56% dos moradores têm o interesse de melhorar a arborização plantando e cuidando de alguma árvore em sua calçada. A quantidade de árvores por quilômetro de calçada e a área verde por habitante na região estudada ficou abaixo dos valores recomendados. As calçadas largas permitem que tal situação seja corrigida no futuro.

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E do meu outro orientando, Filipe Giovani Domingos ARAÚJO, intitulado "A valoração arbórea como instrumento de conscientização dos benefícios das florestas urbanas".



RESUMO: As florestas urbanas promovem benefícios através das suas funções ambientais como: redução das ilhas de calor, ciclagem dos nutrientes, abrigo para fauna, melhoria da qualidade do ar e valorização de imóveis e espaços urbanos. É necessário valorar as florestas urbanas para se demonstrar objetivamente a importância das mesmas para a sociedade e políticas públicas. O presente trabalho utilizou o Método STEM (Standard Tree Evaluation Method), adaptado as condições locais, para a valoração monetária da arborização da Praça Barão do Rio Branco, em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil. A modificação de alguns critérios fez-se necessária para facilitar a atribuição dos valores numéricos usados para a valoração das 32 árvores presentes na praça. Os dados foram registradas em tabelas e multiplicados por um valor inicial para se obter o valor de cada árvore em dólares americanos, em seguida convertidos para a moeda local. A valoração de cada árvore variou de US$ 2,700.00 a US$ 32,400.00, totalizando um valor de US$ 222,330.00. Os resultados obtidos são compatíveis com as determinações feitas por outros autores no Brasil, o que leva a apoiar a utilização do Método STEM para as nossas cidades. A metodologia utilizada mostrou-se importante no processo de Educação Ambiental e pode embasar novos valores para as multas aplicadas por poda ou supressão de árvores.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Por uma política real de arborização urbana!

Com o título de "Rua Mais Bonita do Mundo", a Rua Gonçalo de Carvalho (Porto Alegre, RS) é uma inspiração para todos que defendem a Arborização Urbana. Fotos: Paulo Renato Rodrigues e Henrique Amaral.
Dia 28 de dezembro último, devido a uma chuva torrencial, ocorreu a queda de dezenas de árvores na cidade de São Paulo. Quinhentos mil paulistanos ficaram imediatamente sem energia elétrica. No dia 31 de dezembro - 3 dias depois - duzentos mil paulistanos ainda estavam na mesma situação. Incômodo, desconforto, prejuízos...
Fatos como esses não podem fazer com que se organizem "cruzadas" contra as árvores. A arborização urbana é extremamente importante e necessária. Não só a arborização urbana, mas a recomposição de qualquer área que tenha sofrido desmatamento. 
Mas para que a arborização urbana se estabeleça de forma sólida como uma política a ser defendida por todos, são necessárias algumas diretrizes. Vou elencar algumas, sabendo que não serei capaz de abranger todo o universo da questão, mas me arriscarei a fazer uma lista de ações a serem cumpridas.
1) Árvores devem ser plantadas em todos os espaços que permitam o seu correto desenvolvimento. Calçadas, canteiros centrais, praças e rotatórias podem e devem ser arborizados na medida do possível, de forma estética e ambientalmente correta.
2) Espécies nativas devem ser preferencialmente utilizadas e para tanto, cabe às instituições acadêmicas a pesquisa e o desenvolvimento de técnicas de obtenção de mudas, bem como o estudo do comportamento das espécies na floresta urbana. Junto a isso, é importante fortalecer a estrutura de um Horto Municipal para a produção das mudas necessárias de forma adequada e a um custo menor.
3) Árvores são seres vivos que, como todos os outros, possuem tempo de vida limitado. Todas as árvores têm que ser avaliadas quanto à expectativa de vida, ocorrência de doenças e outras situações que impliquem em sua remoção e substituição.
4) A obtenção de mudas sadias, o plantio correto das mesmas, a manutenção (irrigação, poda...) e a educação da população para respeitar as árvores recém-plantadas é fundamental para o estabelecimento de uma correta arborização.
5) O combate a todos os tipos de pragas (cupins, cochonilhas, pulgões, erva-de-passarinho, cipó-chumbo...) deve ser feito de forma constante, pois só assim esses problemas diminuem a níveis toleráveis e que possam ser facilmente controladas.
6) As podas das árvores devem obedecer a critérios técnicos, mas principalmente a critérios biológicos e estéticos. As podas precisam ser feitas dentro de um calendário pré-definido e não apenas como emergências aqui e acolá. Claro que emergências ocorrem, mas não podem pautar os protocolos de poda. O setor de podas deve possuir os equipamentos adequados para a realização das tarefas, sem improvisos.
7) Árvores precisam de adequada área permeável para infiltração das águas junto a suas raízes. Devem ser estabelecidas normas que garantam áreas livres de pelo menos um metro quadrado junto a cada árvore das calçadas e outros locais de piso impermeabilizado.
8) A varrição das folhas e flores que caem deve ser um compromisso também dentro de um protocolo de cuidados com as árvores. Não podemos deixar que as pessoas odeiem as árvores porque não fomos capazes de recolher as folhas que acumulam no chão.
9) Incentivos reais devem ser dados a todos que mantêm árvores adequadas em suas calçadas e quintais, em bom estado fitossanitário. Critérios precisam ser estabelecidos como altura, DAP ("diâmetro na altura do peito" = 1,30 do solo), condição da copa, permeabilidade, etc.
10) Árvores devem ser protegidas de qualquer tipo de dano como fixação de faixas, cartazes e outras estruturas que provoquem ferimentos em seu caule e que permitam a penetração de doenças nas mesmas.
Espero que essas diretrizes sejam úteis e possam ajudar na criação de um Plano Diretor de Arborização Urbana. Aguardo outras sugestões, dentro da linha de pensamento que envolve a necessidade de SUSTENTABILIDADE e MANUTENÇÃO DAS AÇÕES.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: Sobre árvores, Sete Lagoas, Porto Alegre e defesa da arborização, não deixem de ler: http://www.agirazul.com/eds/ed13/dayrell1.htm

terça-feira, 12 de novembro de 2013

XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA - PALMAS, TOCANTINS

Algumas fotos do evento aqui em Palmas...
Aprendendo um bocado mais. Bom estar com tanta gente que respira arborização urbana!
























JUNTOS EM 2014, MAIS UMA VEZ!!!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Arborização urbana, o desafio da "Floresta Urbana".

É provável que uma pequena parcela da população não concorde com a afirmação que "a arborização urbana é necessária". Sim, existem pessoas que só conseguem enxergar os problemas relacionados às árvores (queda de folhas, flores e frutos; queda de galhos; rachaduras em calçadas e tubulações de água e esgoto...). Não tiro totalmente a razão destas pessoas, mas convém lembrar que a opção por arborização não pode ser apenas a expressão do "arregace as mangas, vá lá e plante uma árvore". O caminho é um pouco mais complexo.

Vamos tentar colocar esse caminho de uma forma didática (sugestões nos comentários são bem vindas):

1) A escolha do local é determinante de tudo. Calçada, canteiro central, rotatória, praça e interior do lote (frente "jardim" ou fundos "quintal"), para cada local há espécies recomendáveis e espécies "proibidas" (entre aspas porque nesse caso dependerá muito de um esforço para conter os ímpetos de crescimento da espécie).

*** Calçadas: naquelas com menos de um metro e meio é praticamente inviável o plantio de árvores. Nesse limite, algumas arbustivas (se bem guiadas e erguidas) podem ter sucesso: hibisco, ipê-de-jardim, chorão-mexicano, extremosa, falsa murta, flamboyant-mirim, espirradeira e grevilha. A partir de um metro e meio já é possível pensar em árvores, mas levando também em consideração a existência de rede elétrica aérea ou subterrânea: quaresmeira, escumilha-africana, ligustro (alfeneiro), calistemo, eritrina verde-amarela, jasmim-manga e pata-de-vaca. Em calçadas mais largas, em especial sem rede elétrica, já é viável a presença de árvores que vão gerar mais sombra (e também mais cuidados em sua condução e manutenção): jacarandá-mimoso, magnólia amarela, acácia-chuva-de-ouro, árvore-da-China, cinamomo, espatódea, ipês (com muito cuidado em relação à poda e crescimento), eritrina-mulungu, oitizeiro, sabãozinho, triplaris (pau-de-formiga - lembrando que a floração da fêmea e do macho são bem distintas) e sibipiruna (de novo o alerta em relação à poda e crescimento).


Árvore da China, Grevilha e Chorão mexicano. (Cliquem nas imagens para ampliar)

*** Canteiros centrais: a largura do canteiro central também é importante e deve ser considerada como a tal calçada estreita, entretanto a vegetação não pode provocar distração no motorista e dificuldades para o pedestre (visibilidade). Lembrando que temos sugerido muito o uso de forração de grama-amendoim (Arachis) em especial para os canteiros onde não há trânsito de pessoas, devido à sua facilidade de desenvolvimento e trato (não necessitando de podas frequentes). Palmeiras de porte médio (licuri, por exemplo) e yucca seriam opções razoáveis. Pequenos arbustos ornamentais também têm sua vez como azaleias e ixoras. Em caso de árvore, a questão da boa poda de condução e levantamento da copa é fundamental. Frutos que possam cair e provocar acidentes, nem pensar (já vi mangueiras em canteiros centrais de rodovias... o bom senso passou longe). Outra questão relevante é sobre a necessidade de podas frequentes (custo excessivo e risco para os jardineiros).


 Grama-amendoim (Arachis), hibisco e ixora. (Cliquem nas imagens para ampliar)

*** Rotatórias: mais uma vez a questão da visibilidade de todos e distração dos motoristas é fundamental. Palmeiras e plantas de padrão semelhante (Cycas, por exemplo) nos parecem ser mais adequadas.

*** Praças: agora sim podemos pensar nas árvores de grande porte: tipuanas, paineiras, oitizeiros, pau-brasil, ipês diversos, canafístula, flamboyant, pau-ferro, cássia rosa (Cassia javanica e Cassia grandis), gameleira, Ficus elastica, Ficus benjamina, castanheira (sete copas), sapucaia e vai por aí afora. Óbvio que as árvores de médio e pequeno porte também podem e devem estar presentes, mas as praças são o local perfeito para as grandes espécies. Como sempre, o cuidado com a poda, condução, remoção de pragas deve ser uma constante e não um evento esporádico do tipo Copa do Mundo.


Cássia rosa, flamboyant (muito bonito mas plantado inadequadamente em calçada estreita) e sapucaia. (Cliquem nas imagens para ampliar)

*** Jardins das residências: tudo na dependência do afastamento frontal e também na presença de fiação aérea. Atualmente, opta-se por uma aparência mais limpa ("clean") dos jardins, mas isso não impede a presença de uma árvore de porte maior, como um ipê.

*** Quintais: agora o espaço em que podem ser usadas as frutíferas, mas sempre com muito cuidado em relação ao porte das árvores, áreas sujeitas a quedas dos frutos e proliferação de pragas. É importante lembrar ao cidadão que, na maioria das cidades, as árvores da sua calçada, do seu jardim ou do seu quintal não são "propriedade exclusiva" do dono da casa ("- Eu que plantei, então é minha e faço o que quiser!"). Regras existem para podas e para supressões. Convém consultar a Secretaria do Meio Ambiente ou o outro órgão público relacionado com essas ações.

2) O solo e o clima são adequados? É muito comum que as pessoas vejam uma bela planta em uma cidade e depois tentem obtê-la também para seus espaços. "As pessoas", no caso, vão do cidadão comum ao prefeito. Entretanto, nem sempre o solo e as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento da planta. Daí uma diretriz que, com muita dificuldade, estamos propondo e nos empenhando, que é o uso de espécies nativas. Muita dificuldade porque precisamos do esforço das Faculdades/Universidades/Centros de Pesquisa para que consigamos "domar" algumas espécies e oferecê-las como mudas viáveis e interessantes para o paisagismo urbano. Voltando à questão do solo, sempre é possível trabalhar-se na perspectiva de correção de seu pH e nutrientes, contando com a ajuda de um agrônomo. Já o clima...

3) Parasitas! Erva de passarinho e cipó chumbo são os dois maiores inimigos da floresta urbana. A primeira é verde (faz fotossíntese) e retira da planta os nutriente minerais (água e sais minerais ou "seiva bruta". Lentamente leva a hospedeira ao declínio e morte. A segunda é amarela, são fios amarelos desprovidos de clorofila (não faz fotossíntese) e retira os nutrientes orgânicos produzidos pela planta hospedeira (seiva elaborada). Esta conduz a hospedeira rapidamente à morte. A remoção dos parasitas é primordial e deve ser feita tão logo se perceba a instalação do mesmo. Além de matarem as plantas, os parasitas podem infectar duas ou mais árvores ao mesmo tempo (até de espécies diferentes) e transmitir doenças entre as mesmas (especialmente algumas viroses vegetais). Mas também há os insetos parasitas: pulgões, cigarrinhas, ácaros e cochonilhas, principalmente.

Erva de passarinho (sobre uma tipuana) e cipó chumbo (sobre um pingo de ouro). (Cliquem nas imagens para ampliar)

4) O preço (e o lucro) da opção pelo verde. Como relatado no início do post, muitas pessoas só veem defeitos nas árvores. Na verdade, a disposição em varrer folhas caídas, podar adequadamente e preventivamente, prevenir-se da distância necessária para raízes e queda de frutos é uma decisão que deve ser tomada racionalmente, nunca emocionalmente. "Eu quero a árvore pertinho da minha janela!" ou "Pode ser próximo do muro de divisa com o vizinho, ele é legal e vai gostar! (até que um dia ele se mude e venha outro habitar a vizinhança)" são situações que precisam ser muito pensadas e poneradas. Até mesmo o plantio de árvores altas em calçadas estreitas é um convite aos "amigos do alheio" para subirem nos galhos, pularem seu belo muro alto e praticarem "sua profissão" à vontade (aliás o mesmo cuidado deve-se ter com aquelas cestas elevadas para colocação dos sacos de lixo). No entanto, o preço é barato frente ao benefício das árvores:

FONTE: http://www.vidasustentavel.net
FONTE: http://cidadescomarvores.blogspot.com.br
Na verdade, as imagens acima são apenas de valor simbólico. Dados científicos mostram o valor da arborização de forma fundamental na criação de um microclima com menor temperatura e maior umidade do ar. Não é apenas um ar condicionado (ou 10), mas um ar condicionado que umidifica o ambiente. Também as folhas retêm parte da água das chuvas diretamente e uma grande quantidade de poluentes particulados (especialmente em espécies como o oitizeiro que possui fibras sobre as folhas que agem dessa forma). Contribuem ainda como barreira contra a poluição sonora e visual.
Mas há pontos que devem ficar bastante claros: (1) não basta plantar mil mudas e não fazer a coisa da maneira certa (época adequada, uso de tutores fortes, solo adequado, irrigação...); (2) não basta o prefeito, vereador ou secretário de meio ambiente sonhar com uma cidade arborizada ("embelezar a cidade!")e não contratar adequados serviços de poda, remoção de parasitas e varrição; (3) não basta a população querer a cidade arborizada e sequer arrancar o mato que cresce na guia de suas calçadas; (4) não basta colar um adesivo no carro, usar sacola reciclável, etanol em vez de gasolina, cantar músicas de louvor à natureza e esquivar-se de suas próprias responsabilidades.

Respeito ao meio ambiente equilibrado e sustentável não é modismo, é uma necessidade... quer você acredite ou não!


Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior