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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Coruja buraqueira

Casal de corujas buraqueiras ou corujas-do-campo (Athene cunicularia, anteriormente Speotyto cunicularia) junto ao estacionamento do Shopping de Sete Lagoas.
"As corujas-do-campo são mais ativas durante o dia. Vivem nos campos, pastos, em áreas alteradas do cerrado. Constroem seus ninhos no chão, em buracos. São capazes de atacar, em voos rasantes, outras espécies e pessoas que se aventurarem como intrusos nas regiões próximas aos seus filhotes, nestas pequenas tocas."     blog VERDE VIDA
No trecho acima, escrito pelo colega Cláudio Gontijo, está implícita a questão fundamental da relação do homem com os outros animas e plantas: de quem é o espaço físico? 
O crescimento das cidades sempre aconteceu de forma a cumprir o entendimento que "o planeta é do homem e nos foi dado como presente". Mesmo que na tradição judaico-cristã tenhamos sido "expulsos do paraíso", acreditamos que a natureza foi criada para o nosso desfrute e deleite. Todos os seres vivos devem curvar-se ante a superioridade humana.
Os tempos mudaram, as convicções que temos hoje a respeito das intricadas relações que existem na "teia da vida" mostram que estávamos completamente equivocados. O caminho que percorremos - desde os estudos cataclísmicos da década de 1960 sobre os "limites do crescimento" até as conclusões atuais sobre o "aquecimento global" - mostra que erramos feio em achar que tínhamos o perfeito domínio de tudo.
Não é apenas uma questão de "salvem o bichinho". É a questão de preservar também as nossas condições de sobrevivência.

Quando vamos aprender a conhecer nossos limites? Quando vamos começar a desarmar a bomba-relógio que ativamos?

Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Parque Natural Municipal Lagoa da Chácara: a única opção!

O amigo Flávio de Castro, Secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, afirma em seu blog ao responder a uma indagação sobre o famigerado Boulevard Santa Helena:
"A se observar o Plano Diretor, a parte acima da Perimetral na direção da encosta da serra não é parcelável porque está configurada como Zona de Interesse Ambiental; e a parte triangular só pode ser utilizada para implantação de um Centro Administrativo consorciado com uso ambiental. No Plano Diretor não há autorização para uso habitacional."
E ainda em um post sobre a Audiência Pública:
"O Plano Diretor veda a ocupação residencial da área, sob qualquer modalidade. Como o Plano Diretor é o principal instrumento de política urbana por força constitucional [CF, art. 182, §§1º e 2º], colocá-lo de lado a favor da aplicação exclusiva da atual Lei de Uso e Ocupação do Solo é arriscado. Esse risco recomendava, a meu ver, o caminho da negociação. E é bom lembrar que licenciamento urbanístico é competência exclusiva de municípios. Isso também é matéria constitucional. Significa dizer que, mais hora, menos hora, o projeto de parcelamento de solo terá que ser apresentado para licenciamento municipal. Por essas razões, eu, ingenuamente, inferi que o sistema SUPRAM/FEAM arbitraria apenas as diretrizes de ocupação ambiental e não entraria na seara urbanística. A audiência mostrou outra coisa: o projeto de parcelamento de solo já está pronto e é ele que está sendo licenciado ambientalmente, sem que tenha sido trazido à prévia apreciação dos órgãos municipais competentes. Para quem não sabe, o único órgão competente no caso é o Departamento de Licenciamento de Obras. O ideal é que isso chegasse a ele já acordado publica e socialmente. Não sendo assim, o diálogo acabará por dar lugar a uma discussão jurídica nada simples."
Como afirma o Flávio, o Plano Diretor tem sua origem na Constituição Federal:
“Art. 182 – A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º – O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º – A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor."
O nosso Plano Diretor, então, não nos deixa outro uso para a área. Inicialmente, eu - ingênuo tal e qual o Flávio - até pensava na possibilidade de um uso em consenso da área, com alguns lotes em áreas degradadas. Agora, observando a participação dos empreendedores na Audiência Pública da última quinta-feira e, especialmente, à luz da nossa legislação não posso defender uma outra proposta que não seja a desapropriação de toda a área (com a devida indenização aos proprietários) e o estabelecimento do Parque Municipal Natural Lagoa da Chácara.
Endurece-se de lá, endurece-se de cá. Dura lex, sede lex (dura é a lei, mas é a lei).
Não haverá mesa de negociação.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Praça do Canaã em evolução.

O Igor Vanucci pediu e eu fui lá conferir. Como está a Praça do Canaã depois das reformas? 
Aliás, o blog deve muito à Praça do Canaã. Foi por causa de um comentário sobre ela, e a demora da aceitação do texto pelo www.setelagoas.com.br (que esperava um parecer da prefeitura sobre minhas críticas, parecer que nunca veio) que resolvi não depender da imprensa para falar (ou escrever) o que eu penso (clique aqui para visitar o primeiro assunto postado no blog). Sempre com fundamento, nunca pelo prazer de criticar. Prezo muito aqueles que sabem responder às críticas de forma técnica ou, no mínimo, bem humorada. Por isso, prezo muito o SAAE (alvo de muitas críticas minhas e de muita gente), mas que procura sempre dar uma resposta aos meus questionamentos, respostas às vezes tão boas que faço questão de divulgar (como a justificativa para as obras do PAC ÁGUA e a questão dos entupimentos da rede de esgoto provocados por um sem-número de objetos que são ali lançados indevidamente). 
Todos nós erramos, e erramos o tempo todo. Quando, na correria do dia a dia, resolvemos lançar ao ar ou aos modens nossas palavras, temos que ter consciência que alguém vai ler, gostar, rir, se emocionar, torcer o nariz, apelar, criticar ou apenas acenar e sorrir. A amiga blogueira e ex-aluna Carolina Feérica sabe bem disso, mestra que é de trabalhar os textos de forma dinâmica. Mutáveis, estáveis, e sempre lindos (apesar de às vezes ser difícil entender logo de cara o que se passa naquela cabecinha).
Digo e repito: não faço aqui críticas pessoais. Se algumas são entendidas como tal, peço desculpas antecipadas ou tardias. Minhas mãos sempre estão estendidas para o diálogo. As críticas que poderiam ser lidas como críticas pessoais procuro não externá-las, mas sou imperfeito, às vezes escapam.
Tenho muitas críticas (e não são pessoais) à forma como foram e são conduzidas as questões referentes a “parques e jardins” na cidade. Jardim não é só arte. Jardim também é técnica. Técnica e arte juntas fazem um som maravilhoso. Sem as duas, como sói acontecer aqui na terrinha, o resultado é ou beira o desastre. Para quem conhece, é como o Lula Molusco tocando sua clarineta.

A reforma da Praça do Canaã (Praça Martiniano de Carvalho) vem ocorrendo de forma parcelada. Primeiro foram as luzes, agora a vegetação. Espero que em breve seja arrumado o resto. Melhor pingar do que faltar, diz a sabedoria popular. Sobre uma praça pública, em especial a do Canaã, valem algumas considerações sobre aspectos abandonados ali até o momento, seguidos das ilustrações e comparações:

1) A terra não pode aparecer. Gramados e outras forrações devem ser planejados para encostar nas árvores e na margem das calçadas. Se a grama não for adequada para a sombra das árvores, devemos usar uma vegetação que suporte a condição (já escrevi sobre vegetação para sub-bosques - clique aqui).

Dois aspectos na Praça do Canaã e a forração chegando na borda do canteiro de uma praça em Caxambu, MG.
 2) A praça é para o uso público. É inadmissível que os bancos encontrem-se em péssimo estado de conservação ou destruídos. Fazer uma praça é pensar em seu uso, não apenas uma maquiagem.

Bancos destruídos na Praça do Canaã (lembram-se da Teoria das Janelas Quebradas) e bancos bem conservados na praça principal de Fortuna de Minas, MG.
3) Gramas e outras forrações misturadas. Se for para criar um desenho, uma marcação local ou resistir ao ambiente sombreado, tudo bem. Mas misturar gramas apenas porque era o único tipo disponível é lamentável. A colocação das placas de grama também deve ser bem feita, recortadas quando necessário. 

Gramas misturadas ou mal colocadas na Praça do Canaã e a o uso de duas forrações em Caxambu, a forração mais escura é adaptada à sombra da árvore.
4) O pingo-de-ouro usado como “bordadinho”, já ensina o meu mestre Gustaaf Winters, não dá para engolir. E isso virou uma mania nacional, para não dizer praga nacional. Nada contra manchas ou canteiros bem cuidados de pingo-de-ouro, mas em harmonia com a praça. E haja cuidados com a poda e manutenção! Totalmente desaconselhado para situações em que raramente se dá atenção de jardinagem à praça.

Bordadinhos na Praça do Canaã, inclusive um bordadinho duplo com roseira e pingo-de-ouro. Ausência de bordadinho no Parque das Águas, em Caxambu (esse exemplo também já é covardia, admito!)
 Para quem passa rapidamente pela praça, a melhora é evidente, inquestionável:


Inclusive, gostei desse canteirinho pela combinação de cores e espécies, pelo banco próximo ainda inteiro e, principalmente, pela limpeza sendo executada na praça (observe à direita):

Todas as fotos da praça foram feitas ontem (25/02/2011).
Igor, no mais é isso. Espero que tenha ficado satisfeito. Um grande abraço!

 Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

As igrejas e a Lagoa da Chácara

Perguntei em um post recente qual seria a posição dos partidos políticos em relação à questão da Lagoa da Chácara (aqui). Obtive respostas apenas do PT (por meio do Ênio Eduardo e das ações claras dos vereadores Claudinei e Dalton), do PV (por meio do presidente do partido, Rodrigo Viana) e, em outro tópico, uma manifestação do vereador Marcelo "Lico" Freitas  (PMN). As 3 manifestações são contrárias ao tal Boulevard Santa Helena. Os outros 4 partidos (PMDB, PP, PSDB e PSOL) ainda não se manifestaram. Certamente porque não conhecem o blog e a indagação, tenho certeza.
Agora vou fazer uma pergunta espinhosa. Uma incursão numa área difícil e de antemão peço desculpas se trato a questão de forma inapropriada. Em primeiro lugar aos representantes da Igreja Católica. Qual o posicionamento da Igreja Católica em relação ao empreendimento? Depois gostaria de saber o posicionamento das demais igrejas, religiões, seitas e demais profissões de fé. Pergunto para a Igreja Católica em primeiro lugar por uma razão simples: o empreendimento usa o nome de uma santa, que para nós é caríssima, Santa Helena.

 
Vejamos algumas informações sobre a santa, colhidas na internet:
"Ela se converteu para o catolicismo e fez vários atos de caridade, construiu várias templos e igrejas em Roma e na Terra Santa. Numa das suas viagens a terra santa, teria tido visões, que a ajudaram a descobrir a cruz na qual foi crucificado Jesus. A cruz foi encontrada numa cisterna no dia 3 de maio a leste do Monte Calvário. A história de Santa Helena encontrando a cruz é objeto de um poema muito celebrado chamado Elene de Cynelwulf.
Santa Helena não é uma santa somente porque ela encontrou a cruz de Cristo. Ela amava os pobres e vestia com modéstia e humildade. Euzébio escreveu que Helena passou seus últimos anos na Palestina, continuamente adorando e venerando ao lado de todos na igreja, humildemente vestida, igual as outras mulheres que estavam ali orando.
Em adição a isto, ela enfeitou as igrejas com ornamentos e decorações não esquecendo das mais simples capelas e dos pequenos vilarejos. Construiu basílicas no Monte das Oliveiras (A Eleona) e em Belém, viajando através de toda a Palestina, e era conhecida pela sua bondade com todos, pobre, soldados, e prisioneiros e muitos milagres foram a ela atribuídos.
Na arte litúrgica da igreja católica ela é mostrada: (1) Vestida como rainha e segurando uma cruz ou (2)Indicando a localização da Cruz, (3) a cruz sendo revelada a ela, em seus sonhos , (4) Organizando e supervisionando a busca da cruz, (5) Como uma lady medieval, com uma cruz e um livro como no mosaico Bisantino em Hagia, Sophia e nos mosaicos gregos ou (6) Com a cruz e os pregos, como nos mosaicos russos
Santa Helena é invocada contra o trovão e o fogo."           www.cademeusanto.com.br
Recentemente, a Arquidiocese do Rio de Janeiro levantou uma questão sobre o uso da imagem do Cristo Redentor sendo destruído em uma cena do filme "2012". Uma alegação da Arquidiocese é que "as imagens do Cristo Redentor constituem um símbolo religioso e que deve-se ter cautela ao utilizá-las".  
A imagem e o nome de Santa Helena também são um símbolo religioso. Santa Helena domina o nosso cenário e, no nosso imaginário, nos protege lá do alto da serra que leva o seu nome. Não me parece correto que seu nome seja usado a favor de um "empreendimento de alto padrão" rejeitado pela população presente na audiência pública que ali teve a oportunidade de conhecer sua real essência.
Admiro o posicionamento de todas as igrejas quando juntas procuram debater os grandes temas nacionais. Inestimável é a colaboração de padres, pastores e principalmente dos fiéis. Mas gostaria de saber a opinião sobre o empreendimento que se deseja construir. Que deixemos de lado, nas manifestações, as comparações entre as várias igrejas.
Costumo dizer em minhas aulas que "a ciência nos dá conforto material e a religião nos dá conforto espiritual".  Ambos são importantes. Não temos saúde sem o conforto material das roupas, dos alimentos e dos medicamentos que a ciência nos proporciona. A falta de saúde causada pelo inacessibilidade aos recursos mais básicos degrada e oprime o homem. Explico aos meus alunos, na maioria jovens que tantas vezes têm dúvidas sobre o tema, que o conforto espiritual é condição necessária para que possamos colocar a cabeça em paz em nossos travesseiros. 
É hora de resistir e evitar que o conforto material do luxo e da ostentação se sobreponha ao conforto espiritual. Vigiai e orai!

Texto e foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vendendo gato por lebre: Apresentação do Boulevard Santa Helena

Veja a foto abaixo, obtida durante a apresentação do Boulevard Santa Helena. Ela mostra a natureza exuberante (não discordamos) da região do empreendimento. Só que aquela natureza exuberante não é de Sete Lagoas.

Apresentação do empreendimento "Boulevard Santa Helena".
A cachoeira mostrada na foto é o Véu da Noiva, na Serra do Cipó. Enganação exuberante!!! Confira a foto seguinte, obtida em um trecho da "Trilha dos Escravos".

Cachoeira Véu da Noiva, na Serra do Cipó.
Ramon Lamar de Oliveira Junior

Abração para a Marília!

Acabo de saber, por meio do meu sobrinho Pedro Henrique, que sua professora Marília (Sociologia) está ajudando na divulgação da causa pró-Parque Natural Municipal Lagoa da Chácara. 
Marília, muito obrigado pela divulgação. Só assim, com o envolvimento de toda a comunidade, sabendo das reais propostas para a área, podemos ter sucesso na tentativa de conseguir manter e ampliar as áreas verdes da cidade.
Um grande abraço!!!

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Limparam o lote e tocaram fogo!

Não se sabe dar outro destino aos restos das podas em Sete Lagoas?

Esquina da Villa Lobos com a Professor Abeylard. Hoje às 12:40.
Lote vago é uma mer...cadoria. O IPTU deveria ser 1000% a mais.
E viva a especulação imobiliária!!!

Foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Audiência do Boulevard - 24/02/2011

Não adiantou apresentar um projeto surreal: calçadas de grama, casas sem muros, uma associação de moradores (AMOHELENA - Associação de Moradores do Boulevard Santa Helena) que fiscalizaria o cumprimento das diretrizes do projeto. Beleza não põe mesa e o projeto não caiu nas graças da população presente no auditório do UNIFEMM.
As falas das entidades e das pessoas me surpreenderam. Não porque eu esperasse coisa diferente do que foi dito, mas pela certeza que brotou dentro do auditório e se consolidou no discurso de todos contra a insanidade do empreendimento. Abraço especial ao Paulinho do Boi e seus alunos de teatro. Fantásticos. Outro patrimônio público a ser preservado e ampliado.

A comunidade atenta às explicações do empreendedor. O projeto-conceito teve a atenção da plateia, mas não teve a aprovação.
Rituais à parte, a mesa que coordenou os trabalhos concedeu seu próprio tempo para a explanação do empreendimento. Não sei se é praxe, mas pegou mal demais. Principalmente quando, ao final, não me concedeu tréplica por ter sido citado nominalmente pelo Leonardo Pittela, responsável pela execução e apresentação do EIA/RIMA. 
Após a audiência, no estacionamento do UNIFEMM, conversei com o Leonardo e expus qual seria o teor da minha tréplica. Afirmei a ele que as minhas suposições sobre a incapacidade do aquífero em abastecer a população do pretendido empreendimento, gerando mais dano ambiental, era baseada na suposição citada no próprio RIMA a respeito do uso dos poços profundos ter sido a causa da perda das nascentes do córrego do Diogo e da Lagoa da Chácara. Portanto, se eu estava errado ao supor tal fato, mais errados estavam os técnicos ao colocar tal suposição no RIMA. Disse a ele também que o episódio de alguém ter comentado que ele feriu a ética durante sua fala deveu-se ao fato dele ter emitido juízo de valor ao afirmar que a cidade (população, prefeitura, quem seja) não teria condições de manter um parque natural naquela área. Ele reconheceu o deslize e pediu desculpas, prontamente aceitas. Elogiei, como fiz durante minha fala, o trabalho da equipe técnica e frisei que ele omitiu uma importante afirmação a respeito do tempo de pesquisa da herpetofauna (anfíbios e répteis). Em sua fala, Leonardo afirmou que surpreendentemente poucas espécies desses animais foram encontradas, indicando degradação da área, mas omitiu que tal pesquisa foi feita em apenas 4 dias.

Pegada do mão-pelada, Procyon cancrivorus, mostrada na apresentação do RIMA. Conforme o RIMA, uma das espécies de dieta especializada que habita o local e requer áreas de grandes extensões para sua sobrevivência (página 95).
A seguir, o texto da minha fala, conforme foi protocolizado junto à mesa. O trecho final nem foi lido, em respeito ao tempo que havia estourado.

"Aqueles que vão decidir sobre a concessão da licença ao empreendimento certamente leram e releram o relatório de impacto ambiental e, objetivamente - com sua experiência acumulada saberão distinguir entre enganação e realidade.
O mundo mudou. Não estamos aqui falando apenas de um loteamento. Esse palco é uma batalha de uma guerra muito maior. Mas é nossa batalha. Leis foram feitas com a preocupação de preservar alguma coisa, tentando resguardar um futuro para nós todos. Vamos obedecê-las, em reverência aos que lutaram para a sua aprovação e aplicação.
O empreendimento proposto está localizado em uma região onde são observados afundamentos do terreno provocados pelo abatimento do solo. A área em questão é uma área de recarga dos aquíferos e amortecimento das cheias do Córrego do Diogo. A grande absorção de água dissolve a rocha lentamente, provocando a formação de tais afundamentos. Não sabemos como se encontra o subsolo na região, mas sabemos o que é o carste. Convivemos há anos com essas palavras e seus pesadelos derivados: cavernas no subsolo, dolinas de abatimento, proibições e limitações.
Próximo às áreas mais baixas e alagadiças do terreno, onde a água brota a menos de um metro de profundidade, são propostos prédios de 7 a 10 pavimentos, enquanto - nas linhas e entrelinhas - o relatório de impacto ambiental afirma que sondagens não foram feitas, correndo por conta e risco do proprietário do lote.
Dolinas formadas recentemente estão em alinhamento com a Lagoa da Chácara, indicando o possível - para não dizer absolutamente certo - fluxo subterrâneo de água nesta direção. Tal faixa está destinada a “áreas institucionais”. Quem sabe construímos ali uma escola, um hospital ou a nova sede da prefeitura. Na dúvida, pode-se optar pela encosta da Serra de Santa Helena, a outra área indicada como “institucional”. Com uma declividade de mais de 45 graus, vamos remexer a terra e reeditar deslizamentos que até hoje deixam grotões na face da Serra.
Para abastecer uma população de 20.000 pessoas que se intenciona colocar na área, sugere-se um poço profundo para remover 5 milhões de litros de água por dia, mesmo sabendo e afirmando que a retirada de água pelos poços artesianos deve estar diretamente relacionada com a agonia das nascentes do córrego do Diogo e da Lagoa da Chácara.
O empreendimento é uma aula de “educação ambiental”, uma aula às avessas, um exemplo a não ser seguido. Mas certamente terá o apoio de muita gente interessada em fazer projetos para casas “de alto padrão”, vender areia, tijolos, cimento e aparelhos de ar condicionado. Venda de aparelhos de ar condicionado aliás passará a ser o empreendimento mais lucrativo da cidade nos próximos anos, não só nas grandes lojas do Boulevard Santa Helena - se a insanidade da licença prévia for concedida - mas em toda a cidade, que perderá sua maior área verde urbana."

 Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: O Leonardo Pitella afirmou em sua fala a suspeita de que os poços profundos do SAAE, nos terrenos da Fazenda Arizona, não têm a outorga necessária para o funcionamento. Com a palavra, o SAAE.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Raios na madrugada

Na noite de ontem e na madrugada de hoje, clarões eram vistos no rumo da Lagoa da Chácara. Não consegui fazer uma boa foto sequer. A menos pior segue aí embaixo. Tudo estava muito embaçado, nebuloso. 
Hoje cedo, o amigo Flávio de Castro, em caminhada pela área (clique aqui), percebeu que a coisa não estava boa naquela região. Os pássaros estavam estranhamente calados. Só um cantava, como a acusar a situação: bemtevi, bemtevi, bemtevi...

Santa Helena, bem à direita, observa lá da igrejinha os raios sobre a região da Lagoa da Chácara.
Ramon Lamar de Oliveira Junior

Morador cansado, mas criativo!!!

Não aguentando mais ver o mato crescendo, o morador apelou (sem descer do tamanco) e deu aquela provocada no melhor bom humor. Hay que criticar, pero sin jamás perder el humor!

Clique para ampliar e leia a placa. Crédito da foto: Alex.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Carnaval de Verdade 2011: O Boi Informa

Insensibilidade das autoescolas

O SAAE está "mandando a picareta" aqui na Rua Major Castanheira, esquina com a minha Professor Abeylard. É o tal de PAC ÁGUA. O trânsito está um caos. Já estava, quando o fura-fura acontecia na Paulo Frontin. O fluxo de veículos descendo a Villa Lobos aumentou muito.
Hoje, por volta das 9 e meia da manhã, contei 20 carros de autoescolas engarrafados no meio do trânsito (e uma carreta de autoescola também) em apenas dois quarteirões da Villa Lobos. Putzgrila!!! Canalizar as aulas para uma região cujo trânsito está comprometido é muita falta de consideração com os demais motoristas (e mesmo para com os autoalunos). Metade dos carros parados na Villa Lobos era de autoescolas. Brincadeira isso.
Ajuda aí, gente!!! Tenham bom senso. Procurem locais onde o trânsito já não se encontra problemático.
O mais absurdo é que é preciso um pedestre (não sou motorista) pedir isso!

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Os partidos políticos e a Lagoa da Chácara

Recentemente, aqui em Sete Lagoas, estamos vendo os partidos políticos se movimentando e se posicionando em torno de questões-chaves. O PT tem mostrado, como é de sua característica histórica, um debate mais incisivo: posicionou-se em relação à sua participação no governo municipal e deve ir também nessa direção em relação à questão SAAE x COPASA. Os outros partidos, não sei se por falta de mecanismos mais claros e participativos de informar aos eleitores, têm se mantido mais "calados".
Aproveito para cobrar de todos os partidos que têm representação em Sete Lagoas, um posicionamento mais claro em relação à questão da Lagoa da Chácara e o empreendimento que ali se pretende fazer. Seria importante que pudéssemos ler esses posicionamentos agora, e não "quando a Inês é morta" ou nas vésperas da próxima eleição municipal. 
Com a palavra, os líderes dos partidos! Quem se habilita?

PT?  PMN?  PV?  PP?  PMDB?  PSOL?  PSDB?


As respostas do PT e do PV já chegaram. Confira nos comentários.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Lagoa da Chácara em duas entrevistas.

Hoje, faltando 2 dias para a audiência pública que poderá decidir o destino da única grande área verde dentro da área urbana de Sete Lagoas, duas entrevistas agitaram o rádio, quase simultaneamente.
Na Rádio Cultura, seis integrantes da ONG IMMAC (Instituto Municipal de Meio Ambiente e Cultura) foram entrevistados pelo João Carlos. Excelente a entrevista. Fui convidado a participar mas meus compromissos na parte da manhã não permitiram que eu confirmasse a participação. Sinceramente, a fala do grupo foi coesa, simples e direta. Não fiz falta mesmo. Ouvi a entrevista inteira e só tenho aplausos para os colegas e a causa que defendemos. E também para o João Carlos, que abriu os microfones para a população conhecer a questão.

Shopping Center e região da Fazenda Arizona, vistos da área do Parque da Cascata na Serra de Santa Helena. A grande área verde dará origem (pelo projeto da EPO EMPREENDIMENTOS) a mais de 600 lotes. Observem o tamanho das árvores. Não é um "cerradinho ralo" (clique na imagem para ampliar). Não é um pasto. É área verde da melhor qualidade e impacto positivo para o ambiente. A tal área verde está marcada para ser substituída pelos lotes do "Condomínio 1" na imagem do empreendimento proposto: clique aqui para ver o mapa do empreendimento.
Mudo o dial para a Rádio Eldorado, programa Frente a Frente do Gamela. O Flávio de Castro (Secretário de Planejamento) estava divulgando seu posicionamento a respeito da questão do empreendimento na área da Lagoa da Chácara. Um arquiteto urbanista, intelectual e sensível ao desenvolvimento sustentável, não poderia trilhar um caminho muito diferente do caminho que segue o movimento ambiental, pela legalidade e pela preservação da qualidade de vida. Flávio ainda vislumbra a possibilidade de uma ocupação negociada da área, contudo sabemos todos que a área é muito complicada do ponto de vista biológico, ambiental, hidrológico e geológico. Enviei um abração para o Flávio e para o Gamela e fui convidado pelo radialista para participar de um programa futuro para falar sobre a questão da área. Gamela, estamos aí. Infelizmente, ou felizmente, terá que ficar para depois da Audiência Pública sobre o tema. De qualquer maneira, será muito produtivo. Não se esqueça de convidar aí em seu programa, como convido aqui no blog, a participação da comunidade setelagoana na Audiência Pública - próxima quinta-feira (22 de fevereiro de 2011), no auditório da UNIFEMM, às 19 horas.

Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Que calor!!!

Verão é assim mesmo, um calorão só. E ainda tem gente que acha bonito propor o corte de árvores para fazer condomínio de "luxo". Transforma tudo em um deserto, depois faz um condomínio de "luxo". Será que querem transformar aqui em Abu Dhabi: luxo no deserto? Se bem que lá em Abu Dhabi eles estão tendando fazer áreas verdes no deserto. Aqui o negócio é fazer desertos em áreas verdes. Só o tal do Homo sapiens mesmo!!!
Sapiens mesmo é o Furnarius rufus, o nosso querido joão-de-barro. Deveria chamar-se Furnarius sapiens! Além de toda sua engenharia repetida milimetricamente à exaustão, o danadinho sabe aproveitar a vida. Olha ele aí, na Praça Dom Carmelo Mota, aproveitando uma poça d'água para refrescar.

Furnarius rufus, o joão-de-barro, refrescando-se na grama molhada. Fevereiro de 2011.
Furnarius rufus, o joão-de-barro, tomando conta da sua casa que já tem eletrificação rural. Estrada para Santana do Riacho, Serra do Cipó, MG. Fevereiro de 2011.
Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Borboleta 08 ou 80: gênero Callicore

Quando mostrei a foto da borboleta 88 do post anterior (Diaethria), ainda na câmera, para minha filha, ela disse: - "Eu também fotografei essa borboleta." Só hoje fui olhar com detalhes as fotos que ela fez, junto comigo, no passeio ao Parque da Cascata. Foi então que eu percebi que ela havia fotografado outra borboleta, bem na grade de proteção da cascata. Trata-se de uma Callicore, provavelmente Callicore sorana.
Infelizmente a foto ficou um pouco "de longe". Em se tratando da minha filha, foi até perto demais: ela morre de medo de borboletas!

Borboleta do gênero Callicore, fotografada no Parque da Cascata - Sete Lagoas - MG. Foto: Marina Costa Oliveira

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Borboleta 88: gênero Diaethria

Diaethria é um gênero de curiosas borboletas que possuem desenhos nas asas que lembram números. A da foto foi flagrada no Parque da Cascata, hoje pela manhã. Vive nas matas dos vales e da encosta da Serra de Santa Helena. Se um dia as borboletas dessa espécie desaparecerem, as pessoas vão perguntar: Como foi possível? Aí alguém responderá: O pessoal, naquela época, estava mais preocupado com o dinheiro do que com a preservação.
Foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Manifestação "Fora Maroca"

Excelente o texto do blog No Prelo (clique aqui). O título escolhido não poderia ser mais feliz (Uma faísca). Realmente, através de conversas com algumas pessoas da organização da passeata, percebi que seria um movimento mais de protesto do que um descontrole coletivo. Infelizmente a participação popular foi pequena, mas movimentos sérios começam assim. A incerteza sobre o rumo que o movimento tomaria nas ruas e o horário da manifestação pegou muita gente numa condição de impossibilidade de participar (como no meu caso). Desejo sucesso aos participantes e organizadores do movimento e que saibam cobrar do prefeito (e também dos vereadores e demais gestores públicos) as mudanças e explicações necessárias. E, como alertou o Marcão, cuidado com os oportunistas de plantão.
Um lado meio cômico do evento foi a maquiagem da praça da prefeitura para receber os manifestantes. Algumas horas antes da manifestação eu estava por lá com o pretexto de tirar algumas fotos para meu trabalho mensal de registro das árvores da cidade (como já comentei em outro tópico). Encontrei a praça cheia de funcionários fazendo a limpeza, dando ordens, ligando "para mandar mais dois capinadores" e tal. 
Agora, quem sabe, podemos marcar as próximas manifestações para as Lagoa da Catarina, do Cercadinho ou do Brejão (quem sabe resolvem os problemas desses locais).

Praça Rio Branco (praça da prefeitura) sendo preparada para a manifestação, às 9:40.
Praça Rio Branco (praça da prefeitura) maquiada, às 17:40. Caiação é brincadeira, viu? Podiam, ao menos, ter usado uma pintura correta, com as tintas próprias pra esse tipo de trabalho e para uma praça importante como é a praça da prefeitura. Acho até que está merecendo um post só sobre essa praça, tão importante no imaginário de todos nós. (Fotinha feia, desculpem, essa foi com o celular.)
 Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Pelas ruas da cidade... (4)

Pau-ferro (Caesalpinia ferrea)
Calistemo (Callistemon sp.)
Grevílea-anã (Grevillea banksii)
Magnólia amarela (Michelia champaca)
Espirradeira (Nerium oleander)
Quaresmeira (Tibouchina granulosa)
Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Sete Lagoas Exportadora de Esgoto

A notícia no www.setedias.com.br


11/02/2011: “Sete Lagoas é exportadora de esgoto”
Celso Martinelli

O coordenador do Projeto Manuelzão e presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica da Bacia do Rio das Velhas, Rogério Sepúlveda, criticou a inércia de Sete Lagoas no que diz respeito a ações para o tratamento do esgoto do município, o que afeta o projeto de despoluição do Rio das Velhas. Ele ressalta que Sete Lagoas é uma cidade rica e com economia em franca expansão, mas que exporta para a população “rio abaixo” o ônus da falta de tratamento dos seus esgotos. “O tratamento é uma obrigação socioambiental que a cidade deveria colocar como prioridade máxima”, afirma. Para Sepúlveda falta mais sensibilidade do poder público municipal para resolver de vez o problema. Confira a seguir, a entrevista:

SETE DIAS - Como está a participação de Sete Lagoas na despoluição do Rio das Velhas?
Rogério Sepúlveda - Sete Lagoas continua a não tratar os esgotos gerados em seu território, principalmente na sede do município. Esta falta de tratamento adequado prejudica intensamente a qualidade das águas do Ribeirão Jequitibá e do Rio das Velhas. Mas é na bacia do Ribeirão Jequitibá, bacia na qual grande parte do território de Sete Lagoas está inserido, que é sentida com mais intensidade a poluição decorrente da ocupação urbana e de atividades industriais e rurais. O Ribeirão Jequitibá tem vários trechos de cursos de água com baixo nível de qualidade de água decorrente principalmente de lançamento de esgotos domésticos e industriais.
SD - Qual a situação do rio antes de chegar à região e depois que recebe os dejetos de Sete Lagoas?
Rogério Sepúlveda - O monitoramento de qualidade de água realizado pelo Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jequitibá, órgão vinculado ao CBH Rio das Velhas, com apoio da Escola Técnica de Sete Lagoas, do Projeto Manuelzão e do Ministério Público, mostrou que o Córrego Matadouro tem qualidade de água muito ruim segundo o IQA (Índice de Qualidade de Água), metodologia adotada também pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam). Depois de receber o Córrego Matadouro, o Ribeirão Jequitibá tem suas águas fortemente alteradas e a população que vive em suas margens fica impossibilitada de utilizar essa água para seu uso, sob risco de ser contaminada. O resultado desse monitoramento mostra que Sete Lagoas, uma cidade rica e com sua economia em expansão, vem exportando para a população de outros municípios que vivem "rio abaixo" o ônus da falta de tratamento dos seus esgotos, obrigação socioambiental que o município deveria colocar com prioridade máxima.
SD - Quais as dificuldades de conscientizar as autoridades da cidade para ter o mesmo empenho de outros municípios?
Rogério Sepúlveda - Falta sensibilidade do poder público para a importância de se tratar seu esgoto, não prejudicando as populações de outros municípios.
SD - O argumento da falta de recursos justifica o fato de Sete Lagoas não participar efetivamente?
Rogério Sepúlveda - Não, pois é uma cidade rica, com grande poderio econômico e político.
SD - Há outras cidades em que a situação estava pior e se adequaram?
Rogério Sepúlveda - Cidades bem menores conseguiram projetos de construção de estações de tratamento de esgotos e já iniciaram as respectivas obras.
SD - Há algum tipo de punição caso o cenário não mude? A cidade pode sofrer sanções?
Rogério Sepúlveda - Há uma deliberação do Conselho Estadual que estabeleceu prazo para regularização da questão do tratamento de esgotos e a falta de cumprimento pode gerar multas aos municípios. Mas a pior punição já está sendo sofrida pela população de Sete Lagoas e demais municípios, já que muitas pessoas moram próximas aos cursos de água e tem seus filhos correndo risco de contrair doenças. Além da baixa qualidade de vida e um ambiente degradado. Estas pessoas poderiam ter próximo de suas casas córregos com qualidade de água satisfatória e ambientes saudáveis.






A resposta do SAAE, publicada no blog oficial EM FOCO:

17 de fevereiro de 2011: Direito de resposta encaminhado ao Jornal Sete Dias

Em resposta à reportagem veiculada 11/02, Jornal Sete Dias, “Sete Lagoas é exportadora de esgoto”, o Saae informa :

1 - Com relação a “participação de Sete Lagoas na despoluição do Rio das velhas”
Sete Lagoas é uma das poucas cidades que tem cobertura de quase 100% (98%) de coleta de esgoto. O primeiro projeto básico para construção de ETE na cidade foi elaborado pela empresa Tecminas em Março de 2002 e desde então o município tenta recursos financeiros para a sua execução. Este projeto foi adequado e novamente o SAAE e a prefeitura encaminharam em Março de 2009 e Outubro de 2010, ao Ministério das Cidades para o programa PAC-2, uma Carta Consulta solicitando mais uma vez recursos da ordem de 55 milhões para a execução desta ETE. O Ministério selecionou Sete lagoas para receber recursos no valor de R$ 1.200.000,00 (Hum milhão e duzentos mil reais) para a adequação e elaboração do projeto executivo.
Em 14 de Fevereiro último, encaminhamos para aprovação prévia do Ministério das Cidades, cópia da minuta do Edital e Termo de Referencia para posterior envio à CEF que será o agente financeiro responsável pela liberação dos recursos.
O município tem feito portanto o que pode e o que está a seu alcance fazer, e tem dado prioridade a esta importante obra para Sete lagoas e região.
O SAAE tem mantido contato com o Ministério das Cidades, através do Secretário Nacional de Saneamento Ambiental, o Sr. Leodegar Tiscoski, e através de recursos do PAC 2 a construção da ETE que fará o tratamento de 70% dos efluentes sanitários gerados pelo Município.
O SAAE na administração do prefeito Mario Marcio Campolina Paiva – Maroca, colocou em operação a ETE Cidade de Deus que processa efluentes sanitários da regiao da Cidade de Deus com capacidade para 5.000 habitantes e da mesma forma a ETE do Bairro Primavera com capacidade de tratamento para 8.000 habitantes, elevando o percentual de esgoto tratado na cidade de Sete Lagoas.
O SAAE mantém posições firmes e objetivas com relação as informações do trabalho em curso dos comitês da bacias dos ribeirão jequitiba e rios das Velhas e Paraopeba.

2 - Com relação a “outras cidades bem menores conseguiram projetos de ETEs e já iniciaram as respectivas obras”
Sim, é verdade, mas são pequenas cidades. Os projetos e as obras têm custos bem menores, assim é mais fácil de conseguir recursos ou solucionar com recursos próprios.
Lembramos que a Meta 2010 foi prorrogada para 2014 justamente porque os municípios não conseguiram construir suas Estações de Tratamento de Esgoto e Sete lagoas é apenas uma delas, considerando que a lei foi regulamentada em 2010. Estamos empenhados na busca desta realização desta obra, é nossa prioridade máxima.
Os interceptores de esgoto ao longo dos córregos do Diogo e Matadouro já foram construídos e isto já é o primeiro passo, porque não se pode construir uma ETE sem que se tenha os interceptores e emissários construídos.
O Comitê da bacia Hidrográfica do Rio das Velhas está no seu papel de cobrar ações e o município está tentando cumprir com seu papel de executivo tentando dentro de suas possibilidades atender. Estamos todos tentando atender a coletividade.
Ronaldo de Andrade
Diretor Presidente





Minha opinião: O Rogério Sepúlveda não disse nada que merecesse um direito de resposta. Não disse nenhuma mentira ou calúnia. O próprio website da Prefeitura Municipal de Jequitibá afirma: “O Ribeirão Jequitibá é também muito poluído, pois é nele que se descarrega o esgoto de Sete Lagoas”, clique aqui para conferir.
O SAAE está confundindo coletar 98% do esgoto com tratar o esgoto. Qual o percentual do esgoto tratado? O esgoto tratado pelas duas estações citadas, gerado por 13.000 habitantes, dá algo em torno de 6% do esgoto da cidade. E olha que as estações, vira e mexe, dão problema.
O Rogério Sepúlveda falou em morosidade dos governos (não apenas o atual) de uma cidade rica (um balneário industrial, né?) e com representação política (deputado estadual e federal, governada atualmente pelo partido do governador). A própria nota do SAAE diz que tenta-se obter os recursos desde 2002. Isso não é morosidade? Se estamos fazendo o que é possível fazer, a triste conclusão é que estamos fazendo muito pouco, faz tempo.
Quanto às cidades menores, é importante considerar que elas dispõem de menos recursos e menos representatividade (argumento central do texto).
No fundo, o texto cobra a priorização das responsabilidades socioambientais do município. Os trens estão passando e estamos perdendo todos eles.
Por fim, não consigo entender um direito de resposta se no próprio final da nota escreve-se que “o Comitê da bacia Hidrográfica do Rio das Velhas está no seu papel de cobrar ações”. 

Ramon Lamar de Oliveira Junior









quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O lixo em Sete Lagoas (PARTE II)

PARTE II: OS CATADORES E A COLETA SELETIVA DO LIXO

Paralelamente à destinação oficial do lixo, os catadores de papel e outros materiais recicláveis começaram a atuar na região central da cidade de maneira mais efetiva, enquanto outros atuavam no lixão em condições sub-humanas. A constituição da ACMR (Associação de Catadores de Materiais Recicláveis) foi um marco importante, apesar de tratar pouco mais de 1% do lixo gerado pelo município e de sobreviver em condições precárias, gerando uma renda mensal de 300 a 400 reais por catador. A possibilidade de geração de renda para as famílias é sempre algo muito importante, e além da questão da destinação final adequada do lixo, esse é um ponto que não pode ser desprezado.
A formação de uma Cooperativa (com mais facilidades para conseguir recursos) e a construção de um galpão com maquinário apropriado são caminhos fundamentais para facilitar o trabalho e a vida dos 31 trabalhadores da ACMR e mais outros 70 autônomos que existem na cidade. O presidente da ACMR informou que as verbas necessárias já estão depositadas na CAIXA. Tal informação foi confirmada pela SEMMA que, juntamente com o Juizado Especial e o Ministério Público, conseguiu uma verba de aproximadamente R$ 12.000,00 e, junto à FUNASA, outros R$ 195.000,00. Tais recursos serão para uso da ACMR, existindo um documento que a Caixa Econômica Federal exige que seja assinado pelo prefeito e pela ACMR para que fosse feito o repasse. Se não foi assinado até agora, desconhecemos o motivo da demora.

Estacionado no canteiro central da Monsenhor Messias, o carrinho cumpre a diária tarefa de acumular e transportar o lixo produzido pelo comércio central. Receita para o catador, num trabalho importante e nem sempre bem compreendido.
Até dificuldades de conseguir verbas municipais a ACMR enfrenta, apesar de seus relevantes serviços e inexistência da busca de lucro, como consta em seu estatuto. Uma verba de dezessete mil reais foi negada alegando-se a questão do lucro. Tal pedido de verba foi levado até o CODEMA pela ACMR, lembro-me bem do caso pois eu era do conselho e apoiei o pedido da ACMR, um valor irrelevante para o município mas de grande necessidade para a Associação.
A prefeitura tem apoiado a ACMR na infraestrutura para seu funcionamento, cedendo galpão, água, energia elétrica, caminhão de coleta seletiva, motorista e combustível. É verdade que às vezes o caminhão fica parado, com defeito.
O esforço da coleta seletiva soma-se ao trabalho da Viasolo. Estima-se que a Viasolo colete diariamente entre 130 e 160 toneladas de lixo, a ACMR cerca de 2 a 3 toneladas e os catadores autônomos, não filiados à ACMR, em torno de 3 toneladas. Devido a ação da coleta seletiva, grande parte dos materiais recicláveis não chega ao aterro controlado, especialmente latinhas de alumínio, papelão, vidros, garrafas PET e outros objetos de plástico.
O gráfico abaixo, baseado numa amostragem feita nas 130 toneladas de lixo que chegaram ao aterro controlado, mostra o percentual de cada tipo de lixo que chega ao aterro. Sua análise é muito importante para a discussão de projetos de reciclagem de lixo em grande escala que são pretendidos para a cidade, assunto a ser tratado na sequência desta série.

[Clique no gráfico para ampliar.]
 Texto e foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: Agradecimentos especiais ao corpo técnico da SEMMA, ao Lairson Couto - ex-secretário de Meio Ambiente - e ao senhor Wenceslau, presidente da ACMR.

Obras do PAC ÁGUA e Trânsito

Parece que Sete Lagoas parou no tempo, ou que as pessoas responsáveis pelo setor de trânsito conhecem apenas a rua onde moram. Interrupções de trânsito em outras cidades são feitas de maneira planejada. Para dar opção ao motorista, faixas são colocadas nas ruas próximas avisando que a rua tal está interditada e que a outra rua paralela está momentaneamente funcionando em mão-dupla.

Aqui não tem nada disso. O motorista que se exploda. O que está sendo feito na Paulo Frontin é um absurdo. O motorista tem que subir várias quadras para poder seguir adiante. Seria muito mais fácil colocar duas faixas nos quarteirões próximos da Quintino Bocaiuva com a frase: ATENÇÃO: RUA MOMENTANEAMENTE EM MÃO-DUPLA.
Querer muito? Acho que não.

Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A beleza num ramo de capim.

"Olhai os lírios do campo." Mas olhai também a beleza que se esconde nos locais mais improváveis. [Clique na foto para ampliar]
Foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Aniversário de dois meses da Bomba no SAAE

Espero que, no aniversário, não resolvam acender uma velinha em cima dela! Cadê os culpados?

Bebida é água, comida é pasto...

Pois é, meus amigos,
há momentos que melhor seria ser bovino ou equino para poder viver esta paisagem todo dia.

Serra do Cipó, às margens da estrada para Santana do Riacho. Dedicada ao Ivânio Cristelli, o grande mestre que traduz a natureza para as telas com uma técnica ímpar. Clique na imagem para ampliar.
(Sugestão para fundo de tela, pelo menos por uns dias.)
Foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Insetos




Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sábado, 12 de fevereiro de 2011

É rir para não chorar...


No início do ano passado, foi divulgado o "conceito" hermético e indecifrável do Boulevard Santa Helena. Agora, apareceu um novo "conceito" no convite para a apresentação do empreendimento para os engenheiros e arquitetos. Bom, pelo menos ficou mais verde...
Coitada da Santa Helena. Tenho certeza que ela não aprova tal agressão. Deveria até ser proibido usar o nome de uma santa numa situação dessas. Por que não mudam o nome para Boulevard Catilina?
A frase latina passaria a fazer mais sentido, também para nós:

Quousque tandem abutere, Catilina, patientia nostra?

Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A lagoa não está para peixe!


Lagoa Paulino,
lagoa rasa,
matéria orgânica,
manhãzinha,
pouco oxigênio,
peixes fazendo de tudo
para sobreviver.

Biólogo passando,
máquina em punho,
tem que registrar,
senão durante a aula
ninguém acredita.

E noutras lagoas
o drama se repete.
Algumas têm água,
outras só têm nome.
Esgoto no Brejão.
Lixo na Catarina.
Ganância na Chácara.

Um dia, quem sabe,
serão os homens
a buscar o oxigênio
não sei em qual lugar.
Remorso não vai apagar
as ações e omissões
do dia de hoje.

Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Apresentação do Boulevard Santa Helena

Amanhã, às 16 horas, o projeto preliminar do Boulevard Santa Helena será apresentado para engenheiros e arquitetos numa reunião no Museu Municipal. Dessa vez não deve ser apenas o "conceito", aquela coisa vaga.
Não estou querendo "ensinar o Pai Nosso para o vigário", mas peço aos que vão comparecer, que observem bem o mapa da área ou a imagem de satélite.
Boa oportunidade para os engenheiros e arquitetos que têm consciência ambiental fazerem da apresentação uma prévia da Audiência Pública sobre o empreendimento, que será realizada dia 24 de fevereiro.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

É um condomínio de alto padrão? É um avião? Não, é apenas um negócio.

Existe um foco de tensão no pé da Serra de Santa Helena.  Escolha a melhor alternativa:

(A) Constrói-se ali um condomínio de alto padrão, em meio a um parque natural com  a vegetação preservada o máximo possível, com área de lazer para toda a população; 
(B) preserva-se a natureza do local e sua relação com a Área de Proteção Ambiental e o Parque da Cascata criando um Parque Natural Municipal ou;
(C) vamos esquecer esse papo de natureza, de verde, de preservação e construímos um triplo loteamento com cerca de 1773 lotes (sendo 1625 "unifamiliares", 90 "multifamiliares" = prédios e 58 lotes comerciais).

Pois é. O propalado "Parque Residence" ou "Boulevard Santa Helena" será nada mais nada menos do que consta na terceira opção acima. Nada a ver com o discurso divulgado amplamente nos meios de comunicação, como o trecho citado abaixo.
“A proposta de criação de um Parque Residence, inovador e diferenciado, que ao mesmo tempo valoriza Sete Lagoas do ponto de vista de planejamento urbano, contempla a comunidade com o tão sonhado espaço de lazer naquela região, agora possível de ser viabilizado pelo empreendimento e, sobretudo, resgata e revitaliza a Lagoa da Chácara, devolvendo a cidade o seu legítimo nome.” [...] “Agora é diferente, e com tudo isto não poderia faltar um empreendimento imobiliário com esta visão e envergadura para, paralelamente, alavancar o crescimento de nossa terrinha.” (in www.setelagoas.com.br)
Quem acreditou nessa história, comprou gato por lebre. E as imagens poéticas? O "conceito" do "boulevard"? Prosopopeia flácida para acalentar bovino (ou conversa mole para boi dormir, se você prefere assim).

Conceito... conceito? Publicado em www.setelagoas.com.br.
Que verde todo é esse? São 1773 lotes!!! Publicado em www.setelagoas.com.br.
A verdade pode até tardar, mas um dia aparece. Veja na imagem abaixo a planta do empreendimento, obtida a partir do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), documento público disponível na Secretaria Municipal de Meio Ambiente:

[Clique na imagem para ampliar]

 A tabela, em cima à direita no mapa, que descreve o número de lotes:

[Clique na imagem para ampliar]
A imagem da área, inclinada para mostrar o relevo:
[Clique na imagem para ampliar] Crédito: Google Earth
A sobreposição da imagem da planta com a imagem da área:

[Clique na imagem para ampliar] Crédito: Google Earth
Algumas observações, para quem não percebeu:

1) Vários lotes "multifamiliares" (em rosa, à direita) estão na proximidade da área alagável, ou seja, quase brejo.
2) Grande parte das "áreas verdes" é representada pela encosta da Serra de Santa Helena.
3) A área institucional (espaços de livre acesso, com fins comunitários de utilidade pública como hospitais, escolas, convivência de idosos, lazer, prática de esportes etc) - identificada na planta como área laranja, não dividida em lotes - encontra-se na encosta da Serra de Santa Helena ou numa área de densa vegetação, assumindo o poder público o ônus financeiro, político e ambiental do desmatamento das mesmas.
4) Os lotes comerciais - em cor laranja, com subdivisões - inexistem no interior dos três blocos de condomínios. São lotes de grande área (em média 2.400 metros quadrados), provavelmente voltados para grandes empresas. Padaria, açougue, livraria... nem pensar.
5) O verde mesmo restringe-se, no fundo, às Áreas de Preservação Ambiental em torno do curso d'água. Nada daquela imagem chique de uma mansão no meio do verde.

Complicado, viu gente. Você pode até defender o empreendimento, compreendo isso. Pode falar em progresso, necessidade de habitações, crescimento da cidade. Compreendo perfeitamente. A família tem todo o direito de advogar um ganho financeiro com a área. Concordo plenamente. Mas por favor, não me fale em preservação ambiental da área em um empreendimento "com esta visão".

Para finalizar, um trechinho publicado na imprensa. Só para fazer pensar:
"Os representantes da empresa foram incisivos ao afirmar que qualquer investimento a ser feito, além de obedecer às normas legais, também só vai acontecer a partir de uma discussão com a sociedade organizada.  Sobre os investimentos de imediato, os investidores garantiram que não há nenhuma definição ainda, o que vai depender de levantamento junto ao mercado para conhecer as necessidades da população." in www.setelagoas.com.br, 23/09/2009
 Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: As citações ao www.setelagoas.com.br apenas aconteceram pelo fato do informativo manter seu arquivo de notícias para ampla consulta online, fato este extremamente louvável. Já tenho todas as notícias referentes ao empreendimento (e revistas inclusive) guardadas. No entanto, fica mais prático para o leitor que eu me referencie a páginas ativas na internet. Desde já agradeço e parabenizo todos do www.setelagoas.com.br .