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sábado, 12 de julho de 2025

Alerta para a Prefeitura e Gestores Locais: A Importância da Vigilância e Conservação dos Espaços Públicos

Hoje à tardinha, fotografei uma mesa de cimento e um banco quebrados em uma área pública da nossa cidade, junto àquela grande gameleira perto da Estação de Transbordo. Esses sinais de depredação são mais do que apenas danos materiais — eles refletem um problema que pode se agravar rapidamente se não forem tomadas medidas imediatas.

Como já discutimos em nosso blog, a Teoria das Janelas Quebradas mostra que, quando pequenas quebras ou sinais de abandono não são reparados, isso incentiva atos maiores de vandalismo e degradação, gerando um ciclo negativo que afeta toda a comunidade.

Criar espaços públicos de lazer é fundamental para o bem-estar da população, promovendo convivência, saúde e qualidade de vida. Porém, a manutenção constante desses espaços é tão importante quanto sua construção. Mesmo que essas áreas tenham sido implantadas em administrações anteriores, é compromisso das gestões atuais garantir que o investimento feito no passado não se perca por falta de cuidado e vigilância.

Zelar pelos patrimônios públicos é investir no presente e no futuro da cidade, evitando o desperdício de recursos e promovendo um ambiente mais seguro e agradável para todos. Por isso, reforçamos a necessidade urgente de atenção e ação para conservar nossos espaços públicos, garantindo que eles continuem cumprindo seu papel social.

Vamos juntos cuidar do que é nosso! 

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Esclarecimentos e nova proposta sobre a Eutrofização da Lagoa Paulino

Seguem algumas respostas a comentários feitos nas redes sociais sobre minhas propostas em relação à Lagoa Paulino. Duas coisas chamam a atenção: (1) o pessoal realmente acredita que tem tubulação jogando esgoto na Lagoa Paulino (mas em todos os esvaziamentos parciais depois da construção do anel de captação em volta da lagoa, nada disso foi visto e se existisse seria bem evidente, seria gritante e (2) o pessoal acha que a Lagoa Paulino foi TOTALMENTE esvaziada quando da retirada do boto ou na última obra feita na mesma, quando isso não aconteceu. Foram esvaziamentos parciais que não devolveram a fauna nativa de peixes.
Amigos, a questão é complexa e há vários fatores envolvidos. O último grande esvaziamento da lagoa, com remoção de sedimentos, foi feito na década de 80. Depois a situação não foi estabilizada porque várias intervenções colaboraram para o aumento dos nutrientes no sedimento. Entre eles a introdução de carpas que revolvem o fundo e levantam os nutrientes minerais que alimentam as algas. Não adianta esvaziar e continuar com práticas que aumentam os nutrientes na água. Mas não existe lançamento de esgoto. Lembrando que a coisa não é simples para explicar em 1 minuto de vídeo. Mas basta visitar a Lagoa da Boa Vista que é similar e comparar a qualidade das águas. Lá foi feito e mantido o que é a proposta minha para a Lagoa Paulino. Mas é claro que outros especialistas podem ter outras opiniões a respeito. Mas conhecendo a história da Lagoa Paulino desde a década de 1970, não creio que outras soluções sejam eficazes. Sigo sempre às ordens para debater o tema em alto nível. Abraços!
No último esvaziamento, feito há cerca de 7 anos, não houve remoção de sedimentos em grande volume porque a prefeitura não tinha autorização estadual para o esvaziamento completo da lagoa. Então a ictiofauna não foi modificada e ainda temos carpas enormes lá, da época do boto! E só não tivemos ainda uma mortandade de toneladas de peixes porque as carpas são muito resistentes à diminuição do oxigênio dissolvido. Ah, em tempo: cada centímetro de sedimento removido na área do fundo da lagoa gera um volume para encher uns 60 a 80 caminhões de material.
Para uma internauta: Deixe eu te explicar essa questão (de lançamento de esgoto na Lagoa Paulino). A lagoa é cercada por uma galeria de concreto embaixo da calçada. Essa galeria tem mais ou menos 1,8m de largura e 1,3m de altura e foi construída na década de 1980 para interceptar todo esgoto clandestino que caia na lagoa e para recolher a água pluvial (para evitar o assoreamento). Existem dois canos que chegam na lagoa jogando água limpa proveniente de lençóis superficiais. Existe também o lançamento de água da Lagoa do Mucury (que tem um minadouro poderoso) próximo ao Lago Palace. A galeria pluvial tem "ladrões" no caso de excesso de enxurrada que transbordam para a Lagoa Paulino. Essa galeria nunca foi limpa de 1980 até 2014 e estava assoreada. Então, qualquer vazamento de esgotos caia nela, atravessava e saia pelos ladrões. Mas foi desobstruída em 2014 depois que flagrei uma grande quantidade de esgoto que estava vazando próximo à Fiorenza, atravessando a galeria assoreada e caindo na lagoa. Talvez você tenha visto algum evento desse tipo. No mais fico ao seu dispor para até fazer alguma visita ao local que vc visualizou e identificar o que se passa. Abraços.

Por outro lado, sugiro que leiam a publicação desse blog sobre o experimento feito no Lago Wingra (EUA) e os resultados das ações para eliminar as carpas. Há algumas diferenças importantes como o tamanho do lago e a ocorrência de temperaturas congelantes no inverno. A solução lá foi remover as carpas por pesca com redes e introdução de peixes que se alimentam de ovos e filhotes das carpas remanescentes. Deu muito certo e em um prazo de 5 anos desde o primeiro experimento, com a expansão do processo para todo o lago, as águas tornaram-se muito claras. Link: http://ramonlamar.blogspot.com/2013/10/carpas-e-turbidez-da-agua-enfim-uma-boa.html

É uma opção que pode ser feita aqui de forma muito mais barata que o esvaziamento total. O problema é que nossas carpas não devem ter destinação comercial uma vez que temos outros problemas na lagoa Paulino como a presença de grande quantidades de coliformes, o que não garante a qualidade das carpas como potenciais alimentos. Mas seria uma tentativa válida, especialmente se associada com a colocação de predadores (traíras) e uma alteração no "ladrão" da lagoa, de forma a facilitar a saída da água do fundo em épocas de chuvas (e não a água superficial, mais limpa). Veja proposta abaixo:

Uma nova parede, antes do ladrão da lagoa, com janelas inferiores, permitiria transformar gradualmente a lagoa para uma condição com menos nutrientes. Dependeria de um esvaziamento parcial. Junto com o esvaziamento parcial poderia haver a remoção de parte dos sedimentos e expulsão ou pesca das carpas. A revitalização dos minadouros também poderia ser feita, isso já foi conseguido na Lagoa do Cercadinho. Temos o Lairson Couto e o Toninho Macarrão para orientarem a execução de uma obra desse tipo.

Dessa forma graças a muitas manifestações no sentido de diminuir os custos, tenho duas propostas para a questão, resumidas a seguir:

1) Esvaziamento completo da lagoa (com a consequente eliminação dos peixes atualmente existentes), retirada de sedimentos e impermeabilização, colocação de espécies nativas (lambaris = piabas), recuperação de minadouros, manutenção da limpeza do anel de captação e exclusão de fontes de nutrientes (detergentes dos lavadores de carro do entorno da lagoa).

2) Esvaziamento parcial da lagoa, retirada de parte dos sedimentos e impermeabilização, construção  da "parede com janelas" na região do ladrão/comporta da lagoa, retirada do máximo possível dos peixes atualmente existentes (expulsão ou pesca com redes), colocação de espécies nativas (traíras primeiramente para dar cabo de peixes remanescentes e lambaris para manter a cadeia alimentar), recuperação de minadouros, manutenção da limpeza do anel de captação e exclusão de fontes de nutrientes (detergentes dos lavadores de carro do entorno da lagoa).

Ramon Lamar de Oliveira Junior

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM AGOSTO DE 2021

segunda-feira, 1 de julho de 2024

PARA RELEMBRAR: Imagens da recuperação das lagoas Boa Vista (esvaziamento completo) e Paulino (esvaziamento parcial).

A obra na Lagoa da Boa Vista foi conduzida pela equipe da prefeitura e foi muito bem feita. A obra na Lagoa Paulino começou com uma empreiteira que depois abandonou a obra, e teve que ser terminada às pressas, antes do período de chuvas. Então não houve o esvaziamento completo e troca do peixamento da Lagoa Paulino. Muitos desinformados que não acompanharam a obra de perto dizem que houve esvaziamento completo, mas nunca houve. As fotos estão aí para mostrar. Tanto que as carpas e pirarucus ainda estão lá.

Grande parte dessas "bacias" no fundo das lagoas são feitas pelo movimento das carpas, e em muito menor grau das tilápias. Essa é uma das causas da cor marrom da água da Lagoa Paulino e também do processo de eutrofização, pois esse revolvimento do fundo levanta nutrientes para a proliferação das algas.

Já dei a receita de solução várias vezes. Basta fazer o que foi muito bem feito na Lagoa da Boa Vista. Capacidade técnica para isso temos e se chama Antônio Maciel ("Toninho Macarrão").



Slides utilizados em aulas e palestras sobre o tema.
Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sábado, 11 de setembro de 2021

Carta ao amigo Tião.

Tião, meu querido amigo e colega (cujo único defeito é não torcer para o Corinthians),

recentemente vi algumas de suas publicações sobre a dificuldade que é trabalhar as questões práticas da nossa profissão de Biólogos, especialmente no que diz respeito ao Meio Ambiente. Realmente, colega, em alguns momentos a ideia de desistir, de "chutar o pau da barraca", aparece com força! É muito complicado estudar, estudar, estudar e ter que explicar, explicar, explicar e o pessoal não ouvir! E ainda aparecem aqueles "tapinhas nas costas" que logo em seguida viram "punhaladas nas costas".

Todo mundo que já teve uma aula de Biologia (às vezes nem assistiu direito) já acha que é Biólogo. É praticamente um "exercício ilegal da profissão" em cada esquina. Chegam cheios de teorias que não resistem à análise sequer de um estudante de primeiro período de Ciências Biológicas. Quanta "abobrinha" já escutei e tive que ficar calado... pois não adianta tentar convencer uma porta com argumentos científicos. É é cada porta de aroeira que não entende nada!!! Nem param para pensar e rever seus conceitos. Muitos não conseguem diferenciar uma Lei Científica de uma mera opinião.

Fonte: Redes Sociais do Biólogo/Professor Tião

E a questão do Meio Ambiente talvez seja a pior (se bem que agora temos que explicar e reexplicar vacinas, material genético, mutações, seleção natural e as coisas mais óbvias, frente ao negacionismo científico). O Google agora é a fonte de pesquisas! Ou melhor, a Alexa... pois nem precisam cansar os dedinhos digitando uma pergunta (aliás, mudando um pouco de assunto, você viu que nem digitar uma URL do tipo www.cienciahoje.org.br as pessoas fazem mais... a preguiça tomou conta... o grupo do Whatsapp é mais rápido!!!). Abrir um livro daqueles grossos e com poucas figuras... nem se fala!

Tá difícil, sujeito! E o pior é que muita gente (acho que a gigantesca maioria) duvida das nossas intenções: "- Aquele cara deve estar ganhando pra falar aquilo!" "- Aquele cara tá querendo um cargo na prefeitura!" "- Aquele cara quer é ser vereador e ficar na mamata!" "- Esses biólogos é (sic) tudo um bando de maconheiro desocupado... deviam cuidar da vida deles!". Mal sabem que a nossa intenção é simplesmente honrar nosso diploma, devolver para a sociedade um pouco do que devemos a ela (afinal, eu e você somos crias de duas grandes universidades, a UFMG e a UFV... universidades públicas e gratuitas).

Aguenta firme, amigão. 

Precisando estamos aí na área. 

Conte sempre comigo nessas lutas, que sei que são extremamente importantes. Especialmente numa cidade que tem problemas microclimáticos sérios, que tem uma grande dependência das águas subterrâneas, que tem carência de ambientes naturais bem cuidados para um lazer sadio, que precisa compreender que a contemplação da natureza "limpa" nosso cérebro de tantos problemas do dia a dia.

E sigamos educando os jovens, sem partidarismos, sem lavagem cerebral, mas mostrando o caminho da Ciência, da Educação e da Solidariedade!

Antes de encerrar, deixo dois trechos para refletirmos juntos:

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. (Trecho da carta do Cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1855) 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Capítulo VI da Constituição da República Federativa do Brasil)

Abraços,

Ramon Lamar de Oliveira Junior


PS.: Tião, se um dia você resolver se candidatar a  um cargo eletivo, conte comigo! Sei que vai sair coisa boa para nossa cidade. Mesmo sendo uma andorinha ou um bando de poucas. 

segunda-feira, 5 de julho de 2021

Proposta de paisagismo temático para a Praça da Bíblia

[POSTAGEM ORIGINAL DE 8 DE JUNHO DE 2016]

"Proposta de paisagismo temático para a Praça da Bíblia, Sete Lagoas, MG" 
Esse é o título do trabalho que será apresentado amanhã no III Fórum Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão das Faculdades Santo Agostinho (Fasasete), amanhã. O trabalho foi feito por mim e pelo aluno Filipe Giovani especialmente para esse evento. Filipe é meu orientado em trabalho de TCC versando sobre aspectos da arborização urbana de Sete Lagoas.

(Clique na imagem para ampliar.)


quarta-feira, 16 de junho de 2021

Escorpião amarelo: dois casos fatais na mesma semana

(Esta postagem foi feita em 29.03.2012, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

Dois casos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta semana, vitimaram duas crianças de 3 anos de idade: primeiro foi a Sara Karla, em Contagem, agora o pequeno Hailander, picado em Caeté. O Serviço de Toxicologia do HPS João XXIII, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais, emitiu alerta para as vítimas de picadas de escorpiões para que busquem atendimento imediato. No ano passado (2011), foram registrados 1.254 atendimentos somente nesse hospital. Entre 2009 e 2010, houve 2.512 ocorrências envolvendo escorpiões. 

Escorpião amarelo (Tityus serrulatus). Fonte: Laboratório de Aracnologia, ICB/UFMG.

Escorpião amarelo encontrado em apartamento novo, provavelmente escalou o sistema de esgoto. Foto enviada pela Flávia Franco, leitora do blog. O escorpião encontra-se um pouco destruído. Uma mãe não pensa duas vezes na hora de preservar seu filho, não é mesmo Flávia. Obrigado pela imagem.

O escorpião amarelo, Tityus serrulatus, é o mais perigoso escorpião brasileiro, e um dos mais perigosos do mundo. Sua picada é particularmente grave em crianças e em idosos. Em ambos, graças à menor quantidade de água no corpo, a concentração da toxina atinge valores mais elevados. Em ambos, também, os sistemas de defesa e resistência são menos eficientes (por ainda não estarem completamente desenvolvidos ou por já estarem perdendo a capacidade de resposta).
O veneno é uma neurotoxina, o que explica a forte dor da picada. Minha mãe, que já foi picada quando jovem pelo escorpião amarelo e pelo escorpião marrom (Tityus bahiensis), relatou-me que a dor da picada do amarelo é infinitamente maior. A neurotoxina pode interferir com a liberação dos nossos mediadores químicos mais importantes. Dessa interferência em relação ao sistema simpático (adrenalina/noradrenalina) podem derivar sintomas como alterações da pressão sanguínea, da frequência cardíaca (arritmia) e edema pulmonar. Já em relação ao parassimpático (acetilcolina) podem derivar problemas com as diversas secreções (nasal, salivar, gástrica...), tremores e espasmos musculares, diminuição da pupila (miose) e do rítmo cardíaco.
O escorpião amarelo é registrado em diversos estados brasileiros, com especial predileção pelos estados da Região Sudeste e estados vizinhos como Bahia e Goiás, bem como o Distrito Federal. Os escorpiões adultos medem de 5 a 7 centímetros, com manchas escuras o cefalotórax, pedipalpos e pernas. Por muito tempo acreditou-se que a espécie não possuia machos, reproduzindo-se apenas por partenogênese a partir de fêmeas. A descoberta, a partir de 1999 de machos desta espécie em área de transição de floresta seca e cerrado para caatinga, na Bahia, lançou muita controvérsia sobre o tema. Parece haver, portanto, estratégias reprodutivas de dois tipos, mas a partenogênese é de grande importância pelo explosivo crescimento populacional.
Introduzido em Brasília na década de 1980, T. serrulatus hoje corresponde a 70% dos achados de escorpiões naquela área urbana. Sua capacidade de agir como espécie oportunista, sobrevivendo por muito tempo em ambientes impactados, aliada a alta densidade populacional e tamanho da prole explicam o sucesso dessa espécie e nos indicam o tamanho do perigo.
Alimentam-se de insetos, com grande preferência pelas baratas, caçando principalmente à noite. Durante o dia ficam entocados em frestas, montes de entulhos, restos de construções e em toda sorte de porcarias que escondemos em nossos "quartinhos de muquifo" ou amontoamos num canto do quintal. São diligentemente predados por galinhas. A aquisição de algumas dessas aves é uma medida interessante para combater escorpiões encontrados em casas que têm quintais. O problema é o hábito diurno dos galináceos, contrastante com o hábito noturno dos tais aracnídeos. Mesmo assim, as galinhas ciscam, ciscam, ciscam... e acabam com vários escorpiões.
Em caso de acidente, siga os seguintes procedimentos:
  • Lavar o local com água e sabão e aplicar compressas de água fria. A vítima deve ser mantida deitada e evitar grandes movimentos para não favorecer a distribuição do veneno. Se a picada estiver no braço ou na perna, mantê-los mais elevados. Não fazer torniquete ou sucção no local da ferida, não espremer, cortar, furar ou aplicar folhas ou outros produtos.
  • Coletar o escorpião. Se ele ainda estiver vivo, isso pode ser feito invertendo-se um frasco de boca grande sobre o bicho e passando-se uma folha de papel embaixo do recipiente e do animal, que deve ser substituída pela tampa furada após virar o frasco. Não é necessário colocar alimento. Também é possível capturá-lo segurando o pós-abdome com uma pinça, de modo a impedir o uso do ferrão. Nunca utilize sacos plásticos para aprisionar indivíduos. Também é importante saber para realizar a captura que escorpiões não saltam. Se o animal estiver morto, coloque-o em um frasco de vidro com álcool. Se possível, identifique o escorpião. Constatado alto grau de periculosidade, leve a vítima imediatamente a um hospital.
  • Observe a vítima. Se ela apresentar os sintomas: náuseas ou vômito, suor excessivo, abaixamento da temperatura, agitação, tremores, salivação, aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea, leve-a imediatamente ao serviço de saúde mais próximo com o escorpião capturado. O soro anti-escorpiônico deve ser aplicado em último caso, pois pode gerar distúrbios. Em pacientes com hipersensibilidade (alérgicos) pode até mesmo levar a óbito. Esse, no entanto, é o único tratamento eficaz para a maioria dos casos graves.
  • Notifique o órgão municipal responsável sobre o ocorrido, mesmo que o acidente tenha sido leve, mesmo que tenha ocorrido apenas a visualização/captura de escorpiões. Essa etapa é esquecida por muitos, mas é de suma importância para alertar a população local sobre riscos, guiar medidas e focalizar áreas para ações de controle e até mesmo garantir estatísticas reais. (Adaptado de: http://www.ibaraki.com.br/escorpiao-o-veneno-dos-escorpioes-e-suas-consequencias.htm)
Fonte: Ministério da Saúde, conforme www.ibaraki.com.br

CURIOSIDADES E OUTRAS INFORMAÇÕES:
  • Escorpião é aracnídeo, não é inseto. Portanto não morre com a aplicação de inseticidas usuais. A aplicação de inseticidas costuma piorar o problema, pois mata as baratas. Com isso, os escorpiões tornam-se mais ativos, migrando pelo terreno ou pela casa à procura de alimentos.
  • Escorpiões emitem uma fluorescência azul quando iluminados com luz ultravioleta (luz negra). Tal técnica é usada para a pesquisa da presença desses aracnídeos em locais como cemitérios e depósitos de materiais dos mais diversos tipos. Claro que só funciona à noite.
  • O número de segmentos no abdômen ("cauda") do escorpião é constante e não tem nada a ver com a idade do bicho. Aliás, o veneno é produzido por escorpiões de todas as idades.
  • Escorpião não se suicida. O veneno do escorpião é ineficaz contra o próprio escorpião. Além disso, o aguilhão ("ferrão") não consegue romper o espesso exoesqueleto do dorso do escorpião. Na verdade, quando presos em um círculo de fogo, os escorpiões tentam "atacar o fogo" e acabam morrendo pelo efeito do calor. Fizemos tal experimento no curso de Biologia, na UFMG, quando do estudo desses animais. Naquela época, experimentos desse tipo eram mais tolerados.
  • Em caso de acidentes na nossa região, o HPS João XXIII de Belo Horizonte é o centro de referência para esse tipo de caso. Inclusive para acidentes com aranhas e cobras. Se em sua cidade o atendimento estiver complicado (sem soro, sem um protocolo rápido de ações) dirija-se imediatamente para o João XXIII.
Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS1.: Aproveito esta postagem para relatar mais um encontro de escorpião amarelo em estabelecimento no entorno do Mercado Municipal e Teatro Redenção, aqui em Sete Lagoas.

PS2.: Alyne Goulart, ex-aluna e atualmente estudante de Medicina na Ciências Médicas (FCMMG) postou o seguinte comentário no Facebook sobre este tópico.

"Ramon, muito boa a postagem. Lembrando que a Unidade de Toxicologia do Hospital João XXIII tem um Centro de Informações e Assistência Toxicológica disponível. Acho que vale muito a pena divulgar: (31)32244000 ou 08007226001."
PS3.: Para indicações sobre venenos com ação sobre escorpiões, leiam o comentário publicado em 15 de junho de 2014 por "E mai essa..."

PS4.: Leiam sobre Alerta Sobre Risco de Acidentes em http://ramonlamar.blogspot.com.br/2014/12/alerta-sobre-risco-de-acidentes-com.html

PS5.: Infográfico sobre escorpionismo do website do Estado de Minas: http://www.em.com.br/app/infografico/2012/09/28/interna_infografico,360/escorpioes.shtml

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Sobre plantio de árvores ameaçadas de extinção

Li, dias atrás, um pedido na internet para se divulgar a ideia de contactar e estimular as prefeituras e as pessoas a plantarem em suas calçadas, praças e outros locais espécies de árvores ameaçadas de extinção, notadamente da Mata Atlântica.
Não canso de dizer que internet está cheia de especialista que não é especialista. Não estou discutindo o mérito da boa intenção, ninguém fala em favorecer a arborização e proteger espécies nativas sem estar bem intencionado, é claro. A pessoa, em questão, que divulgou tal ideia - salvo engano de minha memória - tem formação na área do Direito.
À primeira vista a ideia é louvável. Vamos resolver dois problemas de uma vez: a escassa arborização urbana e a natureza que vem perdendo suas espécies. 
Contudo, posso elencar três "contras" em relação à ideia proposta e convido-os a refletir sobre o assunto.

1) A maioria das árvores ameaçadas são árvores que necessitam de condições de habitat muito específico. São árvores chamadas climácicas, ou seja, de comunidades-clímax. Essas árvores estão habituadas a locais mais úmidos, sombreados e com pouco vento. Sabidamente nas calçadas e praças a situação é exatamente o contrário.

2) As árvores climácicas de florestas normalmente têm raízes superficiais. Isso nas praças menores e nas calçadas pode e vai provocar danos à pavimentação e eventualmente a equipamentos subterrâneos como tubulações de água, esgoto e águas pluviais, ou fiação e cabos enterrados.

3) As árvores nativas para se plantar em uma determinada região são as nativas regionais. Ou seja, aqui em Sete Lagoas, se resolvermos plantar alguma nativa, devemos plantar nativas do cerrado como o pau-terra, por exemplo. Essas são mais adaptadas ao solo, ao clima e às pragas que existem em nossa região.

Talvez a ideia possa ser melhor aproveitada em grandes praças ou parques botânicos com locais adequados para esse trabalho de preservação.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Começo de uma obra estranha...

Estava caminhando até o Supermercado Santo Antônio, aqui perto de casa, quando me deparei com um princípio de "obra". Segue a imagem...


Imaginei três possíveis destinos:

1) Banquinhos para o pessoal sentar e curtir a praça. (Improvável pois não há nada para se curtir ali e os "banquinhos" mal estão presos ao cimento abaixo... um inclusive já caiu... deve ter tomado um chute.)

2) Vão apenas fazer murinho em volta da árvore. (Aí o espaço interno vai servir como depósito de lixo... e talvez até outras coisinhas.)

3) Vão fazer um murinho e encher o centro com terra para fazer um jardim elevado. (Então a árvore, no caso uma paineira, está condenada à morte pois não se pode colocar terra cobrindo o caule da planta. Caule é caule, raiz é raiz. A raiz tem um tecido interno chamado endoderme que impede que micro-organismos cheguem até seus vasos condutores de seiva contaminando e matando a planta. Caule não tem endoderme, ou seja, qualquer apodrecimento e contaminação na superfície do caule poderá chegar até os vasos condutores e matar a planta.)

Estou deveras curioso... espero que a criatividade da pessoa (ou órgão) que está gerindo essa "obra" seja maior que a minha pois não consegui pensar em nada diferente. Então resolvi registrar e colocar aqui no blog para consultas futuras.

Ramon L. O. Junior

sábado, 6 de maio de 2017

Competição para estourar os tímpanos: hoje na Rua Dr. Pedro Luiz

Pois é, amigos, infelizmente passei pelo local no finalzinho da manhã. Parece que era a inauguração da loja Magazine Luíza... em frente às Casas Bahia. 
Como é sábado de manhã o pessoal aproveita pois fiscal da Secretaria do Meio Ambiente nem pensar, né? Aliás não é só no sábado de manhã... é passar das 17h30 que os barzinhos começam a colocar mesas ocupando as calçadas inteiras e vai-se o direito do pedestre que tem que competir com os carros no meio da rua!!!
No caso é a questão da poluição sonora! Bem acima dos 70 decibéis e foi medido a uns 7 metros de distância (como mandava o figurino). Para quem passa ao lado deve ser o inferno! Mas eu não sou louco de parar do lado de um maluco vestido de maluco e berrando ao microfone (filho... pra quê microfone!!!). Medi com aplicativo, sei que dá diferença mas não é tão grande assim. E a escala não é linear, cada decibel a mais é um estrondo!!! Bom... se duvidam eu me arrisco e meço depois do lado das caixas de som!!!
E para ajudar ainda vem o carro de som da Pegorin - na velocidade de lesma - aproveitando o barulhão e tentando fazer mais barulho que as duas lojas... e vem mais um outro de bicicleta-trio-elétrica fazendo propaganda de rodeio de cavalo! Cada um querendo ganhar no grito!!! É... tratar de problemas auditivos é a profissão do futuro!!!
Quem sabe não dá para mudar o horário de trabalho de uns dois fiscais da Secretaria do Meio Ambiente (não mandem um sozinho porque apanha!) e colocar na manhã de sábado??? #Ficaadica

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Reformas nas lagoas de Sete Lagoas

Recebemos no CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA da FACULDADE SANTO AGOSTINHO DE SETE LAGOAS, o Sr. Antônio Maciel (conhecido carinhosamente como Toninho Macarrão), funcionário de carreira da Prefeitura Municipal de Sete Lagoas, que em uma palestra acompanhada com grande atenção pelos alunos da disciplina BIOLOGIA E RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS LACUSTRES explanou sobre as reformas sofridas pelas lagoas de nossa cidade em tempos recentes.

Sobre a Lagoa Paulino, contou-nos que a mesma passou por várias reformas, sendo a última conduzida em 2013, com esvaziamento parcial, retirada de parte do assoreamento, eliminação de pontos onde ocorriam vazamentos de esgoto e recuperação do seu talude que se encontrava com vários pontos de erosão. A obra teve contratempos pois a empresa vencedora da licitação abandonou a obra na metade de sua execução, sendo que a Prefeitura Municipal teve que realizar a finalização, correndo contra o tempo pela proximidade do período de chuvas.

Início do esvaziamento da Lagoa Paulino. Notem o estado do talude.
Com o esvaziamento observam-se as "bacias" formadas pelos peixes que se alimentam do lodo do fundo da lagoa (especialmente as carpas e tilápias). A movimentação constante do lodo contribui para a eutrofização da lagoa.

Talude recuperado com recolocação das pedras.
Fotos: Ramon L.O. Junior
Maciel esclareceu aos estudantes que a Lagoa da Boa Vista também já passou por várias reformas importantes. A última, e de grande expressão, ocorreu em 2013 com esvaziamento total, retirada de praticamente todo o assoreamento depositado nos últimos anos, eliminação de pontos onde ocorriam vazamentos de esgoto e recuperação do seu talude com um novo enrocamento de pedras em forma de gabião e com o uso de manta sob esses pontos. A falta de licença da Secretaria Estadual de Meio Ambiente para o esvaziamento total da lagoa acabou gerando uma multa ao município. Contudo, justificou-se a ação pela demora incomum em se conceder ou não a referida licença por parte do órgão estadual. Com isso, no início de 2013 foram realizadas obras, com o intuito de melhorar o aspecto físico-ambiental da lagoa. Algumas das ações realizadas pela Secretaria de Obras, Infraestrutura e Políticas Urbanas da Prefeitura de Sete Lagoas, foram: desassoreamento por meio da inclusão de mantas para impermeabilização do fundo da Lagoa, colocação de bancos, rampas de mobilidade urbana e lixeiras ao redor do ambiente lacustre.

O esvaziamento da Lagoa da Boa Vista teve que ser feito com auxílio de bomba devido ao posicionamento incorreto da comporta construída anteriormente.

Recuperação do talude com a construção de gabião.

Parte recuperada do talude com enrocamento de pedras sobre lona e amarração com tela.
Fotos: Ramon L. O. Junior
Já a lagoa do Cercadinho sofreu, a partir do ano de 2004, uma revitalização, após o decreto nº 2.917 de 2003. Em sua revitalização foi removida parte do material que a assoreava e foram revitalizados os minadouros. As ações não puderam ser concretizadas pois pretendia-se usar uma manta impermeável no fundo da lagoa, entretanto a chegada das chuvas precipitou o encerramento da mesma. Contudo, as ações realizadas foram efetivas e a lagoa tem mantido o espelho d'água com certa estabilidade.

Construção de barragem subterrânea (com lona plástica) no sentido longitudinal da Lagoa do Cercadinho.

Afloramento de água no leito da Lagoa do Cercadinho como resultado da revitalização dos minadouros.
Fotos: Secretaria Municipal de Obras de Sete Lagoas
Mais informações sobre as obras realizadas encontram-se no trabalho produzido pelos alunos da disciplina com base nas informações repassadas oralmente e por meio de documentos, que pode ser acessado AQUI.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Entorno da Lagoa do Mucury: cálculos foram feitos?

Realmente não entendi o motivo da retirada da calçada em redor da Lagoa do Mucury. O pessoal não vai respeitar "retirada de trajeto". Isso não existe! Novos trajetos podem ser traçados numa praça, mas retirada de trajeto já usado faz anos não dá certo. Sábado o pessoal estava andando tranquilamente em cima do gramado que foi colocado na orla da lagoa e não há como criticá-los. A "rua" central estava lotada e aquele caminho é mais do que natural. 


E ainda há um agravante: quando chover, a "rua" central ficou sem o escoamento de área para a parte baixa (da lagoa do Mucury), assim teremos mais uma lagoa... na rua. 
No trecho central, existem seis bueiros com manilhas de 30 cm de diâmetro para uma área impermeável de 3000 metros quadrados (incluindo as áreas laterais a montante)... mas lançam a água em uma coletora que não sei o diâmetro, o que pode restringir ainda mais a drenagem (por exemplo, se a coletora tiver 50 cm de diâmetro o efeito dos seis bueiros cai para 50%. Provavelmente veremos tal fato na virada do ano (quase sempre chove) ou no Carnaval (outra época rotineira de chuvas)... aí vai ser um amassa-barro só! 
Uma chuva de uma hora de duração, com 10 mm de precipitação total (chuva boa... nem muito fraca, nem tempestade) geraria um volume de 30.000 litros de água para ser drenado em uma hora. Se os seis bueiros tiverem a eficiência máxima, tal vazão deveria ser de pouco mais de 80 litros por minuto por bueiro. Mas se a coletora reduzir a eficiência (mesmo com diâmetro de 50 cm), sua vazão seria de 500 litros por minuto ou 8 litros por segundo. Bom, até aí parece estar tudo bem. Em fevereiro último, Belo Horizonte recebeu uma chuva de 40 mm em uma hora. Então, multiplique a necessidade de vazão calculada anteriormente por 4. Vamos ver como fica, né?
Sinceridade, acho que está faltando na prefeitura o contraditório. Alguém para sistematicamente dizer NÃO e estimular que se pensem outras alternativas. Isso é feito em algumas empresas e não é tão difícil assim. Mas tal "contraditor" precisa ter argumentos que devem ser ouvidos antes de serem rejeitados ou não.
Ah, e não venham com "isso é de agora", porque não é. Sete Lagoas sempre cometeu deslizes iguais ou piores que esses. Não tem essa história de "no tempo do prefeito tal era assim... ou era assado"... sempre houve erros similares. Alguns com mais impacto, outros com menos...
Quanto ao argumento de aumentar a permeabilidade, sim, temos que aumentar áreas permeáveis, mas desse jeito é bobagem (ou poderiam ter usado uma pavimentação permeável como bloquetes, por exemplo). Há vários locais da cidade que poderiam virar área de recarga com remoção do asfalto, inclusive diversas "rotatórias" desenhadas com trator!
Ah... para finalizar... vamos plantar árvores nas praças, pelo amor de Deus. Estou vendo praças e mais praças sendo inauguradas sem nem uma palmeira licuri.

Fotos e Texto: Ramon L. O. Junior

domingo, 10 de julho de 2016

ESTUDO PRELIMINAR DE PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO NA LAGOA DO VAPABUÇU E NA LAGOA DAS PIRANHAS.

PERÍMETRO COMPARATIVO DAS LAGOAS

Lagoa da Boa Vista: 1300m
Lagoa do Vapabuçu: 1400m
Lagoa das Piranhas: 2200m

Projeta-se, nitidamente, um elevado custo para a urbanização das Lagoas do Vapabuçu e Piranhas nos mesmos moldes que foi feito na Boa Vista. Devemos ainda levar em consideração o estado do leito das duas lagoas que demandaria supressão extrema de vegetação palustre e destinação do sedimento.


PROPOSTA PARA A LAGOA DO VAPABUÇU

- Determinação da área da lagoa e respectiva APP.
- Arruamento da orla da lagoa com pavimentação com bloquetes.
- Demarcação de áreas no interior e margem da lagoa que serão preservadas ecologicamente como locais cercados para alimentação e reprodução da avifauna e ictiofauna.
- Aprofundamento do leito e remoção de sedimento em partes da Lagoa. Uso dos sedimentos para construção de ilhas ou ampliação de penínsulas.
- Construção dos taludes
   - Em parte com o enrocamento de rochas compactadas.
   - Em parte com estacas de madeira.
   - Em parte com a manutenção de margens naturais.
- Construção de comporta.
- Verificação da necessidade de aporte de água para manutenção do espelho d’água.



PROPOSTA PARA A LAGOA DAS PIRANHAS

- Determinação da área da lagoa e respectiva APP.
- Retirada de todas as fontes de lançamento de esgoto sanitário.
- Demarcação do perímetro da Lagoa e sua APP por meio de cercamento.
- Desassoreamento de parte do leito da lagoa que esteja impactado pela ação antrópica.
- Criação de um Parque Municipal na forma de uma ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) justificada pela preservação da flora e fauna local, dos processos naturais de sucessão ecológica e possibilidade de pesquisas científicas na área.
- Construção de instalações para observação dos processos naturais, estação meteorológica, “laboratório” para separação de amostras e suporte a pesquisadores, píer e torre de observação.
- Verificação da necessidade de aporte de água para manutenção dos trechos de espelho d’água.
- “A Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) é uma região que possui características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, preferencialmente declarada - pela União, Estados e Municípios - quando tiver extensão inferior a cinco mil hectares. Fazem parte da categoria III da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), "conservação das características naturais".
- As ARIE têm pouca ou nenhuma ocupação humana, constituída por terras públicas ou privadas. Sua finalidade é a manutenção dos ecossistemas naturais de importância regional ou local. Seu uso deve regular, a cada caso, atividades que possam pôr em risco a conservação dos ecossistemas, a proteção especial das espécies endêmicas ou raras, ou a harmonia da paisagem.”


Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Lagoa Paulino: como resolver seus problemas ambientais e de qualidade da água.


Para resolver em definitivo os problemas da Lagoa Paulino precisamos:

1) Esvaziar totalmente a lagoa para que se possa:
- Remover o excesso de nutrientes depositados no sedimento.
- Aprofundar um pouco o leito da mesma.
- Desobstruir os minadouros que se encontram na orla oeste da lagoa (Av. Getúlio Vargas).
- Compactar o leito para impedir perda de água por infiltração após a remoção do sedimento (uso de argila).
- Construir nova comporta que permita que se troque a água do fundo da lagoa durante fortes chuvas e não a água da superfície.
- Mudar o peixamento para um que seja feito com espécies nativas, especialmente lambaris e traíras, e forma a remover as carpas que revolvem o fundo e ainda não deixam desenvolver as algas de fundo que seguram e estabilizam o sedimento.
2) Desobstrução a cada dois anos da galeria de águas pluviais do entorno da lagoa de forma a evitar a entrada de sedimentos durante fortes chuvas.
3) Troca da rede coletora de esgotos da Av. Getúlio Vargas no trecho entre R. Nestor Fóscolo e R. Monsenhor Messias onde ocorre um estreitamento da mesma (conforme informações do SAAE), evitando assim eventos que possam provocar transbordamento de matéria orgânica para a lagoa.
4) Proibição da lavação de carros na orla, pois os detergentes usados contêm fosfatos que pioram a qualidade da água por aumentarem a disponibilidade de nutrientes para proliferação de algas (eutrofização).
5) Reconstrução do talude pois a última reforma feita deixou muitas irregularidades (a construtora que ganhou a licitação desistiu da obra na metade e a prefeitura estava tocando simultaneamente a reforma da Lagoa da Boa Vista... e o tempo de chuvas não espera).
6) Revisão da dimensão da faixa de vegetação da orla da lagoa de forma a permitir um melhor trato daquilo que é plantado e um melhor controle de pragas que lá se estabeleceram (especialmente tiririca e erva-de-touro).
7) Análises periódicas da água para estarmos alertas a qualquer alteração potencialmente preocupante.

Com isso espera-se:

1) Resolver o problema da eutrofização (água verde, morte de peixes por falta de oxigenação, mau cheiro da água).
2) Ter um peixamento com espécies nativas que não provocam alterações adversas na lagoa.
3) Reestabelecer a presença de "vegetação enraizada", notadamente algas carófitas que ajudam a estabilizar o sedimento, mantendo a água limpa.
4) Prevenir novos problemas futuros.
5) Facilitar as ações de paisagismo da orla de forma a torná-lo mais limpo e de fácil manejo.

Situação das águas da Lagoa Paulino na manhã de 11 de julho de 2016. Observem os grandes blocos de algas no primeiro plano.
Ramon Lamar de Oliveira Junior

terça-feira, 5 de julho de 2016

A árvore é um equipamento vivo!!!

A árvore plantada numa rua ou praça é muito mais do que apenas um objeto colocado ali pela simples obrigação de se colocar. A árvore é um equipamento vivo, um insumo importante para a realização de várias atividades relacionadas à melhoria da qualidade de vida de todos. O único equipamento que aumenta de valor com o passar do tempo pois passa a agregar também outras funções (histórica, cultural e referencial).
A figura abaixo foi montada a partir de todas as funções relatadas para as árvores no levantamento de bibliografia do TCC do meu aluno Filipe Giovani (Engenharia Ambiental e Sanitária - Faculdades Santo Agostinho - Sete Lagoas). O trabalho é sobre a valoração monetária (atribuir valor monetário) das árvores urbanas e, evidentemente, a valoração começa com a valorização (entender a importância) desses seres únicos.


Embasados nesse entendimento, temos proposto alterações no paisagismo da nossa cidade para que o mesmo possa ser dotado de significado mais amplo.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Uma sugestão para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente...

Fotos: Ramon L. O. Junior
Já tem um bom tempo que venho sugerindo o plantio da grama-amendoim em nossos canteiros e praças, nos locais onde não é possível o trânsito de pessoas. Com muita alegria comecei a ver a mesma ser utilizada em locais como a Praça Alexandre Lanza e no entorno de palmeiras e sibipirunas da Lagoa Paulino. No entanto, em algumas plantas da Lagoa Paulino a outra opção de plantio não deu certo e na maioria das árvores o entorno está em terra quase nua.
Sugiro que na próxima vez que for feita a poda (apara) da grama-amendoim suas aparas sejam plantadas nos locais que estão em terra nua. Claro que tem que "fofar" a terra antes e tem que regar diariamente por pelo menos uns 10 dias (pode ser usando água da lagoa mesmo).
Só sugestão...

sábado, 16 de abril de 2016

Procurando o fungo Ganoderma para estudos em Sete Lagoas.

Amigos,
estou orientando um trabalho na Faculdade Santo Agostinho sobre a ocorrência e consequências da presença do fungo Ganoderma em Sete Lagoas (e talvez cidades vizinhas). Quem encontrar, por favor, fotografe e mande uma imagem e endereço INBOX no Facebook para que possamos registrar mais dados (ou então como comentário aqui no blog). Abaixo algumas fotos. 

É um fungo grande, parece um orelha-de-pau mas é mais grosso. A borda pode ser esbranquiçada (mais escura nos mais velhos). Registramos ocorrências também em raízes (como se vê nas fotos). Algumas das espécies onde o fungo já foi encontrado aqui em Sete Lagoas: Sibipiruna, Pau-Ferro, Flamboyant e Ameixeira. 

Agradecemos profundamente!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

REMOÇÃO DE PARASITAS É URGENTE

Não bastasse a crise hídrica que estamos enfrentando (é gente, não passou ainda não!) e vemos as árvores sendo literalmente sugadas por um agravo extra. Trata-se das plantas parasitas que insistem em permanecer em nossa cidade. A sua remoção precisa ser feita. No caso do cipó-chumbo, o primeiro passo é acabar com as tais bordaduras de pingo de ouro nas praças. Em algumas delas, a contaminação por cipó-chumbo é enorme e é local de dispersão do parasita para outras plantas. A praça em torno do Museu do Ferroviário é o principal exemplo dessa contaminação. Tudo indica que esses parasitas reinfestaram nossa cidade a partir dali, em mudas contaminadas que foram adquiridas sem critério, anos atrás, quando foi inaugurado o museu.
O outro problema é a erva-de-passarinho, quase uma constante em nossas árvores da arborização pública. Alguns casos são tão grosseiros que fica até difícil descobrir qual a espécie da árvore que foi contaminada.

Erva-de-passarinho em Calistemo na Lagoa do Cercadinho.
Cipó-chumbo em pingo-de-ouro na Praça da Prefeitura (Praça Rio Branco).
Vamos lá, gente! Mãos à obra!

Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Algas carófitas e lagoa da Boa Vista

Recebi algumas imagens da Lagoa da Boa Vista hoje. As imagens foram feitas pelo Darlan César. Ali, a preocupação de sempre, a presença de poluentes sobrenadando na água da lagoa, além de um bocado de lixo lá dentro. Também o baixo nível da água me preocupou, pois ainda temos pelo menos dois meses de seca pela frente.
Mas no bojo disso tudo, uma notícia boa. Darlan fotografou algas carófitas (Chara sp.) no fundo da lagoa. Como foi possível fotografar o fundo da lagoa? Justamente porque as carófitas ajudam a fixar o sedimento no fundo, não deixando que ele se espalhe na água e deixando a água bem transparente. Isso é muito bom pois evita que os fenômenos de eutrofização voltem a acontecer na lagoa.


Algas Chara sp. no fundo da Lagoa da Boa Vista. Fotos: Darlan César.
As carófitas também estavam presentes no fundo da Lagoa da Catarina, com a reforma devem ter se perdido, mas o encontro delas novamente na Boa Vista mostra que esporos podem também ter ficado por lá e que elas voltem. Observem a transparência da água da Lagoa da Catarina, antes da reforma, mas infelizmente com um nível muito baixo de água.

Chara sp. na Lagoa da Catarina, antes da reforma. Foto: Ramon Lamar
A Lagoa Paulino bem que poderia ter essas algas que ajudam a fixar os sedimentos no fundo, mas as carpas colocadas lá não permitem mesmo. Elas se alimentam vigorosamente da vegetação enraizada do fundo, colaborando por esse mecanismo (além de outros) para a eutrofização da Lagoa Paulino. Escrevi sobre isso AQUI, vale a pena dar uma lida.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 12 de julho de 2015

Lastimável estado de conservação da Ilha do Milito


Estive neste domingo visitando a Ilha do Milito e tomei um susto daqueles. O estado de conservação desse nosso patrimônio público está muito ruim. Calçadas desmanchando em alguns pontos, jardins ressequidos, pedras e tijolos perigosamente próximos a grandes paredes de vidro, janelas quebradas e varrição inexistente. Muitos turistas e cidadãos sete-lagoanos estiveram por lá, principalmente com crianças. Alguns paravam na ponte e nem arriscavam a entrar pois o abandono já é bem percebido da calçada da lagoa.
Precisamos de um engajamento conjunto da Secretaria de Obras, da Codesel, da Secretaria de Meio Ambiente e da Secretaria de Desenvolvimento e Turismo para que - apesar do não funcionamento do restaurante - o ponto de visitação seja adequadamente mantido. Até a Secretaria de Saúde poderia verificar o estado de dois grandes painéis da Campanha contra a Dengue que estão jogados sobre a casa de máquinas da fonte e um outro encostado nas paredes de vidro (será que esses painéis não são mais úteis?). Até pedalinho estragado está estacionado sobre o canteiro... faz tempo.
Abaixo as fotos feitas na tarde deste domingo.








Se necessário, clique nas imagens para ampliar.
Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior