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terça-feira, 7 de outubro de 2025

Aranhas: Loxosceles (Aranha-marrom)

(Esta postagem foi feita em 05.03.2011, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

Vou começar esse post de uma forma diferente. Segue abaixo o relato do artista plástico Luciano Diniz (condensei algumas partes). Esse relato foi publicado na comunidade do Orkut sobre os “Causos de Sete Lagoas”:
Resolvi abrir um depósito que tenho na entrada do meu atelier para uma faxina de rotina, e eis que me deparo com o local infestado de aranhas. Matei muitas, ou quase todas pensei eu, mas no dia seguinte me apareceu uma mancha esbranquiçada na lateral externa do pé direito, bem na junta. Lembrei-me então de um vídeo que vi sobre o assunto, do sintoma aparente do efeito de uma aranha pica o ser humano, e me dirigi à uma farmácia para me medicar. Tomei comprimidos, passei pomadas, e fiquei tranquilo que em alguns dias aquilo estaria desaparecido.
Mas nada disso ocorreu, ao contrário, foi só piorando, passei por 8 médicos que não descobriam o que eu tinha, mesmo avisando estar desconfiado da aranha. Fiz todo tipo de exame possível, e tudo estava perfeito, glicose, triglicérides, colesterol, etc, tudo em ordem e o pé só piorando, o que era um mistério, pois tinha saúde excelente, frequentava há anos a academia, boa alimentação. E fui só piorando, veio uma bengala, depois as muletas, até que caí de cama, sem conseguir andar e a ferida só aumentando, até então já contornando por trás até quase o peito do pé, e uma dor insuportável.
Finalmente, descobri que havia sido realmente vítima de uma aranha. Graças eu ter uma saúde excelente devido à alimentação e a malhação, me salvei. Poderia ter morrido ou perdido o pé.
Fui então enviado imediatamente a um cirurgião que me operou e retirou todo o tecido necrosado e envenenado. Fiquei 32 dias imóvel sobre uma cama sentindo dores desesperantes, pois só sobraram os nervos sobre os ossos ao retirar toda a carne já dissolvendo e necrosando, mais 6 meses de cama em recuperação, e mais de um ano nas muletas. Hoje me sinto praticamente um deficiente físico, pois não tenho mais os movimentos do pé, ainda ando com dificuldade, mas pelo menos estou vivo e andando, graças à Deus.
Muito provavelmente o nosso amigo Luciano foi vítima da aranha-marrom (gênero Loxosceles). A aranha-marrom, pertencente à família Sicariidae, também é conhecida como aranha-violino (devido a uma mancha escura em forma de violino que geralmente está presente no dorso do animal). Essa aranha é originalmente de ambiente cavernícola, entretanto já se adaptou ao interior de nossas residências. É uma das poucas aranhas que se alimentam de insetos mortos (a maioria come insetos vivos) que ela encontra com facilidade em nossas casas. A lagartixa de parede é o predador dessa aranha no ambiente doméstico. A Loxosceles possui tamanho total (corpo e patas) entre 3 a 4 centímetros no máximo.

Loxosceles. Observe a mancha dorsal em forma de violino (nem sempre é bem visível). Crédito da foto: Ubirajara de Oliveira (Bira) - Laboratório de Aracnologia - ICB/UFMG.

Nas nossas casas ela habita normalmente os armários, guarda-roupas, atrás de quadros e entre as telhas (quando não há laje). Normalmente é dócil, não ataca. Porém, se comprimida contra o corpo ela inocula o veneno. A picada não dói, pois as quelíceras são muito pequenas e não provocam dor ao penetrar na pele.  O veneno também não é neurotóxico, como o da armadeira. Mas a picada deixa o veneno que é NECROSANTE. Assim, de 24 a 48 horas depois da picada seguem os sintomas iniciais descritos pelo Luciano, inicia-se com uma mancha parecendo mármore. Depois vai complicando e chega a necrosar toda a pele.
Médicos e farmacêuticos normalmente não têm informação sobre esse tipo de acidente. Geralmente confundem com furúnculo ou cabelo encravado e não dão muita importância. Na dúvida, recorra ao HPS João XXIII em BH e mostre a lesão. Eles conhecem bem esses casos pois são assessorados pelos biólogos da UFMG e são a referência para esse tipo de acidente. Acredite, biólogos conhecem mais esses casos do que os médicos, afinal de contas, se expõem mais a esses acidentes em cavernas e tal. Não há nos Cursos de Medicina, uma disciplina que trate com detalhes desses casos. O pessoal do Laboratório de Aracnologia da UFMG montou um curso excelente sobre o assunto. Fiz o curso e estive presente em algumas aulas em outras vezes que foi oferecido. Infelizmente, nas turmas que frequentei, nenhum matriculado era aluno do curso de medicina. Só biólogos mesmo e alguns curiosos interessados no assunto (inclusive meu aluno Saulo - que de vez em quando dá as caras aqui no blog).
A procura dessas aranhas em nossas casas é importante. Não as confunda com aquelas aranhas pernudas que ficam no canto das paredes, quase lá no teto. Aquelas - Pholcus phalangioides - não fazem nadinha, no máximo nos ajudam comendo pernilongos. Procure cuidadosamente (use luvas) atrás de quadros na parede. Nossos colegas biólogos do Laboratório de Aracnologia da UFMG coletaram mais de 300 numa casa de alto padrão no bairro Mangabeiras em BH, sem nenhum acidente na casa, pois as aranhas não atacam. Só picam, como já mencionei, se pressionadas contra nosso corpo (dentro de sapatos, roupas...).

Uma Loxosceles perto de sua teia onde deposita ovos. O corpo é pequeno, cerca de 8 a 10 milímetros. Mas as pernas são alongadas.
Crédito da foto: Ubirajara de Oliveira (Bira) - Laboratório de Aracnologia - ICB/UFMG.

O tratamento é a inoculação do soro anti-loxosceles até no máximo 48 horas do acidente. Pode usar o soro depois, mas o efeito será menor e algum grau de ferida vai se estabelecer. Ou seja, vá para o HPS João XXIII, rápido. Farmácias, remedinhos e pomadinhas não farão nenhum efeito. No máximo, poderão evitar a infecção por bactérias quando a ferida estiver gigante.




Ao lado, imagens chocantes de lesões tegumentares causadas pela Loxosceles. Eu não aconselho, mas se tiver estômago, clique na imagem para ampliar. Não consegui os créditos das duas primeiras imagens, quem souber, por favor me informe. As demais estão devidamente referenciadas. Febre, dor, edema local, mancha avermelhada, irritabilidade, taquicardia, náuseas e vômitos são sinais e sintomas que costumam acompanhar o desenvolvimento das lesões.



Felizmente (bom, melhor seria não ter acontecido, claro!), nosso amigo Luciano foi vítima da forma Tegumentar, ou seja, "apenas" lesões de pele (mas que foram muito graves). Em 2% dos casos pode se estabelecer a forma Visceral, ou seja, o veneno ataca os órgãos internos, em especial o fígado e os rins causando sintomas sérios e progressivos: febre alta e persistente, destruição das hemácias, com consequente anemia e icterícia, perda de proteínas na urina, acidose metabólica, desequilíbrio hidroeletrolítico e crise hipertensiva. Arritmia cardíaca completa e agrava o quadro. A urina fica escura como na Hepatite ("urina de coca-cola") e o prognóstico é grave, especialmente em crianças e idosos, muitas vezes culminando em óbito.

OBSERVAÇÃO

Recentemente tenho recebido várias fotos de aranhas para identificação. O pessoal realmente se preocupa muito com a aranha-marrom. Mas não é toda aranha de coloração marrom que é a perigosa Loxosceles. Entre as aranhas que são muito confundidas com a aranha-marrom está a aranha-cuspideira. 
A aranha-cuspideira também é uma aranha pequena, amarronzada, mas seu cefalotórax é mais alto do que o cefalotórax da aranha-marrom. É possível perceber isso em fotos "de perfil". Mas a cuspideira também tem 3 pares de olhos. E a cuspideira não tem a famosa mancha em forma de violino. 

Sendo assim: 
  • O cefalotórax da aranha-marrom (Loxosceles) é plano ou levemente achatado, com formato mais oval ou em violino, sem a elevação pronunciada que caracteriza a aranha-cuspidora.
  • Aranha-cuspidora (Scytodes) → cefalotórax abaulado e alto, lembrando uma “cúpula”.
  • Aranha-marrom (Loxosceles) → cefalotórax baixo e plano, com o desenho em forma de violino (na região dorsal anterior).
  • Essa diferença de formato é uma das características visuais mais úteis para distingui-las, especialmente quando observadas de perfil.
 Ramon Lamar de Oliveira Junior



OUTRAS IMAGENS COMPARATIVAS


sexta-feira, 18 de julho de 2025

Vacinas e Segurança: Compreendendo Riscos, Benefícios e a Realidade da CoronaVac (COVID-19)

Vacinas e Efeitos Adversos: O Que a Ciência Já Sabe

Vacinas são, desde o século XX, uma das ferramentas mais eficazes da medicina preventiva. Elas atuam ensinando o sistema imunológico a reconhecer e combater agentes infecciosos antes que causem doenças graves. No entanto, como qualquer intervenção médica, vacinas podem provocar efeitos adversos — geralmente leves e temporários, mas, em raros casos, podem ocorrer reações moderadas ou graves.

Entre os efeitos leves mais comuns após a vacinação (em qualquer idade e tipo), estão: dor no local da aplicação, febre baixa, mal-estar e dor de cabeça. Eventos adversos moderados podem incluir febre alta ou reações alérgicas, e os eventos graves são extremamente raros.

É importante destacar que até vacinas amplamente utilizadas e consolidadas, como as do sarampo, HPV, febre amarela e influenza, também estão associadas a eventos adversos raríssimos, como:
  • Miocardite: já relatada após vacina contra influenza e, mais recentemente, após vacinas de RNA mensageiro (Pfizer e Moderna).
  • Trombose com trombocitopenia (TTS): documentada em casos raros com vacinas de vetor viral, como a da AstraZeneca.
  • Síndrome de Guillain-Barré: associada, com baixa frequência, a vacinas como a contra gripe e raiva.
Esses dados são rigorosamente monitorados por sistemas de farmacovigilância como o VAERS (EUA) e a Anvisa (Brasil), e servem para garantir a máxima segurança na vacinação em larga escala.

Vacinas contra a Covid-19: Tecnologias Diferentes, Finalidade Comum

Durante a pandemia de Covid-19, quatro vacinas principais foram aplicadas em massa no Brasil:
  1. CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan) – baseada em vírus inativado.
  2. Oxford/AstraZeneca (Fiocruz) – vetor viral (adenovírus de chimpanzé).
  3. Pfizer/BioNTech – RNA mensageiro.
  4. Janssen (Johnson & Johnson) – vetor viral (adenovírus humano).
Cada uma utiliza tecnologias diferentes:
  • A CoronaVac é baseada em uma tecnologia clássica, já usada há décadas. O vírus é cultivado, inativado e usado para induzir resposta imune.
  • A AstraZeneca e a Janssen usam adenovírus modificados como vetor para introduzir o gene da proteína spike.
  • A Pfizer utiliza o RNA mensageiro da proteína spike para que o corpo a produza temporariamente e gere resposta imune.

Efeitos Adversos: Dados Comparativos

Estudos clínicos e dados de farmacovigilância mostraram diferenças claras entre os perfis de segurança:

* Fonte: Anvisa, OMS, EMA, CDC, estudos multicêntricos revisados por pares (2021–2023)


CoronaVac: A Mais Segura e a Mais Injustiçada

Apesar de ter apresentado o melhor perfil de segurança entre todas as vacinas aplicadas no Brasil, a CoronaVac foi, paradoxalmente, a mais questionada e rejeitada por parte da população durante o início da campanha de vacinação.

Muitos dos ataques vieram de discursos políticos e teorias da conspiração, sem fundamento científico. A origem chinesa da vacina, somada ao envolvimento do Instituto Butantan (governo paulista) em sua produção nacional, fez com que a CoronaVac fosse alvo de resistência em um cenário de polarização política intensa, ainda que seu uso fosse respaldado por órgãos regulatórios sérios como a Anvisa, a Organização Mundial da Saúde e agências internacionais.

Além disso:
  • Foi a primeira vacina aplicada no Brasil, permitindo que profissionais de saúde e idosos fossem protegidos ainda no pico da pandemia.
  • Demonstrou eficácia robusta contra hospitalizações e mortes, mesmo quando a eficácia contra infecção leve era menor em comparação com outras vacinas.
  • Os estudos de efetividade, como os realizados em Serrana (SP), mostraram queda drástica de internações e mortes com a imunização em massa pela CoronaVac.

Considerações Finais

Vacinas são uma conquista da ciência moderna. Nenhuma vacina é isenta de riscos, mas os benefícios superam imensamente os eventuais efeitos colaterais. Em pandemias, a velocidade com que se oferece proteção segura à população é decisiva. A CoronaVac cumpriu esse papel com eficácia e segurança, mesmo diante da desinformação.

Lições importantes ficaram:
  • A ciência precisa ser ouvida acima da ideologia.
  • A comunicação em saúde pública deve ser clara, ética e baseada em dados.
  • Vacinas salvam vidas, todas elas.

Referências

- Ministério da Saúde (Brasil) – Informes técnicos da Covid-19 (2020–2022)

- Organização Mundial da Saúde (WHO) – Safety surveillance manual for Covid-19 vaccines

- CDC (EUA) – Adverse events following mRNA Covid-19 vaccination

- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – Relatórios de farmacovigilância

- Palacios R. et al. (2021). Effectiveness of CoronaVac in a mass vaccination campaign in Brazil. The Lancet Regional Health

domingo, 1 de junho de 2025

LDL e HDL: o que são e por que são importantes?

No nosso corpo, as gorduras (ou lipídios) não se dissolvem facilmente no sangue, que é um líquido. Por isso, o organismo usa lipoproteínas — partículas compostas de lipídios e proteínas — para transportar essas gorduras pelo sangue. Entre essas lipoproteínas, duas são muito conhecidas: a LDL e a HDL.

A LDL (lipoproteína de baixa densidade) é responsável por levar o colesterol do fígado até as células, onde ele é usado para construir membranas celulares, produzir hormônios e desempenhar outras funções importantes. No entanto, quando há colesterol demais circulando ou quando a LDL não é eficientemente retirada da corrente sanguínea, ela pode se acumular nas paredes internas das artérias. Esse acúmulo leva à formação de placas de gordura (ateromas), que podem estreitar ou obstruir as artérias — um processo chamado aterosclerose. Isso aumenta o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, a LDL é conhecida como "mau colesterol".

Já a HDL (lipoproteína de alta densidade) atua como uma espécie de "faxineira" do sistema circulatório. Ela capta o excesso de colesterol das células e das paredes das artérias e o transporta de volta para o fígado. No fígado, esse colesterol pode ser reutilizado ou eliminado na bile. Esse processo é chamado de transporte reverso do colesterol, e ajuda a limpar as artérias, reduzindo o risco de entupimentos e doenças cardiovasculares. Por isso, a HDL é conhecida como "bom colesterol".

FONTE: https://cienciadotreinamento.com.br/saiba-mais-sobre-o-colesterol-ldl-e-hdl/

Além da LDL e da HDL, existem outras lipoproteínas importantes, mas menos conhecidas, como:

  • VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade): transporta principalmente triglicerídeos (um tipo de gordura) do fígado para os tecidos. Após perder os triglicerídeos, transforma-se em LDL.

  • IDL (lipoproteína de densidade intermediária): é uma forma de transição entre a VLDL e a LDL, e também pode contribuir para o acúmulo de colesterol.

  • Quilomícrons: são formados no intestino após a digestão de gorduras e transportam os lipídios da alimentação para os tecidos do corpo.

Manter níveis equilibrados dessas lipoproteínas é essencial para a saúde do coração e da circulação sanguínea. Uma alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em gorduras saturadas e trans, a prática regular de exercícios físicos, e evitar o tabagismo são atitudes fundamentais para manter níveis saudáveis de HDL e LDL no sangue.

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Algumas proteínas importantes mas pouco conhecidas da maioria dos estudantes

As proteínas são moléculas essenciais para a vida, responsáveis por quase todas as funções celulares. Para funcionar corretamente, uma proteína precisa se dobrar em uma forma tridimensional específica, chamada estrutura nativa. Esse processo de dobramento é complexo e delicado, pois até pequenas falhas podem impedir a proteína de desempenhar seu papel ou até torná-la prejudicial.

Ilustração mostra coronavírus (SarsCov-2) atacando células humanas.

É aí que entram as chaperonas — proteínas especiais que ajudam outras proteínas a se dobrarem corretamente. Elas agem como “ajudantes” dentro da célula, garantindo que as proteínas recém-sintetizadas ou desnaturadas não se enrolem de maneira errada ou não se agreguem umas às outras, formando “bolas” que não funcionam.

As chaperonas não fazem parte da estrutura final da proteína; elas apenas acompanham o processo de dobramento, fornecendo um ambiente seguro para que a proteína alcance sua forma correta. Além disso, em alguns casos, as chaperonas também podem ajudar proteínas que foram desnaturadas (perderam sua forma original por calor, químicos ou outras causas) a voltar a se dobrar corretamente, um processo chamado renaturação. (Convém lembrar que, nesse caso, a renaturação é possível se o efeito sobre as proteínas for moderado, um leve aquecimento por exemplo. Fora das células, com ações extremas sobre as proteínas - como a fervura - e sem a presença das chaperonas, não há como ocorrer renaturação.)

Sem a ação das chaperonas, muitas proteínas importantes simplesmente não conseguiriam atingir sua forma funcional, o que afetaria o funcionamento das células e, consequentemente, do organismo como um todo. As chaperonas são fundamentais para a qualidade e estabilidade das proteínas, garantindo que elas se formem da maneira certa para manter a vida funcionando perfeitamente.


Proteínas de Choque Térmico: Protetoras das Células em Situações Extremas

As proteínas de choque térmico (ou HSPs, do inglês Heat Shock Proteins) são um tipo especial de proteínas que ajudam as células a sobreviver em condições de estresse, como calor excessivo, frio extremo, falta de oxigênio, exposição a substâncias tóxicas e outros tipos de agressão.

Quando uma célula é submetida a um estresse forte, muitas proteínas dentro dela podem se desnaturar — ou seja, perder sua forma correta — e se tornar incapazes de funcionar. As proteínas de choque térmico entram em ação justamente nessas situações para proteger outras proteínas.

Elas atuam como chaperonas, ajudando as proteínas desnaturadas a se dobrarem novamente em sua forma funcional, prevenindo a formação de aglomerados de proteínas que poderiam ser tóxicos para a célula. Além disso, as HSPs podem ajudar a eliminar proteínas danificadas que não podem ser reparadas.

Essas proteínas são essenciais para a sobrevivência celular, porque permitem que a célula resista a condições adversas que, de outra forma, seriam letais. Por isso, as proteínas de choque térmico são encontradas em praticamente todos os organismos, desde bactérias até humanos.

Além do papel protetor, as HSPs têm importância em diversas áreas da medicina, como no estudo do câncer e doenças neurodegenerativas, onde o controle do dobramento das proteínas é fundamental.

Febre e vírus

É comum ouvir que a febre ajuda a combater vírus porque eles não possuem chaperonas do tipo "proteínas de choque térmico" e, portanto, não conseguem se recuperar do calor, mas essa explicação é simplista e incorreta. Na verdade, vírus não são organismos vivos independentes; eles dependem da célula hospedeira para produzir suas proteínas e se replicar. Assim, mesmo que o vírus não tenha chaperonas próprias, as proteínas da célula infectada — que sim, possuem chaperonas — são utilizadas para montar as estruturas virais. Portanto, a ausência de chaperonas nos vírus não é a razão pela qual a febre ajuda a combater infecções. O verdadeiro papel da febre está em ativar o sistema imunológico, dificultar a replicação viral e criar um ambiente menos favorável ao avanço do patógeno.

Apesar disso, não controlar a febre pode ser perigoso. Embora febres leves (até cerca de 38°C) geralmente não precisem de medicação e possam até ser benéficas (por ativarem o sistema imunológico), valores mais altos já exigem atenção, pois podem causar desconforto, desidratação e, em alguns casos, convulsões — especialmente em crianças pequenas, idosos ou pessoas com doenças crônicas. Aliás, febres nesse público citado, sempre merecem ser acompanhadas de perto, mesmo febres baixas. Febres altas (acima de 39°C) são motivo de alerta e requerem avaliação médica imediata. Assim, embora a febre possa ser um aliado do corpo, ela precisa ser monitorada cuidadosamente para garantir que seus benefícios não sejam superados por riscos à saúde.

Texto produzido por ChatGPT, revisado e ampliado por Ramon L. O. Junior

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Botulismo: o que é, causas e prevenção.

O botulismo é uma doença rara, porém grave, causada pela toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina é uma das substâncias mais potentes conhecidas e atua no sistema nervoso, bloqueando a liberação de neurotransmissores, o que pode levar à paralisia muscular, inclusive dos músculos respiratórios.

A contaminação ocorre principalmente pela ingestão de alimentos mal conservados ou mal processados que permitam o desenvolvimento da bactéria e a liberação da toxina. Alimentos frequentemente associados a casos de botulismo incluem conservas caseiras de vegetais (como pimentões, cenouras, vagens, beterrabas), palmito em conserva, embutidos, carnes curadas ou defumadas artesanalmente e produtos enlatados com sinais de deterioração (como latas estufadas).

A toxina botulínica é extremamente perigosa mesmo em quantidades muito pequenas. No entanto, ela não é termo-resistente: pode ser inativada por aquecimento. A toxina é destruída quando exposta a temperaturas superiores a 80 °C por pelo menos 10 minutos ou 100 °C por pelo menos 5 minutos. Já os esporos da bactéria C. botulinum, por outro lado, são altamente resistentes ao calor e podem sobreviver a processos de cozimento comuns, sendo necessárias medidas específicas (como a acidificação e o uso de pressão elevada em autoclaves ou panelas de pressão) para garantir a segurança de conservas caseiras.

A prevenção do botulismo passa por cuidados rigorosos na manipulação e conservação de alimentos, especialmente na preparação de conservas caseiras. É essencial seguir técnicas adequadas de higiene, processamento e esterilização, e evitar o consumo de alimentos com aspecto ou cheiro alterado, ou armazenados por longos períodos em condições inadequadas.

O tratamento do botulismo exige atendimento médico imediato, geralmente com administração de antitoxina e suporte hospitalar. Casos mais graves podem necessitar de ventilação mecânica.

Botox

Curiosamente, a mesma toxina botulínica que pode causar o botulismo também é utilizada, em doses extremamente baixas e controladas, em procedimentos estéticos e terapêuticos — sendo popularmente conhecida como Botox. Nessas aplicações, a toxina é empregada para bloquear temporariamente a contração dos músculos, suavizando rugas de expressão e tratando condições como espasmos musculares, suor excessivo (hiperidrose) e enxaquecas crônicas. A quantidade utilizada em procedimentos médicos é milhares de vezes menor do que a necessária para causar efeitos tóxicos sistêmicos, sendo considerada segura quando aplicada por profissionais qualificados.

Houve registros recentes no Brasil de casos de botulismo associados à aplicação de toxina botulínica, popularmente conhecida como botox. Em março de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta após receber duas notificações de casos suspeitos de botulismo relacionados à administração da toxina. Esses casos estão sob investigação e, até o momento, não foram confirmados como botulismo iatrogênico.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

Desmentindo FAKENEWS (MENTIRAS) sobre vacinas!!!

É, pessoal, precisamos ser diretos e usar a palavra certa: MENTIRAS!!!

Primeiramente, vamos falar das vacinas contra COVID-19

Desde o início da pandemia de COVID-19, diversas desinformações sobre as vacinas surgiram e se espalharam rapidamente. Essas fake news podem comprometer a confiança da população na imunização, colocando vidas em risco. A seguir, desmentimos algumas das principais informações falsas sobre as vacinas contra a COVID-19.

1. As vacinas alteram o DNA humano Mito! Nenhuma vacina contra a COVID-19 altera o material genético das pessoas. As vacinas de RNA mensageiro (como as da Pfizer e da Moderna) fornecem instruções temporárias para que as células do corpo produzam uma resposta imunológica contra o vírus. Esse material é rapidamente degradado e não se incorpora ao DNA humano, pois permanece no citoplasma da célula e não entra no núcleo, onde está o DNA.

2. As vacinas contêm microchips para rastreamento Falso! Essa teoria conspiratória não tem qualquer base científica. Nenhuma vacina possui microchips ou qualquer outro dispositivo de monitoramento. O mito surgiu a partir de uma interpretação errada de declarações sobre rastreamento de dados de vacinação e da digitalização dos registros de saúde. As vacinas contêm apenas componentes que estimulam o sistema imunológico e são rigorosamente testadas e aprovadas.

3. Quem toma a vacina continua transmitindo o vírus, então não adianta se vacinar Mito! As vacinas reduzem significativamente o risco de infecção, casos graves e mortes. Embora nenhuma vacina seja 100% eficaz, pessoas vacinadas têm menor probabilidade de transmitir o vírus do que aquelas não vacinadas, pois apresentam menor carga viral caso contraiam a doença. Além disso, a vacina impede complicações severas e ajuda a evitar a sobrecarga dos sistemas de saúde.

4. As vacinas foram desenvolvidas muito rápido e não são seguras Falso! As vacinas contra a COVID-19 passaram por todas as etapas rigorosas de testes exigidas para qualquer imunizante. A rapidez no desenvolvimento se deu pelo investimento massivo de recursos, pela colaboração entre cientistas e pelo aproveitamento de tecnologias já estudadas, como a de RNA mensageiro, que vinha sendo pesquisada há anos. Além disso, os órgãos de saúde monitoram continuamente a segurança dessas vacinas para garantir que são eficazes e seguras. Interessante que, enquanto divulgam dados errôneos sobre a velocidade dos testes de vacina, os mesmo indivíduos se calam sobre a completa inexistência de protocolos científicos com as mesmas etapas rigorosas para a adoção de medicamentos como cloroquina e ivermectina em doses altas.

5. As vacinas causam infertilidade Mito! Não há evidências científicas de que as vacinas contra a COVID-19 causem infertilidade em homens ou mulheres. Essa desinformação surgiu de uma interpretação errada sobre uma proteína do vírus chamada spike, que não tem relação com a fertilidade humana. Estudos mostram que não há diferença na taxa de fertilidade entre vacinados e não vacinados.

6. Pessoas jovens e saudáveis não precisam se vacinar Errado! Mesmo jovens e saudáveis podem desenvolver formas graves da doença, sofrer complicações a longo prazo (como a COVID longa) e transmitir o vírus para grupos vulneráveis. Além disso, o número de casos graves em jovens não é negligenciável, e a vacinação é fundamental para reduzir a circulação do vírus e proteger toda a sociedade.

7. Quem já teve COVID-19 não precisa se vacinar Falso! A imunidade adquirida após a infecção é limitada e pode diminuir com o tempo. Estudos mostram que pessoas vacinadas têm uma proteção mais robusta e duradoura contra novas infecções e variantes do vírus. Além disso, pessoas que tiveram COVID-19 e se vacinaram posteriormente desenvolvem uma resposta imunológica ainda mais forte.

8. As vacinas fazem parte de um projeto para diminuir a população mundial Teoria da conspiração! Não há qualquer evidência de que as vacinas foram criadas com o objetivo de reduzir a população. Essa desinformação surgiu de interpretações erradas sobre discursos de especialistas em crescimento populacional. As vacinas são uma ferramenta de saúde pública que salva milhões de vidas e ajudam a prevenir pandemias.


Um pouquinho mais sobre mitos que sempre retornam:

AS VACINAS DE mRNA

As vacinas de mRNA representam uma tecnologia inovadora no combate a doenças infecciosas, e uma das principais dúvidas a respeito é se elas poderiam interferir no nosso material genético. Vamos explorar como essas vacinas funcionam e por que elas não afetam o nosso genoma.

Como Funcionam as Vacinas de mRNA? Essas vacinas utilizam uma molécula de mRNA que contém a informação genética necessária para que as nossas células produzam a proteína spike, uma proteína encontrada na superfície do vírus da COVID-19. Após a administração da vacina, as células absorvem o mRNA e, utilizando sua maquinaria celular, sintetizam a proteína. Essa proteína é então exibida na superfície celular, o que estimula o sistema imunológico a reconhecer e responder ao vírus, preparando o organismo para uma possível exposição futura.

Por Que o mRNA Não Afeta o Genoma? Existem dois pontos fundamentais que garantem que o mRNA da vacina não interfira no nosso DNA:

  1. Localização Celular:
    O mRNA atua no citoplasma das células, onde ocorre a síntese proteica. O DNA, por sua vez, está confinado ao núcleo. Como o mRNA não entra no núcleo, ele não tem acesso ao nosso material genético, impossibilitando qualquer interação direta com o DNA.

  2. Degradação Rápida:
    O mRNA é uma molécula instável que é rapidamente degradada após cumprir sua função. Esse processo natural garante que o mRNA não permaneça por tempo suficiente na célula para provocar qualquer efeito a longo prazo. Além disso, as vacinas não incluem nenhum mecanismo ou enzima, como a transcriptase reversa, que poderia converter o mRNA em DNA.


OS ADJUVANTES CONTENDO ALUMÍNIO OU GRAFENO

As notícias que afirmam que as vacinas contêm adjuvantes perigosos, como alumínio, ou que incorporam grafeno, não têm respaldo na evidência científica e são fruto de desinformação. Veja abaixo por que essas alegações são infundadas:

Adjuvantes com Alumínio

  • Função e Segurança:
    O alumínio é utilizado em diversas vacinas há mais de setenta anos como adjuvante, ou seja, um componente que potencializa a resposta imunológica do organismo à vacina. As quantidades de alumínio presentes são extremamente pequenas e cuidadosamente calculadas para serem seguras. Órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) monitoram e aprovam seu uso, garantindo que os níveis administrados não representem risco à saúde.

  • Eliminação pelo Organismo:
    Após a administração da vacina, o alumínio não se acumula no corpo. Ele é gradualmente eliminado pelo organismo, principalmente pelos rins, o que assegura que não cause efeitos tóxicos quando utilizado nas doses aprovadas.

  • Evidência Científica:
    Inúmeros estudos e a experiência prática em milhões de doses aplicadas ao longo dos anos confirmam que os adjuvantes contendo alumínio são seguros e eficazes para melhorar a resposta imunológica sem causar danos.

A Alegação do Grafeno

  • Ausência na Composição das Vacinas:
    Não existe qualquer evidência de que o grafeno seja utilizado na formulação de vacinas. As vacinas passam por rigorosos processos de desenvolvimento e aprovação, onde todos os componentes devem ser comprovadamente seguros e eficazes. Nenhum órgão regulador aprovou o uso de grafeno em vacinas.

  • Origem da Desinformação:
    As alegações envolvendo grafeno geralmente emergem de teorias conspiratórias que interpretam erroneamente pesquisas sobre materiais nanoscópicos ou sobre tecnologias emergentes. No contexto das vacinas, essas afirmações não possuem qualquer suporte em estudos científicos revisados por pares.

  • Fiscalização e Transparência:
    Todas as vacinas comercializadas passam por uma série de testes e avaliações de segurança antes de serem aprovadas para uso. A composição de cada vacina é divulgada e monitorada por autoridades de saúde, o que torna impossível a inclusão de ingredientes como o grafeno sem que haja ampla divulgação e comprovação dos seus efeitos.


NOTÍCIAS ALARMANTES SOBRE MORTES, MIOCARDITES E ATÉ ALTERAÇÕES DO LEITE MATERNO

A disseminação de notícias alarmantes sobre eventos adversos relacionados às vacinas muitas vezes baseia-se em dados isolados ou em interpretações distorcidas das evidências científicas. A seguir, explico por que as alegações sobre mortes, miocardites e alterações no leite materno precisam ser entendidas com cautela e dentro do contexto dos estudos realizados:

Mortes após a Vacinação: Eventos adversos, inclusive mortes, são rigorosamente investigados pelas autoridades de saúde. Quando uma morte ocorre após a vacinação, são avaliados diversos fatores, como condições pré-existentes e coincidências temporais. Estudos em larga escala e dados de vigilância demonstram que, para pessoas sem fatores de risco significativos, não há evidência de uma relação causal entre a vacina e o óbito. Os benefícios da vacinação na prevenção de casos graves de COVID-19 e na redução da mortalidade superam em muito os riscos potenciais.

Miocardite: Casos de miocardite, principalmente entre jovens do sexo masculino, foram relatados após a aplicação de vacinas de mRNA. Contudo, esses episódios são extremamente raros e, na maioria das vezes, apresentam evolução leve e com recuperação completa. É importante notar que a própria infecção por COVID-19 apresenta um risco consideravelmente maior de miocardite e outras complicações cardíacas. Assim, o risco-benefício das vacinas permanece amplamente favorável, com os eventos adversos sendo monitorados continuamente pelas agências de saúde.

Alterações no Leite Materno: Não há evidências científicas robustas que indiquem que a vacinação contra a COVID-19 cause alterações prejudiciais na composição ou na qualidade do leite materno. Pelo contrário, estudos sugerem que a imunização da mãe pode levar à transferência de anticorpos protetores para o bebê, oferecendo uma camada adicional de proteção. As principais instituições de saúde recomendam que mulheres lactantes se vacinem, considerando que a segurança e os benefícios da vacina são amplamente comprovados.


Agora vamos falar um pouco sobre MENTIRAS relacionadas a outras vacinas e que têm diminuido a procura da população por imunizantes.

Diversas mentiras e teorias da conspiração sobre vacinas, não só as contra a COVID-19, têm circulado e afetado a confiança do público em imunizantes de forma geral. Essas desinformações geram insegurança e podem levar à diminuição da cobertura vacinal, com riscos reais para a saúde coletiva. Confira alguns dos mitos mais comuns e o que a ciência diz sobre eles:

1. Vacina MMR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) e o Mito do Autismo
Há alguns anos, surgiu uma teoria infundada de que a vacina MMR estaria ligada ao desenvolvimento do autismo. Essa alegação teve origem em um estudo que posteriormente foi desmascarado por sua má metodologia e fraudes, tendo o artigo sido totalmente retratado. Estudos realizados com milhares de crianças em diversos países não encontraram qualquer relação entre a vacina e o autismo, confirmando a segurança e a eficácia deste imunizante.

2. Vacina contra o HPV e Alegações Infundadas
Outras notícias falsas afirmam que a vacina contra o HPV causaria problemas reprodutivos, alterações comportamentais ou até infertilidade. No entanto, diversas pesquisas mostram que a vacina é segura e desempenha um papel crucial na prevenção de infecções pelo HPV, que podem levar a cânceres do colo do útero, ânus, boca e garganta. Não há evidências científicas de que a vacina interfira na fertilidade ou altere comportamentos.

3. Vacina Contra a Gripe e Mitos Diversos
Também é comum encontrar informações erradas sobre a vacina da gripe, como a ideia de que ela pode causar a própria gripe ou provocar reações graves. Na verdade, as vacinas contra a gripe são formuladas com vírus inativados ou fragmentos do vírus, impossibilitando que causem a doença. Os efeitos colaterais, quando ocorrem, costumam ser leves e de curta duração, como dor no local da aplicação e febrinho.

4. Falsas Alegações sobre Componentes Perigosos
Algumas teorias sugerem que vacinas contêm substâncias tóxicas em quantidades perigosas – como adjuvantes (alumínio em doses muito superiores às utilizadas) ou formaldeído –, ou até elementos inexistentes em sua composição, como o grafeno. Todos os componentes presentes nas vacinas passam por rigorosos testes de segurança e são aprovados por órgãos de saúde nacionais e internacionais. As doses empregadas são calculadas para estimular o sistema imunológico sem representar qualquer risco à saúde.

5. Impacto da Desinformação
A circulação dessas mentiras tem levado muitas pessoas a postergarem ou evitarem a vacinação, o que aumenta o risco de surtos de doenças preveníveis. A desinformação não só coloca a saúde individual em risco, mas também compromete a proteção de comunidades inteiras, especialmente daqueles que não podem se vacinar por razões médicas.


E finalmente, quem tem o interesse de divulgar MENTIRAS sobre vacinas? Com qual intenção? 

A disseminação de desinformação sobre vacinas não se restringe apenas a minar a confiança na ciência e nas instituições de saúde, mas também envolve interesses financeiros que se aproveitam do medo e da incerteza das pessoas. Diversos grupos e indivíduos, ao espalhar informações distorcidas, buscam lucrar de maneiras variadas, seja com a venda de produtos e "drogas milagrosas" que prometem benefícios infundados, seja com tratamentos que alegam “retirar as vacinas do corpo”. Essa prática não tem respaldo na evidência científica e pode representar riscos significativos à saúde pública.

Interesses Financeiros e Comerciais
Muitos dos envolvidos na disseminação de teorias conspiratórias e fake news sobre vacinas se beneficiam financeiramente por meio de:

  • Venda de Produtos Milagrosos:
    Esses grupos promovem medicamentos ou suplementos que, segundo eles, podem "curar" os supostos efeitos negativos das vacinas. Esses produtos, sem comprovação científica, se apresentam como soluções milagrosas para os problemas que nem existem ou são exagerados. Muitas pessoas acabam acreditando e aderindo a essas práticas, depois de bombardeadas por MENTIRAS nas redes sociais, ou seja, na sua própria "bolha informacional".

Mesmo sem ter ganhos financeiros, pessoas acabam apoiando estratégicas erradas que 
estão favorecendo financeiramente outros indivíduos. (Foto: Eduardo Matysiak)
  • Tratamentos para "Retirar as Vacinas do Corpo":
    Além dos chamados remédios milagrosos, há também a promoção de tratamentos que afirmam, de forma infundada, ser capazes de eliminar ou neutralizar os efeitos das vacinas no organismo. Essas propostas não possuem respaldo em pesquisas científicas e podem induzir as pessoas a adotarem medidas desnecessárias e potencialmente prejudiciais à saúde.

Motivações Ideológicas e Políticas
Além dos interesses financeiros, há uma componente ideológica na disseminação de desinformação:

  • Liberdade Individual, Desconfiança em Relação ao Estado e Compromisso Coletivo

    Embora a defesa da liberdade individual seja um valor importante, é fundamental reconhecer que vivemos em sociedade. As vacinas fazem parte de um pacto social pelo qual todos se comprometem a eliminar doenças e proteger a saúde coletiva. Vacinas e algumas outras recomendações (como isolamento social, uso de máscaras, higiene das mãos...) não são apenas uma ferramenta para a proteção do indivíduo, mas sim para a criação de uma imunidade de grupo que beneficia toda a comunidade. É uma medida de SAÚDE PÚBLICA e não de SAÚDE INDIVIDUAL. Isso significa que, mesmo que uma pessoa se sinta bem protegida por outras razões discutíveis ("minha saúde é de ferro", "nunca fico doente", "minha imunidade está no máximo"...), ela deve contribuir para diminuir a propagação da doença; e se faz isso ajudando a criar um percentual elevado de pessoas vacinadas.

    Algumas pessoas, por razões raras como condições médicas específicas, não podem se vacinar e dependem da imunidade coletiva para sua proteção. Quando um grande percentual da população é vacinado, o risco de transmissão diminui consideravelmente, rompendo a cadeia de contágio e assegurando que a doença não se espalhe. Assim, a defesa da liberdade individual deve ser equilibrada com a responsabilidade social, reconhecendo que a saúde de cada um está intrinsecamente ligada à saúde de todos.

  • Certos grupos defendem a ideia de liberdade individual e se opõem à interferência governamental em questões pessoais, usando a desinformação para mobilizar apoio e fomentar uma cultura de desconfiança em relação às políticas de saúde pública. 

  • Fragilização da Credibilidade das Instituições:
    Ao questionar a segurança e a eficácia dos imunizantes, esses grupos tentam enfraquecer a confiança nas instituições de saúde e na ciência, criando um ambiente propício para a adoção de tratamentos alternativos sem respaldo científico. Ao mesmo tempo se fragiliza a própria educação da população e a importância das carreiras acadêmicas de pesquisa, sem as quais o progresso e verdadeira independência do país não pode acontecer. Opiniões de "influenciadores" sem o menor embasamento científico e opiniões isoladas de médicos que não têm experiência e nem formação em trabalhar com pesquisa científica, debocham das informações que os desmentem e supervalorizam casos isolados que são tomados como "uma verdade que tentam esconder de você".

Consequências para a Saúde Pública
A propagação dessas mentiras tem um impacto negativo na cobertura vacinal e na proteção coletiva, pois:

  • Reduz a Adesão à Vacinação: Informações alarmantes e distorcidas podem levar pessoas a adiarem ou mesmo evitarem a vacinação, aumentando o risco de surtos de doenças que podem ser prevenidas por imunizações eficazes e seguras. Cria-se um volume de indivíduos que já estão predispostos a desacreditar em qualquer situação futura que guarde semelhança com as questões já passadas.

  • Risco de intoxicações e outros problemas: A utilização em doses altas e não corretamente estudadas de fármacos pode desencadear uma série de problemas no organismo, especialmente devido à toxicidade das drogas para alguns órgãos específicos como fígado e rins.

  • Promove o Uso de Tratamentos Inadequados: A busca por soluções alternativas, como os tratamentos para “retirar as vacinas do corpo”, pode expor indivíduos a intervenções desnecessárias e potencialmente perigosas, além de desviar o foco das medidas preventivas comprovadas.


Conclusões:

É fundamental que a população se informe por meio de fontes confiáveis e embasadas em evidências científicas para compreender os reais benefícios da vacinação. A desinformação, ao promover lucros através de produtos e tratamentos infundados, coloca em risco não só a saúde individual, mas também a saúde coletiva, dificultando o controle de doenças preveníveis e comprometendo a segurança da comunidade como um todo. Manter um olhar crítico e buscar sempre informações verificadas são passos essenciais para combater a desinformação e proteger a saúde pública.

As mentiras sobre vacinas não se sustentam diante do extenso corpo de evidências científicas acumuladas ao longo de décadas. A imunização é uma ferramenta fundamental na prevenção de doenças e na proteção da saúde pública. Buscar informações em fontes confiáveis — como órgãos oficiais de saúde, publicações científicas e instituições reconhecidas — é essencial para combater a desinformação e garantir a segurança e o bem-estar de todos.


Ramon Lamar de Oliveira Junior

com participação do CHATGPT para fazer o encadeamento do texto.



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quinta-feira, 23 de maio de 2024

ATUALIZADO: Número de Casos de Dengue, Chikungunya e Zika no Brasil

O Ministério da Saúde não publica - sei lá por qual motivo - um gráfico mostrando os casos de Dengue ao longo dos anos. Deveria publicar, atualizado ano a ano, para se ter uma ideia real da situação de endemia-epidemia que vivemos. A localização dos dados nos sites do Ministério da Saúde está cada vez mais confusa. Segue a informação mais atualizada (Semana Epidemiológica 20 de 2024).

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Precisamos de bons profissionais, só não queremos pagar por eles!

 

Quando não se reconhece o valor de um enfermeiro/enfermeira, não se reconhece também o valor do serviço que prestam. Não podem ter um piso mínimo digno por tantas horas de estudo e tantas horas de dedicação???

Aí vem uma associação de prefeitos falar em 32.500 demissões sumárias! Quê isso!!!

Nem quero comentar muito pois sou suspeito para falar. Tenho uma irmã enfermeira que luta e lutou arduamente durante sua vida profissional, construindo um nome, salvando vidas, ajudando famílias.

Só sei que, com essa decisão, caso mantida, teremos uma pá de cal sobre os cursos de Enfermagem e uma decadência do Sistema de Saúde, público e privado.

Pensem bem! Dinheiro pra orçamento secreto sempre tem, né?

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Aranhas: Phoneutria (Armadeira)

(Esta postagem foi feita em 25.01.2011, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

A Phoneutria (família Ctenidae) é a aranha conhecida como armadeira. Os gringos também a chamam de "banana spider", uma vez que costumam chegar nos portos americanos no meio dos cachos de banana. Acidentes com os estivadores dos portos são comuns. Aliás, touceiras de bananeiras são um dos locais preferidos pela Phoneutria.
A armadeira é grande, cerca de 3 cm de corpo. Contando com as pernas esticadas ela pode chegar a 10 cm. Não é uma aranha que se caracteriza pela construção de teias e vive principalmente no chão. É muito ativa durante a noite. De dia fica escondida em entulhos, montes de lenha, troncos... e nas touceiras de bananeiras. Quando ameaçada, assume a posição de defesa (veja na foto abaixo) e "se arma". Dessa posição ela pode saltar na direção das pessoas.

Foto: Ubirajara de Oliveira (ICB/UFMG).

Os efeitos da picada, obviamente, dependem da quantidade de veneno injetado. O local fica vermelho, inchado e dói muito pois uma das toxinas é neurotóxica. Quem já foi picado relata que a dor é terrível. Um conhecido nosso lá da UFMG, experiente na coleta de toxinas de aranhas, escorpiões e cobras, contou que distraiu-se durante uma extração de veneno e foi picado pela armadeira. Ele considerou a picada como a mais dolorosa que ele já recebeu (e ele já recebeu várias... ô emprego ingrato!). Muito suor, vômitos, agitação, hipertensão, taquicardia, aumento da frequencia respiratória (taquipneia) e priaprismo (ereção) podem acompanhar os sintomas da picada. Em casos graves pode ocorrer choque neurogênico (redução do tônus da parede das artérias com forte queda da pressão arterial). Lembre-se sempre que acidentes são muito mais graves em crianças em idosos.


Em caso de picada, procure o pronto-socorro para a aplicação de anestésicos e do soro específico. Caso não encontre em Sete Lagoas, vá direto para o HPS João XXIII.
Em 2005 (clique aqui), um chef de cozinha britânico foi picado por uma armadeira - que provavelmente chegou ao seu pub em uma caixa de bananas proveniente do Brasil. Foi salvo por ter fotografado a danada com o celular e mostrado aos médicos que puderam realizar o tratamento correto.


Texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Aranhas: Latrodectus geometricus (viúva-marrom)

(Esta postagem foi feita em 26.12.2010, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

A viúva-marrom ("brown widow" para os gringos) é parente bem próxima da famosa viúva-negra  americana (Latrodectus mactans). Trata-se de uma das aranhas que merece nossa atenção pela dor da sua picada e pela ampla distribuição em praticamente todo território nacional.


Latrodectus geometricus: viúva-marrom.
Fotos do Bira (Ubirajara de Oliveira - Laboratório de Aracnologia - ICB/UFMG)

A Latrodectus geometricus (família Theridiidae) é uma aranha pequena, de corpo amarronzado com algumas manchas no dorso. Não se trata da famosa aranha-marrom de que tratarei oportunamente neste blog. Possui uma mancha alaranjada em forma de ampulheta na parte inferior do abdômen. Prefere viver em pequenas plantas ou arbustos, debaixo de bancos, frestas das paredes, batentes de portas, beiras de janelas ou portões de garagens e cantos de construções. Em uma coleta noturna, capturamos várias em arbustos e lobeiras no antigo campo de futebol do UNIFEMM. 
Em princípio, a viúva-marrom não é agressiva. Fica lá na dela, em sua teia bastante irregular. Muitas vezes quando tentamos capturá-la, a danada cai da teia, fingindo-se de morta. Tem atividade durante o dia, mas pode ser vista em sua teia com bastante facilidade à noite, com iluminação apropriada. 
A picada da L. geometricus é muito dolorosa. A dor ocorre em acidentes com aranhas e outros animais peçonhentos que possuem veneno neurotóxico (no caso da viúva-marrom trata-se de uma neurotoxina chamada α-LTX que se liga a receptores pré-sinápticos provocando violenta liberação de neutrotransmissores). As fêmeas são maiores e mais venenosas do que os machos. Os acidentes normalmente ocorrem quando a aranha é pressionada contra o corpo da vítima (aranhas presentes em roupas, por exemplo). Um caso bem documentado de acidente ocorrido no Brasil pode ser lido clicando aqui.

Depois de um banho de álcool (aranha morta, é claro) a mancha alaranjada no abdômen fica mais clara. (Foto: Ramon L. O. Junior)

Certamente, você está pensando que jamais verá uma aranha dessas. Que essas coisas são raras e que só acontecem com outras pessoas. Então olhe bem a foto abaixo que mostra a ooteca (casulo de ovos) de uma aranha dessa espécie, com seus "espinhos" típicos. É muito, mas muito provável que você já tenha visto. Se nunca viu, procure embaixo de alguns bancos de jardim e depois me conte aqui.

Ootecas encontradas embaixo de banco de ardósia. Perceba que em uma delas observa-se um pequeno um furo, ou seja, os filhotes já saíram.

Procure manter a calma em caso de acidentes com aranhas, escorpiões e cobras. A possibilidade de levar o animal (pelo menos uma boa descrição ou até mesmo uma foto - hoje com celulares com câmera a coisa fica muito mais fácil e acredite: já salvou a vida de pessoas - clique aqui) pode facilitar muito o atendimento médico pois permite o diagnóstico preciso, mesmo que o agressor esteja parcialmente destruído. Nunca use tratamentos caseiros ou sem a devida atenção de um médico. Em Minas Gerais, a referência para esses tipos de acidente é o Hospital de Pronto Socorro João XXIII, em Belo Horizonte (não hesite em procurá-lo se o atendimento que você recebeu deixou alguma dúvida).

Casulos de ovos (foto em 15/06/2021, Ramon Lamar))

Viúva-marrom escondida na teia irregular e casulo de ovos.
(Foto em 15/06/2021, Ramon Lamar)


Texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Mais fotos: O João Alberto, leitor do blog, encontrou as informações que precisava por aqui e ainda nos enviou boas fotos de viúvas-marrons capturadas em visão ventral e dorsal. Confiram abaixo:



O Leonardo Saraiva, de Brasília, pesquisou informações sobre a viúva-marrom aqui no blog, depois de ter encontrado várias delas em casa. Nos mandou essa bela foto que é exemplo típico de uma boa fotografia para auxiliar na identificação da espécie. Mancha no abdômen e casulos de ovos não deixam dúvida sobre o encontro com o referido animal.



Observação: Tenho encontrado referências à presença da Latrodectus mactans (viúva-negra) no Brasil, em especial na vegetação litorânea, incluindo a região da Baia de Guanabara. Em recente curso feito na UFMG, aventou-se a possibilidade de confusão entre a L. mactans e a L. curacaviensis ("flamenguinha"). Não sei se é o caso, mas fica aí o benefício da dúvida.

Referências para leitura: 
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Cardoso, JLC; Brescovit, AD e Haddad, JRV. Clinical aspects of human envenoming caused by Latrodectus geometricus (Theridiidae). Journal of Venomous Animals, Toxins and Tropical Diseases 9: 418, 2003.
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Brazil, TK; Pinto-Leite, CM; Almeida-Silva, LM. Lira-da-Silva, RM e Brescovit AD. Aranhas de importância médica do Estado da Bahia, Brasil. Gazeta Médica da Bahia 79 (Supl.1):32-37, 2009.

Escorpião amarelo: dois casos fatais na mesma semana

(Esta postagem foi feita em 29.03.2012, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

Dois casos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta semana, vitimaram duas crianças de 3 anos de idade: primeiro foi a Sara Karla, em Contagem, agora o pequeno Hailander, picado em Caeté. O Serviço de Toxicologia do HPS João XXIII, da Fundação Hospitalar de Minas Gerais, emitiu alerta para as vítimas de picadas de escorpiões para que busquem atendimento imediato. No ano passado (2011), foram registrados 1.254 atendimentos somente nesse hospital. Entre 2009 e 2010, houve 2.512 ocorrências envolvendo escorpiões. 

Escorpião amarelo (Tityus serrulatus). Fonte: Laboratório de Aracnologia, ICB/UFMG.

Escorpião amarelo encontrado em apartamento novo, provavelmente escalou o sistema de esgoto. Foto enviada pela Flávia Franco, leitora do blog. O escorpião encontra-se um pouco destruído. Uma mãe não pensa duas vezes na hora de preservar seu filho, não é mesmo Flávia. Obrigado pela imagem.

O escorpião amarelo, Tityus serrulatus, é o mais perigoso escorpião brasileiro, e um dos mais perigosos do mundo. Sua picada é particularmente grave em crianças e em idosos. Em ambos, graças à menor quantidade de água no corpo, a concentração da toxina atinge valores mais elevados. Em ambos, também, os sistemas de defesa e resistência são menos eficientes (por ainda não estarem completamente desenvolvidos ou por já estarem perdendo a capacidade de resposta).
O veneno é uma neurotoxina, o que explica a forte dor da picada. Minha mãe, que já foi picada quando jovem pelo escorpião amarelo e pelo escorpião marrom (Tityus bahiensis), relatou-me que a dor da picada do amarelo é infinitamente maior. A neurotoxina pode interferir com a liberação dos nossos mediadores químicos mais importantes. Dessa interferência em relação ao sistema simpático (adrenalina/noradrenalina) podem derivar sintomas como alterações da pressão sanguínea, da frequência cardíaca (arritmia) e edema pulmonar. Já em relação ao parassimpático (acetilcolina) podem derivar problemas com as diversas secreções (nasal, salivar, gástrica...), tremores e espasmos musculares, diminuição da pupila (miose) e do rítmo cardíaco.
O escorpião amarelo é registrado em diversos estados brasileiros, com especial predileção pelos estados da Região Sudeste e estados vizinhos como Bahia e Goiás, bem como o Distrito Federal. Os escorpiões adultos medem de 5 a 7 centímetros, com manchas escuras o cefalotórax, pedipalpos e pernas. Por muito tempo acreditou-se que a espécie não possuia machos, reproduzindo-se apenas por partenogênese a partir de fêmeas. A descoberta, a partir de 1999 de machos desta espécie em área de transição de floresta seca e cerrado para caatinga, na Bahia, lançou muita controvérsia sobre o tema. Parece haver, portanto, estratégias reprodutivas de dois tipos, mas a partenogênese é de grande importância pelo explosivo crescimento populacional.
Introduzido em Brasília na década de 1980, T. serrulatus hoje corresponde a 70% dos achados de escorpiões naquela área urbana. Sua capacidade de agir como espécie oportunista, sobrevivendo por muito tempo em ambientes impactados, aliada a alta densidade populacional e tamanho da prole explicam o sucesso dessa espécie e nos indicam o tamanho do perigo.
Alimentam-se de insetos, com grande preferência pelas baratas, caçando principalmente à noite. Durante o dia ficam entocados em frestas, montes de entulhos, restos de construções e em toda sorte de porcarias que escondemos em nossos "quartinhos de muquifo" ou amontoamos num canto do quintal. São diligentemente predados por galinhas. A aquisição de algumas dessas aves é uma medida interessante para combater escorpiões encontrados em casas que têm quintais. O problema é o hábito diurno dos galináceos, contrastante com o hábito noturno dos tais aracnídeos. Mesmo assim, as galinhas ciscam, ciscam, ciscam... e acabam com vários escorpiões.
Em caso de acidente, siga os seguintes procedimentos:
  • Lavar o local com água e sabão e aplicar compressas de água fria. A vítima deve ser mantida deitada e evitar grandes movimentos para não favorecer a distribuição do veneno. Se a picada estiver no braço ou na perna, mantê-los mais elevados. Não fazer torniquete ou sucção no local da ferida, não espremer, cortar, furar ou aplicar folhas ou outros produtos.
  • Coletar o escorpião. Se ele ainda estiver vivo, isso pode ser feito invertendo-se um frasco de boca grande sobre o bicho e passando-se uma folha de papel embaixo do recipiente e do animal, que deve ser substituída pela tampa furada após virar o frasco. Não é necessário colocar alimento. Também é possível capturá-lo segurando o pós-abdome com uma pinça, de modo a impedir o uso do ferrão. Nunca utilize sacos plásticos para aprisionar indivíduos. Também é importante saber para realizar a captura que escorpiões não saltam. Se o animal estiver morto, coloque-o em um frasco de vidro com álcool. Se possível, identifique o escorpião. Constatado alto grau de periculosidade, leve a vítima imediatamente a um hospital.
  • Observe a vítima. Se ela apresentar os sintomas: náuseas ou vômito, suor excessivo, abaixamento da temperatura, agitação, tremores, salivação, aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea, leve-a imediatamente ao serviço de saúde mais próximo com o escorpião capturado. O soro anti-escorpiônico deve ser aplicado em último caso, pois pode gerar distúrbios. Em pacientes com hipersensibilidade (alérgicos) pode até mesmo levar a óbito. Esse, no entanto, é o único tratamento eficaz para a maioria dos casos graves.
  • Notifique o órgão municipal responsável sobre o ocorrido, mesmo que o acidente tenha sido leve, mesmo que tenha ocorrido apenas a visualização/captura de escorpiões. Essa etapa é esquecida por muitos, mas é de suma importância para alertar a população local sobre riscos, guiar medidas e focalizar áreas para ações de controle e até mesmo garantir estatísticas reais. (Adaptado de: http://www.ibaraki.com.br/escorpiao-o-veneno-dos-escorpioes-e-suas-consequencias.htm)
Fonte: Ministério da Saúde, conforme www.ibaraki.com.br

CURIOSIDADES E OUTRAS INFORMAÇÕES:
  • Escorpião é aracnídeo, não é inseto. Portanto não morre com a aplicação de inseticidas usuais. A aplicação de inseticidas costuma piorar o problema, pois mata as baratas. Com isso, os escorpiões tornam-se mais ativos, migrando pelo terreno ou pela casa à procura de alimentos.
  • Escorpiões emitem uma fluorescência azul quando iluminados com luz ultravioleta (luz negra). Tal técnica é usada para a pesquisa da presença desses aracnídeos em locais como cemitérios e depósitos de materiais dos mais diversos tipos. Claro que só funciona à noite.
  • O número de segmentos no abdômen ("cauda") do escorpião é constante e não tem nada a ver com a idade do bicho. Aliás, o veneno é produzido por escorpiões de todas as idades.
  • Escorpião não se suicida. O veneno do escorpião é ineficaz contra o próprio escorpião. Além disso, o aguilhão ("ferrão") não consegue romper o espesso exoesqueleto do dorso do escorpião. Na verdade, quando presos em um círculo de fogo, os escorpiões tentam "atacar o fogo" e acabam morrendo pelo efeito do calor. Fizemos tal experimento no curso de Biologia, na UFMG, quando do estudo desses animais. Naquela época, experimentos desse tipo eram mais tolerados.
  • Em caso de acidentes na nossa região, o HPS João XXIII de Belo Horizonte é o centro de referência para esse tipo de caso. Inclusive para acidentes com aranhas e cobras. Se em sua cidade o atendimento estiver complicado (sem soro, sem um protocolo rápido de ações) dirija-se imediatamente para o João XXIII.
Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS1.: Aproveito esta postagem para relatar mais um encontro de escorpião amarelo em estabelecimento no entorno do Mercado Municipal e Teatro Redenção, aqui em Sete Lagoas.

PS2.: Alyne Goulart, ex-aluna e atualmente estudante de Medicina na Ciências Médicas (FCMMG) postou o seguinte comentário no Facebook sobre este tópico.

"Ramon, muito boa a postagem. Lembrando que a Unidade de Toxicologia do Hospital João XXIII tem um Centro de Informações e Assistência Toxicológica disponível. Acho que vale muito a pena divulgar: (31)32244000 ou 08007226001."
PS3.: Para indicações sobre venenos com ação sobre escorpiões, leiam o comentário publicado em 15 de junho de 2014 por "E mai essa..."

PS4.: Leiam sobre Alerta Sobre Risco de Acidentes em http://ramonlamar.blogspot.com.br/2014/12/alerta-sobre-risco-de-acidentes-com.html

PS5.: Infográfico sobre escorpionismo do website do Estado de Minas: http://www.em.com.br/app/infografico/2012/09/28/interna_infografico,360/escorpioes.shtml