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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Lagarta Lonomia é causadora de acidentes graves

Frequentemente vemos relatos sobre acidentes com lagartas peçonhentas. As famosas lagartas "cabeludas" ou taturanas. Algumas vezes ocorrem apenas reações locais que podem ser aliviadas com medidas simples (a medida mais simples é não coçar o local, para não liberar mais histamina e complicar o caso, podendo dar sintomas sistêmicos). Mas outras vezes o problema é sério e necessita de se recorrer a um hospital (não é posto de saúde, nem farmácia e nem UPA). Hospital mesmo, que é onde existe o soro específico contra a toxina. Estamos nos referindo, agora, à lagarta Lonomia.

Responsável por graves acidentes hemorrágicos, a lagarta da espécie Lonomia obliqua Walker, é a forma larval de um lepidóptero da família Saturniidae (uma mariposa). Esta lagarta, por meio de suas cerdas urticantes, libera uma toxina com propriedades anticoagulantes, que ao contato com a pele pode ocasionar desta irritação local a hemorragias subcutâneas chegando a hemorragias mais graves que atingem órgãos vitais. A substância de ação fribrinolítica presente nas cerdas das larvas, são registradas em apenas duas espécies do gênero Lonomia: Lonomia obliqua e Lonomia achelous.

 A espécie Lonomia obliqua é reconhecida como parasita do Araticum (Rollinia emarginata), do Cedro (Cedrella fissilis) e do Ipê (Handroanthus pulcherrimus), mas parece haver se adaptado a árvores frutíferas das regiões de ocorrência, como os pessegueiros, abacateiros, ameixeiras e outros.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Coordenação Estadual de Zoonoses, orienta a população em relação aos riscos de acidentes com lagartas. A Lonomia está presente em várias regiões do Estado e o veneno em suas cerdas, pode causar hemorragias e até mesmo o óbito, caso a vítima não seja tratada com o soro antilonômico. O soro está disponível nos principais hospitais de referência para atendimento das vítimas de acidentes com animais peçonhentos do Estado. Em Belo Horizonte o Hospital de Pronto Socorro João XXIII é de referência não só para esse animal, mas para peçonhentos em geral.

Diante da possibilidade de acidentes causados por Lonomia, recomenda-se que a vítima procure atendimento médico com urgência e se possível, leve consigo, em um recipiente seguro, o animal envolvido. A medida vale para todos os tipos de acidentes com animais peçonhentos, mas deve ser feita com cautela.

Acidentes com lagartas são frequentes nos meses quentes do ano. O contato com esses animais ocorre, geralmente, durante a realização de atividades que envolvem a manipulação de galhos, troncos, folhas e coleta de frutos. Por isso, recomenda-se atenção especial nessas ocasiões, principalmente com as crianças. A maioria desses acidentes tem evolução benigna.

A identificação da lagarta Lonomia obliqua pode ser feita por comparação de fotos. Elas possuem espinhos em forma de pinheiros e coloração marrom esverdeada com listras longitudinais escuras e manchas brancas em forma de “U”, ao longo do corpo, mas os padrões de coloração podem variar. Durante o dia ficam agrupadas em colônia nos troncos e galhos de árvores, mas também podem ser encontradas no solo debaixo de folhas secas. 

Foto: Ramon L. O. Junior

 

Foto: Wikipédia

Foto: Cecília Avelar Campolina.
Lonomia obliqua fotografada em fazenda 
próxima a Inhaúma (MG), novembro de 2020


 
Mariposa Lonomia obliqua.  Autor: Elton Orlandin (2015).  

Os principais sinais e sintomas são:

  • Edema, eritema, enfartamento ganglionar;
  • Prurido local, dor local intensa em queimação;
  • Náusea, vômitos, diarreia.

Entre 8 horas e 72 horas do contato com essa lagarta, a pessoa pode apresentar equimoses, hematomas de aparecimento espontâneo ou provocados por traumas ou em lesões cicatrizadas, hemorragias de cavidade mucosa, hematúria, sangramentos em feridas recentes, hemorragias intra-articulares, abdominais, pulmonares, glandulares e hemorragia intraparenquimatosa cerebral (HIC).

Os acidentes com a lagarta Lonomia, são classificados como:

  • Leves: presença de sintomas locais como dor em queimação e bolhas; exames de coagulação normais; ausência de sangramento. O tratamento é basicamente sintomático. Observar por até 72 h.
  • Moderados: sintomas locais presentes ou não, exames de coagulação prolongados ou incoaguláveis, com ou sem sangramento (gengivorragia, equimose). O tratamento é sintomático e específico com cinco ampolas de soro antilonômico.
  • Graves: presença ou não de sintomas locais, exames de coagulação prolongados ou incoaguláveis, manifestações hemorrágicas em vísceras (hematêmese, sangramento pulmonar, hemorragia intracraniana) e/ou com alterações hemodinâmicas. O tratamento é sintomático, de suporte e específico com 10 ampolas de soro antilonômico.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Centro toxicológico esclarece sobre lagartas encontradas no DF, 18 de Maior de 2018, in <www.saude.df.gov.br/nota-informa-sobre-lagartas-encontradas-no-df/>

GARCIA, C. M.; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Ocorrência de acidentes provocados por Lonomia obliqua Walker, no estado do Paraná, no período de 1989 a 2001. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 40(2), 242-246, 2007.

Saúde Estadual alerta para risco de acidentes com lagartas, 28 de Abril de 2007, in <www.saude.mg.gov.br/component/gmg/story/188-saude-estadual-alerta-para-risco-de-acidentes-com-lagartas-sesmg>






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