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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Minhas manifestações sobre Coronavírus - COVID-19

Amigos,
precisamos compreender que NO MOMENTO temos que permanecer em isolamento. Creio que o país tenha como aguentar um mês nessa situação. Entendo as preocupações quanto à economia e aos empregos.
A questão que vejo, ao pensar sobre o assunto, é a lição que estamos aprendendo ou estamos ensinando. Os idosos são descartáveis? Parece que algumas pessoas estão aceitando isso com tranquilidade.
Pois bem, suponhamos que daqui a 20 anos venha outra pandemia dessas. Não é improvável. Essa é a terceira pandemia desde 2002 (e estou excluindo a MERS que ficou mais no Oriente Médio e poucos aqui ficaram sabendo). Voltemos à hipótese de uma nova pandemia em 2040. Vamos usar o mesmo raciocínio de agora? Quem será o grupo de risco da vez? Os idosos novamente (então nós!). Ou as crianças (basta deixá-las em casa!)?. Os negros, os indígenas, as mulheres, os asiáticos, os homossexuais (ops... a abordagem da AIDS andou um tempo por esse caminho, até atingir os heterossexuais)????
Vamos construir uma economia mais sólida e menos especulativa nos próximos 20 anos para aguentar novo tranco? Não fizemos isso até agora! E nem precisa de um vírus para o "mercado" ficar nervosinho! Basta uma guerra comercial ou de palavras entre EUA e China.
Quem é a verdadeira praga? O vírus ou nosso modo de viver? A desigualdade de 90% da riqueza nas mãos de 1% da população? Nossa incapacidade de desenvolver um consenso para achar respostas? Nosso egoísmo de nos acharmos sempre certos?
Meditem um pouco, com calma, antes de responder.
Vamos tentar manter o isolamento social mais um pouco. E vamos analisar o progresso da doença com mais racionalidade!
Talvez voltemos às nossas atividades aos poucos, numa forma de rodízio, sei lá, tentando proteger ao máximo os grupos de risco!
Vamos nos unir e propor uma solução séria. Vamos tentar salvar o que chamamos de humanidade, a racionalidade que nos distingue das várias espécies de gado, à direita ou à esquerda!
Precisamos de um grande debate sobre o assunto, com propostas sérias e possíveis de realizar.
Precisamos ser fonte de esperança e não de temores!

Ramon Lamar de Oliveira Junior
Biólogo - Professor
(25 de março de 2020)


[MODO IRONIA ON]
Gente, se o isolamento social acabar ou diminuir, restando apenas os grupos de risco dentro de casa, lembrem-se de remover todos os Coronavírus que vocês porventura estiverem trazendo pra dentro de casa, ok?
Inclusive, se vocês forem do grupo dos 80% que são portadores assintomáticos e nem sabem que estão carregando o vírus! 
Se fizerem isso, que é muito fácil, vai dar certo e ninguém do seu grupo familiar precisará de UTI!
[MODO IRONIA OFF]
(25 de março de 2020)
(Desculpem a ironia, mas tem hora que é preciso desenhar...)


Meu pai me contava, a partir das informações dadas a ele por meu avô, que antes da Crise de 1929 o pessoal estava aplicando na Bolsa de Valores a rodo! Todo mundo estava aplicando, do mais rico (esse sempre aplicou), até o que tinha conseguido juntar alguma merreca e achava que a Bolsa de Valores era um Titanic, inafundável!
Pois bem, a história todo mundo conhece. A Bolsa quebrou e foi todo mundo junto... muita gente perdeu todas as suas economias e ficou a "Deus dará", no desespero muitos suicidaram...
Recentemente, aqui no Brasil - e penso que no mundo também -, o "brasileiro descobriu um novo jeito de investir". Estimulados por todo tipo de facilidades, inclusive aplicativos de todos os tipos e demoradas propagandas na TV e palestras sobre o assunto, começaram a empatar suas economias em aplicações de risco. Risco... essa é a palavra-chave!
De repente a bolsa brasileira cai seu volume de negócios para a metade. Isso significa que o dinheiro ali aplicado foi reduzido para a metade. Bolsa é especulação. Capital ali aplicado é capital especulativo, volátil. Risco! E muitas dessas aplicações não permitem resgate imediato.
Muita gente está louquinha para a economia começar a rodar logo, por cima de todas as recomendações de bom senso... não porque o país vai quebrar. Mas para ver seu dinheiro aplicado reaparecer das cinzas onde se meteu.
Antes de jogar pedras entendam que não estou dizendo que é o caso de todo mundo. Mas fiquem atentos quando grandes grupos financeiros alertam para o caos da economia. Alguns estão bem intencionados... mas não todos!
(26 de março de 2020)


Pessoal,
sei que todos estão ansiosos com essa questão da COVID-19. Claro, temos motivos de sobra para ficarmos ansiosos, preocupados e até neuróticos.
Da mesma forma, muitos têm divulgado todo tipo de "nova descoberta", principalmente aquelas que recebemos a todo momento no Whatsapp.
Ninguém que seja leigo nos procedimentos da Ciência é obrigado a ter plena noção do que acontece nesses meandros. Mas convém que lhes esclareça algumas coisas:
- Testes com medicamentos e vacinas são demorados pois têm que passar por uma série de protocolos que lhes garantam biossegurança (ou seja, que são seguros para os humanos). Esses testes são complicados pois às vezes uma substância é segura em laboratório mas no organismo humano ela tem outra ação ou é transformada em outra que é perigosa. Por isso não dá para confiar apenas em testes "in vitro" (feitos em células isoladas) ou feitos em animais experimentais. 
- Testes com medicamentos e vacinas têm que comprovar a efetividade da técnica. Cálculos matemáticos (estatísticos) validam essa efetividade. Não adianta falar em um estudo onde 20 pessoas foram tratadas e 4 pessoas foram curadas. Esses procedimentos estatísticos, para considerarmos como válidos, têm que partir de dados envolvendo um número muito maior de testes em pacientes. Testes e revisão. Testes e revisão...
- Esses protocolos de pesquisa NÃO PODEM SER IGNORADOS simplesmente pela urgência ou emergência de nossas necessidades! O risco de efeitos colaterais indesejáveis, entre eles as sequelas de todo tipo e a morte das pessoas, é muito grande! E obviamente quem validasse essa prática incorreta iria sofrer com processos e mais processos de bilhões de dólares. Em determinadas extensões poderia ser considerado como "crime contra a humanidade".
- Tudo bem que vocês se empolguem com as novas descobertas e vejam luz onde realmente há, na ciência. Mas atentem-se que as coisas são complexas e que, especialmente nesse caso, vidas estão em jogo.
- Talvez fosse melhor substituir o nome "cientistas" por "pesquisadores". Cientista é um termo que carrega em si um poder de referência que não existe na prática... é quase um atestado de validade... um "ganhou no grito"... uma "carteirada"! Na verdade, são pesquisadores... procurando arduamente e sob pressão uma saída para o problema. Trabalham dentro de suas limitações (um pesquisador que trabalha com proteínas vai pesquisar proteínas e não todo tipo de substância) e com base em tudo que aprenderam em sua carreira. Muitos exemplos corretos que querem imitar e muitos exemplos errados que querem evitar a todo custo!
- Precisamos valorizar mais a ciência, valorizar mais o entendimento do que é ser um pesquisador, valorizar mais essas carreiras. Talvez essa seja uma das mais importantes lições que aprenderemos com essa crise.

Abraços (à distância) para todos!

Prof. Ramon Lamar de Oliveira Junior (Biólogo)
(30 de março de 2020)


Acredito que a Prefeitura de Sete Lagoas errou ao liberar certas atividades da situação de isolamento. 
Não vejo parâmetros técnicos para tomar esse tipo de decisão, sendo que mal estamos testando os suspeitos de COVID-19. 
Mas erra mais quem sair de casa para ir a locais que não têm nenhuma necessidade de estarem funcionando. Nem vou citar os óbvios exemplos! 
Também gostaria de saber se tais atividades liberadas localmente para funcionamento abrirão mão do auxílio econômico do Governo Federal! Ou vão nos colocar em risco com a gente pagando a conta???

Prof. Ramon Lamar de Oliveira Junior (Biólogo)
(02 de abril de 2020)



Amigos,
a cloroquina já está sendo usada nos tratamentos de doentes com formas mais graves da doença. Cloroquina, Azitromicina, Antivirais e outras substâncias. Não está proibida!!! Inclusive seu uso é importante para validar mais estudos experimentais e faz parte dos mesmos. E, no risco de morte, é uma alternativa que o médico tem, inclusive por razões morais.
Porém seu uso correto (dosagem, grau de evolução da doença em que se deve fazer o uso, efeitos colaterais diferentes dos já conhecidos, etc) e claro também sua verdadeira efetividade, são objeto de pesquisa científica.
Ciência não é de esquerda ou de direita. Deixem de "teorias da conspiração"! Ciência é baseada num protocolo de confirmação científica que leva em consideração: tamanho da amostra, grupo controle, grupo ou grupos experimentais, aleatoriedade de cada amostra (grupos randomizados, diretamente relacionados ao que se chama de ensaio duplo-cego), ética, revisão por pares, etc.
Então se vocês não sabem o que é isso, estude! Podem pesquisar no Google mesmo, que vocês vão ver boas explicações.
Mas não venham relativizar as coisas. Não é "ciência-com-partido" ou "ciência-sem-partido". Se vocês acham que cientistas são de esquerda, e estão envolvidos num grande complô, é porque vocês não aceitam conclusões que sejam diferentes de dogmas ou de achismos. Aceitam várias coisas da ciência, como toda a tecnologia que nos cerca, por exemplo. Mas não aceitam o que não seja igual aos seus pensamentos. Por favor, evoluam em relação a uma mudança de forma de raciocinar, tá?.
Agora, o que o Governo Federal, principalmente a figura do Presidente da República está querendo?
- Liberar a cloroquina (e/ou hidroxicloroquina) para uso indiscriminado, até para prevenção!
E eu nem sei se algum grupo de pesquisas está trabalhando nisso. As pesquisas estão concentradas nas questões emergenciais e a mais emergencial no momento é a dos pacientes graves, dos grupos de risco. O Governo Federal quer a liberação total para poder quebrar o Isolamento Social, reabrir tudo (comércio, fábricas, escolas...) e não deixar que ocorram grandes perdas na economia. E usa argumentos complicados, emocionais, como a fome das pessoas, o desemprego, etc. Vejam, eu estou dizendo que são argumentos complicados, não que sejam abordagens incorretas.
Claro que a situação é complexa. Eu não gostaria de estar na pele de nenhum dos prefeitos, governadores ou do presidente. Estão sofrendo uma pressão muito grande. Mas como o próprio presidente disse: "Vou montar um ministério técnico!". É o momento de respeitar isso.
Li agora que um membro do governo fez uma chacota do tipo "o médico não abandona o paciente, mas o paciente pode trocar de médico". Coisa linda! O sujeito é escolhido Ministro da Saúde por ser competente e técnico... e está mostrando isso. Mas a competência e os critérios técnicos estão em choque com o governo. Quem prevalece? Quem é descartável? Parece time de futebol onde os jogadores não gostam de acordar cedo porque o Técnico exige e perdem jogos para forçar a saída do técnico.
Pessoas em alguns governos tratam a doença como uma gripezinha, quando convém. E depois tratam como uma doença terrível que precisa da cloroquina, cloroquina e mais cloroquina porque senão milhares vão morrer.
Filtrem... analisem... pensem...
Torço muito pelo encontro de medicamentos, vacinas... o escambau que for necessário. Mas tenho a consciência de que não aparece de forma milagrosa. Não é a aposta do momento. No momento precisamos do isolamento social e quanto melhor for feito, menos vai durar!
Só posso divulgar o que penso, opinião pessoal fundamentada em formação científica. Fora isso é aguentar pedradas!
Abraços virtuais...

Ramon Lamar de Oliveira Junior - Biólogo
10 de Abril de 2020


Amigos,
no meu entender o Presidente da República deu um passo muito além de suas pernas de atleta. Trocar o comandante técnico do Ministério da Saúde, tão valorizado por ele mesmo no início do mandato, por um outro profissional mais alinhado a suas ideias (leia-se, aos seus achismos) não me parece atitude sensata.
Estou cantando essa bola já faz tempo. Bolsonaro quer dar fim à "quarentena" que é, em verdade, um isolamento ou distanciamento social. Quer retornar logo a máquina da economia, não quer perder mais impostos ou amargar um PIB negativo, não quer mais ter que pagar abono disso ou daquilo. E o primeiro passo é retornar o chão de fábrica. De preferência com o apoio de uma droga milagrosa, a cloroquina/hidroxicloroquina travestida de viagra da economia.
Tenho meus temores e são muitos. Mas tenho minhas certezas também. E uma delas é que o Presidente da República decidiu por uma jogada de risco. Itália e Espanha tentaram a mesma jogada e deram com um muro sólido à sua frente. Donald Trump, guru-mor e ícone para o presidente brasileiro, também tentou a mesma linha e está colhendo péssimos resultados.
Nunca desejei tanto que eu esteja errado...

Ramon Lamar de Oliveira Junior - Biólogo
17 de Abril de 2020


Amigos,
desculpem-me mas sou pessimista quanto ao pós-Coronavírus. 
Em sala de aula, nos últimos anos, tenho me esforçado em comentar ao lecionar sobre os vírus acerca do que deveríamos ter aprendido com a SARS em 2002 (coronavírus que também surgiu num mercado de animais na China) ou com o H1N1 em 2009 (quando paramos as aulas uma semana para aprender a lavar as mãos e colocar álcool em gel nas escolas). 
No meu entendimento, aquilo foi - ou deveria ser - um aprendizado para o que viria. E a pandemia veio e nos pegou com "as calças na mão". E nem sei se essa é A pandemia.
Estamos vendo saúde e morte serem relativizados com gritos e urros de apoio. Demissões de vozes dissonantes (e não estou falando só do governo!). Estamos vendo o Estado despreparado, escancarando-se toda a falta de apoio ao SUS e às pesquisas científicas nas últimas décadas. 
De repente queremos um SUS perfeito, remédios e vacinas em tempo recorde. Isso numa sociedade em que alguns batiam no peito para criticar vacinas e criticar pesquisadores... sem contar a defesa do terraplanismo! Nem vou falar sobre Teoria da Evolução, tá?
Para o futuro, esperam de nós que sejamos bons professores ou bons youtubers? Essa não seria a resposta aos sonhos dos alunos? Novas aulas e novos métodos? Provas online onde dá tempo de enganar o sistema e consultar o colega ou o google? Afinal de contas para que saber resolver uma equação matemática se há um aplicativo que faz isso?
Tenho medo que nós professores nos transformemos em uma Barsa esquecida num canto da memória de alguém daqui a cinquenta anos. 
"- Era assim... tinha um cara que explicava pra 40 pessoas ao mesmo tempo!". "- Nossa, que coisa ultrapassada! Imagina se alguém espirra ali no meio dessa balbúrdia!"
Já se passaram uns 30 anos desde que esse tipo de alerta sobre pandemias é feito com mais frequência. Preferiu-se apostar no risco. Igual uma mineradora prefere investir pouco apesar dos alertas sobre suas barragens. Apostou-se no "não vai acontecer"! E repito... essa pode não ser A pandemia!
Vamos ver daqui a dois ou três anos se realmente mudaremos nossas prioridades. Vamos ver se o SUS estará mais pujante, se os cientistas e universidades estarão mais valorizados, se estaremos menos preocupados em ganhar dinheiro na Bolsa ou em aplicações financeiras, se estaremos mais juntos em conversas reais... ou se não seremos surpreendidos por desastres ambientais evitáveis.
Ou talvez migremos para mais atividades virtuais, aparelhos de celular com mais recursos, afastamento social tecnológico...
Abraços a todos!

Ramon Lamar de Oliveira Junior - Biólogo
19 de Abril de 2020


Pessoal,
várias cidades, inclusive a nossa, estão cogitando reabrir comércios e tal. Se tal acontecer, tenham o máximo cuidado com o distanciamento em relação a outras pessoas, ao uso de máscaras, uso do álcool 70% ou lavar as mãos com água e sabão. Não é uma "black friday"! Não é um "tá tudo bem"! Não está! Tenham o máximo de cuidado especialmente ao retornar para casa e não contaminar os idosos ou outras pessoas que são do grupo de risco. Orientem seus amigos e familiares.

Ramon Lamar de Oliveira Junior - Biólogo
27 de Abril de 2020


Oi gente!!!
Pelo que parece, conforme o presidente da república, nós que estamos nos mais diversos grupos de risco da COVID-19, e alguns outros que não estão, somos dispensáveis. Tudo bem 140.000.000 de brasileiros se contaminarem e 1.000.000 morrerem! Isso porque a economia não pode parar.
A economia parou recentemente, gravemente, por políticas econômicas perversas do governo federal (Crise de 2014/15/16). Um processo daquele tipo é inadmissível pois teve uma origem "nada republicana", como se usa falar agora. Aquela crise econômica jogou muita gente na linha da pobreza e pouco ou quase nada se falou sobre mortes. Deveria ter sido falado. Muitos morreram, creio eu. Inclusive muitas empresas morreram e não ressuscitaram... gerando um desemprego difícil de debelar.
Mas agora não é uma crise "criada pelas mãos dos homens". É uma emergência em saúde. É um problema mundial! Não vamos ser criticados por outros países por gastarmos adequadamente com o problema com a finalidade de diminuirmos o número de mortos pela pandemia. Não haverá julgamento moral em salvarmos vidas, como houve no caso de corrupção desenfreada.
Muitos podem morrer de COVID-19 e muitos podem morrer (atenção você que não é grupo de risco) porque os hospitais não poderão atendê-lo em sua emergência.
Fico pensando se a "pressa" do governo federal (leia-se presidente da república) em terminar o isolamento social não seja para diminuir os gastos com os recursos que estão sendo repassados para os trabalhadores ameaçados de penúria e fome. Paradoxal, não é? Porque se for assim, muita coisa fica clara para mim.
Durma com esse barulho.
Especialmente hoje, "que a força esteja com vocês"!

Ramon Lamar de Oliveira Junior - Biólogo
04 de Maio de 2020

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Faleceu o Prof. Ângelo Machado


Foi meu professor na Disciplina Neuroanatomia, ele que é autor da obra NEUROANATOMIA FUNCIONAL, nas últimas edições em parceria com sua filha (que foi minha colega na UFMG). Conforme ele mesmo dizia, lecionou 30 anos Neuroanatomia e depois fez concurso para o Departamento de Zoologia onde "pretendia lecionar mais 30 anos", passando a lecionar a disciplina de Insetos, dentre outras. Ângelo Machado era dono de uma gigantesca coleção de libélulas e uma das maiores autoridades do mundo em glândula pineal, além de co-fundador da conceituada Revista Ciência Hoje. Tive a honra de conversar várias vezes com ele e, maior de todas as honras, ser chamado pelo nome em uma conversa de elevador, sobre Protistas! Jamais vou esquecer desse homem e de sua esposa, também já falecida, Conceição Machado. Pessoas de uma vida inteira dedicada à ciência e à divulgação científica. Ângelo Machado também é autor de vários livros infanto-juvenis para despertar os jovens para a ciência, especialmente a Ecologia. Descanse em paz, querido mestre! Tentamos aqui, muito humildemente, seguir suas pegadas. Você deixou um legado! Seu nome está escrito definitivamente em nossa história e em nossos corações.

Ramon Lamar de Oliveira Junior
06 de abril de 2020

Escrevi sobre ele, aqui no blog, em 2017, quando foi agraciado com o Título de Biólogo Honorário, homenagem justíssima. Leia aqui: http://ramonlamar.blogspot.com/2017/03/cfbio-homenageia-angelo-machado-nesta.html


Notícia do falecimento:
"Morreu na manhã desta segunda (6), aos 85 anos, o médico, professor, entomólogo e escritor Ângelo Machado. Com saúde frágil, pois sofria de uma doença degenerativa muscular, ele passou mal em casa na sexta-feira (3) e foi internado no CTI do hospital Biocor, em Nova Lima. Morreu após uma parada cardíaca. O velório e sepultamento serão nesta terça (7), reservados para a família. Deixa quatro filhos.
“Pretendo chegar aos 100. Mas quando chegar aos 99, peço prorrogação”, disse ele a Jô Soares durante entrevista ao Programa do Jô, em 2015. Na época, lançada seu primeiro livro para adultos, Borboletas eróticas. Bem-humorado, o professor emérito da UFMG era conhecido pela voz fanhosa. “Achavam que por causa disto eu não poderia ser professor. Dei aulas 55 anos fanhoso. Os alunos se acostumam logo”, ele acrescentou.
Professor, mas também um apaixonado pelo insetos. O entomólogo Ângelo Machado descreveu 100 espécies de libélulas – seu nome foi incorporado a 55 organismos. A paixão vinha desde sempre. Era um adolescente quando foi desafiado por um padre a descobrir o nome científico de quatro besouros que havia guardado em uma caixa de fósforos.
Professor, entomólogo e ainda escritor. E como escreveu. Foram dezenas de livros para crianças. E ainda peças de teatro, a mais conhecida delas Como sobreviver em festas e recepções com buffet escasso, monólogo que é sucesso há 20 anos com o ator Carlos Nunes. Machado era também o ocupante da cadeira 26 da Academia Minas Letras, mesma já ocupada por Henrique Lisboa e Bartolomeu Campos Queirós."
https://www.uai.com.br/app/noticia/e-mais/2020/04/06/noticia-e-mais,257314/morre-aos-85-o-professor-entomologo-e-escritor-angelo-machado.shtml