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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Conhecendo o Parque da Cascata (3)

5) Pteridófitas: licopódios - As pteridófitas constituem um grupo muito antigo e muito diversificado. Em geral, como comentado no post anterior, as pessoas conhecem apenas as filicíneas, representadas principalmente pelas samambaias e avencas. Contudo, existem pteridófitas muito diferentes desse padrão. As Lycopadiaceae (licopodiáceas) ou licopódios. Em vários pontos das encostas da Serra de Santa Helena, encontramos o gênero Lycopodiella. O local mais fácil de observá-las é na encosta do lado direito da subida da estrada da serra, apesar da mesma estar presente também em alguns locais mais isolados do Parque da Cascata. A planta tem um aspecto que lembra um tipo de pinheirinho. As partes reprodutoras assexuadas assemelham-se muito aos estróbilos (pinhas) dos pinheiros (como pode ser visto na foto). Da mesma maneira que a samambaia, o licopódio produz um único tipo de esporo (pteridófita isosporada) que germinará dando origem a um gametófito reduzido onde ocorrerá a fecundação, com posterior formação da planta esporófito que se vê nas fotos. Preferem os solos argilosos de encostas. Atenção moças e senhoras: resistam à tentação de levar uma muda para casa. A planta é bonita, mas não tenho notícia de que consiga desenvolver-se em vasos.

Lycopodiella. Planta adulta (esporófito) onde observam-se os estróbilos. Serra de Santa Helena, julho/2006.
6) Pteridófitas: selaginelas - As selaginelas são parentes dos licopódios. No entanto, apresentam reprodução mais complexa pois produzem nos minúsculos estróbilos dois tipos de esporos (pteridófita heterosporada) que dão origem aos gametófitos masculinos e femininos, reduzidíssimos. Ocorrida a fecundação, forma-se o esporófito que cresce e é observável na foto abaixo. As selaginelas apreciam locais de bastante umidade. A da foto (gênero Selaginella) foi encontrada no mesmo local onde foram fotografadas as hepáticas do post anterior, ou seja, no topo da cascata, no famoso córrego escorregadio. Para a alegria das moças e senhoras, algumas selaginelas suportam os vasos, sendo chamadas de samambaias-trepadeiras e erroneamente de musgo-verde ou musgo-azul.  Bom, nome popular é nome popular. Não dá para imaginar um rigor científico. Tais espécies são vendidas nas boas lojas do ramo.

Selaginella. Parque da Cascata, abril/2006.
Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: Infelizmente nunca encontrei no Parque da Cascata ou em outra parte da Serra de Santa Helena as pteridófitas de grupos distantes das filicíneas como as Azolla (minúscula pteridófita aquática flutuante) ou Equisetum (cavalinhas). Suspeito que em locais mais úmidos não seria difícil encontrar cavalinhas. De qualquer maneira, os licopódios e as selaginelas dão uma boa ideia da diversidade desse grupo.

3 comentários:

  1. Isto, Ramon, continue com a serie. Preciosas as fotos.

    Uma curiosidade (de leigo perdido): sempre me intrigou o tipo de vegetaçao - principalmente arvores e arbustos - que se encontra perto de grutas, minas de "britas", etc. Isto e' relativamente comum nas redondezas de S. Lagoas. Tem algo que ver com o Ph e/ou com a composiçao quimica do solo?

    Abraçao,
    Claret

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  2. Perfeitamente, Claret.
    Nossas grutas são de natureza calcária. O calcário eleva o pH do solo, fugindo um pouco da característica do cerrado que é o solo mais ácido. O pH ligeiramente mais elevado favorece a disponibilidade e absorção de diversos sais minerais. Em terrenos mais ácidos, de arenitos ou quartzitos por exemplo, a disponibilidade de nutrientes é menor.
    Também precisamos considerar a posição mais baixa dessas aberturas em relação ao relevo em torno, o que facilita o transporte de nutrientes minerais para lá.
    Abraços!

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