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terça-feira, 27 de outubro de 2015

A lagoa que pega fogo

A Lagoa do Vapabuçu ou Lagoa do Matadouro, umas das sete lagoas que dão o nome oficial de nossa cidade, deixou de ter um espelho d'água constante por volta da década de 1990. Virou lagoa intermitente, com um volume de água importante surgindo no período de chuvas, período aliás que atrai (ou atraia) inúmeras espécies de aves nativas e migratórias.

Lagoa do Vapabuçu - Março de 2011 - Espelho d'água bastante comprometido e presente só no período de chuvas.
Mais recentemente, a Lagoa do Vapabuçu tornou-se palco de um outro tipo de atenção: os incêndios em seu interior (e por interior entenda-se não só superfície, mas no subsolo também). O fenômeno não é exclusividade dessa lagoa. Acontece em várias lagoas que, com o passar do tempo, acumulam muita matéria orgânica em seu fundo. Essa matéria orgânica sofre decomposição e transforma-se num tipo de carvão conhecido como turfa. A turfa é rica em carbono e enquanto se decompõe ainda mais, acaba liberando gases combustíveis como o metano.

Solo escuro e rico em matéria orgânica do leito da Lagoa do Vapabuçu após uma chuva em abril de 2013. O solo é fofo, servindo inclusive de moradia para pequenos animais como se observa acima.
Tudo indica que o fenômeno da combustão dessa turfa ocorre quando, no período de seca, algum fogo se inicia (espontaneamente ou provocado pelo homem) na superfície seca da lagoa. O fogo caminha para o subsolo e incendeia a turfa que fica queimando naquele ambiente pobre em oxigênio como se fosse um grande charuto enterrado no leito da lagoa. Os odores produzidos não são nada agradáveis e também é liberado muito material particulado. Isso afeta os pulmões e os olhos dos moradores e dos passantes.

Pontos de fumaça brotando do solo da Lagoa do Vapabuçu. A foto foi tirada um dia após uma chuva, o que diminuiu muito a quantidade de fumaça produzida. Outubro de 2015.
Andar no local é perigoso, como atestou um assessor de vereador que foi averiguar o fenômeno sem ter o devido conhecimento dos riscos. Acabou afundando-se em um ponto de incêndio subterrâneo (a terra acima fica fofa e frágil) e sofreu queimaduras pois não usava nenhum tipo de equipamento de proteção individual.

Formação do carvão mineral a partir dos restos vegetais tendo como primeiro estágio a turfa.
Resolver o problema é complicado pois tirar a turfa é praticamente impossível. Pode ser que haja uma camada de 3 a 10 metros de material combustível. O melhor é trabalhar para recuperar o nível de água na lagoa. Talvez, com o advento da captação superficial de água do Rio das Velhas, a prefeitura possa destinar um poço artesiano de baixa vazão (entre 10 e 15 metros cúbico por hora) para tentar manter o nível de água, fazendo com isso que a umidade mantenha a turfa inativa. O projeto existe, eu mesmo encaminhei para o prefeito. Infelizmente a crise de recursos que estamos passando em 2015 impediu que as obras começassem naquela lagoa (a ideia era reformar uma lagoa por ano, primeiro foi a Boa Vista e depois a Catarina... a próxima seria a Vapabuçu).

Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 25 de outubro de 2015

Garças e biguás matando as palmeiras da Lagoa Paulino

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade tinha um plano para afastar as garças das árvores à noite no entorno da Lagoa Paulino:

1) Podar algumas árvores onde elas costumeiramente pousam (isso foi feito com sucesso perto do Arthur Bernardes). No caso das palmeiras, reduzir o número de folhas em algumas.
2) Usar canhões de luz para incomodar as aves que insistirem em pousar nas árvores durante a noite.
3) Usar fogos de artifício  de baixa potência para espantar as aves que continuassem no local.
4) Corte das árvores afetadas. (Ops... espero que não aconteça!)

Claro que seria bom também começar a plantar as árvores preferidas das garças e biguás em áreas mais afastadas do centro da cidade... demoram anos para crescer... então seria bom começar ontem.
Contudo, só foi feita a primeira ação (parcialmente) e nunca mais se fez nada. O resultado é o estado lamentável das palmeiras imperiais próximo ao Ricardo Eletro e a sujeira e mau cheiro das calçadas (sem contar o risco de bombardeio!).
Então, vamos retomar o assunto???




Fotos e texto: Ramon Lamar


GABARITO OFICIAL PARA O ENEM 2015

GABARITOS OFICIAIS DO ENEM 2015 NO ENDEREÇO ABAIXO:

http://enem.inep.gov.br/

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

PARABÉNS, PROFESSOR! (de Valdemar Carlos de Deus)

Discurso de Formatura em Homenagem aos Professores
(feito por outro professor... aliás, um fantástico professor.)

Permitam-me um instante de estrelismo.
Hoje, eu quero ser esnobe.

Deixem-me levantar o queixo.
Arquear a sobrancelha.
Lançar, por sobre todos,
um olhar fingidamente perdido,
em busca da linha do horizonte.

E sentir-me superior a tudo
e a todos quantos não puderem ser
vistos, sentidos ou, ao menos,
imaginados no nível dessa linha.

Hoje, eu quero aplaudir-me.
E quero cultivar meu ego.
E apaixonar-me pela minha imagem
refletida no espelho desta festa.

E, só então, poder comprovar
quanto Narciso foi modesto
e medroso em seus sentimentos.

Então, que as luzes, hoje, se voltem para mim!
Que os murmúrios falem sobre mim!
Que os aplausos sejam para mim!

Que o brilho mais forte que não venha de mim
não passe de um pálido reflexo de todas as luzes,
que, hoje, eu quero para mim!

Afinal, eu sou professor!

Eu sei que, às vezes, falam de mim.
E que, às vezes, me acham pedante.
E que, às vezes, não suportam esse ar superior,
que, às vezes, imaginam em mim.

É que não entendem a razão
de eu ser assim.
Mas é fácil explicar:
é tudo porque sou professor.

Mas eu sei que, às vezes, não gostam de mim.
Que me acham orgulhoso. Convencido demais.
E eu sorrio por dentro. E sei que estão certos.

O orgulho mora dentro de mim.
Ele é meu aliado.
Sem ele, não existe vitória.
A não ser por acaso.

E o acaso não é um bom companheiro.
Não é um bom conselheiro.
É o sucesso dos fracos.

Eu quero é o sucesso dos fortes.
Por isso, cultivo o orgulho.
Eu preciso do orgulho.

E eu deixo que o orgulho
me obrigue ao sucesso.
E é com orgulho
que eu chego à vitória.

E, se, ainda assim, não entendem
a razão desse orgulho,
é fácil explicar:
É tudo porque sou professor.

Mas eu sei que, às vezes,
nem olham pra mim.
Ou fingem não ver-me;
ou ter raiva de mim.

Mas isso eu entendo.
E até justifico esse pobre pensar:
é que não aceitam a tranquilidade,
que percebem em mim.

E, se me veem tranquilo,
tão cheio de mim,
sem razão para tanto,
no seu pobre entender,
me acham metido. Estrela demais.

E eu sorrio por dentro. E sei que estão certos.
O orgulho sustenta a tranquilidade
que, de fato, existe em mim.

E, se, ainda assim, alguém não aceitar
ou não pode entender o meu jeito de ser,
é fácil explicar:
é tudo porque eu sou professor.

E ninguém pode dizer-se professor de verdade,
se não puder sê-lo com muito orgulho e muita vaidade.

Ninguém pode dizer-se professor de verdade,
se não sentir o inevitável orgulho pela profissão.

Mas tem de ser aquele orgulho-verdade,
aquele orgulho legítimo,
aquele orgulho do bom,
como sabem, como podem e como devem sentir
os verdadeiros professores.

Ninguém pode dizer-se professor de verdade,
se não puder fazer isso com muita alegria.

Ser professor é buscar a alegria,
motivar a alegria, tornar-se a alegria,
viver a alegria, reviver a alegria.

A alegria do encontro e a do reencontro.
A alegria da descoberta e a da redescoberta.
A alegria da ida e a alegria da volta.
A alegria da compreensão e da ajuda mútua.
A alegria do doar e a do receber.
A alegria do conhecer e a do saber.
A alegria do viver e a do conviver.
A real alegria que se aprende
com essa coisa gostosa,
que é ser professor.

Ninguém pode dizer-se professor de verdade,
se não puder se sentir um amigo de fato.

Ser professor é ansiar pela amizade.
É precisar da amizade.
É fazer da amizade o caminho da vitória.
É saber que, pela amizade,
se vencem os obstáculos, se eliminam os medos,
se renova a esperança, se investe na luta
e se conquistam as vitórias.

A conquista da amizade
tem de ser, certamente,
se não a maior, a mais cobiçada
aspiração de um professor.

Quem não vir, em cada aluno,
um amigo que o ensine a ensinar
e com quem aprenda o significado
da verdadeira amizade
não pode dizer-se professor.

Ser professor é fazer da amizade
o maior de todos os seus projetos,
na difícil arte de ensinar.

Ser professor é, também,
viver a ternura.
Uma ternura diferente.
Uma ternura indizível.
Misto de sensações
que envolvem a gente.

A ternura da busca e do medo de não encontrar.
A ternura da luta e da incerteza da vitória.
A ternura do querer e do receio de não poder.
A ternura do se encontrar,
do conhecer a si mesmo,
do acreditar nas próprias possibilidades.
A ternura da descoberta,
do crescimento,
da realização.
A ternura da alegria de quando se dá conta da própria importância.

Ser professor é viver a alegria
A alegria do sim. Ou até mesmo do não.
A alegria de estar. A alegria de ser. A alegria de ficar.

A alegria de ir, de vir. A alegria de tudo.

Mas a alegria espontânea.
A alegria malandra.
A alegria moleque.
A alegria matreira,
que, sem cerimônia,
se apodera da gente.

Ser professor é, sobretudo, viver a saudade.

Não uma saudade qualquer.
Não a saudade efêmera,
a saudade covarde,
capaz de fugir,
ao menor sinal
da mais insignificante ameaça.

Ser professor é viver
a saudade-coragem,
a saudade-ousadia,
a saudade-confiança,
que não pede licença,
porque conhece sua força e seus direitos.

A saudade que, mesmo sabendo
que terá de lutar para preservar seu lugar,
aposta em sua força, disposta a enfrentar,
combater e vencer qualquer outra
que ameace tomar-lhe a hegemonia
diante de outros sentimentos.

Ser professor não é apenas exercer um cargo.
Ser professor não é apenas ostentar um título.
Ser professor não é apenas buscar uma profissão.

Ser professor é adotar um estilo de vida.
É prestar uma homenagem viva e constante à coragem, à ousadia, à esperança.

E quem tiver medo de tanta emoção
ou nelas não crer
busque caminhos diferentes,
de sentimentos omissos

Ser professor exige coragem.
Ser professor exige crença.
Ser professor exige fé.

Ser professor é vencer seus próprios limites.
É fazer deles não uma linha de chegada, mas um ponto de partida.

Ninguém pode, timidamente,
sentindo-se fraco,
aventurar-se pelos caminhos do magistério,
sem avaliar, com clareza, essa sua aventura.
Sem ter consciência da grandeza do encargo.

A quem o fizer estará reservado o fracasso.

Sigam sua luta, colegas.

E sejam felizes!


[Excerto de  um discurso proferido por Valdemar Carlos de Deus - mestre em Língua Portuguesa pela PUCMG - em 1996 na solenidade de formatura do extinto Curso de Letras do Unifemm.]

Belíssima homenagem a todos os professores!

domingo, 11 de outubro de 2015

Sete Lagoas pode iniciar brevemente a construção de sua ETE

(Informações do site www.setelagoas.com.br)

A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) deve se iniciar ainda neste mês. Este foi o tema tratado na última quarta-feira (7 de outubro de 2015) pelo prefeito Marcio Reinaldo e o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Marcos Joaquim Matoso, com o Secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Sávio Souza Cruz, na Cidade Administrativa.
Com parecer técnico favorável, a licença será concedida, informou Sávio. A expectativa é que até o final deste mês a licença seja liberada e a obra iniciada. Com a ETE a cidade terá 100% do seu esgoto tratado, devolvendo à bacia do Rio das Velhas, água que pode ser utilizada por milhares de pessoas que dependem do rio e seus afluentes. A ETE Matadouro será construída na comunidade de Areias, após o Bairro Tamanduá.
O objetivo é atender uma população de 227 mil habitantes, com essa obra. Em 2033 abrangerá uma população estimada de 298 mil habitantes em Lagoas. O sistema de tratamento será constituído de tratamento preliminar, reatores UASB, filtros biológicos, decantadores e desidratação de lodo. 
O recurso utilizado refere-se a ordem de R$ 70 milhões, via Ministério das Cidades (PAC Saneamento Básico), para a construção da Estação. Os recursos foram assegurados pelo prefeito Marcio Reinaldo, sem custos para o município. A empresa já foi licitada e, o início imediato das obras, aguarda a Licença de Instalação.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Água (?) em Marte no estado líquido.

A NASA estabeleceu mesmo um novo modo de agir, nada científico. Marca datas para a apresentação de resultados de trabalhos criando um certo sensacionalismo que não pode existir na ciência (clique AQUI para outro exemplo). Assim se deu na última segunda-feira. Uma coletiva de imprensa para anunciar o encontro de "córregos intermitentes" de solução salina hiperconcentrada em alguns pontos de Marte, durante o verão marciano, traduzido como "MARTE TEM ÁGUA LÍQUIDA".

Sonda Mars Reconnaissance Orbiter, responsável pela captura das imagens que permitiram a análise espectral e descoberta dos "rios de salmoura" em Marte.
Pelo que entendi, os veios começam a jorrar quando a temperatura sobe para -23 graus Celsius. O soluto preponderante nessa solução seria o perclorato de magnésio. Fiz uns cálculos com base nesses dados e conclui que tal solução salina está longe de ser uma simples salmoura. A concentração de perclorato de magnésio seria próxima de 1000 gramas do sal dissolvidos em um litro de água. Os dados são compatíveis com soluções saturadas do tal soluto, mas essa concentração é muito alta. Clorato de magnésio e perclorato de sódio parecem estar presentes também.

Imagem divulgada pela Nasa onde é possível ver as listras estreitas e escuras, onde os cientistas acreditam que os córregos de salmoura fluem durante o verão marciano.
A DL50 (dose necessária para matar 50% dos indivíduos em um ensaio) do perclorato de magnésio para camundongos é de 75 miligramas por animal (1.500 mg / kg). Isso só já é um indicativo que não é o melhor ambiente para se encontrar vida. Realmente, sempre nos preocupamos com a questão da água líquida como um bom indicador para a vida, mas numa concentração tão grande, considerando osmose e outros fatores, acho complicado ficar muito exultante no sentido de que tal descoberta seja um indicativo da presença de vida no local.
No entanto, cloratos e percloratos podem ser úteis se um dia precisarmos de fazer algum tipo de explosivo ou componente para propulsão de foguetes em Marte.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

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Nosso amigo Nuno Cunha relata uma grande importância da descoberta no sentido da exploração do planeta Marte. Realmente, a presença de água (seja como for) no planeta tem uma importância muito grande para possíveis missões tripuladas ao planeta vermelho. Levar água até lá é complicado, mas é bem possível purificar essa água para nossa utilização.