A enquete sobre o tema do teleférico já se encerrou faz um bom tempo (15 de agosto): 113 votantes e um placar de 90 contra e 23 a favor do teleférico. Como já foi dito por alguns que a prefeitura faz pesquisa em "redes sociais", talvez fosse bom levar essa pesquisa em consideração.
"Sonhar não custa nada", dirão alguns. Mas será que é hora de sonhar com uma obra que sem sombra de dúvidas iria consumir muitos milhões de reais? Vejamos um exemplo para comparação: o UNIFEMM planeja captar 5 milhões de reais para a reforma do Auditório Dr. Marcelo Viana (espero que o nome do auditório não seja trocado). De quanto poderia ser o gasto para erguer essa megaestrutura de teleférico do pé da Serra de Santa Helena até o seu topo? E a manutenção do funcionamento? A prefeitura vive chorando falta de dinheiro. As necessárias obras de recuperação da Lagoa da Boa Vista estão sendo cantadas desde março e nada foi feito. A desculpa? Falta de grana. Várias empresas de porte se instalaram em Sete Lagoas, mas cadê a grana? Estamos na VEJA (de novo!) e cadê a grana? As chuvas estão chegando e os buracos começam a aparecer pelas ruas, e cadê a grana?
Penso que antes de pensarmos em novos cartões postais precisamos recuperar aqueles que já existem. Recuperar a Lagoa da Chácara, uma das sete que dão nome à cidade, nem pensar, né?
E ali, na Serra de Santa Helena, a questão assume várias outras dimensões. Não seria mais produtivo investir pesado no sistema de prevenção e combate aos incêndios criminosos? Afinal de contas não vai ficar nada bonito um incêndio como o do último Dia dos Pais bem embaixo do teleférico proposto. Não seria mais simples e produtivo resolver de forma eficiente e econômica a questão dos parapentes, que já viraram atração turística apesar de decolarem e pousarem em meio ao poeirão? Existem questões jurídicas no caso dos parapentes? Pois muitas outras existem em relação a obras na frente da Serra, com sua fachada e patrimônio histórico protegidos por lei.
Trajeto aproximado pretendido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo para o teleférico da Serra de Santa Helena. |
Se a questão é o "quero porque quero", melhor escolher outro ponto de subida do teleférico. Aproveitar o tal terreno da CEMIG e chegar em frente ao cruzeiro é de longe a pior opção, só está sendo pensada porque o terreno é da CEMIG e o governador é do mesmo partido do prefeito (até quando?). Além de comprometer o conjunto histórico, tal trajeto ainda passa pela área mais degradada e de difícil recuperação da serra. Muitos anos serão necessários com investimento maciço em recuperação de encostas para que ali deixe de ser um ponto de erosão e torne-se atrativo ao turista. Não é só plantar mudinhas de florzinhas, é consolidar toda uma área. Perguntem à ADESA e saberão como a coisa é complicada.
"Ah", dirão outros, "mas é projeto para daqui há 20 anos." Tudo bem, então, comecemos o mais urgentemente possível a recuperação da frente da Serra de Santa Helena e a estudar um melhor local para a tal obra. Aliás, sem ações concretas e consistentes a favor do meio ambiente e do turismo (e não estou me referindo a concreto no sentido de cimento) a atual administração municipal não terá como permanecer no poder por 20 anos para fazer essa obra lá na frente.
Essa semana cheguei a ler em jornal online da cidade que a prefeitura
estava investindo na limpeza da Lagoa Paulino e a foto mostrava a dupla
do barquinho que diariamente recolhe o lixo que flutua na lagoa (cliquem
AQUI) como se fosse uma nova e definitiva ação de limpeza da Lagoa Paulino (todo dia eles estão lá!).
A Lagoa da Catarina recebeu um mutirão de limpeza e recuperação, mas
nada de novo e nada que não podia ter sido feito com frequência nos
últimos anos. Tá bom, valeu, melhor do que nada. Aliás, acho que não precisamos de nada mirabolante. A conservação efetiva dos espaços públicos é fundamental, dever de casa que precisa ser feito antes de qualquer utopia.
"Esse Ramon é xiita, ecochato, do contra, radical... e não concorda com nada que a prefeitura faça", dirão as fontes oficiais. Em resposta, digo que já cansei de oferecer sugestões à prefeitura. Ao Nadab, ao Márcio Vicente e ao Celsinho, já enviei várias. Estive sempre à disposição dos ex-secretários de meio ambiente da atual administração e estou à disposição do atual para tratar de opiniões e sugestões em relação às ações da pasta. Não estou procurando cargo público e nem disputar eleição pra nada. Acho que ali não é a minha praia. Participei da elaboração de projeto de recuperação da Av. Mal. Castelo Branco que foi DOADO para a prefeitura. Estive presente em reunião com quatro secretários de governo (em junho, na SEMMA) onde alertei - mostrando imagens - para a questão da Lagoa da Boa Vista e da urgência de contenção dos seus taludes.
Há questões complicadas em relação ao teleférico na forma proposta. A coisa não é simplesmente uma questão de vontade, sonho ou verba. A gente estuda e tem um diploma não é por vontade ou sonho (ou verba!), é fruto de muita "ralação". O mínimo, que todos nós queremos, é que haja um respeito à parte técnica que o diploma na parede representa.
Sinto muito, mas não consigo ouvir calado quando certas colocações são postas de maneira precipitada. Não sei se é falha do meu entendimento ou se é falha resultante da explanação vaga sobre o assunto. Só sei que fico preocupado e acho melhor não guardar essas dúvidas para questionar depois do "leite derramado". Conversando, a gente se entende.
E então, vamos ao debate?
Ramon Lamar de Oliveira Junior
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