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domingo, 3 de abril de 2011

Capivaras e febre maculosa

A brincadeira de primeiro de abril (Capivara enfurecida ataca caminhantes, clique aqui para ler) veio em boa hora trazer um tema sério para a bancada de discussões aqui do blog.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais confirmou, na última quinta-feira, a segunda morte por febre maculola no nosso estado. A vítima, de 21 anos, morava em Araxá e estava internada em Uberaba. Uma morte já havia sido registrada na cidade de Contagem. Em Ipatinga, também foi registrado um caso, que felizmente não provocou a morte do paciente. Em 2010 foram 11 casos em Minas Gerais com cinco mortes (uma em Catuji, três em Diamantina e uma em Pedro Leopoldo).
A doença é transmitida por carrapatos ou suas larvas e é causada por bactérias. A pessoa doente pode apresentar febre alta, dor de cabeça, dor muscular, náuseas, vômitos, dor de garganta, dor abdominal e mal-estar e manchas avermelhadas (máculas) pelo corpo. Na fase mais avançada da doença, pode apresentar também confusão mental, alterações psicomotoras, icterícia, convulsões, coma, necrose em extremidades e óbito. Como o diagnóstico é difícil, a doença pode evoluir rapidamente e o óbito pode ocorrer em duas semanas. O diagnóstico, tendo ocorrido precocemente, permite o tratamento com antibióticos com bastante êxito, no entanto, após o aparecimento das máculas (terceiro ou quarto dia) o tratamento torna-se mais difícil. Pessoas picadas por carrapatos e que apresentam febre persistente nos dias seguintes devem procurar atendimento médico e relatar detalhadamente a ocorrência.
Para evitar a contaminação, recomenda-se o uso de roupas claras e de mangas compridas em áreas com mato e presença de animais. A boa observação do corpo após ter estado em locais com risco de picadas por carrapatos é muito importante, já que a contaminação costuma ocorrer quando o carrapato permanece por algumas horas sugando o sangue da pessoa. Cuidados adicionais são importantes em ambientes como hotéis-fazenda, onde muitas pessoas (em geral crianças e jovens) fazem cavalgadas sem se preocupar em examinar o animal em relação à infestação de carrapatos.
A febre maculosa (febre das Montanhas Rochosas, febre do carrapato, febre negra ou doença azul) é causada pela bactéria Rickettisa rickettsii, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela ou carrapato-de-cavalo (Amblyomma cajennense) infectado. Tal carrapato não é exclusivo de cavalos, sendo também encontrado em capivaras, gambás, coelhos, bovinos e cachorros. As capivaras têm sido apontadas como reservatórios naturais da riquétsia causadora da doença, quando confinadas podem sofrer infestações maciças de carrapatos da espécie transmissora. É bom lembrar que as capivaras não desenvolvem a doença, ou seja, a simples observação de capivaras saudáveis não é indicativo que elas não estejam infestadas por carrapatos contaminados.
Em vista da presença das capivaras no entorno da Lagoa da Boa Vista, é importante que a Vigilância Epidemiológica apresente os dados sobre esses animais, em especial se os mesmos encontram-se infestados por carrapatos. Convém lembrar que muitas pessoas levam seus cães para caminhadas no local, podendo expandir um foco que porventura esteja restrito. O hábito de deitar ou brincar nos gramados da região também pode colaborar para a infecção, como sabiamente alertou o Chicão no tópico da brincadeira de primeiro de abril.
Para mais informações sobre a febre maculosa, sugiro o link www.clubedesaopaulooffroad.com.br/aviso/maculosa.htm. Desse link extraí o texto abaixo que indica o quê se pode fazer em caso de capivaras contaminadas, já que são animais protegidos por lei:
Controlar as capivaras é difícil. Ela é um animal silvestre, protegido por lei. Mas a bióloga e analista ambiental do Ibama São Paulo, Rossana Borioni, explica que há exceções: “Essa lei dá abertura pra que possa ser realizado o manejo desses animais, que significa a captura e eventualmente o abate desses animais, quando há uma comprovação de dano. Então, a lei abre essa possibilidade para dano agrícola e para quando o animal representa um risco para a saúde humana. Essa comprovação é feita através de pareceres de instituições de pesquisa."
Texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

3 comentários:

  1. Ramon, importante o recado. Melhor prevenir, porque o risco é real. As zonas rurais da cidade tb devem estar atentas. Li no texto que além das capivaras, os cavalos são os hospedeiros principais. O tal do carrapato estrela é uma praga!

    abraços

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  2. Há algum tempo atrás, com o titulo "Carrapatos, Capivaras e a Febre Maculosa" eu enfoquei esse tema no Orkut, quase ninguém ligou, agora Graças a Deus o Ramon o está enfocando. Ele com todo a sua didática, está mais apto a fazê-lo e cobrar da autoridades.

    Vejam no Orkut:

    http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=4041253&tid=5552387730044180145

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  3. Chicão,
    encaminhei a questão das Capivaras e Febre Maculosa para o Secretário do Meio Ambiente em reunião hoje pela manhã, ok?

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