O pequizeiro (Caryocar brasiliense) é uma planta quiropterófila, ou seja, é polinizada por quirópteros. Tá bom, quirópteros são os morcegos. Pronto!
As plantas possuem adaptações para facilitar a polinização. Cada caso é um caso. Nessas flores, não adianta ter cor forte e berrante pois os morcegos são praticamente cegos. Flores pequenas também não teriam vez, pois os morcegos se orientam por ecolocalização (eco produzido pelos sons que eles emitem). Algumas flores pequenas são polinizadas por morcegos (caso do abacate) porque ocorrem em cachos.
As flores do pequizeiro possuem muitos estames (essas varetinhas finas e brancas com uma bolinha na ponta) onde são produzidos os grãos de pólen. Tanto pólen é necessário para garantir que o mesmo seja efetivamente transportado de uma flor para outra, possibilitando a reprodução.
Muitas vezes as pessoas não compreendem porque uma espécie, como o pequizeiro, é protegida. Na verdade, penso que todas deviam ter algum grau de proteção. Afinal há uma teia ligando todas as espécies de seres vivos, uma teia de relações de interdependência. Mas proteção exige bom senso e, verdadeiramente, esse é um artigo escasso.
Pequizeiros são protegidos (imunes de corte) em Minas Gerais. Contudo foi sancionada e publicada em 26/07/2008 a modificação da Lei 10.883, de 1992, que lhes dava esse status. A mudança admite o abate do pequizeiro apenas quando necessário à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou de relevante interesse social, mediante prévia autorização do poder público. O empreendedor deverá plantar um número bem superior de pequizeiros- 25 vezes o número de árvores suprimidas - e acompanhá-los por cinco anos, garantindo a eficiência da medida e o acesso da população aos frutos do pequizeiro. A maior motivação para essa alteração, em caráter imediatista, foi a questão dos 400 pequizeiros que se encontravam no terreno da AMBEV, aqui em Sete Lagoas. Resta saber até onde irá a autorização do poder público no futuro.
A ética ambiental, como toda forma de ética, sofre mudanças no tempo e no espaço. Espero que, no futuro, ainda sejamos éticos o suficiente para entender quais áreas já estão ambientalmente degradadas, preferencialmente podendo receber indústrias e quais ainda se mantêm com pouco impacto ambiental, merecendo a preservação. Espero também que áreas não venham a ser degradadas propositadamente hoje para servirem a objetivos escusos amanhã.
Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior
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