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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Sete Lagoas: O Balneário Industrial (segundo a Veja).

Para quem não teve o "prazer" de ler a matéria da última Veja.



Em seguida, 11 trechos comentados:

(1) cenário bucólico: retrata as belezas da vida do campo, o dia a dia dos pastores e ovelhinhas, os costumes ingênuos, a tranquilidade do contato com a natureza, o rio de esgoto que passa em frente ao meu prédio, as nuvens de pó de carvão, o som bovinomotivo nas madrugadas...
(2) casas de veraneio dos ricos de Belo Horizonte: Sete Lagoas só tem pobres. As fazendas ou haciendas em torno dos nossos lagos são propriedades dos ricaços de Belo Horizonte, que, inclusive, voam para cá de helicóptero (já que a roça não tem sequer um campo de pouso).
(3) às margens dos seus lagos: lagos são resultantes da transformação em grande escala da superfície terrestre, ou seja, são muito maiores do que as lagoas. Exatamente o que temos aqui. O que está errado então é o nome da cidade, precisamos mudar para Sete Lagos, é mais grandioso e os ricaços vão se sentir mais valorizados!
(4) região balneária: região onde podemos realizar banhos. Aliás, a natação em nossas lagoas (ou lagos) é altamente recomendável e o sol em nossas praias é o melhor do país.
(5) frenesi do anel industrial: é grande a movimentação de veículos, principalmente grandes caminhões, carretas e bitrens ao redor de nossas siderúrgicas, da IVECO e da AMBEV. Tão grande que já se pensa em aumentar de 6 para 12 pistas de alta velocidade.
(6) Durante a última crise financeira internacional, essas empresas não só mantiveram viva a economia de Sete Lagoas como também ajudaram a absorver os 4000 desempregados da siderurgia: A última crise deve ser aquela dos Estados Unidos, né? Depois já teve a da Grécia e também dos tachos de cobre e alambiques. Na tal crise americana, a IVECO e suas associadas cortaram turnos de serviço, deixaram muita gente na mão-de-calango, deram férias coletivas, demitiram os mais novos de casa sumariamente. Foi um Deus-nos-acuda! Agora retomaram os turnos de trabalho e estão em pleno vapor. Não acredito que tenham empregado nem 100 dos alegados 4000 defenestrados da siderurgia. E se as siderurgias estão demitindo, não é por causa de crise nova. Isso é história antiga (sem minério, sem carvão e dolar em queda, o quê as siderúrgicas vão fazer aqui?).
(7) uma série de fornecedores que se instalaram nas imediações de suas plantas: bom, existem séries pequenas, né? E que plantas seriam essas? Coitados dos pequizeiros, cagaiteiras, paus-santos, paus-terras e paus-terrinhas!!!
(8) classe média com novas necessidades - e disposta a gastar com prazeres mais refinados: prazeres são necessidades? Até certo ponto eu diria que sim, mas alguns são apenas supérfluos e necessidade de autoafirmação. A maioria desses prazeres refinados resume-se à luta para comprar um carro em 72 vezes, regozijando-se em mostrá-lo em volta do Lago Paulino. É o glamour do carro, já identificado na década de 80 por um amigo nosso, infelizmente já falecido. O prazer de uma boa leitura, por exemplo, é coisa que poucos conhecem. Só temos duas livrarias para 220.000 habitantes. Em breve teremos uma no Shopping (vem aí o glamour do Shopping!), onde poderemos comprar livros de autoajuda e guias turísticos de New York e Paris.
(9) agência de babás que atende uma clientela de mães com agenda lotada de dia e ávida por desfrutar a noite: ficar com os filhos, curti-los, vê-los crescer... isso é uma parte fundamental do desfrutar a vida. Esse prazer não volta. Lamentável essa parte da matéria. Até entendo que babás são necessárias, mas não apenas para motivos fúteis. E se as mães setelagoanas estão com essas ideias, temo mais ainda pela ideia dos pais. É a igualdade de direitos, né? "Se ele pode ir pro boteco e exibir carro, eu também posso... cadê a babá que não chega?"
(10) uma enoteca: sem comentários, aliás, apenas um. O negócio agora é saber saborear um vinho mesmo que detestável. Vinho bom é aquele que cada um gosta. Eu gosto de vinho tinto suave (doce mesmo). Se não tiver, prefiro um refrigerante.
(11) elite nascente é ávida, naturalmente, por condomínios luxuosos. Construídos por empresários locais, eles exibem a riqueza de seus compradores e ajudam a aquecer a economia de Sete Lagoas: ué, os ricaços não eram os belorizontinos? Está aí aberta a possibilidade de transformar a Lagoa da Chácara em um megapluscondominioluxuoso. Dane-se o resto. O negócio é se exibir. (O Ministério da Saúde adverte: Esse trecho está com forte cheiro de matéria paga.) No fim das contas, estamos procurando é apenas isso? Ter e mostrar que tem? Não seria melhor Ser, apenas?

Ah, e tem o título da figura que ilustra a linha de produção da AMBEV: DINHEIRO ATÉ A TAMPA. Socorro, reforcem a polícia setelagoana!!!


Texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

8 comentários:

  1. Puxa Ramon, parece até que adivinhei,também já meti a ripa em quem escreveu essas besteiras, veja:

    Agora a apelação está ficando feia, até na Veja!
    Por favor, se ainda não conseguiram ler a reportagem da Veja sobre Sete Lagoas, então não percam. Ela deixar Star Track, Guerra na Estrelas, Balde Runner e Avatar no chinelo, como filmes de ficção. Quem fez a reportagem deve ter se confundido com alguma cidade da Suiça ou vários balneários Europeus. É um grandessíssimo "F...D...P..." que vai atrair ladrões e golpistas de tudo quanto é lado da país, para cá. Ele ou ela, não deve por certo morar aqui e assitiu a refilmagem do filme o "Bem Amado", onde a megalomania do prefeito Odorico Paraguaçu era a tônica das políticas e trapaças.

    Olhem algumas frases:

    "Fincada em um cenário bucólico ela abriga casas de veraneios do ricos de Belo Horizonte"

    "A tranquilidade da região balneária (sic) constrasta com o frenesi do anel (deve ser poluidor) industrial que a circunda"

    "3,9 bilhões de reais de produto interno bruto"

    "18 000 reais de renda per capita anual"

    "as mães têm de arrumar babas, para desfrutar da noite e prazeres mais refinados (deve ser açúcar) de Sete Lagoas"

    Quando conseguir a materia na íntegra eu coloco aqui para vcs. rirem das viagens na maioneses, ou chorarem tá?

    Vamos trocar chumbo? Só que o chumbo daqui a esta hora já se transfomou em ouro, tamanha a riquesa que existe nestes "verdes vales" né?
    Coloque seu post na comunidade do Orkut tá, adorei...

    E vamos fazer um concurso para advinhar quem contratou essa materia. É uma pessoa adorável...

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  2. Talvez o mais interessante de sua boa análise, Ramon, é quando se refere aos meios culturais disponíveis (livrarias). Uma pena.
    Mais de 220.000 habitantes tem à sua disposição: duas livrarias, um pequena sala de cinema, raros espetáculos teatrais e musicais de qualidade.

    O melhor mesmo é ser, professor. A nossa longa existência nos mostra clara e afetuosamente.

    Grande abraço.

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  3. Professor

    Você não comentou nada sobre a renda citada na revista, R$18 000,00 por setelagoano. Tamo rico! Obaaaa!

    Eu pensei que eu era irônico mas, depois que li...kkk

    O que será que se pretende com uma matéria dessas? Não entendi o sentido. Um jornalismo fraco e se for matéria paga, acaba depondo contra a assessoria de imprensa de quem pagou...

    Um abraço
    Parabéns pelo post.
    Paulinho do Boi

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  4. Olá Ramon! Você falou tudo, falou bem, com a ironia precisa, com os pingos nos is...
    Algum desafeto de Sete lagoas deve ter pago esta matéria! rsrsrsrrs
    Um Belo Comentário!
    celle
    Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs.

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  5. Comentário do Prefeito Maroca no Jornal Sete Dias:

    "Para o prefeito Mário Márcio Maroca (PSDB), Sete Lagoas é “até muito mais” do que foi mostrado na publicação. No entanto, ele se diz atento para a possibilidade de a publicação gerar uma contingência de pessoas vindo para Sete Lagoas em busca de um lugar ao sol. “Devemos evitar o inchaço de Sete Lagoas. É preciso cuidar do que já existe e organizar esse crescimento pulsante”, afirma. O prefeito Maroca também discorda da renda per capita divulgada na revista. “Aquela renda mostra a injustiça social existente no município. Precisamos trabalhar mais para que a maior parte da classe trabalhadora chegue a este número”, completa o prefeito."

    Maroca está delirando, só pode. Ele próprio, que deveria entender bem do assunto em pauta, não percebeu que a revista não sabe o que é "renda per capita". A revista calculou o PIB per capita (ô falta de experiência dessa "equipe"). Aí vem o Maroca falar em injustiça social e classe trabalhadora, num típico discurso eleitoral.
    Lamentável ainda o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Eder Bolson, afirmar que a matéria "condiz com a verdade".
    Posições desse tipo condizem com o conceito de "auto-melhoria", ou seja, "nós somos o máximo". Difícil querer que um prefeito e um secretário tenham os pés no chão e reconheçam que ainda há muito o que se fazer.
    PS.: Sorte a matéria ser pequena, imagine só se caminha para outros assuntos (trânsito, hospitais e dengue, por exemplo)?

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  6. O pior de tudo é que, numa cidade maravilhosa como sete lagoas, com seus habitantes "ricos", um shopping quase em funcionamento, um estadio de futebol legalzim, uma casa de cultura que nunca foi "show", um anfiteatro que parece do periodo romano, solto ao descaso e ao tempo. E pra melhorar, a maioria dos bares nao podem ter musica ao vivo, nem baixinho... pode acordar o secretario do meio ambiente....

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  7. Prezado anônimo,
    não entendi essa crítica sobre "a maioria dos bares não poder ter música ao vivo, nem baixinho... pode acordar o secretário do meio ambiente..."
    Que eu saiba, recentemente, o CODEMA (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente, órgão colegiado onde se reúnem 25 representantes de diversos setores de Sete Lagoas, que já fiz parte por 3 gestões) solicitou a interdição de uma casa de shows cujo som estava longe de estar baixinho. O secretário, que por diversas vezes já intercedeu a favor do tal empreendimento no centro e na 040, apenas cumpriu a solicitação do CODEMA.
    Sugiro consultar um otorrino para verificar se você se encontra com perda auditiva.
    Agora, o pior de tudo mesmo, é que algumas pessoas usam do anonimato para reclamar de coisas sem o menor cabimento. Da próxima, identifique-se, por favor.

    Em tempo, o secretário que mora vizinho à tal casa de show, que reclamou publicamente por ele e a rua toda não estarem conseguindo dormir, não é o de meio ambiente. Informe-se melhor. Vá ao otorrino.

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  8. Ahuhauhau.....
    Adorei o uso da irônia....
    boa base para um perfeito trabalho na escola...
    o que ñ irá mostrar nada além da nossa realidade!!!

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