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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lagoa da Chácara: por que preservar?

Três razões técnicas, sem levar em consideração os aspectos paisagísticos, culturais, de lazer e de turismo que a região pode alavancar.


Passeata pela criação do Parque Natural Lagoa da Chácara
passando em frente à
Câmara Municipal.

1) Para preservar a umidade do ar.


A área que se intenta transformar em "Parque Natural da Lagoa da Chácara" tem em torno de 800.000 metros quadrados. Essa área, completamente arborizada, produz por metro quadrado de 1 a 3 litros de vapor d'água por dia por evapotranspiração a partir da cobertura vegetal (dependendo do porte e das espécies vegetais). Fazendo o cálculo por baixo, são 800.000 litros de água por dia que são lançados na atmosfera na forma de vapor, colaborando e muito, para a umidade do ar. A área é superior a do espelho d'água formado pelas lagoas urbanas da cidade. Só a Lagoa Grande teria condições de rivalizar, em área, com a área pretendida pelo parque, mas não gera a mesma umidade pois é local apenas de evaporação.
Um aparelho climatizador portátil (do tipo usado em residências como opção de resfriamento ao ar condicionado) produz, se ligado ininterruptamente, 70 litros de vapor d'água por dia. Ou seja, na comparação a área equivale a quase 12.000 desses aparelhos funcionando sem gastar 1 quilowatt de energia elétrica, aumentando a umidade do ar e tornando o clima mais ameno.

2) Para manter os lençóis freáticos e controlar a vazão do córrego do Diogo.

É de concordância geral que a área da Lagoa da Chácara é uma das principais áreas da cidade em termos de recarga de lençóis, senão os artesianos, ao menos os freáticos. Numa única chuva de 10 mm (1 cm), que pode despencar sobre a região no espaço de uma hora, são 8.000 metros cúbicos de água recebidas no local (8.000.000 de litros). Se assumirmos que 1/3 dessa água é absorvida pelo solo, 1/3 evapora e 1/3 escorre pela superfície (indo alimentar o córrego do Diogo), percebe-se que a impermeabilização lançaria no córrego cerca de 1.000.000 de litros de água a mais durante uma chuva desse porte. E mantendo-se a taxa de impermeabilização do solo da cidade as consequências de uma simples chuva dessas seriam desastrosas para tudo que se encontra às margens do córrego, incluindo aí o ridículo Boulevard. Uma chuva de 30 mm, então, seria o caos.

3) Para preservar a fauna que transita pela região em um corredor de continuidade com o Parque da Cascata.

Atropelamento de animais silvestres já aconteceram no trecho da Perimetral que corta a área da Lagoa da Chácara, dentre estes uma jaguatirica. Esses animais obviamente não entendem que não podem atravessar a perimetral sem o risco de morte. Por um lado temos um "minizoológico para preservação" (puxa, o minizoológico é um tema bastante espinhoso) e do outro, um matadouro de animais silvestres. Não pode continuar assim.

Texto e foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

2 comentários:

  1. É Ramon, o problema é convencer o poder público local a empreender esforços para Preservar aquela área. Trata-se de uma área particular, porém de interesse de toda a cidade.

    A simples explicação que não há dinheiro para desapropriação, leva a letargia do Poder Público Municipal, que defende na realidade os interesses privados.

    Com esforço e vontade política, há como se empreender esforços junto ao Governo do Estado, Governo Federal e diversas outras fontes de financiamento de projetos ambientais.

    Eu particularmente, defendo que todo o contexto da Serra de Santa Helena deve ser considerado para fins de Preservação Ambiental. Quem sabe, este seja o início de um processo de sensibilização da sociedade para exigir que a Serra e sua área de influência seja finalmente preservada.

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  2. Sim, Ênio.
    Esse blog, o IMMAC, a passeata de hoje, a cobertura da imprensa, a sua participação e tudo o mais fazem parte desse esforço necessário para o convencimento do poder público local.
    Quanto ao dinheiro, ele existe, mas sem projetos, sem empenho, não faremos nada.
    Abração!

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