Na tarde de ontem, reuni-me com o representante da EPO-Engenharia, engenheiro Dr. Guilherme Rios. Finalmente recebi a relação dos "doutores da UFMG", propalados na reunião de Audiência Pública na Câmara dos Vereadores em 17 de novembro de 2011, indicados pelo Ministério Público para realizar estudos para subsidiar a decisão do SUPRAM em relação ao projeto do condomínio apresentado. Também conversamos a respeito de alguns estudos já concluídos, mas que ainda não nos foram encaminhados.
Cumpre salientar que, para mim, não faz a menor diferença se o profissional é graduado, especialista, mestre ou doutor na área. O importante é que ele faça um trabalho sério, competente e comprometido. Tal trabalho, analisado por pares, é que sustenta a eficiência da prática científica em qualquer grau ou escala de comparação. Sendo assim, quando se afirma por diversas vezes que "são doutores da UFMG" que estão realizando os estudos, tal não deixa de ser uma forma de menosprezar a gigantesca parcela da população que não possui tal título - mas que também pode ser igualmente competente, parceira e legitimada pelos seus conhecimentos - enquanto ao mesmo tempo procura-se dar uma certa "chancela oficial e acadêmica" ao que se fala.
Verifica-se da lista recebida de nove profissionais (e não dez como divulgado), que apenas 2 deles são realmente doutores (conforme dados de suas referências no CNPq). A lista também inclui doutorandos, mestres e graduados. Tive o trabalho de fazer uma primeira verificação nos Currículos Lattes de todos eles e, pelos trabalhos listados, percebo que a maioria encontra-se em ótimas condições para realizar os estudos propostos. Digo a maioria porque para alguns não consegui localizar os currículos na plataforma do CNPq. Parto agora para tentar o contato direto ou indireto com os mesmos para solicitar mais informações sobre o andamento dos trabalhos.
A conversa transcorreu em ótimo nível, com diversas explicações pertinentes do Dr. Guilherme Rios. Realmente, um ótimo interlocutor escolhido pela EPO e pelos proprietários da área. Conversamos genericamente sobre diversas questões e sobre a necessidade de adaptações do anteprojeto original em função das características que, pouco a pouco, se observam na área - resultado também dos estudos complementares a cargo da EPO.
Grande parte da conversa se deu em relação às questões hídricas, mas a desconsideração nos cálculos apresentados sobre a parcela de água que sofre evaporação após as precipitações ainda deixou-me com a "pulga atrás da orelha" no que diz respeito à capacidade de manutenção dos lençóis locais para sua exploração. Inclusive, os cálculos apresentados, contradizem a suspeita do EIA/RIMA sobre as causas do secamento da Lagoa da Chácara estarem relacionados com a explotação das águas pelo SAAE.
Uma ponta de tristeza, durante a discussão dos assuntos, se deu em relação à aventada impossibilidade de recuperar a Lagoa da Chácara como espelho d'água. Acredito que todos os esforços devem ser feitos em relação à essa recuperação em qualquer forma que seja destinado o futuro da área.
Também comentamos sobre possíveis imperativos que impediriam qualquer forma de uso do terreno para os fins propostos de urbanização, muito dependentes ainda dos estudos de geotecnia.
Segue-se a lista dos profissionais da UFMG e outras instituições, recomendados pelo Ministério Público. Caso os profissionais referidos tenham acesso a esse post e puderem colaborar com alguma informação aqui mesmo, pelos comentários, será motivo de grande alegria. Caso algum dos seguidores do blog conheça algum dos profissionais e possa entrevistá-lo sobre mais detalhes, também seria muito proveitoso.
Flávio Fonseca do Carmo - ICB/UFMGMestre em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida SilvestreFelipe Fonseca do Carmo - ICB/UFMGBioespeleólogoLuciana Hiromi Yoshino Kamino - ICB/UFMGDoutora em Biologia VegetalPedro Lage VianaDoutor em Biologia Vegetal (UFMG)Augusto Cezar Francisco AlvesBiólogo-Ornitólogo (UFMG)Paulo Durães P. Pinheiro (ICB/UFMG)Biólogo-HerpetólogoGuilherme Leandro Castro CorrêaBiólogo-Mastozoólogo (PUC-Minas)Camila Tavares Gradim (IGC/UFMG)GeólogaJuliana MorisArquiteta
Em seguida a lista dos estudos complementares realizados a cargo da EPO-Engenharia:
Arqueologia e Espeleologia: Arqueólogo Márcio Walter de Moura CastroEletroresistividade: Antônio Cláudio FoscoloGeotecnia: Prof. Edézio TeixeiraHidrogeologia: Daniel Bertachini (MDGeo - Serviços de Hidrogeologia)
Vamos, portanto, à cata de mais informações.
Ramon Lamar de Oliveira Junior
Ramon, depois de "Luíza no Canadá", eu passei a acreditar muito no poder do facebook! Haja vista a pressão popular feita contra o aumento abusivo dos salários dos vereadores de BH. Proponho que iniciemos uma campanha , tanto virtual quanto presencial, exigindo um projeto adequado ou até mesmo a anulação via plebiscito popular! Você, Flávio de Castro e Alessandra Casarim, por serem profissionais ligados diretamente à área tem munição suficiente para contra-argumentar o projeto. No que eu puder ajudar, estou à disposição!
ResponderExcluirFernando, é por também acreditar no poder da pressão popular que continuo nessa luta, enquanto vejo vários companheiros debandando... ou melhor, nem os vejo mais...
ResponderExcluirE argumentos, tenha certeza, temos muitos...
Como tem muito dinheiro envolvido, farão o possível e o "impossível" (para não dizer outras coisas) alegando que é para o "pogresso" e "meorias " para o futuro (porque no progresso e melhorias, eles não estão interessados).
ResponderExcluirJá estou igual aquela canção do Chico Buarque: chame o ladrão, chame o ladrão...
Concordo com a opinião do Eduardo. Depois da anuência dada pela (irresponsável) gestão atual, podemos esperar a implantação do famigerado condomínio de luxo. Falam em progresso e ocupação ordenada da área, mas vejo tal projeto como um ótimo exemplo de regresso a ideia de desenvolvimento sustentável. É uma pena, pois é uma questão de tempo, para conseguirem a LP na Supram...
ResponderExcluirRodrigo Assis
Setelagoano, mas com VERGONHA de ser...
Foi aprovado ontem, em caratér recorde e sem uma devida discussão pública, a mudança na APA Santa Helena, que beneficia a empresa EPO - Engenharia e o Boulevard Santa Helena, um absurdo completo!
ResponderExcluirDia 06 de junho temos que comparecer na audiência pública na casa da cultura que discutira o tema. Não podemos deixar passar despercebido, principalmente em ano eleitoral!