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terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher

Homenagem a todas as mulheres que lutam dia após dia. Às vezes de forma calada. Às vezes como se fossem um verdadeiro furacão. Mas sempre pensando na felicidade de todos nós.


Na foto, algumas das guerreiras da nação do Império Verde e Branco para representar a verdadeira força da mulher.
Parabéns!!!

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval 2011 - Sete Lagoas (4)

AULA DE SAMBA, AULA DE CIDADANIA!
(veja as imagens do post anterior para entender o acontecido)

Eu nunca tinha pensado que uma "escola de samba" fosse um lugar de aulas sobre assuntos muito além do samba. Claro que ali estão as crianças, e não são poucas, com um sorriso ou uma lágrima, aprendendo a sambar, aprendendo a desfilar para quem quiser ver que no mundo ainda existe espaço para a alegria. 
Ontem, os poucos que estavam na feirinha (Praça Dom Carmelo Mota) assistiram a uma aula de cidadania. Os cidadãos do Santa Luzia ou Garimpo, não importa, mostraram que são feitos de carne, osso e muita fibra.
No momento, no meio do desfile, em que a escola foi interrompida pelos emissários da Secretaria de Cultura, com a notícia de que o samba deveria parar para que o concurso de fantasias fosse concluído, eu fiquei sem ação. Apenas ouvia as pessoas ao meu lado, pais e mães das crianças que desfilavam e mais outros que curtiam a empolgação da "escola que passava": - Absurdo! - Onde já se viu isso? - Só podia ser em Sete Lagoas mesmo! - Esse pessoal tá de gozação, só pode!
Olhei e registrei as interrogações no rosto da meninada. O misto de tristeza e desconsolo no olhar das passistas e dos integrantes da bateria. O peso aumentou nos ombros das baianas. Não era possível admitir que desceram para o centro (ah, o centro!) sob chuva, com crianças, fantasias, tambores e o pavilhão da "escola" para sofrerem esse tipo de humilhação. Era muito. 
Por um instante, temi pelo pior, pela revolta e invasão do palco. Mas foi só um instante, um instante daqueles que nos soca o estômago e chama para a realidade. SAMBA É PAZ, MAS SAMBA É TAMBÉM UMA FILOSOFIA! O estrago já estava feito e só havia um jeito de fazer a tal "limonada", ou enxergar o copo como "meio cheio". Primeiro um, depois outro... vários integrantes foram se aproximando do Mestre Saúva: - Vamos voltar! - Vamos embora! - Não querem a gente aqui!
A decisão fica como um marco na história daquele povo. Seis de março de 2011, às margens da Lagoa do Mucury. O dia que o Garimpo, por meio de sua tropa de alegria e samba, declarou sua independência. "Eu sou garimpeiro... com muito orgulho... com muito amor...!!!" A escola optou por terminar o desfile com a bateria e o microfone em silêncio. Vez ou outra o grito de "Eu sou garimpeiro...". A plateia entendeu e aplaudiu. Os representantes da Secretaria de Cultura, na maior saia justa, tentavam explicar o inexplicável. Insensivelmente, tentavam jogar a culpa na Verde e Branco.
Acompanhei tudo, respirei o ar da humilhação que o samba havia sofrido. Mas também respirei e enchi os pulmões com a alegria do povo que retornava ao seio da sua comunidade. Pessoas nas calçadas, nas janelas, nos bares... admirando seus filhos, amigos e desconhecidos que subiam a rua e que a pouco começaram a escrever uma página nova no grande livro chamado Cidadania.
Parabéns, ESCOLA DE SAMBA IMPÉRIO VERDE E BRANCO! Não é mini-escola, é muito mais. Acho até que já podem pensar em pleitear o título de UNIVERSIDADE DO SAMBA.
Muitos vão perguntar: o quê que o Ramon estava fazendo lá? A resposta é, no mínimo, inusitada. Sou um dos autores da letra do samba-enredo apresentado pela escola. Fui convidado, ou melhor intimado, a comparecer para acompanhar o desfile. E digo uma coisa: valeu muito mais do que muitas aulas, muitas falas e muitos discursos que ouvi sobre cidadania, na universidade ou fora dela.
Alô, IMPÉRIO VERDE E BRANCO!!!

Ramon Lamar de Oliveira Junior
Biólogo, professor e co-autor de samba-enredo!

Carnaval 2011 - Sete Lagoas (3)

MINI-ESCOLA DE SAMBA
IMPÉRIO VERDE E BRANCO

Concentração para iniciar o desfile sob uma chuva fina. [Clique nas imagens para ampliar.]
A criançada ansiosa para sambar na "avenida".
Mais sambistas mirins. E fazendo pose!!!
O simpático casal de mestre-sala e porta-bandeira.
As passistas mostrando que dominam o samba.
A bela rainha da bateria sambou com muita classe o tempo todo.
Mestre Saúva puxando o enredo pela preservação da Lagoa da Chácara.
As baianas, sempre tão simpáticas. Cheias de significado.
De repente o samba é cortado pelo som que vem do palco onde acontecia um concurso de fantasias que deveria ter acontecido na véspera e que tinha sido remarcado para uma hora antes do desfile da Verde e Branco. A Secretaria de Cultura, pasmem, pede (ordena)  para parar o samba da Verde e Branco, quando o óbvio seria tirar o som do concurso de fantasias e não interromper a apresentação da mini-escola de samba.
A mini-escola conclui o desfile em silêncio e, com grande revolta interior, segue para se apresentar perante a comunidade do bairro Santa Luzia. Aqui e ali um grito de "eu sou do Garimpo, com muito orgulho, com muito amoooor...". O microfone oficial tenta, sem sucesso, taxar a atitude indignada de todos da comunidade como uma decisão pessoal do Mestre Saúva. O público presente entendeu e aplaudiu o ato de protesto.
A mini-escola (acho que depois da aula de respeito ao samba, já pode ser chamada de escola)... a Escola de Samba Império Verde e Branco se reorganiza para o desfile no bairro Santa Luzia. Santa Luzia é protetora da visão. Muita gente deveria rezar para ela para ter uma visão melhor sobre várias coisas, entre elas o carnaval.
A comunidade acompanha orgulhosa o desfile de sua Escola de Samba.
As baianas fecham o desfile. Uma noite memorável para o samba. Tive o prazer e a honra de presenciar e registrar esse desfile. Fica aqui um grande abraço para toda a Escola. Olha a Verde e Branco aí, gente!!!
 06/03/2011                Fotos e comentários: Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 6 de março de 2011

Carnaval 2011 - Sete Lagoas (2)

O Bloco do Boi, no final do seu desfile.
O Boi do Bloco posando para fotos. Vida de celebridade é fogo!
O palco enfeitado, montado pela Prefeitura Municipal.
O Bloco Boca Loka e sua Rainha.
 06/03/2011                                        Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

Nova evidência de organismos extraterrestres? (2)

Elevei o comentário colocado no tópico anterior pelo Claret à categoria de postagem. Com todos os louvores e anuências. A tradução de alguns termos para o português fez-se necessária, já que o Claret é quase um espanhol torcedor do Alonso:

Olá Ramon, Flávio e demais não-carnavalescos:

sempre desconfiei deste tipo de notícia, tanto no caso do meteorito ALH 84001, supostamente vindo de Marte, como o do meteorito de Orgueil. As probabilidades de contaminação no momento da coleta e/ou da manipulação em laboratório não são nada desprezíveis.
Grandes interrogantes exigem grandes provas! E nao creio que esta seja uma prova cabal da panspermia. Se nao vejamos alguns problemas que podem ser detectados no artigo (parte deles podem ser encontrados em algunos links em internet):
1 - A revista em que foi publicada não é uma revista de muito impacto (quase nulo). É certo que o fato de não ter um alto índice não implica em artigos de baixa qualidade mas não deixa de ser um indicativo. Por que uma notícia deste alcance foi publicada nesta revista e não em outra de maior prestígio?

2 - O processo de revisão de artigos no Journal of Cosmology é bastante suspeito. Um dos editores, N. C. Wickramasinghe, é um fiel defensor - junto com Fred Hoyle - da panspermia. Nao é de se estranhar que o artigo seja publicado em uma revista que "corrobora" as teorias do editor!

3 - Não é um artigo da NASA e sim de um astrobiólogo desta instituição, a título pessoal. Isso faz muita diferença. Mesmo se fosse da própria NASA, isso não implica em qualidade científica necessariamente. Os cientistas também falhamos: a própria NASA cometeu um erro primário quando uma sonda se dirigia a Marte e se chocou com a superfície do planeta.

4 - A revista parece que está a ponto de ser fechada por falta de inputs e portanto por falta de consolidação no mundo científico. Uma notícia deste calibre poderia evitar o fechamento ou pelo menos retardá-lo.

5 - Os controles não são tão rígidos como deveriam ser. Neste tipo de pesquisa, os controles são tão ou mais importantes que as conclusões. As estruturas podem ser bactérias mas podem muito bem ser estruturas minerais.

6 - O anúncio foi feito por uma cadeia de comunicaçao muito conservadora, bastante de acordo com Wickramasinghe e com o F. Hoyle. Por certo, o Hoyle foi um excelente astrofisico em alguns temas concretos mas pecou por sua tendência criacionista, acusando de falso o fóssil de Archaeopteryx do museu de Londres. Como os biólogos evolucionistas consideram esse fóssil como uma transição entre os dinossauros terópodes e as aves - e portanto uma prova paleontológica da evolução - Hoyle tentou desacreditá-lo em benefício do criacionismo. Mas a presença de dentes, de penas, da fúrcula, etc são irrefutáveis tanto neste exemplar como nos outros existentes na Alemanha e Holanda. Uma análise cladística deita por terra todos os "argumentos" do Hoyle. E a descoberta de outros terópodes, principalmente na China, reforçam ainda mais o grau de parentesco entre dinossauros terópodes e as aves. E se fosse pouco, o acúmulo de provas em favor da evolução é incontável e de diversas origens (paleontológica, morfológica, biogeográfica, embriológica e bioquímica). Hoyle também é conhecido pela Teoria da Criação Contínua, rival do Big Bang! O nome de sua teoria diz muito, não é?

Estas críticas não vão contra a possibilidade de que haja vida (micro ou macroscópica) em outras partes do Universo. Simplesmente questionam a solidez deste artigo concretamente. Portanto, na minha opinião, essa notícia deve ser considerada com muita cautela e uma alta dose de cepticismo.

Abraços.

Antônio Claret

Antônio Claret, setelagoano, é astrofísico do Instituto de Astrofísica de Andalucía (IAA-CSIC). As opiniões acima são baseadas nos dados publicados até o momento sobre o assunto em pauta e não refletem, necessariamente, a opinião do IAA-CSIC. Um dos assuntos estudados recentemente por Claret relaciona-se a possíveis erros no cálculo do tamanho de planetas extra-solares ao se utilizar o método dos trânsitos. (Nota do Blog)

sábado, 5 de março de 2011

Nova evidência de organismos extraterrestres? (1)

(Tema sugerido pelo Claret no blog do Flávio de Castro.

www.foxnews.com/scitech/2011/03/05/exclusive-nasa-scientists-claims-evidence-alien-life-meteorite/

Abaixo a tradução, com algumas adaptações, do texto indicado no link acima. Peço aos colegas, em especial ao Claret, que anotem algum erro cometido na correria de trazer o assunto ao blog.

Nós não estamos sozinhos no universo - e as formas de vida alienígena podem ter muito mais em comum com a vida na Terra do que tínhamos pensado previamente. Essa é a impressionante conclusão a que chegou um cientista da NASA, publicando seus achados em um novo artigo na edição de março do Journal of Cosmology (Jornal de Cosmologia).
Dr. Richard B. Hoover, um astrobiólogo, viajou para áreas remotas da Antártica, Sibéria e Alasca, entre outros, por mais de dez anos, recolhendo e estudando de meteoritos. Ele deu acesso antecipado à FoxNews, publicada na sexta-feira à noite na edição de março do Journal of Cosmology. Nele, Hoover descreve os últimos achados em seu estudo de uma classe extremamente rara de meteoritos do tipo “condritos carbonáceos” chamados CI1 - apenas nove meteoritos desse tipo são conhecidos na Terra.
Embora possa ser difícil de engolir, Hoover está convencido de que seus resultados revelam a evidência fóssil de vida bacteriana em meteoritos, os restos de organismos vivos encontrados nos corpos que originam esses meteoritos: cometas, luas e outros corpos astrais. Por extensão, os resultados sugerem que não estamos sozinhos no universo, disse ele.
"Eu interpreto isso como uma indicação de que a vida é mais amplamente distribuída do que a estrita restrição ao planeta Terra", disse Hoover. "Este campo de estudo foi mal investigado porque, francamente, muitos cientistas dizem que tal achado é impossível."
No que ele chama de "um processo muito simples", Dr. Hoover fraturou os meteoritos em um ambiente estéril, antes de examinar a superfície recentemente quebrada com as ferramentas padrão do cientista: um microscópio eletrônico de varredura tradicional e um moderno microscópio eletrônico de varredura de emissão de campo (FE-SEM), o que lhe permitiu pesquisar a superfície de fratura da rocha em busca da evidência de restos fossilizados.
Ele descobriu que os supostos restos fossilizados de micro-organismos não são muito diferentes das comuns encontrados sob os pés - aqui na Terra.
"O interessante é que em muitos casos são reconhecíveis e podem ser associados estreitamente com as espécies comuns aqui na terra", disse Hoover. Mas não todos eles. "Há alguns que são muito estranhos e não se parecem com nada que eu tenha sido capaz de identificar, bem como outros especialistas para os quais também mostrei as imagens."
Outros cientistas dizem que as implicações desta pesquisa são chocantes, descrevendo os resultados com vários adjetivos: profundos, importantes e extraordinários. Mas o Dr. David Marais, outro astrobiólogo, diz ser muito cauteloso nessa empreitada de “saltar sobre filas de carros”.
Estes tipos de achados foram feitos antes, ele observou - e definidos como falsos.
"É uma alegação extraordinária e, portanto, vou precisar de evidências extraordinárias", disse Marais.
Sabendo que o trabalho será controverso, a revista convidou os membros da comunidade científica para analisar os resultados e para escrever comentários críticos o quanto antes. Embora ninguém esteja referido online ainda, os comentários serão publicados ao longo do artigo, disse o Dr. Rudy Schild, um cientista do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica e editor-chefe do Jornal da Cosmologia.
"Dada a natureza controversa da sua descoberta, convidamos 100 especialistas e emitiram um convite geral a mais de 5.000 cientistas da comunidade científica para rever o papel e oferecer a sua análise crítica", Schild escreveu na nota do editor, juntamente com o artigo. "Nenhum outro artigo na história da ciência foi submetido a uma análise tão extensa, e nunca antes na história da ciência foi dada a oportunidade de analisar criticamente um trabalho de pesquisa importantes antes de ser publicado em definitivo, ele escreveu."
Dr. Seth Shostak, astrônomo sênior no Instituto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre), disse que há muita hesitação para crer em tais estudos. Se for verdade, as implicações serão de grande alcance nos campos da ciência e da astronomia.
"Talvez a vida foi semeada na Terra - tendo sido desenvolvida em cometas, por exemplo, e acabou por desembarcar aqui quando essas coisas foram atingindo a Terra desde muito cedo", especulou Shostak. "Sugerida, assim, a vida não teria começado realmente na Terra, e sim quando o sistema solar estava se formando."
Hesitação para acreditar é algo comum e necessário para a ciência, disse Hoover.
"Muitas vezes leva um longo tempo antes que os cientistas comecem a mudar de ideia quanto ao que é válido e o que não é mais. Tenho certeza que haverá muitos, muitos cientistas que vão ser muito céticos, tudo bem."
Até que a pesquisa de Hoover possa ser verificada de forma independente, Marais afirmou que os resultados devem ser considerados "uma assinatura de potenciais de vida." Cientistas, disse ele, vão agora mudar a pesquisa para um próximo nível de controle, que inclui uma confirmação independente dos resultados por outro laboratório, antes que possam ser classificados como "uma assinatura da confirmação de vida."
Hoover diz que não está preocupado com o processo e está aberto a qualquer outra explicação.
"Se alguém puder explicar como é possível ter uma resquício biológico que não tem nitrogênio, ou se tem está abaixo da capacidade de detecção, em um período de tempo tão curto quanto 150 anos, então eu estarei muito interessado em ouvir a explicação. Tenho conversado com muitos cientistas sobre este assunto e ninguém foi capaz de explicar", disse ele.



Tradução da legenda da figura: Uma eletromicrografia obtida no microscópio eletrônico de varredura de um meteorito CI1 (direita) é semelhante em forma e aspecto geral à bactéria gigante Titanospirillum velox (esquerda)), um organismo encontrado aqui no planeta Terra, disse um cientista da NASA.


Algumas opiniões minhas a respeito do tema:

1) Não é a primeira vez que restos em meteoritos são confundidos com possíveis organismos (bactérias). O caso clássico é do meteorito ALH 84001, descoberto no continente Antártico em 1984.
2) A ideia da panspermia cósmica, do químico Arrhenius, considerava a possibilidade de espalhamento de "sementes" ou micro-organismos pelo espaço, contaminando os planetas e fazendo a vida ebulir. Particularmente, acho que apenas transfere o problema central que é a origem da vida para um ponto ignorado do universo.
3) As pesquisas sobre origem da vida no nosso planeta são muito sólidas, com diversas evidências. Acredito que "sementes" ou preferencialmente "compostos orgânicos" possam ter chovido aqui no começo da história do planeta, mas não acho que isso invalide os conhecimentos sobre evolução das membranas, das organelas celulares e do código genético, por exemplo.
4) O encontro de formas de vida extraterrestres é o "santo graal" da biologia. O entendimento que a vida é fenômeno mais universal do que muitas cabecinhas miúdas pensam pode levar a um novo nível de compreensão e respeito sobre o fenômeno vida.
5) Para os que seguem o Novo Testamento, apenas uma nova interpretação de "Na casa de meu Pai há muitas moradas" (Jo:4-2).

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Carnaval 2011 - Sete Lagoas (1)

O "Estrela Vermelha" do Mestre Campola. Abração, colega!!!
Sambinha no pé. Garantia que o carnaval continua.
Boca Loka com a bateria afinadíssima.
Piratas do Samba: aguardando para entrar no desfile.
05/03/2011                                        Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 4 de março de 2011

Somos Quem Podemos Ser (Engenheiros do Hawaii)

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum

A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem esta prisão

Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem

Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter 




Usei uma parte da letra dessa música no post anterior. Daí veio a vontade de postar a letra da música, da poesia, aliás. Gostaria muito de ver uma interpretação do Absinto Muito para essa música. E aí, que tal?

Notícia requentada: SL "Cidade do Futuro"

Li em vários jornais setelagoanos que circulam hoje, notícias referentes ao convênio entre Prefeitura Municipal e CEMIG, dentro do projeto denominado "Cidades do Futuro". Eu mesmo já havia questionado aqui se o tal projeto estava moribundo, pois a primeira notícia que tive dele foi em dezembro de 2009 (veja imagem ao lado, do setelagoas.com.br, e clique aqui para ver a notícia inteira).
Nada contra o projeto, muito pelo contrário. Também já relatei aqui as novas luminárias de LED que estão sendo utilizadas na Praça Dom Carmelo Mota e no primeiro quarteirão da Professor Abeylard. Nos comentários, o Marden Santos aproveitou para lembrar da iniciativa das luminárias como um passo do Cidades do Futuro. A criação da UNIVERCEMIG (que até agora só percebi como uma mudança de nome do que já existia antes), a possível implantação da usina de geração de energia solar (no Bairro Cidade de Deus) e a instalação de "medidores inteligentes" em fase de testes em algumas residências (clique aqui) não são notícias tão novas assim para ganhar destaque de manchete de primeira página.
Apenas achei estranho, talvez engraçado, até as fotos do evento de 2009 terem sido usadas. Depois, li no pezinho de algumas notícias: "SECOM". Como diriam os Engenheiros do Hawaii "sem querer eles me deram as chaves que abrem essa prisão". Na falta de notícias, ou do interesse de cobrir determinadas notícias, vamos de press release do SECOM (Secretaria de Comunicação).

No momento, a minha preocupação quando se fala em "Sete Lagoas, Cidade do Futuro", é outra. Haverá futuro? Haverá sete lagoas?

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 3 de março de 2011

ACORDA, SETE LAGOAS!!!

Fiquei sabendo que a tal Comunidade Fora Maroca, criada no orkut para viabilizar a passeata realizada no dia 18 último e para conectar as pessoas no sentido de praticarem uma cidadania mais participativa está dando frutos.
Foi sugerida a criação de um Movimento Acorda Sete Lagoas.
Se os objetivos são esses mesmos, de dar uma sacudida na vida da cidade, buscando a participação dos cidadãos contra um certo cheirinho de opressão que sentimos no ar, tem todo o meu apoio. Realmente, estamos nas mãos de entidades que não estão conseguindo captar os anseios da população. 

ACORDA, SETE LAGOAS!

A questão envolvendo a Lagoa da Chácara é apenas mais um caso. São muitos: a novela do Hospital Regional, o Hospital Municipal, o trânsito e a ausência do policiamento de trânsito, a Guarda Municipal que quase não se vê, o som automotivo absurdo, a "estação de transbordo",  o prédio da Nova Câmara, o terreno da Rede Ferroviária, o mato, os buracos, os preços dos combustíveis, os indigentes nas ruas, as queimadas na Serra de Santa Helena, os esgotos correndo pelas ruas e chegando até nossas lagoas,  os focos de dengue e os casos "inconclusivos" da doença, o Teatro Redenção...

ACORDA, SETE LAGOAS! ACORDA!

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Vendendo gato por lebre II: o RIMA do Boulevard e o Plano Diretor

Trecho do Relatório de Impacto Ambiental do famigerado Boulevard Santa Helena.
Ao ler o trecho acima, do RIMA do Boulevard, percebi uma coisa que o Flávio de Castro vem falando, falando e falando: estão confundindo PLANO DIRETOR com LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO. E, a meu ver, a confusão é proposital. Está cheirando àquela história de "uma mentira contada mil vezes , torna-se uma verdade" (frase atribuída ao mentor da propaganada nazista, Joseph Goebbels).
O Plano Diretor, de inspiração na Constituição Federal (como já comentado aqui), não determina que a área da Fazenda Arizona seja Zona de Expansão Urbana. O Plano Diretor, na hierarquia das leis, é superior à Lei de Uso e Ocupação do Solo.
Recentemente, questionei o vereador Renato Gomes sobre essa questão. Que o assunto seja levado urgentemente à Câmara de Vereadores, pois é com base na tal ambiguidade da comparação dos dois textos que todo o trabalho de preservação da área verde pode ser jogado por terra.
Peço licença e já vou transcrevendo para cá o texto que o Flávio publicou em seu blog sobre a questão (aqui):

Esclarecimento ao Ramon Lamar
A questão
... o Ramon Lamar colocou o seguinte comentário:
 
Flávio,
desculpe usar esse tópico para isso, mas não sei como é o seu gerenciamento de tópicos antigos.
Peço para você ler o primeiro parágrafo da página 127 do RIMA e me informar se aquilo que está escrito lá corresponde à realidade. Acho que confundiram PD com LUOS. E se confundiram, foi de propósito. Corresponde à parte II do RIMA, disponível o link no meu blog.
Abraços

O esclarecimento
Este parágrafo, de fato, faz uma confusão entre a LUOS (LC nº 07/1991) e o Plano Diretor (LC nº 109/2006). A caracterização da área como sendo uma ZEU-II está, exclusivamente, na LUOS. Nesse caso, o terreno delimitado pelas avenidas Nações Unidas e Prefeito Alberto Moura (Perimetral) e pelas ruas Doutor Sebastião de Paula Silva e Cachoeira da Prata está integralmente numa ZEU-II. A parte acima da Perimetral está parcialmente nesta zona; acima da cota 900, localiza-se numa Zona de Preservação Ambiental / ZPA.
O Plano Diretor, através de seu macrozoneamento, caracteriza a área, integralmente, como Zona de Interesse Ambiental, em duas modalidades: ZIA-1 (acima da Perimetral) e ZIA-3 (entre a Perimetral e aquelas vias citadas). O § 7º do art 68 do PD considera como ZIA-1, "as áreas em que há o interesse público de proteção ambiental, que compreende, dentre outras, a APE da Gruta do Rei do Mato".  Não há, como se vê, previsão de consórcio entre interesse ambiental e uso habitacional na ZIA-1, o que ocorre na ZIA-2, que não se aplica ao caso. Já a ZIA-3 refere-se, no § 9º do mesmo artigo, a "área prevista para implantação do centro adminsitrativo em que há o interesse de equilíbrio entre proteção ambiental".
Este é o imbróglio jurídico que envolve o problema: a LUOS/1991 autoriza o parcelamento da gleba; o PD/2006, veda. E ambos os dispositivos estão vigentes...

Então, eu pergunto: Quantas enganações dese tipo vamos encontrar no processo inteiro? E a Câmara dos Vereadores, vai ajudar a desatar esse nó ou vai ficar apenas olhando "o circo pegar fogo"?

Ramon Lamar de Oliveira Junior

As gameleiras e, para variar, o SAAE.

Puxa vida, juro que não é perseguição minha em relação ao SAAE. 
Mas vejam só: (1) minha rua vaza esgoto direto, é o Rio de Esgoto Professor Abeylard, (2) alguém coloca uma bomba no SAAE no quarteirão do meu prédio, insisto querendo saber se já sabem o culpado e não tenho nenhuma informação, (3) abrem uma vala do lado do meu prédio, tampam de maneira porca, o asfalto cede e o carro da minha esposa afunda na rua... e agora?
Agora, acho que todos que lêem o blog sabem, defendo as gameleiras centenárias da antiga estrada dos tropeiros (clique aqui para ler um dos posts sobre elas). Hoje, passo ao lado delas para o trabalho mensal de fotografá-las e registrar seu comportamento (trabalho que venho fazendo desde setembro último, junto com a arquiteta Regina Márcia, como parte de um estudo a ser publicado) e o que vejo? 
O SAAE abriu um buraco no asfalto lá perto para encontrar mais uma nascente do Rio de Esgoto da Professor Abeylard. Construiu um poço de visitação da rede (aliás, com um acabamento ímpar) e usou o quê para demarcar o perigo? Galhas das gameleiras. Que devem ter sido cortadas com facão, enxada ou picareta suja de fezes. Aí as árvores adoecem, morrem e não vai adiantar ninguém reclamar.

Gameleiras ao fundo e suas galhas em volta do buraco e do poço. Não é porque a obra vai ficar debaixo da terra que tem que ser feita de maneira tão rudimentar. Clique nas imagens para ampliar.

Aliás, ONDE ESTÃO OS VEREADORES QUE VÃO TOMAR PROVIDÊNCIAS PARA TORNAR AQUELAS ÁRVORES IMUNES DE CORTE? Porque do executivo eu só espero uma anuência para transformá-las em carvão ou serragem.

Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: E os autores do atentado à bomba? O resultado da investigação ia sair em 15 de janeiro.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fotos do Olhares (I)

Durante algum tempo, assinei e publiquei fotos no site Olhares (http://br.olhares.com/ralj). Aproveito para colocar algumas aqui, espero que apreciem. 
Cliquem nas imagens para ampliar.











Fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

terça-feira, 1 de março de 2011

O RIMA do Boulevard Santa Helena

Para quem quiser ler o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) do Boulevard Santa Helena:

Baixar o arquivo pdf clicando AQUI.

CAPÍTULO VI - DO MEIO AMBIENTE (Constituição Federal)

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Em relação ao BOULEVARD SANTA HELENA, a questão que se coloca é a seguinte: quando um Relatório de Impacto Ambiental é feito num curtíssimo espaço de tempo (apenas 5 dias para avaliar a fauna de anfíbios, répteis, mamíferos e aves numa área 436 hectares) e não é feito o estudo hidrogeológico e geotécnico do local, podemos considerar que o RIMA foi bem feito e que o disposto no inciso IV do § 1º foi cumprido? 
A observação da fauna foi tão ruim que nem sequer foram registrados (visualmente ou nas entrevistas) morcegos na área do empreendimento (página 88 do RIMA). Aliás, só 5 espécies de mamíferos foram visualizadas (diretamente ou em rastros) as outras 24 espécies citadas surgiram de entrevistas com os moradores da região.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Coruja buraqueira

Casal de corujas buraqueiras ou corujas-do-campo (Athene cunicularia, anteriormente Speotyto cunicularia) junto ao estacionamento do Shopping de Sete Lagoas.
"As corujas-do-campo são mais ativas durante o dia. Vivem nos campos, pastos, em áreas alteradas do cerrado. Constroem seus ninhos no chão, em buracos. São capazes de atacar, em voos rasantes, outras espécies e pessoas que se aventurarem como intrusos nas regiões próximas aos seus filhotes, nestas pequenas tocas."     blog VERDE VIDA
No trecho acima, escrito pelo colega Cláudio Gontijo, está implícita a questão fundamental da relação do homem com os outros animas e plantas: de quem é o espaço físico? 
O crescimento das cidades sempre aconteceu de forma a cumprir o entendimento que "o planeta é do homem e nos foi dado como presente". Mesmo que na tradição judaico-cristã tenhamos sido "expulsos do paraíso", acreditamos que a natureza foi criada para o nosso desfrute e deleite. Todos os seres vivos devem curvar-se ante a superioridade humana.
Os tempos mudaram, as convicções que temos hoje a respeito das intricadas relações que existem na "teia da vida" mostram que estávamos completamente equivocados. O caminho que percorremos - desde os estudos cataclísmicos da década de 1960 sobre os "limites do crescimento" até as conclusões atuais sobre o "aquecimento global" - mostra que erramos feio em achar que tínhamos o perfeito domínio de tudo.
Não é apenas uma questão de "salvem o bichinho". É a questão de preservar também as nossas condições de sobrevivência.

Quando vamos aprender a conhecer nossos limites? Quando vamos começar a desarmar a bomba-relógio que ativamos?

Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Parque Natural Municipal Lagoa da Chácara: a única opção!

O amigo Flávio de Castro, Secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, afirma em seu blog ao responder a uma indagação sobre o famigerado Boulevard Santa Helena:
"A se observar o Plano Diretor, a parte acima da Perimetral na direção da encosta da serra não é parcelável porque está configurada como Zona de Interesse Ambiental; e a parte triangular só pode ser utilizada para implantação de um Centro Administrativo consorciado com uso ambiental. No Plano Diretor não há autorização para uso habitacional."
E ainda em um post sobre a Audiência Pública:
"O Plano Diretor veda a ocupação residencial da área, sob qualquer modalidade. Como o Plano Diretor é o principal instrumento de política urbana por força constitucional [CF, art. 182, §§1º e 2º], colocá-lo de lado a favor da aplicação exclusiva da atual Lei de Uso e Ocupação do Solo é arriscado. Esse risco recomendava, a meu ver, o caminho da negociação. E é bom lembrar que licenciamento urbanístico é competência exclusiva de municípios. Isso também é matéria constitucional. Significa dizer que, mais hora, menos hora, o projeto de parcelamento de solo terá que ser apresentado para licenciamento municipal. Por essas razões, eu, ingenuamente, inferi que o sistema SUPRAM/FEAM arbitraria apenas as diretrizes de ocupação ambiental e não entraria na seara urbanística. A audiência mostrou outra coisa: o projeto de parcelamento de solo já está pronto e é ele que está sendo licenciado ambientalmente, sem que tenha sido trazido à prévia apreciação dos órgãos municipais competentes. Para quem não sabe, o único órgão competente no caso é o Departamento de Licenciamento de Obras. O ideal é que isso chegasse a ele já acordado publica e socialmente. Não sendo assim, o diálogo acabará por dar lugar a uma discussão jurídica nada simples."
Como afirma o Flávio, o Plano Diretor tem sua origem na Constituição Federal:
“Art. 182 – A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º – O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º – A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor."
O nosso Plano Diretor, então, não nos deixa outro uso para a área. Inicialmente, eu - ingênuo tal e qual o Flávio - até pensava na possibilidade de um uso em consenso da área, com alguns lotes em áreas degradadas. Agora, observando a participação dos empreendedores na Audiência Pública da última quinta-feira e, especialmente, à luz da nossa legislação não posso defender uma outra proposta que não seja a desapropriação de toda a área (com a devida indenização aos proprietários) e o estabelecimento do Parque Municipal Natural Lagoa da Chácara.
Endurece-se de lá, endurece-se de cá. Dura lex, sede lex (dura é a lei, mas é a lei).
Não haverá mesa de negociação.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

Praça do Canaã em evolução.

O Igor Vanucci pediu e eu fui lá conferir. Como está a Praça do Canaã depois das reformas? 
Aliás, o blog deve muito à Praça do Canaã. Foi por causa de um comentário sobre ela, e a demora da aceitação do texto pelo www.setelagoas.com.br (que esperava um parecer da prefeitura sobre minhas críticas, parecer que nunca veio) que resolvi não depender da imprensa para falar (ou escrever) o que eu penso (clique aqui para visitar o primeiro assunto postado no blog). Sempre com fundamento, nunca pelo prazer de criticar. Prezo muito aqueles que sabem responder às críticas de forma técnica ou, no mínimo, bem humorada. Por isso, prezo muito o SAAE (alvo de muitas críticas minhas e de muita gente), mas que procura sempre dar uma resposta aos meus questionamentos, respostas às vezes tão boas que faço questão de divulgar (como a justificativa para as obras do PAC ÁGUA e a questão dos entupimentos da rede de esgoto provocados por um sem-número de objetos que são ali lançados indevidamente). 
Todos nós erramos, e erramos o tempo todo. Quando, na correria do dia a dia, resolvemos lançar ao ar ou aos modens nossas palavras, temos que ter consciência que alguém vai ler, gostar, rir, se emocionar, torcer o nariz, apelar, criticar ou apenas acenar e sorrir. A amiga blogueira e ex-aluna Carolina Feérica sabe bem disso, mestra que é de trabalhar os textos de forma dinâmica. Mutáveis, estáveis, e sempre lindos (apesar de às vezes ser difícil entender logo de cara o que se passa naquela cabecinha).
Digo e repito: não faço aqui críticas pessoais. Se algumas são entendidas como tal, peço desculpas antecipadas ou tardias. Minhas mãos sempre estão estendidas para o diálogo. As críticas que poderiam ser lidas como críticas pessoais procuro não externá-las, mas sou imperfeito, às vezes escapam.
Tenho muitas críticas (e não são pessoais) à forma como foram e são conduzidas as questões referentes a “parques e jardins” na cidade. Jardim não é só arte. Jardim também é técnica. Técnica e arte juntas fazem um som maravilhoso. Sem as duas, como sói acontecer aqui na terrinha, o resultado é ou beira o desastre. Para quem conhece, é como o Lula Molusco tocando sua clarineta.

A reforma da Praça do Canaã (Praça Martiniano de Carvalho) vem ocorrendo de forma parcelada. Primeiro foram as luzes, agora a vegetação. Espero que em breve seja arrumado o resto. Melhor pingar do que faltar, diz a sabedoria popular. Sobre uma praça pública, em especial a do Canaã, valem algumas considerações sobre aspectos abandonados ali até o momento, seguidos das ilustrações e comparações:

1) A terra não pode aparecer. Gramados e outras forrações devem ser planejados para encostar nas árvores e na margem das calçadas. Se a grama não for adequada para a sombra das árvores, devemos usar uma vegetação que suporte a condição (já escrevi sobre vegetação para sub-bosques - clique aqui).

Dois aspectos na Praça do Canaã e a forração chegando na borda do canteiro de uma praça em Caxambu, MG.
 2) A praça é para o uso público. É inadmissível que os bancos encontrem-se em péssimo estado de conservação ou destruídos. Fazer uma praça é pensar em seu uso, não apenas uma maquiagem.

Bancos destruídos na Praça do Canaã (lembram-se da Teoria das Janelas Quebradas) e bancos bem conservados na praça principal de Fortuna de Minas, MG.
3) Gramas e outras forrações misturadas. Se for para criar um desenho, uma marcação local ou resistir ao ambiente sombreado, tudo bem. Mas misturar gramas apenas porque era o único tipo disponível é lamentável. A colocação das placas de grama também deve ser bem feita, recortadas quando necessário. 

Gramas misturadas ou mal colocadas na Praça do Canaã e a o uso de duas forrações em Caxambu, a forração mais escura é adaptada à sombra da árvore.
4) O pingo-de-ouro usado como “bordadinho”, já ensina o meu mestre Gustaaf Winters, não dá para engolir. E isso virou uma mania nacional, para não dizer praga nacional. Nada contra manchas ou canteiros bem cuidados de pingo-de-ouro, mas em harmonia com a praça. E haja cuidados com a poda e manutenção! Totalmente desaconselhado para situações em que raramente se dá atenção de jardinagem à praça.

Bordadinhos na Praça do Canaã, inclusive um bordadinho duplo com roseira e pingo-de-ouro. Ausência de bordadinho no Parque das Águas, em Caxambu (esse exemplo também já é covardia, admito!)
 Para quem passa rapidamente pela praça, a melhora é evidente, inquestionável:


Inclusive, gostei desse canteirinho pela combinação de cores e espécies, pelo banco próximo ainda inteiro e, principalmente, pela limpeza sendo executada na praça (observe à direita):

Todas as fotos da praça foram feitas ontem (25/02/2011).
Igor, no mais é isso. Espero que tenha ficado satisfeito. Um grande abraço!

 Fotos e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

As igrejas e a Lagoa da Chácara

Perguntei em um post recente qual seria a posição dos partidos políticos em relação à questão da Lagoa da Chácara (aqui). Obtive respostas apenas do PT (por meio do Ênio Eduardo e das ações claras dos vereadores Claudinei e Dalton), do PV (por meio do presidente do partido, Rodrigo Viana) e, em outro tópico, uma manifestação do vereador Marcelo "Lico" Freitas  (PMN). As 3 manifestações são contrárias ao tal Boulevard Santa Helena. Os outros 4 partidos (PMDB, PP, PSDB e PSOL) ainda não se manifestaram. Certamente porque não conhecem o blog e a indagação, tenho certeza.
Agora vou fazer uma pergunta espinhosa. Uma incursão numa área difícil e de antemão peço desculpas se trato a questão de forma inapropriada. Em primeiro lugar aos representantes da Igreja Católica. Qual o posicionamento da Igreja Católica em relação ao empreendimento? Depois gostaria de saber o posicionamento das demais igrejas, religiões, seitas e demais profissões de fé. Pergunto para a Igreja Católica em primeiro lugar por uma razão simples: o empreendimento usa o nome de uma santa, que para nós é caríssima, Santa Helena.

 
Vejamos algumas informações sobre a santa, colhidas na internet:
"Ela se converteu para o catolicismo e fez vários atos de caridade, construiu várias templos e igrejas em Roma e na Terra Santa. Numa das suas viagens a terra santa, teria tido visões, que a ajudaram a descobrir a cruz na qual foi crucificado Jesus. A cruz foi encontrada numa cisterna no dia 3 de maio a leste do Monte Calvário. A história de Santa Helena encontrando a cruz é objeto de um poema muito celebrado chamado Elene de Cynelwulf.
Santa Helena não é uma santa somente porque ela encontrou a cruz de Cristo. Ela amava os pobres e vestia com modéstia e humildade. Euzébio escreveu que Helena passou seus últimos anos na Palestina, continuamente adorando e venerando ao lado de todos na igreja, humildemente vestida, igual as outras mulheres que estavam ali orando.
Em adição a isto, ela enfeitou as igrejas com ornamentos e decorações não esquecendo das mais simples capelas e dos pequenos vilarejos. Construiu basílicas no Monte das Oliveiras (A Eleona) e em Belém, viajando através de toda a Palestina, e era conhecida pela sua bondade com todos, pobre, soldados, e prisioneiros e muitos milagres foram a ela atribuídos.
Na arte litúrgica da igreja católica ela é mostrada: (1) Vestida como rainha e segurando uma cruz ou (2)Indicando a localização da Cruz, (3) a cruz sendo revelada a ela, em seus sonhos , (4) Organizando e supervisionando a busca da cruz, (5) Como uma lady medieval, com uma cruz e um livro como no mosaico Bisantino em Hagia, Sophia e nos mosaicos gregos ou (6) Com a cruz e os pregos, como nos mosaicos russos
Santa Helena é invocada contra o trovão e o fogo."           www.cademeusanto.com.br
Recentemente, a Arquidiocese do Rio de Janeiro levantou uma questão sobre o uso da imagem do Cristo Redentor sendo destruído em uma cena do filme "2012". Uma alegação da Arquidiocese é que "as imagens do Cristo Redentor constituem um símbolo religioso e que deve-se ter cautela ao utilizá-las".  
A imagem e o nome de Santa Helena também são um símbolo religioso. Santa Helena domina o nosso cenário e, no nosso imaginário, nos protege lá do alto da serra que leva o seu nome. Não me parece correto que seu nome seja usado a favor de um "empreendimento de alto padrão" rejeitado pela população presente na audiência pública que ali teve a oportunidade de conhecer sua real essência.
Admiro o posicionamento de todas as igrejas quando juntas procuram debater os grandes temas nacionais. Inestimável é a colaboração de padres, pastores e principalmente dos fiéis. Mas gostaria de saber a opinião sobre o empreendimento que se deseja construir. Que deixemos de lado, nas manifestações, as comparações entre as várias igrejas.
Costumo dizer em minhas aulas que "a ciência nos dá conforto material e a religião nos dá conforto espiritual".  Ambos são importantes. Não temos saúde sem o conforto material das roupas, dos alimentos e dos medicamentos que a ciência nos proporciona. A falta de saúde causada pelo inacessibilidade aos recursos mais básicos degrada e oprime o homem. Explico aos meus alunos, na maioria jovens que tantas vezes têm dúvidas sobre o tema, que o conforto espiritual é condição necessária para que possamos colocar a cabeça em paz em nossos travesseiros. 
É hora de resistir e evitar que o conforto material do luxo e da ostentação se sobreponha ao conforto espiritual. Vigiai e orai!

Texto e foto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Vendendo gato por lebre: Apresentação do Boulevard Santa Helena

Veja a foto abaixo, obtida durante a apresentação do Boulevard Santa Helena. Ela mostra a natureza exuberante (não discordamos) da região do empreendimento. Só que aquela natureza exuberante não é de Sete Lagoas.

Apresentação do empreendimento "Boulevard Santa Helena".
A cachoeira mostrada na foto é o Véu da Noiva, na Serra do Cipó. Enganação exuberante!!! Confira a foto seguinte, obtida em um trecho da "Trilha dos Escravos".

Cachoeira Véu da Noiva, na Serra do Cipó.
Ramon Lamar de Oliveira Junior