Localizadas num lote na esquina das ruas Leopoldina e Floripes Guimarães Cotta, a apenas 150 metros da Lagoa do Cercadinho, estão estas duas gameleiras (Ficus doliaria) históricas. Conta-se que sob sua copa os tropeiros descansavam, o que dá a elas a qualidade de árvores históricas e centenárias. Mas não existe nenhuma legislação municipal que as proteja, estando em terreno particular. É contar com a boa vontade do proprietário em respeitá-las (tenho 99,99% de certeza que poderemos contar com essa boa vontade), garantindo a manutenção dessas árvores majestosas. Penso que a administração municipal poderia ter desapropriado o terreno e ali feito uma bela praça antes da especulação imobiliária ter atingido a região. Mas naquela época os admnistradores públicos não pensavam assim (hummm... agora é diferente?). O Polvo Paul, antes de falecer (claro!) profetizou que tal pensamento conservacionista chegará e se firmará em Sete Lagoas nos próximos 680 anos.
[CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIAR]
As gameleiras são árvores nativas do Brasil, da família das Moraceae, podendo atingir até 20 metros de altura. São figueiras, o que pode ser percebido pelos seus frutos (na verdade pseudofrutos). Os figos são, na verdade, inflorescências curvas com uma abertura por onde entra uma pequena vespa da família Agaonidae que poliniza as flores em seu interior. Para cada espécie de figueira existe uma espécie de vespa polinizadora. A extinção de uma espécie decreta a extinção da outra. É o que chamamos de co-evolução. Magnífico exemplo da convivência pacífica e necessária entre aqueles que são (ou se julgam) diferentes: serve para brancos e negros, palestinos e judeus, governo e oposição...
As gameleiras podem crescer a partir de sementes que caem na bifurcação ("forquilha") de outras árvores. Germinando naquele ambiente, lançam "raízes" até o chão que se enroscam no caule da planta suporte, podendo estrangulá-las e matá-las pelo impedimento da condução da seiva. Por isso são chamadas também de mata-pau ou cipó mata-pau.
A madeira da gameleira é usada para produzir gamelas (daí o nome popular da árvore) e outros objetos da cozinha como as colheres de pau, ou ainda canoas pequenas e leves. Na cultura Nagô, a gameleira é uma planta sagrada e sua copa é considerada excelente local para se deixar oferendas aos orixás (A história das figueiras ou gameleiras, ALVES, A.B. e cols).
Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior
PS.: A foto abaixo é só para ficar com uma pontinha de inveja de nossa vizinha Fortuna de Minas, onde estivemos ontem conversando com o prefeito João Evangelista sobre as praças e a arborização da cidade. O único pecado é o costume errado de pintar o caule da árvore.
Uma gameleira jovem, bem localizada na praça principal de Fortuna de Minas.
Ramon, vejo diariamente estas gameleiras e fico sempre pensando o que irá acontecer? Sugiro, além de defender estas árvores, fazer constar em todas as placas que indicam Rua Florípes Guimarães Cotta a denominação ANTIGA RUA DOS TROPEIROS para preservarmos a memória da cidade.
ResponderExcluirUm abraço!
Ramon, só uma perguntinha. Vc sabe quem é o proprietário do terreno?
ResponderExcluirAbs,
Amaro Marques
Não sei, mas vou ver se descubro hoje ainda.
ResponderExcluirAbraços.
Amaro,
ResponderExcluirminhas fontes não deram certeza de quem seria o dono. Aliás, talvez seja dona. Como não tenho certeza, não vou dar bola fora.
Abraços...
vc tem conhecer a gameleira que tenho no meu pequeno terreno ela é linda...
ResponderExcluirÔpa... manda uma foto para colocar aqui!
Excluir