Ajudar a realizar os sonhos de outras pessoas.
Tem sido assim, minha vida, nos últimos 30 anos. Ajudar aqueles que me procuram a conseguir agarrar os sonhos que teimam em voar. A gente faz o possível e beira o impossível. Sonhos são muito ágeis, muitas vezes escapam entre nossos dedos.
Às vezes acho que ajudo pouco. Que deveria ajudar mais ainda e com maior proximidade. Mas é impossível acompanhar tão de perto a todos. Cada ano, cada semestre, uma nova turma de mãos que se estendem pedindo ajuda. A cada ano, aqueles que já estão andando com as próprias pernas tornam-se mais distantes. Não é a toa que digo sempre: "- Apareçam!" "- Não nos abandonem!"
Muito ainda o que ensinar. São crianças ainda, entrando para a universidade, para o mercado de trabalho, colocando as mãos e coração em meio a engrenagens que tendem a nos massacrar. Testes? Testes são a vida toda. Estamos aqui para ser testados o tempo todo, em cada palavra, em cada gesto, em cada relacionamento. Estamos aqui para crescer e esse crescimento, às vezes, é injusto com nosso anseio de permanecermos crianças, com um sorriso constante, alegria de viver... "excesso de alegria".
Vidas não podem ser quantificadas, não podem ser mensuradas pois não sabemos como reconstruí-las. Perdê-las é algo duro para quem as viu em sua pujança. Perder amigos... perder amigos jovens... é difícil.
Nenhuma perda é fácil. No ciclo natural da vida, já perdi meus avós e meu pai. Dói muito, mas a gente no fundo procura entender (isso não quer dizer que consigamos) que é o caminho natural das coisas. Mas perder amigos que sequer sabiam que eram por nós admirados, perder amigos em acidentes estúpidos, perder amigos para o vício, perder amigos pelas desilusões, perder amigos mesmo que seja apenas uma "perda de avistá-los, de não poder conversar com eles" é uma facada no peito. Que dizer então daqueles que - sem objetivo algum de nos machucar - abreviaram o próprio sofrimento nos impondo um sofrimento sem fim?
E as memórias, por que as temos? Dizem que o tempo elimina as memórias ruins e deixa só as boas. É difícil acreditar. O sofrimento marca na alma, marca com ferro rubro. Ainda vejo vocês, amigos que se foram, em seus momentos de alegria, de comemoração... sorrisos e abraços. Mas gela-me o sangue, entorpecem-se os meus sentidos, a cada lembrança da partida de vocês.
Só posso rogar ao Grande Arquiteto do Universo, que vocês sejam recebidos na glória eterna pelo peso enorme que carregaram, e pelo peso maior ainda de suas realizações.
Fiquem em paz!
Ramon Lamar de Oliveira Junior
PS.: Carlos e Ronaldo, estejam em paz, por toda a eternidade.
RAMON, SUAS COMOVENTES PALAVRAS DEMONSTRAM O QUE SENTEM OS CORAÇÕES FIÉIS E SOLIDÁRIOS AOS AMIGOS DO PEITO! SUA PRESENÇA, SEU GESTO DE AMIZADE E FRATERNIDADE JA HAVIAM CHAMADO MINHA ATENÇÃO NO VELÓRIO E AGORA SUAS PALAVRAS CONFIRMAM A BELEZA E A FELICIDADE DE SE TER UM AMIGO!!!
ResponderExcluirBJS
CELLE
Celle, desculpe não ter ido cumprimentá-la. Foi um esforço fazer com que minhas pernas me levassem do fundo da igreja - onde fiquei a maior parte do tempo - até lá na frente para cumprimentar o Rangel e depois a Cláudia Raquel. Nem consegui caminhar até Regina Márcia. Foi difícil... é difícil... tão jovens!
ResponderExcluirBelas palavras, que Deus ilumine os pais e irmã.
ResponderExcluirBelas palavras, difícil a ruptura da ordem natural, pais enterrarem filhos, não existe dor maior, que Deus leve a paz a essa família, pais e irmã.
ResponderExcluirEmocionante Ramon. Muito triste. Triste demais ! ! ! Foi duro ver, estar ali no velório do Ronaldinho. Foi duro ir dar um abraço no meu primo Ronaldo Fubá e ver o quanto em choque ele se encontrava, querendo demonstrar força. Foi emocionante vê-lo lendo o texto e dizer que era preciso Cantar . . . Muito triste, dramático e tão Jovem!
ResponderExcluirLindo texto! Ronaldinho perda imensurável... S dor dilacera, a saudade é infinita!
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