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terça-feira, 8 de maio de 2012

A UFMG, as cotas e a nova fórmula para o vestibular 2013.

A matéria em destaque pode ser lida no portal do ESTADO DE MINAS, na íntegra, clicando AQUI.  Os grifos, na matéria abaixo, são por minha conta. Em seguida, meus comentários.

UFMG muda cálculo de bônus para alunos negros e de escola pública
Thaíne Belissa e Valquíria Lopes
  Publicação: 04/05/2012 13:25 Atualização: 07/05/2012 11:08
 
O percentual do bônus que aumenta as notas dos candidatos ao vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que estudaram em escolas públicas ou se autodeclaram negros ou pardos diminuiu pela metade. O anúncio foi feito durante entrevista coletiva realizada na manhã desta sexta-feira pela pró-reitora de Graduação da UFMG, Antônia Aranha, e pela coordenadora da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), Vera Resende. Segundo elas, a medida não muda nada para os candidatos, uma vez que é apenas uma consequência da alteração do cálculo da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A fórmula batizada polinômio foi substituída por uma equação simples de regra de três.
A Universidade garantiu que a mudança não altera a permanência de um terço de alunos bonistas nas salas de aula. “Essa mudança de percentuais não significa redução no número de bonistas que entram na UFMG. Ela é necessária por causa da alteração no cálculo de transposição da nota do Enem para a UFMG, que não usará mais o polinômio. A universidade vai manter a política de bônus no mesmo patamar de 2009. Do total de aprovados no Vestibular UFMG, 30% devem continuar correspondendo aos beneficiados pelo bônus”, explicou Antônia Aranha.
A nova medida vale para as provas realizadas na primeira etapa, a partir do concurso de 2013. O benefício que acrescenta bônus de 10% às notas de alunos que estudaram os últimos sete anos em instituições públicas passou para 5%. O percentual dedicado aos candidatos que, além de terem estudado em escola pública, são de cor negra ou parda também caiu de 15% para 7,5%. O bônus nas provas da segunda etapa não sofreram intervenções.
Antônia Aranha explica que o polinômio foi pensado, desde seu início, como medida pontual, e seu objetivo era manter o equilíbrio entre a nota obtida pelos bonistas e os não bonistas. Ela acredita que a utilização dessa equação foi válida nos dois últimos anos, por causa do Enem, mas agora, para aprimorar a seleção, optou-se por uma nova maneira de cálculo.
(Com informações da UFMG) 
Antes de mais nada, é importante esclarecer para os que não conhecem plenamente o critério de bônus oferecido pela UFMG que o mesmo só se aplica a quem cursou os últimos 7 anos dos ensinos fundamental e médio em escola pública. Portanto, antes de ser um bônus racial (recentemente aprovado por unanimidade pelo STF), trata-se de um bônus para os alunos de escolas públicas. Os negros e pardos só têm acesso à sua fração do bônus se cumprirem o primeiro requisito (7 anos...).
Na prática, como já foi dito pela mesma Vera Resende na reunião geral com as escolas de ensino médio e pré-vestibulares em 2009, todos os alunos que se enquadram no critério dos 7 anos podem solicitar o bônus racial ("pois todos temos um pouco de DNA da nossa ancestralidade africana, não é mesmo?"). Não há nenhum critério (e nem sei como poderia existir) para avaliar a tal afrodescendência (exame de DNA em todo mundo e validação para quem tivesse mais de 33% de DNA de ancestralidade africana?). Um estudante de DNA 99,99% europeu, desde que tenha cursado os tais 7 anos, poderá solicitar o benefício do bônus. Sem problema algum, sem verificação alguma, sem constrangimento algum (haverá, no íntimo, um constrangimento moral? Não sei.).
Aí vem outra faceta da história: o tal bônus aplica-se também aos alunos egressos de colégios públicos de alto rendimento escolar: COLÉGIO TÉCNICO DA UFMG (COLTEC), COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DE VIÇOSA (COLUNI) E COLÉGIO MILITAR DE BELO HORIZONTE. Em diversas reuniões antigas, na época que tínhamos outros coordenadores de vestibular da UFMG, havia um certo orgulho em mostrar que os alunos de melhor desempenho nas provas não eram os dos "grandes cursinhos e grandes colégios", mas sim os egressos do COLÉGIO TÉCNICO DA UFMG. Agora, quer dizer que desde a adoção do NOVO ENEM esses alunos contam com ensino de qualidade e com o bônus "racial"!!! Eu gostaria muito de ver uma comparação das notas desses bonistas com os demais. Seria interessante!
A mudança da fórmula polinomial tinha que acontecer. Não porque era de difícil compreensão. Tinha que acontecer porque estava errada! Digam o que quiserem, mas demonstrei aqui e no próprio jornal Estado de Minas de 28 de dezembro de 2012 que candidato não bonista não poderia atingir a nota máxima de 64 pontos, mas tal feito era possível ao bonista. Em conversa telefônica com a Carolina Pena, que participou da elaboração da fórmula, solicitei que se pensasse uma fórmula a posteriori, ou seja, a partir das notas máximas divulgadas após a correção feita pelo INEP/MEC. Fui atendido! Obrigado, Carolina!!! Agora será em forma de uma regra de três simples para cada uma das quatros áreas das provas do ENEM. Mas, parece-me, que o bonista ainda poderá conseguir mais de 100% dos pontos previstos, não? Não deveria haver aí um achatamento a partir de um certo limite de acertos, uma vez que quem acerta 80% da prova não é, propriamente, "um injustiçado pela sociedade"? Algo a se pensar...

JORNAL ESTADO DE MINAS, SÁBADO, 5 DE MAIO DE 2012
Mas o que mais me intrigou na notícia acima foi o trecho em que se afirma que (pelo menos) um terço (33 ou 30%... sei lá que matemática é essa!) dos estudantes aprovados deverão ser bonistas. Aí então não é bônus, é reserva de vagas! Não seria mais fácil criar duas categorias (bonistas e ampla concorrência)? Nem precisaria de fórmula de conversão alguma! E não sou absolutamente contra bônus sérios ou reservas de vagas sérias. Seria interessante que 1/3 das vagas EM TODOS OS CURSOS, e não apenas no total, fossem reservadas para um sistema sério de bonificação. Não esse sistema que favorece as escolas públicas como o COLTEC ou sem o menor rigor em relação ao critério negro/pardo (sem contar os ameríndios, né?). Observem, por favor, que reservar 1/3 das vagas não impede que, por desempenho nas provas, tal número seja um teto. No sistema de "ampla concorrência", tais percentuais poderiam ser elevados ainda mais (aí talvez se enquadrasse o COLTEC e as demais escolas públicas de alto desempenho).
E finalmente, volto a pedir, ou melhor, implorar pelo retorno da cobrança da leitura de algumas obras literárias na segunda fase do vestibular da UFMG para todos os cursos. Da forma como está, estudantes de outros estados estão se inscrevendo, fazendo as provas (já que não precisam de qualquer esforço extra, como a leitura de 3 ou 4 obras) e abandonam as vagas! Isso mesmo, em 2011 foram convocados mais de 120 alunos nas segundas chamadas só do curso de Medicina. Ou seja, 120 candidatos nem tiveram chance de ir para a segunda etapa, eliminados por uma provável "invasão" de estudantes de nossos estados vizinhos. Estamos correndo o risco de, mantida a atual situação, conseguirmos desistência recorde entre os aprovados. Curioso ninguém falar nada sobre o assunto.

 Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: Teremos Reunião Geral com as escolas em 2012, UFMG? Ano passado ficou só na promessa, né?


Atenção: ocorreram também mudanças no que diz respeito à reserva de vagas (cotas) para o vestibular 2013.  Confira em: http://ramonlamar.blogspot.com.br/2012/11/conversao-das-notas-do-enem-2012-para-o.html

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