Carpas e turbidez da água: enfim uma boa referência científica.

Já bati muito na questão da colocação de carpas na Lagoa Paulino na época em que os botos foram trazidos para cá. Sempre correlacionei-as com a elevada turbidez da água e ocorrência de fenômenos de eutrofização, tantas vezes citadas aqui no blog. Agora, o amigo e biólogo Renato Andrade enviou-me o texto abaixo que esclarece cientificamente a questão, inclusive com  um experimento realizado.

Em tempo, as algas "chara" citadas no texto são aquelas que parecem um "rabo de raposa" e que são encontradas no leito das lagoas do Cercadinho e Catarina.

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FONTE: MILLER, G.T; SPOOLMAN, S.E. Ecologia e Sustentabilidade. 6.ed.

São Paulo: Cengage Learning, 2012. 295p. Página 271

Experimento de exclusão de carpas mostrando a água muito mais clara e uma luxuriante vegetação aquática (macrófitas) crescendo no fundo, dentro de um hectare separado por uma parede de vinil, comparada com os arredores do lago Wingra.

Link para trabalho mostrando o que foi feito no Lago Wingra: https://www.nalms.org/wp-content/uploads/2018/09/33-3-8.pdf. Pela impossibilidade de esvaziamento do lago (de 140 hectares), foi feita a remoção das carpas por pescadores profissionais com rede e introdução de espécies que comem os ovos e filhotes de carpas remanescentes. Em alguns anos após o experimento inicial, a água estava muitíssimo mais clara.

Trecho do trabalho acima referido: Lagos rasos podem ficar presos num estado de turbação pela presença de algas porque a camada superior dos sedimentos do fundo dos lagos permanecem não consolidado devido à alimentação atividades de densas populações de carpas ou outros peixes que se alimentam de fundo. Correntes de água induzidas pelo vento então pode facilmente ressuspender esses sedimentos soltos enquanto aumenta a reciclagem de nutrientes que promove o crescimento de algas. Em tais lagos, populações de carpas dominadas por grandes indivíduos desses peixes de longa vida podem fazer com que o estado alterado persista. Quando as populações de carpas e outras peixes que se alimentam de fundo são significativamente reduzido por meio de esforços de gestão (ou mortandade natural, como matança no inverno devido a baixos níveis de oxigênio dissolvido), a água começa a limpar. Maior clareza da água permite que macrófitas aquáticas cresçam mais abundantemente e em águas mais profundas, resultando em melhores condições para alimentação para peixes, bem como muitas espécies de peixes tenham abrigo. As macrófitas amortecem a agitação da água no fundo, que por sua vez causam a consolidação dos sedimentos do fundo tornando-os ainda mais resistentes à ressuspensão ao mesmo tempo que reduz a reciclagem de nutrientes.