Meu avô era passarinheiro. Daqueles que adoravam ir até a Serra do Cipó capturar papa-capins e canários-da-terra. Naquela época não havia IBAMA. Capturar e manter os bichinhos em gaiolas era uma farra para as pessoas. Meu avô tinha mais de 70 gaiolas. Uma rotina de trocar alpiste, colocar água, jiló... e vai por aí afora. "E olha, neto, esse é um pássaro-preto, esse é um cardeal, esse é um curió, esse é um azulão... e olha o canarinho, o papa-capim...".
O mundo mudou, meu avô. Mudou muito desde que você se foi em 1976. Hoje, queremos os passarinhos livres. Toda vez que vou à Serra do Cipó fico observando este casal de canários na Pousada Chão da Serra. Livres, felizes, pulando no gramado perto da gente, sem medo.
Sabe, meu avô, é mais bonito do que vê-los nas gaiolas, mais compensador, mais poético. Tenho certeza que você aprovaria essa mudança. Seria muito mais legal se você ainda pudesse andar comigo pelos caminhos do Cipó e me mostrar as tais espécies na natureza. Poderíamos ir naquela Rural verde. Seria muito bom.
O mundo mudou... mas muitas pessoas não mudaram, sabe? Ainda tem gente por aqui que prefere acabar com esse prazer dos passarinhos. Prefere cortar as poucas matas nativas que ainda temos e batizar os loteamentos que surgem com nomes que apenas evocam a falta que essas aves fazem... "Jardim do Bem-te-vi", "Bosque dos Canários", "Bairro dos Pintassilgos"...
Lamentável. Triste mesmo. Mas um dia essas pessoas vão mudar, só espero que não seja tarde demais.
Lamentável. Triste mesmo. Mas um dia essas pessoas vão mudar, só espero que não seja tarde demais.
Ramon Lamar de Oliveira Junior
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