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domingo, 8 de junho de 2025

O experimento de Hershey e Chase: a confirmação do DNA como o material genético

Durante muito tempo, os cientistas não tinham certeza sobre qual molécula era responsável por carregar as informações genéticas dos seres vivos. Muitos acreditavam que eram as proteínas, por serem mais complexas. Porém, essa dúvida foi resolvida em 1952, com um experimento marcante realizado pelos cientistas Alfred Hershey e Martha Chase.

Eles usaram vírus chamados bacteriófagos (ou simplesmente "fagos"), que infectam bactérias. Esses vírus são formados apenas por duas partes: uma cápsula feita de proteína e o seu interior, onde se encontra o DNA.

Para descobrir qual dessas duas partes (proteína ou DNA) entrava na bactéria e controlava seu funcionamento, Hershey e Chase fizeram o seguinte:

  1. Marcaram os vírus de duas formas diferentes:

    • Usaram enxofre radioativo (³⁵S) para marcar as proteínas do vírus, pois o enxofre está presente em proteínas, mas não no DNA.

    • Usaram fósforo radioativo (³²P) para marcar o DNA, já que o fósforo está presente no DNA, mas não nas proteínas.

  2. Deixaram os vírus infectarem bactérias e, depois de algum tempo, colocaram as amostras em um liquidificador especial para separar os vírus presos do lado de fora da bactéria.

  3. Após essa separação, observaram onde estava a radioatividade:

    • No grupo com ³⁵S (proteína marcada), a radioatividade ficou fora das bactérias.

    • No grupo com ³²P (DNA marcado), a radioatividade foi encontrada dentro das bactérias.



Conclusão: Foi o DNA, e não a proteína, que entrou nas bactérias e carregou a informação necessária para que o vírus se multiplicasse.

Esse experimento foi um marco na história da biologia, pois confirmou que o DNA é o material genético que comanda as atividades da célula e transmite as características hereditárias dos seres vivos.

Essa descoberta aconteceu há menos de 100 anos, e desde então a biologia molecular avançou rapidamente. Hoje já conhecemos a estrutura do DNA, o código genético, as técnicas de sequenciamento genético e ferramentas como a edição gênica (CRISPR), mostrando o quanto a ciência evoluiu em pouco tempo.

sábado, 7 de junho de 2025

O experimento de Avery, MacLeod e McCarty: confirmando o DNA como material genético

Após o experimento de Fred Griffith em 1928, os cientistas sabiam que algum "princípio transformante" nas bactérias era capaz de transferir características hereditárias — mas ainda não sabiam o que exatamente causava essa transformação. Seria o DNA? Ou as proteínas, que eram consideradas os principais candidatos à época?

Foi para responder a essa pergunta que, em 1944, os pesquisadores Oswald Avery, Colin MacLeod e Maclyn McCarty realizaram um experimento fundamental.

O que eles fizeram?

Eles retomaram o modelo das bactérias Streptococcus pneumoniae, com os dois tipos:

  • Cepa S (virulenta, com cápsula)

  • Cepa R (não virulenta, sem cápsula)

A equipe extraiu o conteúdo das bactérias S mortas por calor, que, como já se sabia, podiam transformar bactérias R vivas em S. A seguir, eles isolaram os componentes celulares dessas bactérias mortas — proteínas, lipídios, RNA, DNA e carboidratos — e testaram qual deles era responsável pela transformação.

Como foi o teste?

Eles trataram as amostras com enzimas específicas que destruíam cada tipo de molécula:

  • Com enzimas que destruíam proteínas → a transformação ainda ocorria.

  • Com enzimas que destruíam RNA → a transformação ainda ocorria.

  • Mas quando usavam enzimas que destruíam o DNA, a transformação não acontecia.

Ou seja, sem o DNA, as bactérias R não se transformavam em S, e o camundongo sobrevia.


Conclusão: Avery, MacLeod e McCarty comprovaram que o DNA era o responsável pela transformação genética. Esse experimento foi a primeira evidência direta de que o DNA é o material genético, ou seja, a molécula que armazena as informações hereditárias nos seres vivos. Posteriormente, a natureza do DNA como material genético é confirmada por Hershey e Chase.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

O experimento de Fred Griffith: o surgimento da ideia de transformação genética

Em 1928, o cientista britânico Fred Griffith realizou um experimento clássico com bactérias que ajudou a revelar um dos primeiros indícios de que material genético poderia ser transferido de uma célula para outra. Ele estudava a bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da pneumonia, e usou dois tipos (ou cepas) dessa bactéria:

  • Cepa S (Smooth): formava colônias lisas (por isso o nome Smooth) devido à presença de uma cápsula polissacarídica — uma camada protetora composta por açúcares complexos. Essa cápsula impede que a bactéria seja fagocitada pelo sistema imunológico, tornando-a virulenta, ou seja, capaz de causar doença.

  • Cepa R (Rough): formava colônias rugosas (daí o nome Rough) porque não possuía cápsula. Sem essa proteção, essas bactérias eram destruídas facilmente pelas defesas do organismo, sendo não virulentas.

Griffith realizou quatro experimentos com camundongos:

  1. Cepa R viva (não virulenta) → o camundongo viveu.

  2. Cepa S viva (virulenta) → o camundongo morreu.

  3. Cepa S morta por calor → o camundongo viveu.

  4. Mistura da cepa R viva com a cepa S morta por calor → o camundongo morreu.

Ao examinar o sangue do último camundongo, Griffith encontrou bactérias vivas do tipo S. Isso indicava que, de alguma forma, as bactérias R haviam sido transformadas em S, adquirindo a capacidade de produzir cápsula e, com isso, causar doença.


Conclusão e importância:
Griffith concluiu que algum "princípio transformante" foi passado das bactérias mortas do tipo S para as vivas do tipo R, tornando-as virulentas. Embora ele não soubesse exatamente o que era esse princípio, esse experimento sugeriu que informações genéticas podiam ser transferidas entre bactérias.

Essa hipótese foi confirmada em 1952 pelos cientistas Alfred Hershey e Martha Chase, em um experimento com vírus bacteriófagos. Eles demonstraram que era o DNA, e não as proteínas, o responsável por carregar a informação genética. Com isso, consolidou-se a ideia do DNA como o material hereditário dos seres vivos.

Esse conhecimento teve enorme impacto na biologia. Hoje sabemos que bactérias podem trocar genes entre si por processos como transformação, conjugação e transdução, permitindo que genes de resistência a antibióticos se espalhem rapidamente entre populações bacterianas. Isso representa um grave desafio para a saúde pública, pois dificulta o tratamento de infecções.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Dia Mundial do Meio Ambiente 2025 -

O Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data internacional dedicada à conscientização e à promoção de ações em defesa do meio ambiente. Celebrado anualmente em 5 de junho, esse dia foi estabelecido em 1972 durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, evento que marcou a primeira grande iniciativa global voltada às questões ambientais. A escolha da data está diretamente relacionada ao início dessa conferência, que começou justamente em 5 de junho daquele ano, sendo considerada um marco para a política ambiental internacional.

A importância do Dia Mundial do Meio Ambiente reside no seu papel de alertar a sociedade, os governos e as empresas sobre os problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta, como o desmatamento, a poluição, a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas. A data também serve como oportunidade para divulgar práticas sustentáveis, estimular a educação ambiental e reforçar compromissos com o desenvolvimento sustentável.

Todos os anos, o dia é celebrado com um tema diferente, escolhido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que busca destacar questões urgentes e mobilizar ações práticas. 

Em 2025, o Dia Mundial do Meio Ambiente traz como tema central “Acabar com a Poluição Plástica” (Ending Plastic Pollution), reforçando a urgência de enfrentar um dos maiores desafios ambientais da atualidade. A escolha do tema reflete a crescente preocupação global com os impactos do plástico nos ecossistemas, na biodiversidade e na saúde humana. Estima-se que mais de 430 milhões de toneladas de plástico sejam produzidas anualmente, sendo que dois terços desse volume correspondem a produtos de curta duração, que rapidamente se tornam resíduos, poluindo oceanos e entrando na cadeia alimentar humana. A campanha de 2025 busca mobilizar governos, empresas e cidadãos a adotarem medidas concretas para reduzir o uso de plásticos descartáveis, promover alternativas sustentáveis e fortalecer políticas públicas voltadas à gestão adequada dos resíduos. A República da Coreia será o país anfitrião das celebrações globais, destacando-se por iniciativas como o projeto “Ilha Jeju Zero Plástico 2040”, que visa eliminar o uso de plásticos na ilha até 2040 por meio de regulamentações mais rígidas, melhorias na gestão de resíduos e sistemas inovadores de reciclagem. Além disso, a Coreia do Sul sediará a quinta sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição Plástica, com o objetivo de desenvolver um instrumento internacional juridicamente vinculante para combater a poluição por plásticos, conforme estabelecido pela resolução 5/14 da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 

Essas ações reforçam o compromisso global com a construção de um futuro mais limpo, saudável e sustentável para as próximas gerações. O Dia Mundial do Meio Ambiente se consolidou como um momento fundamental para refletir sobre o impacto das atividades humanas nos ecossistemas e para inspirar mudanças em favor da preservação da vida e do equilíbrio ambiental no planeta.

terça-feira, 3 de junho de 2025

O que é o Projeto Genoma Humano - PGH?

O Projeto Genoma Humano (PGH) foi uma das mais ambiciosas iniciativas científicas do século XX, com o objetivo principal de mapear e sequenciar todos os pares de bases nitrogenadas do DNA humano, identificando e localizando todos os genes presentes no genoma. O projeto começou oficialmente em 1990, nos Estados Unidos, como uma colaboração internacional envolvendo diversos países, e tinha uma previsão inicial de durar cerca de 15 anos, mas foi concluído em 2003, dois anos antes do previsto.

O principal objetivo do PGH era compreender a totalidade da informação genética humana, com vistas a avanços na medicina, biotecnologia e na compreensão da biologia humana. A ideia era identificar genes associados a doenças, entender mutações genéticas, além de fornecer subsídios para terapias gênicas e medicina personalizada.

Capas das revistas Science e Nature com os primeiros dados do PGH.

O projeto andou mais rápido do que se imaginava graças a vários fatores: o desenvolvimento de novas tecnologias de sequenciamento, o aumento exponencial da capacidade computacional e do armazenamento de dados, e a colaboração entre cientistas de diversos países e instituições, que compartilharam informações em tempo real. Além disso, a entrada de iniciativas privadas, como a empresa Celera Genomics, acelerou a corrida científica, impulsionando a conclusão do projeto.

Entre as principais conclusões mais atuais derivadas do PGH, destaca-se o fato de que o genoma humano possui cerca de 20.000 a 21.000 genes codificadores de proteínas, um número menor do que o inicialmente estimado. Foi descoberto também que apenas cerca de 1,5% do DNA humano é codificante, ou seja, está diretamente relacionado à produção de proteínas. Os cerca de 98,5% restantes são DNA não-codificante.

Por muito tempo, o DNA não-codificante foi considerado "DNA-lixo", por se supor que não tivesse função. No entanto, pesquisas mais recentes indicam que esse tipo de DNA pode desempenhar papéis importantes, como regulação da expressão gênica, controle do tempo e da intensidade com que genes são ativados ou desativados, além de abrigar elementos como RNAs não codificantes, sequências repetitivas e elementos transponíveis, que influenciam na organização estrutural do genoma e na sua evolução.

Assim, o PGH não apenas revolucionou a genética, como também abriu caminho para uma nova era de pesquisa biomédica, levando ao surgimento de áreas como a genômica funcional, a epigenética e a medicina de precisão, que continuam a evoluir e impactar profundamente o conhecimento sobre a saúde e as doenças humanas.

domingo, 1 de junho de 2025

LDL e HDL: o que são e por que são importantes?

No nosso corpo, as gorduras (ou lipídios) não se dissolvem facilmente no sangue, que é um líquido. Por isso, o organismo usa lipoproteínas — partículas compostas de lipídios e proteínas — para transportar essas gorduras pelo sangue. Entre essas lipoproteínas, duas são muito conhecidas: a LDL e a HDL.

A LDL (lipoproteína de baixa densidade) é responsável por levar o colesterol do fígado até as células, onde ele é usado para construir membranas celulares, produzir hormônios e desempenhar outras funções importantes. No entanto, quando há colesterol demais circulando ou quando a LDL não é eficientemente retirada da corrente sanguínea, ela pode se acumular nas paredes internas das artérias. Esse acúmulo leva à formação de placas de gordura (ateromas), que podem estreitar ou obstruir as artérias — um processo chamado aterosclerose. Isso aumenta o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, a LDL é conhecida como "mau colesterol".

Já a HDL (lipoproteína de alta densidade) atua como uma espécie de "faxineira" do sistema circulatório. Ela capta o excesso de colesterol das células e das paredes das artérias e o transporta de volta para o fígado. No fígado, esse colesterol pode ser reutilizado ou eliminado na bile. Esse processo é chamado de transporte reverso do colesterol, e ajuda a limpar as artérias, reduzindo o risco de entupimentos e doenças cardiovasculares. Por isso, a HDL é conhecida como "bom colesterol".

FONTE: https://cienciadotreinamento.com.br/saiba-mais-sobre-o-colesterol-ldl-e-hdl/

Além da LDL e da HDL, existem outras lipoproteínas importantes, mas menos conhecidas, como:

  • VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade): transporta principalmente triglicerídeos (um tipo de gordura) do fígado para os tecidos. Após perder os triglicerídeos, transforma-se em LDL.

  • IDL (lipoproteína de densidade intermediária): é uma forma de transição entre a VLDL e a LDL, e também pode contribuir para o acúmulo de colesterol.

  • Quilomícrons: são formados no intestino após a digestão de gorduras e transportam os lipídios da alimentação para os tecidos do corpo.

Manter níveis equilibrados dessas lipoproteínas é essencial para a saúde do coração e da circulação sanguínea. Uma alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em gorduras saturadas e trans, a prática regular de exercícios físicos, e evitar o tabagismo são atitudes fundamentais para manter níveis saudáveis de HDL e LDL no sangue.

sábado, 31 de maio de 2025

Algumas observações interessantes sobre o famoso "Experimento de Rutherford" e sobre o formato dos orbitais atômicos

SOBRE O EXPERIMENTO DE RUTHERFORD

O experimento de Rutherford foi um marco fundamental na história da ciência, pois derrubou o modelo atômico anterior proposto por Thomson e levou à formulação de um novo modelo para o átomo. Realizado em 1909 por Hans Geiger e Ernest Marsden sob a supervisão de Ernest Rutherford, o experimento consistiu em bombardear uma fina lâmina metálica com partículas alfa. A expectativa, segundo o modelo de Thomson (o chamado “modelo do pudim de passas”), era que essas partículas atravessassem a lâmina com pouca ou nenhuma deflexão.


No entanto, os resultados surpreenderam: a maioria das partículas passou direto, mas algumas foram desviadas em grandes ângulos e outras até mesmo ricochetearam. Com base nisso, Rutherford concluiu que o átomo possuía um núcleo pequeno, denso e com carga positiva, onde se concentrava quase toda a massa do átomo. Essa descoberta deu origem ao modelo nuclear do átomo, no qual os elétrons orbitam em torno de um núcleo central — um conceito que revolucionou a física e a química.

No experimento clássico de Rutherford, o principal metal utilizado foi o ouro, na forma de uma fina lâmina metálica (com espessura de apenas alguns átomos).

No entanto, posteriormente, Rutherford e outros pesquisadores repetiram experimentos semelhantes com outros metais, como prata, platina, alumínio e cobre, para verificar se o padrão de espalhamento das partículas alfa variava com o tipo de átomo.

Por que o ouro foi o escolhido inicialmente?

  • O ouro pode ser laminado em folhas extremamente finas (menor que 1 µm). É quimicamente estável e não oxida facilmente. Possui número atômico elevado (Z = 79), o que intensifica o efeito de espalhamento das partículas alfa, facilitando a detecção.

E os outros metais?

  • Metais com menor número atômico, como alumínio (Z = 13) ou cobre (Z = 29), também foram usados, mas o desvio das partículas alfa era menos acentuado. Esses experimentos complementares ajudaram Rutherford a propor que a deflexão das partículas alfa está relacionada à carga nuclear do átomo — quanto maior o número atômico, maior a deflexão.


SOBRE O FORMATO DOS ORBITAIS ATÔMICOS

A equação de Schrödinger é fundamental para entender a origem e a forma dos orbitais atômicos, pois ela descreve, de maneira matemática, o comportamento das partículas quânticas, como os elétrons em um átomo.


O quadrado do módulo da função de onda, Ψ2|\Psi|^2, representa a 
densidade de probabilidade de encontrar o elétron em uma certa posição.

🔬 Como isso se relaciona aos orbitais atômicos?

    A equação de Schrödinger é uma equação diferencial que, no caso do átomo de hidrogênio (o mais simples), pode ser resolvida exatamente. Sua solução nos dá uma função de onda ψ, que contém todas as informações possíveis sobre o elétron.

    O quadrado da função de onda (∣ψ∣²) representa a probabilidade de encontrar o elétron em determinada região do espaço — ou seja, define a distribuição espacial do elétron em torno do núcleo.

    As soluções da equação de Schrödinger para o elétron em um átomo fornecem conjuntos de números quânticos:

        n (principal): energia e tamanho do orbital

        l (secundário ou azimutal): forma do orbital

        m (magnético): orientação espacial


📐 E as formas dos orbitais?

As diferentes soluções para a equação, com diferentes valores de nn, ll e mm, resultam em funções de onda com diferentes geometrias — que chamamos de orbitais atômicos:


✳️ Resumindo:

A equação de Schrödinger fornece as funções de onda que descrevem os orbitais. A forma dos orbitais atômicos surge naturalmente dessas soluções — são as regiões onde há maior probabilidade de encontrar os elétrons.

Portanto, sem a equação de Schrödinger, não haveria base teórica rigorosa para explicar por que os orbitais têm as formas que têm.



Ramon Lamar de Oliveira Junior a partir de informações fornecidas pelo ChatGPT

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Algumas proteínas importantes mas pouco conhecidas da maioria dos estudantes

As proteínas são moléculas essenciais para a vida, responsáveis por quase todas as funções celulares. Para funcionar corretamente, uma proteína precisa se dobrar em uma forma tridimensional específica, chamada estrutura nativa. Esse processo de dobramento é complexo e delicado, pois até pequenas falhas podem impedir a proteína de desempenhar seu papel ou até torná-la prejudicial.

Ilustração mostra coronavírus (SarsCov-2) atacando células humanas.

É aí que entram as chaperonas — proteínas especiais que ajudam outras proteínas a se dobrarem corretamente. Elas agem como “ajudantes” dentro da célula, garantindo que as proteínas recém-sintetizadas ou desnaturadas não se enrolem de maneira errada ou não se agreguem umas às outras, formando “bolas” que não funcionam.

As chaperonas não fazem parte da estrutura final da proteína; elas apenas acompanham o processo de dobramento, fornecendo um ambiente seguro para que a proteína alcance sua forma correta. Além disso, em alguns casos, as chaperonas também podem ajudar proteínas que foram desnaturadas (perderam sua forma original por calor, químicos ou outras causas) a voltar a se dobrar corretamente, um processo chamado renaturação. (Convém lembrar que, nesse caso, a renaturação é possível se o efeito sobre as proteínas for moderado, um leve aquecimento por exemplo. Fora das células, com ações extremas sobre as proteínas - como a fervura - e sem a presença das chaperonas, não há como ocorrer renaturação.)

Sem a ação das chaperonas, muitas proteínas importantes simplesmente não conseguiriam atingir sua forma funcional, o que afetaria o funcionamento das células e, consequentemente, do organismo como um todo. As chaperonas são fundamentais para a qualidade e estabilidade das proteínas, garantindo que elas se formem da maneira certa para manter a vida funcionando perfeitamente.


Proteínas de Choque Térmico: Protetoras das Células em Situações Extremas

As proteínas de choque térmico (ou HSPs, do inglês Heat Shock Proteins) são um tipo especial de proteínas que ajudam as células a sobreviver em condições de estresse, como calor excessivo, frio extremo, falta de oxigênio, exposição a substâncias tóxicas e outros tipos de agressão.

Quando uma célula é submetida a um estresse forte, muitas proteínas dentro dela podem se desnaturar — ou seja, perder sua forma correta — e se tornar incapazes de funcionar. As proteínas de choque térmico entram em ação justamente nessas situações para proteger outras proteínas.

Elas atuam como chaperonas, ajudando as proteínas desnaturadas a se dobrarem novamente em sua forma funcional, prevenindo a formação de aglomerados de proteínas que poderiam ser tóxicos para a célula. Além disso, as HSPs podem ajudar a eliminar proteínas danificadas que não podem ser reparadas.

Essas proteínas são essenciais para a sobrevivência celular, porque permitem que a célula resista a condições adversas que, de outra forma, seriam letais. Por isso, as proteínas de choque térmico são encontradas em praticamente todos os organismos, desde bactérias até humanos.

Além do papel protetor, as HSPs têm importância em diversas áreas da medicina, como no estudo do câncer e doenças neurodegenerativas, onde o controle do dobramento das proteínas é fundamental.

Febre e vírus

É comum ouvir que a febre ajuda a combater vírus porque eles não possuem chaperonas do tipo "proteínas de choque térmico" e, portanto, não conseguem se recuperar do calor, mas essa explicação é simplista e incorreta. Na verdade, vírus não são organismos vivos independentes; eles dependem da célula hospedeira para produzir suas proteínas e se replicar. Assim, mesmo que o vírus não tenha chaperonas próprias, as proteínas da célula infectada — que sim, possuem chaperonas — são utilizadas para montar as estruturas virais. Portanto, a ausência de chaperonas nos vírus não é a razão pela qual a febre ajuda a combater infecções. O verdadeiro papel da febre está em ativar o sistema imunológico, dificultar a replicação viral e criar um ambiente menos favorável ao avanço do patógeno.

Apesar disso, não controlar a febre pode ser perigoso. Embora febres leves (até cerca de 38°C) geralmente não precisem de medicação e possam até ser benéficas (por ativarem o sistema imunológico), valores mais altos já exigem atenção, pois podem causar desconforto, desidratação e, em alguns casos, convulsões — especialmente em crianças pequenas, idosos ou pessoas com doenças crônicas. Aliás, febres nesse público citado, sempre merecem ser acompanhadas de perto, mesmo febres baixas. Febres altas (acima de 39°C) são motivo de alerta e requerem avaliação médica imediata. Assim, embora a febre possa ser um aliado do corpo, ela precisa ser monitorada cuidadosamente para garantir que seus benefícios não sejam superados por riscos à saúde.

Texto produzido por ChatGPT, revisado e ampliado por Ramon L. O. Junior

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Perguntando ao ChatGPT: Existe remédio para aumentar a imunidade? (E ele deu a resposta que eu já sabia!)

Existe realmente, com base científica, algum medicamento que aumenta a imunidade?

❌ Resposta direta: Não existe, para pessoas saudáveis, um medicamento com comprovação científica robusta que “aumente” genericamente a imunidade de forma segura.

O sistema imunológico é complexo, equilibrado e sensível. "Aumentar" sua atividade indiscriminadamente não é desejável — pode até ser perigoso. O ideal é manter seu funcionamento eficiente e regulado, o que envolve múltiplos fatores: nutrição, sono, atividade física, estresse, presença de doenças, etc.

Figura criada pelo ChatGPT a meu pedido, baseado em uma charge sobre o assunto.


✅ O que existe com base científica:

1. Medicamentos imunomoduladores (uso clínico específico)

Esses fármacos não aumentam a imunidade no sentido comum do termo, mas modulam a resposta imune (ou a reduzem ou a estimulam), geralmente de forma dirigida.

Exemplos:

- Interferons e interleucinas: usados em câncer, hepatite C, esclerose múltipla, etc.

- Imunossupressores: usados após transplantes para evitar rejeição, ou em doenças autoimunes.

- Imunoglobulinas (anticorpos prontos): para imunodeficiências ou em exposições a certos vírus (como raiva ou hepatite B).

➤ Conclusão: têm efeito importante, mas são indicados em casos específicos e sob prescrição médica rigorosa.

2. Vacinas

São a intervenção mais eficaz e segura para treinar e fortalecer o sistema imune contra doenças infecciosas específicas.

Funcionam expondo o corpo a versões atenuadas ou fragmentos de microrganismos, preparando o sistema imune para uma resposta rápida e eficiente no futuro.

Exemplos comprovados: Vacinas contra gripe, COVID-19, HPV, hepatite B, sarampo, entre outras.

➤ Conclusão: não aumentam a imunidade de forma geral, mas fortalecem a resposta contra agentes específicos, com comprovação científica robusta.

3. Suplementação de vitaminas e minerais (com evidência dependendo do contexto)

Alguns micronutrientes são essenciais para o funcionamento ideal da imunidade. A deficiência deles pode comprometer a resposta imune, aumentando o risco de infecções.

➤ Quando há benefício?

- Em pessoas com deficiência nutricional comprovada (por exames ou condições clínicas), a suplementação corrige o problema e restaura a função imune.

- Em pessoas bem nutridas, a suplementação geralmente não traz benefício extra e pode ser prejudicial em excesso.

4. Estilo de vida saudável (base fortemente comprovada)

Há sólida base científica mostrando que fatores do estilo de vida impactam diretamente o funcionamento do sistema imunológico.

Principais práticas associadas à boa imunidade:

- Sono adequado (7–9 horas): a privação do sono reduz a produção de anticorpos e a atividade de células imunes.

- Alimentação equilibrada: com frutas, legumes, fibras e proteínas magras. Micronutrientes (zinco, selênio, vitamina C, D) vêm preferencialmente dos alimentos.

- Atividade física regular e moderada: melhora a circulação de células imunes e reduz marcadores inflamatórios.

- Controle do estresse: estresse crônico aumenta o cortisol, que pode suprimir a resposta imune.

- Evitar álcool em excesso e tabagismo: ambos afetam negativamente a imunidade inata e adaptativa.

➤ Conclusão: não são medicamentos, mas são as principais estratégias validadas para manter um sistema imune equilibrado e eficaz.


🚨 Cuidado com promessas enganosas

Muitos produtos no mercado se dizem "estimulantes imunológicos", mas:

- Raramente têm estudos clínicos confiáveis.

- Podem conter dosagens inadequadas, combinações sem sentido ou ingredientes mal estudados.

- Alguns compostos naturais, como equinácea ou própolis, têm estudos preliminares, mas evidência inconsistente ou limitada.


✅ Conclusão geral

Situação:

- Para "aumentar a imunidade" em pessoas saudáveis: ❌ Não — nenhuma substância comprovada

- Para corrigir deficiência nutricional: ✅ Sim — com suplementação adequada

- Para doenças específicas (autoimunes, câncer, HIV etc.): ✅ Sim — com imunomoduladores específicos

- Para prevenir doenças específicas: ✅ Sim — com vacinas

- Para melhorar imunidade naturalmente: ✅ Sim — com sono, alimentação, exercícios


domingo, 11 de maio de 2025

Conversando com o ChatGPT sobre BALÕES BIODEGRADÁVEIS!

Pergunta: Balões de material biodegradável, que podem ser usados em eventos e soltos no ambiente sem causar problemas ambientais, realmente existem?

Resposta: Sim, balões feitos de material biodegradável existem, mas é importante esclarecer alguns pontos:

1. Látex natural é biodegradável, mas...

Muitos balões são feitos de látex natural, um produto extraído da seringueira (Hevea brasiliensis). Esse tipo de látex é biodegradável, ou seja, pode se decompor naturalmente com o tempo, especialmente sob condições ideais de umidade, calor e presença de micro-organismos.

  • Estudos indicam que balões de látex podem levar de 6 meses a 4 anos para se decompor completamente, dependendo do ambiente.

  • Sendo assim, esse processo de biodegradação do material não é imediato, e enquanto o balão estiver intacto, pode causar danos à fauna se ingerido por animais.


2. Biodegradável não significa inofensivo

Mesmo balões biodegradáveis podem causar problemas ambientais:

  • Animais (como aves, tartarugas e mamíferos marinhos) podem confundir fragmentos de balões com alimento e sofrer obstruções intestinais ou asfixia. O mesmo acontece com animais que também são de regiões de terra firme como matas, cerrados e campos abertos. Sem contar com o risco da formação de microplásticos, hoje sabidamente de relevante potencial agressivo.

  • Fitas plásticas ou barbantes presos aos balões muitas vezes não são biodegradáveis, permanecendo no ambiente por muito tempo.

3. Soltar balões ainda é prejudicial

Mesmo os de látex natural, não devem ser soltos no ambiente. Organizações ambientais e especialistas alertam que não há forma segura de liberar balões ao ar livre, pois eles quase sempre acabam em locais inadequados, como oceanos, rios ou áreas naturais.

IMPORTANTE LEMBRAR: Biodegradação x Fragmentação

  • A biodegradação verdadeira envolve a quebra completa do material em compostos mais simples (como CO₂ e água), graças à ação de micro-organismos.

  • A fragmentação (como ocorre com muitos plásticos e até parte dos balões de látex industrializados) é a quebra em pedaços menores, sem que esses resíduos desapareçam — formando microplásticos.


Conclusão:

  • Sim, existem balões biodegradáveis, geralmente feitos de látex natural.

  • Não, soltar esses balões na natureza não é ambientalmente seguro, mesmo que biodegradáveis.

  • Para eventos sustentáveis, o ideal é usar decorações reutilizáveis e evitar práticas que envolvam liberar objetos no meio ambiente.

quarta-feira, 7 de maio de 2025

O lixo é sempre coletável? Limpou, tá novo? (Mais sobre a questão do lixo na Serra de Santa Helena.)

(ESCLARECIMENTO: Fui obrigado a "ressuscitar" esta postagem depois da que ouvi, vindo de dentro da prefeitura: que a sujeira após a festa da Serra de Santa  Helena não é problema ambiental... pois a prefeitura foi lá e varreu tudo depois. DEVE TER VARRIDO TAMBÉM AS DEZENAS DE LITRO DE ÓLEO DE FRITURA QUE SE INFILTRARAM NO TERRENO! DEVE TER VARRIDO UM POUCO DE EDUCAÇÃO PARA DENTRO DE QUEM SUJOU A SERRA E NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA O MEIO AMBIENTE QUER SEJA NATURAL OU URBANO! DEVE TER VARRIDO SEM GASTAR UM CENTAVO DOS IMPOSTOS QUE PAGAMOS! FRANCAMENTE!!! QUE DESPREPARO!!! A postagem original é de 2013.)

Muitas pessoas têm discutido as fotos postadas aqui no blog e pelo MUTIRÃO CIDADANIA sobre o lixo gerado na Festa da Serra de Santa Helena, ocorrida na última semana. Geralmente, as pessoas se dividem entre aquelas que condenam totalmente a quantidade de lixo gerada (me incluo entre essas pessoas) e aquelas que acham que é "um exagero, pois é só varrer e coletar o lixo". 
A questão fundamental é que o segundo grupo de pessoas (as que acham que "limpou, tá novo!") não estão conseguindo captar a dimensão do problema. Não as culpo, trata-se de ignorância (no sentido de ignorar ou não ter conhecimento) a respeito do tal lixo espalhado. Como todos os habituais frequentadores do blog sabem, sou biólogo e professor, portanto a preocupação com a educação ambiental é uma constante aqui no blog. Posso enumerar alguns aspectos, ilustrando-os com fotos e um vídeo, espero que fique mais didático e fácil de entender. 

1) CERTOS LIXOS NÃO TÊM COMO SER RECOLHIDOS! É o caso dos poluentes que se infiltram no solo, como o óleo de fritura usado que é descartado no chão. Esse óleo infiltra no solo e, no caso específico, está contaminando nossa "caixa d'água", ou seja, a área de recarga dos nossos lençóis subterrâneos. Dessa forma, coloca-se, ano após ano, um tipo de poluente que pode contaminar as inúmeras nascentes da Serra de Santa Helena. Sem contar o risco sobre o aquífero mais profundo, de abastecimento da cidade.

 Fotos: Marta Villefort

2) ALGUNS LIXOS ALIMENTAM O FOGO DURANTE OS INCÊNDIOS NA ENCOSTA DA SERRA DE SANTA HELENA! Papel e plástico ajudam a aumentar a intensidade do fogo em alguns pontos, dificultando o combate e aumentando a temperatura por mais tempo junto às árvores da encosta. No caso específico dos incidentes da última semana, encontramos as caixas de papelão usadas para a distribuição dos copos plásticos de água durante a subida da procissão, os próprios copos plásticos e os "canudos" de papelão dos fogos de artifício jogados na mata. Esse tipo de lixo é frequentemente esquecido pela "limpeza pública" que só remove o lixo das ruas e calçadas.


 Fotos: Ramon L. O. Junior

3) LIXOS QUE COLOCAM EM RISCO OS BRIGADISTAS QUE VÃO COMBATER OS INCÊNDIOS NA ENCOSTA DA SERRA DE SANTA HELENA! Nessa categoria estão as garrafas de vidro. Inúmeras garrafas e seus cacos foram coletadas na encosta da serra e muitas outras ainda devem estar por lá. Também não são alvo da "limpeza pública", mas podem provocar sérios ferimentos nos brigadistas e também, é claro, nos animais em fuga dos incêndios e nas crianças que, inadvertidamente brincam na área. 

Foto: Ramon L. O. Junior

4) OS PEQUENOS LIXOS QUE PODEM SER INGERIDOS POR ANIMAIS, PROVOCANDO SUA MORTE! São papéis de bala, tampinhas, fragmentos de plástico ou de vidro... materiais brilhantes que atraem os pássaros e outros animais e podem por eles ser ingeridos. Isso encontramos por toda parte. No caso da Serra de Santa Helena, ainda chama atenção a enorme quantidade de preservativos (evidentemente usados) encontrados em alguns locais. Abaixo, o link para um vídeo onde são registradas as mortes de aves marinhas pela ingestão de lixo desse tipo... chocante. São apenas 4 minutos do seu tempo. Vale a pena ver.


E então? Deu para entender toda a nossa preocupação com o lixo? E nessa conversa não paramos para discutir a questão do lixo que armazena água e serve como local de proliferação dos mosquitos transmissores de doenças (como a dengue, né?). É isso.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

TURISMO, CULTURA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL DEVEM ANDAR DE MÃOS DADAS!

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Vestibular seriado da UFMG - Primeiras Informações

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) implementará, a partir de 2025, um novo modelo de ingresso: o Processo Seletivo de Avaliação Seriada (PSAS). Esse sistema permitirá que estudantes realizem provas ao final de cada ano do Ensino Médio, avaliando conteúdos específicos de cada série. A primeira etapa está programada para 14 de dezembro de 2025, destinada aos alunos do 1º ano. ​


O PSAS será responsável por 30% das vagas de cada curso de graduação, enquanto os 70% restantes continuarão sendo preenchidos pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU) e por processos seletivos específicos, como os de habilidades para cursos como Música e Artes Visuais. 

A UFMG divulgará, em maio de 2025, um documento orientador contendo os conteúdos cobrados em cada etapa, a estrutura das provas e orientações pedagógicas para professores e alunos. As inscrições para a primeira etapa estão previstas para a segunda quinzena de agosto de 2025, com detalhes sobre taxas e critérios de isenção a serem definidos no edital oficial.

Atenção: O PSAS é aberto a estudantes que estejam cursando o Ensino Médio ou a Educação de Jovens e Adultos (EJA), bem como a qualquer pessoa que tenha concluído, a qualquer tempo, esse segmento ou modalidade de ensino da educação básica. A legislação que rege a reserva de vagas pelo sistema de cotas será aplicada também nesse caso, da mesma forma como ocorre com o SiSU/UFMG. 

Para mais informações e atualizações, estaremos acompanhando o site oficial da UFMG e a página da Pró-Reitoria de Graduação.

PS.: Em breve divulgaremos aqui no Blog, várias provas antigas do Vestibular da UFMG.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Botulismo: o que é, causas e prevenção.

O botulismo é uma doença rara, porém grave, causada pela toxina botulínica, produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Essa toxina é uma das substâncias mais potentes conhecidas e atua no sistema nervoso, bloqueando a liberação de neurotransmissores, o que pode levar à paralisia muscular, inclusive dos músculos respiratórios.

A contaminação ocorre principalmente pela ingestão de alimentos mal conservados ou mal processados que permitam o desenvolvimento da bactéria e a liberação da toxina. Alimentos frequentemente associados a casos de botulismo incluem conservas caseiras de vegetais (como pimentões, cenouras, vagens, beterrabas), palmito em conserva, embutidos, carnes curadas ou defumadas artesanalmente e produtos enlatados com sinais de deterioração (como latas estufadas).

A toxina botulínica é extremamente perigosa mesmo em quantidades muito pequenas. No entanto, ela não é termo-resistente: pode ser inativada por aquecimento. A toxina é destruída quando exposta a temperaturas superiores a 80 °C por pelo menos 10 minutos ou 100 °C por pelo menos 5 minutos. Já os esporos da bactéria C. botulinum, por outro lado, são altamente resistentes ao calor e podem sobreviver a processos de cozimento comuns, sendo necessárias medidas específicas (como a acidificação e o uso de pressão elevada em autoclaves ou panelas de pressão) para garantir a segurança de conservas caseiras.

A prevenção do botulismo passa por cuidados rigorosos na manipulação e conservação de alimentos, especialmente na preparação de conservas caseiras. É essencial seguir técnicas adequadas de higiene, processamento e esterilização, e evitar o consumo de alimentos com aspecto ou cheiro alterado, ou armazenados por longos períodos em condições inadequadas.

O tratamento do botulismo exige atendimento médico imediato, geralmente com administração de antitoxina e suporte hospitalar. Casos mais graves podem necessitar de ventilação mecânica.

Botox

Curiosamente, a mesma toxina botulínica que pode causar o botulismo também é utilizada, em doses extremamente baixas e controladas, em procedimentos estéticos e terapêuticos — sendo popularmente conhecida como Botox. Nessas aplicações, a toxina é empregada para bloquear temporariamente a contração dos músculos, suavizando rugas de expressão e tratando condições como espasmos musculares, suor excessivo (hiperidrose) e enxaquecas crônicas. A quantidade utilizada em procedimentos médicos é milhares de vezes menor do que a necessária para causar efeitos tóxicos sistêmicos, sendo considerada segura quando aplicada por profissionais qualificados.

Houve registros recentes no Brasil de casos de botulismo associados à aplicação de toxina botulínica, popularmente conhecida como botox. Em março de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um alerta após receber duas notificações de casos suspeitos de botulismo relacionados à administração da toxina. Esses casos estão sob investigação e, até o momento, não foram confirmados como botulismo iatrogênico.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

"Desextinção" do Lobo Terrível???

Recentemente, a empresa americana Colossal Biosciences anunciou um feito inédito no campo da biotecnologia: o nascimento de três filhotes geneticamente modificados com características do extinto lobo-terrível (Aenocyon dirus), espécie que desapareceu há aproximadamente 10 mil anos. Os filhotes, batizados de Romulus, Remus e Khaleesi, não são clones diretos da espécie extinta, mas sim lobos-cinzentos modernos que passaram por um processo sofisticado de edição genética. A base desse avanço foi a utilização da técnica CRISPR-Cas9, uma ferramenta de edição gênica de altíssima precisão, que permite inserir, remover ou alterar trechos específicos do DNA.


A partir da análise de fósseis com até 72 mil anos, os pesquisadores conseguiram identificar fragmentos de DNA do lobo-terrível ainda preservados. Embora o genoma completo da espécie não esteja disponível — devido à degradação natural do material genético ao longo de milênios — os cientistas mapearam genes específicos associados a características fenotípicas do animal, como maior robustez corporal, estrutura craniana ampliada e uma pelagem mais densa, adaptada ao clima frio do Pleistoceno.

Com essas informações em mãos, foram editados 20 genes em embriões de lobos-cinzentos, utilizando o CRISPR para substituir sequências específicas por variantes encontradas nos fósseis do lobo-terrível. Após a edição, os embriões foram implantados em cadelas domésticas, que serviram como barrigas de aluguel para o desenvolvimento dos filhotes. O nascimento bem-sucedido dos três animais marca um avanço técnico importante na chamada "desextinção funcional" — quando o objetivo não é recriar uma cópia exata do organismo extinto, mas sim trazer de volta características ecológicas e genéticas relevantes da espécie original.

Apesar do entusiasmo da equipe envolvida, o projeto gerou diversas críticas dentro da comunidade científica. O paleogeneticista Dr. Nic Rawlence, da Universidade de Otago, por exemplo, destacou que o DNA disponível é altamente degradado, o que impede a clonagem total e precisa da espécie. Assim, os filhotes seriam, na prática, lobos-cinzentos com alterações genéticas inspiradas no lobo-terrível, e não representantes autênticos da espécie extinta. Ele argumenta que essa abordagem pode gerar confusão sobre o que significa "trazer uma espécie de volta", além de levantar questões éticas importantes.

Outras críticas se concentram nas implicações ecológicas e morais da desextinção. A reintrodução de animais extintos em ecossistemas modernos pode causar desequilíbrios imprevisíveis, principalmente se esses novos organismos forem liberados sem uma análise aprofundada das condições ambientais e da interação com espécies existentes. Também há preocupações quanto ao bem-estar dos animais gerados e aos riscos de aplicar tecnologias genéticas de forma prematura.

Por outro lado, defensores do projeto argumentam que essa tecnologia pode ser extremamente útil para a conservação de espécies ameaçadas de extinção. A Colossal Biosciences, por exemplo, já aplicou técnicas semelhantes para clonar lobos-vermelhos, visando aumentar a diversidade genética da população atual — um recurso valioso para evitar colapsos populacionais em espécies criticamente ameaçadas. Além disso, ao restaurar traços funcionais perdidos de espécies extintas, seria possível reequilibrar ecossistemas degradados, como o da tundra ártica, que poderiam se beneficiar do retorno de grandes predadores.

Em resumo, a tentativa de “ressuscitar” o lobo-terrível representa um marco na engenharia genética e na biotecnologia, mas também impõe desafios éticos, técnicos e ecológicos que ainda precisam ser amplamente debatidos. Mesmo que os animais criados não sejam verdadeiros lobos-terríveis, o projeto pode abrir caminho para futuras aplicações em conservação ambiental e para uma melhor compreensão sobre a evolução e a função ecológica de espécies extintas.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

DISBIOSE INTESTINAL E DISBIOSE EM OUTROS ÓRGÃOS

O corpo humano abriga trilhões de microrganismos que convivem em harmonia com nossas células, formando o que se chama de microbiota. Essa comunidade microbiana, antigamente chamada de flora intestinal, é especialmente abundante no trato gastrointestinal, particularmente no intestino grosso, onde o número de células bacterianas chega a superar o número de células humanas. Já o termo microbioma refere-se ao conjunto destes microrganismos e seus genes, sendo objeto de estudo crescente nas ciências da saúde devido à sua importância para o funcionamento do organismo.

A microbiota intestinal saudável desempenha diversas funções vitais. Ela atua na digestão de carboidratos complexos e fibras que não são digeridos pelas enzimas humanas, promovendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta, como o butirato, que servem de energia para as células intestinais. Também está envolvida na síntese de vitaminas, como a K e algumas do complexo B, e tem papel fundamental na educação e modulação do sistema imunológico, ajudando o corpo a distinguir entre agentes patogênicos e substâncias inofensivas. Além disso, contribui para a proteção contra microrganismos invasores por meio de competição por nutrientes e espaço, além da produção de substâncias antimicrobianas.

Figura utilizada em uma questão do ENEM 2016 sobre o papel da microbiota intestinal na defesa do organismo contra patógenos.

Bactérias benéficas, como espécies dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, conhecidas como probióticos, ajudam a manter o equilíbrio da microbiota. Por outro lado, substâncias que favorecem o crescimento dessas bactérias boas são chamadas de prebióticos, geralmente fibras alimentares não digeríveis.

Esse delicado equilíbrio pode ser perturbado por vários fatores, levando ao que se chama de disbiose intestinal. Entre as causas mais frequentes estão o uso indiscriminado de antibióticos, que eliminam não apenas bactérias patogênicas, mas também as benéficas; dietas pobres em fibras e ricas em gorduras saturadas, açúcares e alimentos ultraprocessados; estresse psicológico, privação de sono, infecções gastrointestinais e doenças inflamatórias crônicas. O desequilíbrio pode resultar em uma diminuição da diversidade microbiana e proliferação de microrganismos oportunistas ou patogênicos.

As consequências da disbiose variam de sintomas leves, como gases, inchaço e constipação, até distúrbios mais graves, como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, obesidade, diabetes tipo 2, alergias e doenças autoimunes. Estudos recentes também associam alterações na microbiota a distúrbios neurológicos e psiquiátricos, como ansiedade, depressão e autismo, devido à interação entre o intestino e o sistema nervoso central, conhecida como eixo intestino-cérebro.

Um exemplo clínico de disbiose ocorre na giardíase, uma infecção causada pelo protozoário Giardia lamblia, geralmente adquirida por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. A Giardia coloniza o intestino delgado e interfere na absorção de nutrientes, além de desencadear inflamações e alterações na mucosa intestinal. Durante a infecção, observa-se uma queda na diversidade bacteriana e na abundância de espécies benéficas, enquanto certas bactérias potencialmente nocivas podem se multiplicar. Essa disbiose induzida pela infecção pode persistir mesmo após o tratamento antiparasitário, contribuindo para a síndrome pós-infecção, com sintomas como fadiga, diarreia recorrente e desconforto abdominal.

A boa notícia é que, em muitos casos, a disbiose é reversível. Estratégias como a reintrodução de alimentos ricos em fibras, o uso adequado de probióticos e prebióticos, e a redução do estresse e do uso desnecessário de antibióticos ajudam na restauração da microbiota. Em situações específicas, como após infecções severas ou tratamentos prolongados, pode-se considerar intervenções mais avançadas, como o transplante de microbiota fecal, técnica experimental que visa restaurar a diversidade microbiana saudável.

Apesar de mais conhecida no contexto intestinal, a disbiose é um fenômeno que pode ocorrer em diferentes partes do corpo, sempre que há desequilíbrio na composição e na função da microbiota local. A pele, por exemplo, abriga uma microbiota que contribui para a defesa contra microrganismos patogênicos. Quando esse equilíbrio é rompido, pode haver desenvolvimento de condições como dermatite atópica, acne ou psoríase. No ambiente vaginal, uma microbiota dominada por Lactobacillus ajuda a manter o pH ácido e proteger contra infecções. A redução desses microrganismos benéficos pode favorecer o surgimento de vaginose bacteriana ou candidíase.

A boca também possui uma microbiota complexa, cujo desequilíbrio pode levar a cáries, gengivites e periodontites, enquanto os pulmões, hoje reconhecidos como não estéreis, apresentam microbiota cuja disbiose tem sido relacionada a asma, DPOC e infecções respiratórias crônicas. Até mesmo o trato urinário, historicamente considerado estéril, mostra sinais de que alterações em sua microbiota podem contribuir para infecções urinárias recorrentes e síndrome da bexiga dolorosa.

Assim, manter o equilíbrio da microbiota — seja no intestino ou em outros tecidos — é essencial não apenas para uma digestão eficiente, mas também para a manutenção da saúde geral, a prevenção de doenças infecciosas e inflamatórias e a recuperação de distúrbios sistêmicos. Estratégias como alimentação rica em fibras, uso criterioso de antibióticos, manejo do estresse e, quando necessário, a administração de probióticos e prebióticos podem auxiliar na restauração da eubiose, ou seja, do estado saudável e funcional da microbiota.

Ramon Lamar + ChatGPT