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sexta-feira, 6 de junho de 2025

O experimento de Fred Griffith: o surgimento da ideia de transformação genética

Em 1928, o cientista britânico Fred Griffith realizou um experimento clássico com bactérias que ajudou a revelar um dos primeiros indícios de que material genético poderia ser transferido de uma célula para outra. Ele estudava a bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da pneumonia, e usou dois tipos (ou cepas) dessa bactéria:

  • Cepa S (Smooth): formava colônias lisas (por isso o nome Smooth) devido à presença de uma cápsula polissacarídica — uma camada protetora composta por açúcares complexos. Essa cápsula impede que a bactéria seja fagocitada pelo sistema imunológico, tornando-a virulenta, ou seja, capaz de causar doença.

  • Cepa R (Rough): formava colônias rugosas (daí o nome Rough) porque não possuía cápsula. Sem essa proteção, essas bactérias eram destruídas facilmente pelas defesas do organismo, sendo não virulentas.

Griffith realizou quatro experimentos com camundongos:

  1. Cepa R viva (não virulenta) → o camundongo viveu.

  2. Cepa S viva (virulenta) → o camundongo morreu.

  3. Cepa S morta por calor → o camundongo viveu.

  4. Mistura da cepa R viva com a cepa S morta por calor → o camundongo morreu.

Ao examinar o sangue do último camundongo, Griffith encontrou bactérias vivas do tipo S. Isso indicava que, de alguma forma, as bactérias R haviam sido transformadas em S, adquirindo a capacidade de produzir cápsula e, com isso, causar doença.


Conclusão e importância:
Griffith concluiu que algum "princípio transformante" foi passado das bactérias mortas do tipo S para as vivas do tipo R, tornando-as virulentas. Embora ele não soubesse exatamente o que era esse princípio, esse experimento sugeriu que informações genéticas podiam ser transferidas entre bactérias.

Essa hipótese foi confirmada em 1952 pelos cientistas Alfred Hershey e Martha Chase, em um experimento com vírus bacteriófagos. Eles demonstraram que era o DNA, e não as proteínas, o responsável por carregar a informação genética. Com isso, consolidou-se a ideia do DNA como o material hereditário dos seres vivos.

Esse conhecimento teve enorme impacto na biologia. Hoje sabemos que bactérias podem trocar genes entre si por processos como transformação, conjugação e transdução, permitindo que genes de resistência a antibióticos se espalhem rapidamente entre populações bacterianas. Isso representa um grave desafio para a saúde pública, pois dificulta o tratamento de infecções.

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