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segunda-feira, 23 de junho de 2025

O Acidente com o Césio-137 em Goiânia: Uma Tragédia Radioativa no Brasil

Em setembro de 1987, ocorreu em Goiânia (GO) o pior acidente radiológico da história do Brasil e um dos mais graves do mundo fora de usinas nucleares. O incidente começou quando dois catadores de materiais recicláveis, Roberto dos Santos Alves e Wagner Mota Pereira, entraram nas ruínas do antigo Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), um hospital abandonado que havia deixado para trás um perigoso aparelho de radioterapia contendo césio-137, um material altamente radioativo.

Sem saber do risco, os catadores desmontaram o aparelho e levaram a cápsula metálica para casa. Dias depois, a venderam para um ferro-velho de propriedade de Devair Alves Ferreira. Ao forçar a abertura da cápsula, encontraram um pó azul brilhante, que os encantou. A substância era cloreto de césio-137, e o brilho se devia à intensa radiação. Devair compartilhou o pó com familiares, vizinhos e amigos. Muitas pessoas o manipularam com as mãos, passaram no corpo e o colocaram em ambientes domésticos, sem imaginar que estavam espalhando um veneno invisível.

O que é o Césio-137?
O césio-137 é um isótopo radioativo do elemento químico césio. Isótopos são átomos do mesmo elemento com o mesmo número de prótons, mas diferentes números de nêutrons. O césio-137 é instável e sofre decaimento radioativo, emitindo radiação gama, que é extremamente penetrante e perigosa ao organismo humano, podendo causar desde queimaduras até alterações no DNA celular.
Um conceito essencial nesse contexto é a meia-vida, que é o tempo necessário para que metade da quantidade de uma substância radioativa se desintegre naturalmente. A meia-vida do césio-137 é de aproximadamente 30 anos, o que significa que ele permanece perigoso por muito tempo.

As Vítimas da Tragédia
Mais de 600 pessoas foram contaminadas, muitas delas com sintomas graves. Dentre essas, quatro pessoas morreram em decorrência direta da radiação:

Leide das Neves Ferreira, 6 anos
  • Sobrinha de Devair e filha de Maria Gabriela Ferreira
  • Brincou com o pó radioativo, chegou a passar no corpo e ingerir alimentos contaminados. Morreu semanas depois com síndrome aguda da radiação.
Maria Gabriela Ferreira, 37 anos
  • Irmã de Devair e mãe de Leide
  • Manuseou diretamente o material radioativo dentro de casa. Desenvolveu sintomas severos e morreu em outubro de 1987.
Israel Baptista dos Santos, 22 anos
  • Funcionário do ferro-velho de Devair
  • Ajudou a desmontar a cápsula contaminada. Faleceu por exposição intensa à radiação.
Admilson Alves de Souza, 18 anos
  • Amigo dos catadores
  • Teve contato direto com o césio e morreu poucos dias depois, com falência múltipla dos órgãos.
E o que aconteceu com os catadores e com Devair?

Roberto dos Santos Alves e Wagner Mota Pereira (os catadores que encontraram o aparelho)
  • Sobreviveram, embora tenham sofrido efeitos da exposição à radiação, como náuseas, feridas e queda de cabelo. Foram responsabilizados judicialmente, mas seus atos foram considerados sem dolo, pois não havia qualquer sinalização de perigo no local onde o equipamento estava abandonado.
Devair Alves Ferreira, dono do ferro-velho
  • Também não morreu diretamente por radiação. Teve sintomas severos e enfrentou grande sofrimento psicológico ao perder a irmã e a sobrinha. Morreu anos depois, com a saúde debilitada, mas não foi incluído entre as vítimas fatais imediatas do acidente.

Panorama Atual
Hoje, as áreas contaminadas foram descontaminadas, e a cidade de Goiânia é considerada segura. Os resíduos radioativos foram levados para um depósito permanente construído em Abadia de Goiás, onde são monitorados até hoje pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Mesmo assim, o impacto emocional, social e psicológico ainda é sentido por muitas pessoas envolvidas. Sobreviventes relataram sequelas duradouras e enfrentaram discriminação e estigmatização por parte da população, mesmo após receberem alta médica.

Medidas Preventivas Adotadas
Adotaram-se diversas medidas após o acidente, no Brasil e no mundo:
  • Normas mais rigorosas para uso, transporte e descarte de materiais radioativos.
  • Cadastro e rastreamento de todas as fontes radioativas no país.
  • Criação de centros de monitoramento e resposta a emergências radiológicas.
  • Campanhas educativas voltadas a profissionais da saúde, trabalhadores da reciclagem e ao público geral.
  • Estabelecimento de protocolos de segurança em clínicas de radioterapia e hospitais.
  • Em todo o mundo não se usa mais o material radioativo em pó, para evitar sua dispersão em possíveis acidentes desse tipo.

Conclusão
O acidente com o césio-137 em Goiânia mostrou como a desinformação, a negligência institucional e a ausência de controle sobre fontes radioativas podem levar a tragédias profundas. Estudar esse caso é essencial para que compreendamos os riscos da radiação, o papel dos isótopos, a importância da meia-vida e da ciência com responsabilidade.
A história de Leide, Maria Gabriela, Israel e Admilson serve como um lembrete comovente de que a tecnologia só deve ser usada com conhecimento, ética e fiscalização adequada — e que a ignorância pode ser fatal.

domingo, 22 de junho de 2025

SEQUENCIAMENTO DE DNA

O DNA é como um manual de instruções que determina tudo sobre os seres vivos: desde características físicas como a cor dos olhos até o funcionamento interno das células. Entender esse manual é essencial para avanços em medicina, biologia, agricultura e até ciências forenses. O processo de sequenciamento do DNA é justamente a “leitura” da sequência de bases nitrogenadas — as letras A (adenina), T (timina), C (citosina) e G (guanina) — que formam o código genético.

O que é sequenciar o DNA?
Sequenciar o DNA significa descobrir a ordem exata das bases em uma molécula de DNA. Como o DNA pode ter milhões ou até bilhões de bases, isso exige tecnologia avançada para ler essas informações com rapidez e precisão.
Hoje existem vários métodos, mas um dos mais clássicos e importantes é o método de Sanger, criado por Frederick Sanger na década de 1970. Foi com esse método que os cientistas conseguiram sequenciar o primeiro genoma humano!

Método de Sanger – como funciona?
O método de Sanger usa a ideia de copiar o DNA, mas com um truque: ele usa nucleotídeos modificados chamados ddNTPs, que impedem que a cadeia de DNA continue sendo copiada quando são inseridos.
O processo é assim: o O DNA é separado em pedaços e colocado em um tubo com enzimas (Taq-DNA- polimerase, que é uma DNA-polimerase extraída de bactérias de fontes termais que resiste às altas temperaturas do processo sem sofrer desnaturação), bases normais (dATP, dTTP, dCTP, dGTP), algumas bases modificadas ligadas a marcadores fluorescente de cores diferentes (ddATP, ddTTP, ddCTP, ddGTP). Cada vez que uma dessas bases modificadas entra na nova cadeia, ela interrompe a cópia.
O resultado é um conjunto de fragmentos de diferentes tamanhos, cada um terminando em uma base conhecida.
Esses fragmentos são colocados em um gel e separados por tamanho. Um leitor óptico identifica as cores e monta a sequência do DNA.
Embora hoje o Sanger não seja o mais rápido, ele ainda é usado em laboratórios para sequenciar trechos pequenos com alta precisão, como em testes genéticos específicos.

Fonte: https://parajovens.unesp.br/o-que-e-o-sequenciamento-de-nova-geracao-e-para-que-serve/

Sequenciamento de nova geração (NGS)
Para sequenciar genomas inteiros com rapidez, os cientistas desenvolveram o sequenciamento de nova geração (Next Generation Sequencing – NGS). Essa tecnologia permite sequenciar milhões de fragmentos ao mesmo tempo, tornando o processo muito mais rápido e barato. O NGS é usado, por exemplo, em grandes projetos de genômica, na detecção de mutações no câncer e no mapeamento genético de populações.

Para que serve o sequenciamento do DNA?
As possibilidades do sequenciamento são impressionantes e crescem a cada dia:

Na medicina:
  • Diagnóstico de doenças genéticas, como fibrose cística ou distrofia muscular.
  • Detecção de mutações associadas ao câncer, ajudando a escolher o melhor tratamento.
  • Testes pré-natais, para verificar a saúde genética do feto.
  • Medicina personalizada, que adapta tratamentos ao perfil genético do paciente.
Na genealogia e história evolutiva:
  • Testes de ancestralidade, que mostram de onde vieram os antepassados de uma pessoa.
  • Estudos sobre a evolução humana e relação com outras espécies.
Na investigação criminal:
  • Comparação de DNA encontrado em cenas de crime com suspeitos.
  • Identificação de vítimas em catástrofes.
Na agricultura e meio ambiente:
  • Desenvolvimento de plantas geneticamente melhoradas.
  • Identificação de espécies ameaçadas.
  • Monitoramento de biodiversidade por DNA ambiental (eDNA).

quinta-feira, 19 de junho de 2025

Situação atual sobre Acidentes com Aranhas no Brasil

Aranhas no Brasil: espécies, acidentes e riscos à saúde

O Brasil abriga uma grande diversidade de aranhas, com destaque para algumas espécies que têm importância médica, ou seja, que podem causar acidentes com humanos. Entre os gêneros mais relevantes estão Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (armadeira) e Latrodectus (viúvas-marrom e negra). Também é importante conhecer as caranguejeiras (família Theraphosidae) e as tarântulas brasileiras do gênero Lycosa, que apesar de não representarem risco grave, podem causar desconforto e reações locais.

Acidentes com aranhas no Brasil

De acordo com dados do Ministério da Saúde, ocorrem em média 15.000 acidentes por ano envolvendo aranhas no país. A distribuição estimada por gênero é:

  • Loxosceles (aranha-marrom): 6.000 a 9.000 casos/ano

  • Phoneutria (armadeira): 3.000 a 5.000 casos/ano

  • Latrodectus geometricus (viúva-marrom): 100 a 300 casos/ano

  • Latrodectus mactans (viúva-negra): menos de 5 casos confirmados/ano

  • Theraphosidae (caranguejeiras): casos isolados, não sistematizados

  • Lycosa (tarântulas brasileiras): casos isolados, sem risco sistêmico

A maioria dos acidentes ocorre em áreas urbanas e domiciliares, especialmente com Phoneutria, que se esconde em sapatos, roupas ou plantas. Já a Loxosceles é comum em regiões urbanas do Sul e Sudeste e pode se alojar em entulhos, atrás de móveis ou quadros.

Espécies mais preocupantes

As três espécies de maior relevância médica no Brasil são:

  1. Loxosceles (aranha-marrom): seu veneno tem ação necrosante e hemolítica, podendo causar lesões graves na pele e, em raros casos, falência renal ou morte. Crianças e idosos são os mais vulneráveis.

  2. Phoneutria (armadeira): possui um veneno neurotóxico potente, que causa dor intensa, suor, taquicardia e, em casos graves, dificuldades respiratórias. É a espécie com maior risco em ambientes urbanos.

  3. Latrodectus geometricus (viúva-marrom): possui um veneno neurotóxico mais leve. Os acidentes geralmente são leves, mas podem causar desconforto muscular e sudorese.

Apesar de rara, a Latrodectus mactans (viúva-negra) também está presente no Brasil. Ela é nativa da América do Sul, e seu veneno é extremamente potente. No entanto, os acidentes confirmados são raríssimos (menos de 10 com confirmação por identificação direta da espécie), e nenhum caso fatal foi documentado até hoje no Brasil. O quadro clínico de envenenamento é chamado latrodectismo e pode envolver dor irradiada, câimbras, suor excessivo e agitação.

Acidentes não relacionados ao veneno

As caranguejeiras (família Theraphosidae) não oferecem risco relevante pelo veneno, mas podem causar reações alérgicas por meio de pelos urticantes. Esses pelos são lançados como defesa e, ao entrarem em contato com a pele ou olhos, causam coceira, vermelhidão e até conjuntivite. Inalação acidental desses pelos também pode causar irritações respiratórias.

As tarântulas brasileiras do gênero Lycosa (tarântulas) também são consideradas de baixa importância médica. Suas picadas podem causar dor local, leve inchaço e vermelhidão, mas não evoluem para quadros graves.

Gravidade por faixa etária

Crianças e idosos são mais suscetíveis a complicações graves decorrentes de acidentes com aranhas devido à menor reserva fisiológica e ao metabolismo. Em crianças pequenas, a proporção do veneno por massa corporal é maior, o que pode intensificar os efeitos sistêmicos. Já nos idosos, há maior risco de descompensações clínicas, como insuficiência renal ou cardiovascular.

Nomes comuns populares de aranhas

É sempre importante lembrar que a nomenclatura científica é exata em relação à descrição de espécies. O uso de nomes comuns ou populares pode trazer confusão. Um exemplo clássico são aranhas caranguejeiras que comumente são chamadas de tarântulas, especialmente pelos estadunidenses. Isso se tornou comum em vídeos de divulgação como do canal Discovery ou National Geographic.

Conclusão

Embora o Brasil registre milhares de acidentes com aranhas todos os anos, a maioria tem boa evolução clínica quando o atendimento médico é realizado rapidamente. As espécies que exigem maior atenção são a aranha-marrom (Loxosceles), a armadeira (Phoneutria) e, em menor grau, a viúva-marrom (Latrodectus geometricus). Acidentes com a viúva-negra (Latrodectus mactans) são possíveis, mas extremamente raros. As caranguejeiras e tarântulas do gênero Lycosa não representam perigo grave, mas podem provocar reações alérgicas ou inflamatórias locais.

A prevenção continua sendo a melhor estratégia: manter calçados e roupas fechados, evitar acúmulo de entulhos e ficar atento ao manuseio de objetos guardados por longos períodos.

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Biologia: Ponto de Compensação Fótico

O ponto de compensação fótico (ou ponto de compensação luminosa) é um conceito fundamental da fisiologia vegetal. Ele representa a intensidade de luz necessária para que a fotossíntese produza glicose (açúcares) na mesma quantidade que a respiração consome.

Para entender melhor:
➡️ A fotossíntese ocorre com luz e transforma gás carbônico (CO₂) e água (H₂O) em glicose (uma forma de energia) e libera oxigênio (O₂);
➡️ A respiração celular acontece o tempo todo, com ou sem luz, e quebra a glicose usando oxigênio, liberando energia para as funções vitais da planta, além de CO₂ e água.
➡️ No ponto de compensação fótico, a taxa de produção de glicose é igual à taxa de consumo dessa substância pela respiração. A glicose é fundamental para a sobrevivência da planta, não apenas por gerar energia na respiração, como também formar todas as outras moléculas orgânicas que a planta necessita.


🌤️ O que acontece com a planta mantida indefinidamente em diferentes níveis de luz?

🔽 Abaixo do ponto de compensação fótico (luz insuficiente):
 
➡️ A fotossíntese é muito fraca para produzir a energia que a planta precisa para se manter viva.
➡️ A planta passa a usar suas reservas internas de energia (açúcares e amido acumulados anteriormente).
➡️ Ao ser mantida nessa condição por muito tempo, essas reservas se esgotam e a planta morre por falta de energia.
➡️ Não há crescimento nem manutenção dos tecidos.
🔴 Resumo: Mantida indefinidamente abaixo do ponto de compensação fótico, a planta certamente morre.
 
➖ No ponto de compensação fótico (luz mínima para equilíbrio):

➡️ A fotossíntese produz exatamente a mesma quantidade de energia que a planta gasta na respiração.
➡️ A planta sobrevive por um certo tempo, mas vive em um estado de equilíbrio delicado:
➡️ Não cresce;
➡️ Não acumula reservas de energia;
➡️ Não floresce nem frutifica;
➡️ Não consegue repor estruturas danificadas ou perdidas, como folhas velhas, raízes deterioradas ou tecidos atacados por pragas;
➡️ Se perder folhas ou tecidos, não consegue regenerar essas partes, o que compromete sua sobrevivência a médio ou longo prazo.
💡 Isso significa que, mesmo sem morrer imediatamente, uma planta mantida indefinidamente no ponto de compensação fótico tende a definhar com o tempo, por não conseguir se manter em equilíbrio frente a pequenas perdas ou variações ambientais.
🔴 Resumo: No ponto de compensação, a planta sobrevive por um tempo, mas não se regenera nem se desenvolve, e acaba morrendo se mantida nessa condição por muito tempo.
 
🔼 Acima do ponto de compensação fótico (luz suficiente):

➡️ A fotossíntese acontece em maior intensidade que a respiração.
➡️ A planta produz energia excedente, que pode ser:
➡️ Armazenada como reserva (amido);
➡️ Usada para crescer, formar novas folhas, raízes, flores e frutos;
➡️ Usada na reparação de tecidos danificados ou envelhecidos.
➡️ A planta se desenvolve plenamente.
🟢 Resumo: Acima do ponto de compensação fótico, a planta cresce, se regenera e se reproduz normalmente.

 
☀️ Plantas de Sol x 🌳 Plantas de Sombra: Diferenças no Ponto de Compensação

As plantas se adaptaram a diferentes ambientes de luz, e isso afeta diretamente seus pontos de compensação.
 
🌞 Plantas de sol (heliófitas):
Precisam de intensidades altas de luz para equilibrar a fotossíntese e a respiração, ou seja, para ficarem acima do ponto de compensação fótico.
Têm ponto de compensação fótico alto.
Se mantidas à sombra, não conseguem nem mesmo sobreviver.
Exemplos: girassol, milho, cana-de-açúcar, eucalipto.

🌿 Plantas de sombra (umbrófilas ou sciófitas):
Adaptadas a viver em ambientes com baixa luminosidade, como o interior das florestas.
Têm ponto de compensação fótico baixo, pois realizam fotossíntese de forma eficiente com pouca luz e respiram menos.
Sobrevivem e até crescem com luz fraca, mas podem se queimar ao serem expostas à luz solar direta.
Exemplos: samambaias, antúrios, marantas, jiboias.
 
✅ Conclusão
O ponto de compensação fótico representa o limiar entre a sobrevivência e o desenvolvimento de uma planta.
🔹 Abaixo dele, a planta entra em colapso energético e morre.
🔹 Nele, sobrevive por algum tempo, mas não se recupera, não cresce e não se reproduz — e acaba morrendo se mantida nessas condições por tempo prolongado.
🔹 Acima dele, cresce, se regenera e se reproduz com saúde.

🎓 Compreender esse conceito é essencial para a agricultura, jardinagem, produção em estufas e preservação ambiental, pois permite adaptar as condições de luz às necessidades específicas de cada espécie vegetal. Também é importante para definir até em qual profundidade nos ambientes aquáticos há luz suficiente para plantas aquáticas enraizadas e algas podem sobreviver.


Ramon Lamar e ChatGPT

terça-feira, 17 de junho de 2025

Conflito entre Israel e Irã: Origem, Motivações e Situação Atual em 17 de junho de 2025

O conflito entre Israel e Irã não é territorial, como o conflito Israel-Palestina, mas se baseia em diferenças ideológicas, religiosas, políticas e geoestratégicas. Ele evoluiu ao longo de décadas e hoje representa uma das tensões mais perigosas do mundo moderno, especialmente com o envolvimento de armamentos avançados e ameaças nucleares.

Mapa da região. FONTE: BBC

1. Cooperação no Início

De forma surpreendente, Israel e Irã já foram aliados. Durante as décadas de 1950 a 1970, os dois países cooperaram secretamente em áreas como energia e segurança. O xá Mohammad Reza Pahlavi, então governante do Irã, era pró-Ocidente e mantinha relações discretas com Israel, fornecendo petróleo e ajudando a conter o avanço do nacionalismo árabe.

2. A Ruptura em 1979

O ponto de virada ocorreu com a Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o xá e instaurou uma república islâmica teocrática, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. O novo regime passou a adotar um discurso fortemente anti-Israel e anti-Ocidente, classificando Israel como um "regime sionista ilegítimo".

Regime sionista ilegítimo é a forma como o governo iraniano chama Israel para negar a legitimidade do Estado judeu. “Sionismo” é o movimento político que defende a criação e manutenção de um Estado para o povo judeu na região histórica da Palestina. Para o Irã, esse Estado teria sido criado injustamente, por meio da expulsão e opressão dos palestinos, e por isso rejeitam sua existência legal e política.

Desde então, Israel passou a ser visto pelo Irã como um inimigo religioso e político. Por outro lado, Israel passou a considerar o Irã uma ameaça à sua existência, especialmente a partir do apoio iraniano a grupos armados e da escalada nuclear.

3. A Liderança Atual

Hoje, o Irã é comandado pelo aiatolá Ali Hosseini Khamenei, que ocupa o cargo de líder supremo desde 1989. Ele tem controle final sobre as forças armadas, o sistema judiciário e os rumos políticos do país.

Já em Israel, o primeiro-ministro é Benjamin Netanyahu, uma figura central na política israelense que tem liderado campanhas contra o programa nuclear iraniano e adotado uma política de confronto direto contra Teerã.

4. Fatores do Conflito

  • Ideologia e Religião: Israel é um Estado judeu e laico, enquanto o Irã é uma república islâmica xiita. O regime iraniano acredita que Israel não deveria existir e apoia a causa palestina como parte de sua missão islâmica.

  • Apoio a Grupos Armados: O Irã financia e treina o Hezbollah (no Líbano) e o Hamas (na Faixa de Gaza), inimigos declarados de Israel. Isso cria uma "guerra por procuração", onde os dois países se enfrentam indiretamente.

  • Programa Nuclear: Israel teme que o Irã desenvolva armas nucleares. Em várias ocasiões, Netanyahu afirmou que "não permitirá" um Irã nuclear. Já o Irã afirma que seu programa é apenas para fins civis.

5. Eventos Recentes (2020–2025)

  • 2020: O cientista Mohsen Fakhrizadeh, considerado chefe do programa nuclear militar iraniano, é assassinado. O Irã acusa Israel.

  • 2023–2024: O Irã e Israel intensificam os ataques indiretos. Bombardeios israelenses atingem alvos iranianos na Síria. O Irã responde com drones e mísseis contra Israel.

  • Abril de 2024: O Irã lança centenas de drones e mísseis contra Israel em retaliação a um ataque aéreo que destruiu seu consulado em Damasco. O ataque ao consulado em Damasco havia matado o general Qasem Soleimani Jr., filho do famoso comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Qasem Soleimani, assassinado em 2020. Qasem Soleimani Jr. era uma figura importante na coordenação das operações iranianas na Síria, especialmente no apoio a grupos aliados como o Hezbollah e as milícias xiitas. Sua morte representou um golpe estratégico para o Irã na região.


6. Escalada Máxima em Junho de 2025

Em junho de 2025, o conflito atingiu seu ponto mais crítico:

Ataque de Israel: “Operação Leão em Ascensão”

  • Em 13 de junho de 2025, Israel lançou a Operação Rising Lion, atingindo alvos estratégicos dentro do Irã, incluindo a instalação nuclear de Natanz e depósitos militares em Teerã. Uma das principais dificuldades para Israel em atacar o programa nuclear iraniano está na instalação de Fordow, que fica escondida dentro de uma montanha perto da cidade de Qom. Essa localização subterrânea e fortificada torna o local muito resistente a ataques aéreos, exigindo operações militares complexas e altamente planejadas para conseguir atingi-la com eficácia.

  • A operação usou inteligência artificial, drones, mísseis de longo alcance e sabotagem cibernética.

  • O comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, foi morto nos ataques.

Retaliação Iraniana

  • O Irã respondeu com mais de 400 mísseis e centenas de drones, alguns atingindo alvos civis e militares em Israel. Para minimizar os danos, Israel usou seus avançados sistemas de defesa antimísseis, especialmente o Iron Dome (Cúpula de Ferro), que é eficaz na interceptação de foguetes de curto alcance e drones. Além disso, Israel conta com o David’s Sling (Estilingue de Davi), para interceptar mísseis de médio alcance, e o Arrow (Flecha), projetado para neutralizar ameaças de longo alcance, como mísseis balísticos.

  • Até 17 de junho de 2025, ao menos 224 iranianos e 23 israelenses morreram, com centenas de feridos.

  • O Irã ameaçou sair do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, aumentando o risco de desenvolver armas atômicas.

Reação Internacional

  • Os Estados Unidos reforçaram a presença militar no Oriente Médio, mas evitaram envolvimento direto.

  • A comunidade europeia iniciou evacuação de diplomatas e civis do Irã.

  • O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Irã deveria “se render completamente”.

  • Netanyahu declarou que não descarta atingir Khamenei diretamente.


7. Conclusão

O conflito entre Israel e Irã é uma mistura explosiva de religião, geopolítica, ideologia e poder militar. Ele começou com uma revolução em 1979, ganhou força com a ascensão de líderes radicais e atingiu níveis críticos em 2025. Com armas de destruição em jogo, e mortes civis dos dois lados, o mundo observa com apreensão a possibilidade de uma guerra regional de grandes proporções — ou até algo ainda pior.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Fadiga Metálica – Uma abordagem para o Ensino Médio

A fadiga metálica é um fenômeno que ocorre em metais submetidos a esforços repetidos ou cíclicos ao longo do tempo. Mesmo que esses esforços estejam abaixo do limite de resistência do material, eles podem causar a formação e o crescimento de trincas microscópicas, que, com o tempo, podem evoluir até provocar a fratura repentina da peça metálica. Esse tipo de falha é particularmente perigoso porque ocorre de forma silenciosa e progressiva, sem sinais visíveis até estágios avançados.

A estrutura dos metais e seus defeitos

Os metais são compostos por átomos organizados em redes cristalinas regulares. Essa estrutura confere aos metais várias de suas propriedades, como ductilidade, maleabilidade e condutividade elétrica. No entanto, nenhuma rede cristalina real é perfeita. Durante o processo de solidificação ou ao longo do uso do material, ocorrem defeitos estruturais, como:

  • Discordâncias (ou deslocamentos lineares): falhas na organização das camadas de átomos.

  • Lacunas: átomos ausentes em pontos da rede.

  • Intersticiais: átomos "infiltrados" em posições irregulares.

  • Grãos e contornos de grão: os cristais que formam o metal se orientam de formas diferentes entre si.

Defeitos na rede cristalina: não são a causa da fadiga, mas podem potencializar seus efeitos.

Esses defeitos são normais e, até certo ponto, necessários para as propriedades mecânicas do material. Contudo, eles também representam pontos de fragilidade onde tensões mecânicas se concentram.

Quando um metal é submetido a ciclos repetidos de carga e descarga — como o que ocorre em peças de aviões, pontes ou carros em movimento — essas regiões com defeitos estruturais podem iniciar microtrincas. A cada novo ciclo, essas trincas se propagam de forma quase imperceptível. Ao longo de milhares ou milhões de ciclos, elas crescem na forma de "linhas de fadiga" até atingir um ponto crítico, onde a peça se rompe de maneira súbita e catastrófica.

Verifique as linhas de fadiga do ponto de origem até o ponto de ruptura catastrófica.

A importância de projetos e manutenções adequadas

Para evitar acidentes causados por fadiga metálica, é essencial que engenheiros projetem estruturas levando em conta a durabilidade dos materiais e os esforços a que estarão sujeitos. O conceito de vida útil de uma peça metálica deve considerar não apenas a resistência estática (quando a força é aplicada uma única vez), mas também a resistência à fadiga (quando há esforços repetitivos).

Além disso, manutenções regulares são fundamentais para identificar sinais de trincas ou desgaste em peças metálicas antes que ocorra uma falha. Técnicas como ultrassom, radiografia industrial e inspeção por partículas magnéticas são empregadas para detectar trincas internas que não são visíveis a olho nu.

Acidentes famosos relacionados à fadiga metálica

A história da engenharia tem vários exemplos trágicos de falhas estruturais causadas por fadiga metálica:

  1. Aviões De Havilland Comet (anos 1950): Foi um dos primeiros aviões comerciais a jato. Três deles sofreram acidentes fatais por falhas estruturais relacionadas à fadiga metálica. Os ciclos repetidos de pressurização e despressurização durante os voos provocaram o surgimento de trincas ao redor das janelas retangulares. Esses acidentes mudaram para sempre o projeto de aeronaves, que passaram a usar janelas arredondadas e reforçar os testes de fadiga.

  2. Desabamento da Passarela Hyatt Regency (Kansas City, 1981): Uma passarela suspensa sobre um saguão de hotel caiu durante um evento, matando 114 pessoas. O motivo foi uma modificação de projeto que aumentou as tensões nos suportes, levando à fadiga dos componentes metálicos.

  3. Acidente com o voo Japan Airlines 123 (1985): A explosão da parte traseira da fuselagem do Boeing 747 foi causada por uma falha de manutenção em uma emenda da cabine de pressão. A região sofreu fadiga ao longo dos anos até que o rompimento causou a perda do controle da aeronave, resultando na morte de 520 pessoas.

Acidente com o voo Japan Airlines 123

Esses exemplos mostram como a fadiga metálica não deve ser subestimada. Ela é silenciosa, mas fatal. Por isso, o conhecimento sobre a estrutura cristalina dos metais, seus defeitos e comportamentos diante de esforços cíclicos é essencial não apenas para químicos e engenheiros, mas também para a sociedade compreender a importância de investir em projetos bem elaborados e manutenção preventiva.

Conclusão

A fadiga metálica é um fenômeno que conecta a química das estruturas atômicas dos metais com a engenharia e segurança das estruturas. Ela evidencia como um conhecimento aprofundado das propriedades dos materiais pode ter impacto direto na prevenção de desastres e na preservação de vidas humanas. Para os estudantes do ensino médio, estudar esse tema é uma oportunidade de aplicar os conceitos de estrutura da matéria e ligações metálicas em situações reais do cotidiano — e compreender o papel essencial da ciência na construção de um mundo mais seguro.


P.S.: Seguradoras e a Fadiga Metálica

1. Fadiga metálica por erro de projeto

  • Normalmente é excluída da cobertura. Seguradoras tendem a não cobrir falhas decorrentes de erro de projeto, pois consideram que esse tipo de falha não é acidental, mas sim uma responsabilidade do fabricante ou do engenheiro projetista.

  • No entanto, em casos de seguros de responsabilidade civil profissional (como o seguro de responsabilidade de engenheiros ou construtoras), a empresa que projetou pode ser acionada — e então a seguradora dela pode arcar com os custos.


2. Fadiga metálica por falha de manutenção

  • Costuma ser excluída ou ter cobertura limitada. Se a fadiga metálica ocorreu por negligência na manutenção (como não seguir os prazos estabelecidos pelo fabricante ou ignorar alertas de revisão), a seguradora do bem normalmente nega o pagamento, alegando culpa do proprietário ou operador.

  • Porém, se a manutenção foi feita corretamente e ainda assim houve falha, poderá haver cobertura, dependendo da apólice.


3. Fadiga metálica como evento súbito e imprevisível

  • Se a fadiga metálica levou a uma falha súbita e inesperada, como a quebra de uma peça durante o uso normal, algumas seguradoras podem considerar o evento como acidente, especialmente se não for possível atribuir culpa por projeto ou manutenção.

  • Nesses casos, o pagamento pode ocorrer, sobretudo em seguros industriais, aeronáuticos ou de transporte.


Texto produzido por ChatGPT, dirigido e revisado por Ramon L. O. Junior

domingo, 8 de junho de 2025

O experimento de Hershey e Chase: a confirmação do DNA como o material genético

Durante muito tempo, os cientistas não tinham certeza sobre qual molécula era responsável por carregar as informações genéticas dos seres vivos. Muitos acreditavam que eram as proteínas, por serem mais complexas. Porém, essa dúvida foi resolvida em 1952, com um experimento marcante realizado pelos cientistas Alfred Hershey e Martha Chase.

Eles usaram vírus chamados bacteriófagos (ou simplesmente "fagos"), que infectam bactérias. Esses vírus são formados apenas por duas partes: uma cápsula feita de proteína e o seu interior, onde se encontra o DNA.

Para descobrir qual dessas duas partes (proteína ou DNA) entrava na bactéria e controlava seu funcionamento, Hershey e Chase fizeram o seguinte:

  1. Marcaram os vírus de duas formas diferentes:

    • Usaram enxofre radioativo (³⁵S) para marcar as proteínas do vírus, pois o enxofre está presente em proteínas, mas não no DNA.

    • Usaram fósforo radioativo (³²P) para marcar o DNA, já que o fósforo está presente no DNA, mas não nas proteínas.

  2. Deixaram os vírus infectarem bactérias e, depois de algum tempo, colocaram as amostras em um liquidificador especial para separar os vírus presos do lado de fora da bactéria.

  3. Após essa separação, observaram onde estava a radioatividade:

    • No grupo com ³⁵S (proteína marcada), a radioatividade ficou fora das bactérias.

    • No grupo com ³²P (DNA marcado), a radioatividade foi encontrada dentro das bactérias.



Conclusão: Foi o DNA, e não a proteína, que entrou nas bactérias e carregou a informação necessária para que o vírus se multiplicasse.

Esse experimento foi um marco na história da biologia, pois confirmou que o DNA é o material genético que comanda as atividades da célula e transmite as características hereditárias dos seres vivos.

Essa descoberta aconteceu há menos de 100 anos, e desde então a biologia molecular avançou rapidamente. Hoje já conhecemos a estrutura do DNA, o código genético, as técnicas de sequenciamento genético e ferramentas como a edição gênica (CRISPR), mostrando o quanto a ciência evoluiu em pouco tempo.

sábado, 7 de junho de 2025

O experimento de Avery, MacLeod e McCarty: confirmando o DNA como material genético

Após o experimento de Fred Griffith em 1928, os cientistas sabiam que algum "princípio transformante" nas bactérias era capaz de transferir características hereditárias — mas ainda não sabiam o que exatamente causava essa transformação. Seria o DNA? Ou as proteínas, que eram consideradas os principais candidatos à época?

Foi para responder a essa pergunta que, em 1944, os pesquisadores Oswald Avery, Colin MacLeod e Maclyn McCarty realizaram um experimento fundamental.

O que eles fizeram?

Eles retomaram o modelo das bactérias Streptococcus pneumoniae, com os dois tipos:

  • Cepa S (virulenta, com cápsula)

  • Cepa R (não virulenta, sem cápsula)

A equipe extraiu o conteúdo das bactérias S mortas por calor, que, como já se sabia, podiam transformar bactérias R vivas em S. A seguir, eles isolaram os componentes celulares dessas bactérias mortas — proteínas, lipídios, RNA, DNA e carboidratos — e testaram qual deles era responsável pela transformação.

Como foi o teste?

Eles trataram as amostras com enzimas específicas que destruíam cada tipo de molécula:

  • Com enzimas que destruíam proteínas → a transformação ainda ocorria.

  • Com enzimas que destruíam RNA → a transformação ainda ocorria.

  • Mas quando usavam enzimas que destruíam o DNA, a transformação não acontecia.

Ou seja, sem o DNA, as bactérias R não se transformavam em S, e o camundongo sobrevia.


Conclusão: Avery, MacLeod e McCarty comprovaram que o DNA era o responsável pela transformação genética. Esse experimento foi a primeira evidência direta de que o DNA é o material genético, ou seja, a molécula que armazena as informações hereditárias nos seres vivos. Posteriormente, a natureza do DNA como material genético é confirmada por Hershey e Chase.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

O experimento de Fred Griffith: o surgimento da ideia de transformação genética

Em 1928, o cientista britânico Fred Griffith realizou um experimento clássico com bactérias que ajudou a revelar um dos primeiros indícios de que material genético poderia ser transferido de uma célula para outra. Ele estudava a bactéria Streptococcus pneumoniae, causadora da pneumonia, e usou dois tipos (ou cepas) dessa bactéria:

  • Cepa S (Smooth): formava colônias lisas (por isso o nome Smooth) devido à presença de uma cápsula polissacarídica — uma camada protetora composta por açúcares complexos. Essa cápsula impede que a bactéria seja fagocitada pelo sistema imunológico, tornando-a virulenta, ou seja, capaz de causar doença.

  • Cepa R (Rough): formava colônias rugosas (daí o nome Rough) porque não possuía cápsula. Sem essa proteção, essas bactérias eram destruídas facilmente pelas defesas do organismo, sendo não virulentas.

Griffith realizou quatro experimentos com camundongos:

  1. Cepa R viva (não virulenta) → o camundongo viveu.

  2. Cepa S viva (virulenta) → o camundongo morreu.

  3. Cepa S morta por calor → o camundongo viveu.

  4. Mistura da cepa R viva com a cepa S morta por calor → o camundongo morreu.

Ao examinar o sangue do último camundongo, Griffith encontrou bactérias vivas do tipo S. Isso indicava que, de alguma forma, as bactérias R haviam sido transformadas em S, adquirindo a capacidade de produzir cápsula e, com isso, causar doença.


Conclusão e importância:
Griffith concluiu que algum "princípio transformante" foi passado das bactérias mortas do tipo S para as vivas do tipo R, tornando-as virulentas. Embora ele não soubesse exatamente o que era esse princípio, esse experimento sugeriu que informações genéticas podiam ser transferidas entre bactérias.

Essa hipótese foi confirmada em 1952 pelos cientistas Alfred Hershey e Martha Chase, em um experimento com vírus bacteriófagos. Eles demonstraram que era o DNA, e não as proteínas, o responsável por carregar a informação genética. Com isso, consolidou-se a ideia do DNA como o material hereditário dos seres vivos.

Esse conhecimento teve enorme impacto na biologia. Hoje sabemos que bactérias podem trocar genes entre si por processos como transformação, conjugação e transdução, permitindo que genes de resistência a antibióticos se espalhem rapidamente entre populações bacterianas. Isso representa um grave desafio para a saúde pública, pois dificulta o tratamento de infecções.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Dia Mundial do Meio Ambiente 2025 -

O Dia Mundial do Meio Ambiente é uma data internacional dedicada à conscientização e à promoção de ações em defesa do meio ambiente. Celebrado anualmente em 5 de junho, esse dia foi estabelecido em 1972 durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, na Suécia, evento que marcou a primeira grande iniciativa global voltada às questões ambientais. A escolha da data está diretamente relacionada ao início dessa conferência, que começou justamente em 5 de junho daquele ano, sendo considerada um marco para a política ambiental internacional.

A importância do Dia Mundial do Meio Ambiente reside no seu papel de alertar a sociedade, os governos e as empresas sobre os problemas ambientais que ameaçam a vida no planeta, como o desmatamento, a poluição, a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas. A data também serve como oportunidade para divulgar práticas sustentáveis, estimular a educação ambiental e reforçar compromissos com o desenvolvimento sustentável.

Todos os anos, o dia é celebrado com um tema diferente, escolhido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que busca destacar questões urgentes e mobilizar ações práticas. 

Em 2025, o Dia Mundial do Meio Ambiente traz como tema central “Acabar com a Poluição Plástica” (Ending Plastic Pollution), reforçando a urgência de enfrentar um dos maiores desafios ambientais da atualidade. A escolha do tema reflete a crescente preocupação global com os impactos do plástico nos ecossistemas, na biodiversidade e na saúde humana. Estima-se que mais de 430 milhões de toneladas de plástico sejam produzidas anualmente, sendo que dois terços desse volume correspondem a produtos de curta duração, que rapidamente se tornam resíduos, poluindo oceanos e entrando na cadeia alimentar humana. A campanha de 2025 busca mobilizar governos, empresas e cidadãos a adotarem medidas concretas para reduzir o uso de plásticos descartáveis, promover alternativas sustentáveis e fortalecer políticas públicas voltadas à gestão adequada dos resíduos. A República da Coreia será o país anfitrião das celebrações globais, destacando-se por iniciativas como o projeto “Ilha Jeju Zero Plástico 2040”, que visa eliminar o uso de plásticos na ilha até 2040 por meio de regulamentações mais rígidas, melhorias na gestão de resíduos e sistemas inovadores de reciclagem. Além disso, a Coreia do Sul sediará a quinta sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição Plástica, com o objetivo de desenvolver um instrumento internacional juridicamente vinculante para combater a poluição por plásticos, conforme estabelecido pela resolução 5/14 da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 

Essas ações reforçam o compromisso global com a construção de um futuro mais limpo, saudável e sustentável para as próximas gerações. O Dia Mundial do Meio Ambiente se consolidou como um momento fundamental para refletir sobre o impacto das atividades humanas nos ecossistemas e para inspirar mudanças em favor da preservação da vida e do equilíbrio ambiental no planeta.

terça-feira, 3 de junho de 2025

O que é o Projeto Genoma Humano - PGH?

O Projeto Genoma Humano (PGH) foi uma das mais ambiciosas iniciativas científicas do século XX, com o objetivo principal de mapear e sequenciar todos os pares de bases nitrogenadas do DNA humano, identificando e localizando todos os genes presentes no genoma. O projeto começou oficialmente em 1990, nos Estados Unidos, como uma colaboração internacional envolvendo diversos países, e tinha uma previsão inicial de durar cerca de 15 anos, mas foi concluído em 2003, dois anos antes do previsto.

O principal objetivo do PGH era compreender a totalidade da informação genética humana, com vistas a avanços na medicina, biotecnologia e na compreensão da biologia humana. A ideia era identificar genes associados a doenças, entender mutações genéticas, além de fornecer subsídios para terapias gênicas e medicina personalizada.

Capas das revistas Science e Nature com os primeiros dados do PGH.

O projeto andou mais rápido do que se imaginava graças a vários fatores: o desenvolvimento de novas tecnologias de sequenciamento, o aumento exponencial da capacidade computacional e do armazenamento de dados, e a colaboração entre cientistas de diversos países e instituições, que compartilharam informações em tempo real. Além disso, a entrada de iniciativas privadas, como a empresa Celera Genomics, acelerou a corrida científica, impulsionando a conclusão do projeto.

Entre as principais conclusões mais atuais derivadas do PGH, destaca-se o fato de que o genoma humano possui cerca de 20.000 a 21.000 genes codificadores de proteínas, um número menor do que o inicialmente estimado. Foi descoberto também que apenas cerca de 1,5% do DNA humano é codificante, ou seja, está diretamente relacionado à produção de proteínas. Os cerca de 98,5% restantes são DNA não-codificante.

Por muito tempo, o DNA não-codificante foi considerado "DNA-lixo", por se supor que não tivesse função. No entanto, pesquisas mais recentes indicam que esse tipo de DNA pode desempenhar papéis importantes, como regulação da expressão gênica, controle do tempo e da intensidade com que genes são ativados ou desativados, além de abrigar elementos como RNAs não codificantes, sequências repetitivas e elementos transponíveis, que influenciam na organização estrutural do genoma e na sua evolução.

Assim, o PGH não apenas revolucionou a genética, como também abriu caminho para uma nova era de pesquisa biomédica, levando ao surgimento de áreas como a genômica funcional, a epigenética e a medicina de precisão, que continuam a evoluir e impactar profundamente o conhecimento sobre a saúde e as doenças humanas.

domingo, 1 de junho de 2025

LDL e HDL: o que são e por que são importantes?

No nosso corpo, as gorduras (ou lipídios) não se dissolvem facilmente no sangue, que é um líquido. Por isso, o organismo usa lipoproteínas — partículas compostas de lipídios e proteínas — para transportar essas gorduras pelo sangue. Entre essas lipoproteínas, duas são muito conhecidas: a LDL e a HDL.

A LDL (lipoproteína de baixa densidade) é responsável por levar o colesterol do fígado até as células, onde ele é usado para construir membranas celulares, produzir hormônios e desempenhar outras funções importantes. No entanto, quando há colesterol demais circulando ou quando a LDL não é eficientemente retirada da corrente sanguínea, ela pode se acumular nas paredes internas das artérias. Esse acúmulo leva à formação de placas de gordura (ateromas), que podem estreitar ou obstruir as artérias — um processo chamado aterosclerose. Isso aumenta o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, a LDL é conhecida como "mau colesterol".

Já a HDL (lipoproteína de alta densidade) atua como uma espécie de "faxineira" do sistema circulatório. Ela capta o excesso de colesterol das células e das paredes das artérias e o transporta de volta para o fígado. No fígado, esse colesterol pode ser reutilizado ou eliminado na bile. Esse processo é chamado de transporte reverso do colesterol, e ajuda a limpar as artérias, reduzindo o risco de entupimentos e doenças cardiovasculares. Por isso, a HDL é conhecida como "bom colesterol".

FONTE: https://cienciadotreinamento.com.br/saiba-mais-sobre-o-colesterol-ldl-e-hdl/

Além da LDL e da HDL, existem outras lipoproteínas importantes, mas menos conhecidas, como:

  • VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade): transporta principalmente triglicerídeos (um tipo de gordura) do fígado para os tecidos. Após perder os triglicerídeos, transforma-se em LDL.

  • IDL (lipoproteína de densidade intermediária): é uma forma de transição entre a VLDL e a LDL, e também pode contribuir para o acúmulo de colesterol.

  • Quilomícrons: são formados no intestino após a digestão de gorduras e transportam os lipídios da alimentação para os tecidos do corpo.

Manter níveis equilibrados dessas lipoproteínas é essencial para a saúde do coração e da circulação sanguínea. Uma alimentação equilibrada, rica em fibras e pobre em gorduras saturadas e trans, a prática regular de exercícios físicos, e evitar o tabagismo são atitudes fundamentais para manter níveis saudáveis de HDL e LDL no sangue.

sábado, 31 de maio de 2025

Algumas observações interessantes sobre o famoso "Experimento de Rutherford" e sobre o formato dos orbitais atômicos

SOBRE O EXPERIMENTO DE RUTHERFORD

O experimento de Rutherford foi um marco fundamental na história da ciência, pois derrubou o modelo atômico anterior proposto por Thomson e levou à formulação de um novo modelo para o átomo. Realizado em 1909 por Hans Geiger e Ernest Marsden sob a supervisão de Ernest Rutherford, o experimento consistiu em bombardear uma fina lâmina metálica com partículas alfa. A expectativa, segundo o modelo de Thomson (o chamado “modelo do pudim de passas”), era que essas partículas atravessassem a lâmina com pouca ou nenhuma deflexão.


No entanto, os resultados surpreenderam: a maioria das partículas passou direto, mas algumas foram desviadas em grandes ângulos e outras até mesmo ricochetearam. Com base nisso, Rutherford concluiu que o átomo possuía um núcleo pequeno, denso e com carga positiva, onde se concentrava quase toda a massa do átomo. Essa descoberta deu origem ao modelo nuclear do átomo, no qual os elétrons orbitam em torno de um núcleo central — um conceito que revolucionou a física e a química.

No experimento clássico de Rutherford, o principal metal utilizado foi o ouro, na forma de uma fina lâmina metálica (com espessura de apenas alguns átomos).

No entanto, posteriormente, Rutherford e outros pesquisadores repetiram experimentos semelhantes com outros metais, como prata, platina, alumínio e cobre, para verificar se o padrão de espalhamento das partículas alfa variava com o tipo de átomo.

Por que o ouro foi o escolhido inicialmente?

  • O ouro pode ser laminado em folhas extremamente finas (menor que 1 µm). É quimicamente estável e não oxida facilmente. Possui número atômico elevado (Z = 79), o que intensifica o efeito de espalhamento das partículas alfa, facilitando a detecção.

E os outros metais?

  • Metais com menor número atômico, como alumínio (Z = 13) ou cobre (Z = 29), também foram usados, mas o desvio das partículas alfa era menos acentuado. Esses experimentos complementares ajudaram Rutherford a propor que a deflexão das partículas alfa está relacionada à carga nuclear do átomo — quanto maior o número atômico, maior a deflexão.


SOBRE O FORMATO DOS ORBITAIS ATÔMICOS

A equação de Schrödinger é fundamental para entender a origem e a forma dos orbitais atômicos, pois ela descreve, de maneira matemática, o comportamento das partículas quânticas, como os elétrons em um átomo.


O quadrado do módulo da função de onda, Ψ2|\Psi|^2, representa a 
densidade de probabilidade de encontrar o elétron em uma certa posição.

🔬 Como isso se relaciona aos orbitais atômicos?

    A equação de Schrödinger é uma equação diferencial que, no caso do átomo de hidrogênio (o mais simples), pode ser resolvida exatamente. Sua solução nos dá uma função de onda ψ, que contém todas as informações possíveis sobre o elétron.

    O quadrado da função de onda (∣ψ∣²) representa a probabilidade de encontrar o elétron em determinada região do espaço — ou seja, define a distribuição espacial do elétron em torno do núcleo.

    As soluções da equação de Schrödinger para o elétron em um átomo fornecem conjuntos de números quânticos:

        n (principal): energia e tamanho do orbital

        l (secundário ou azimutal): forma do orbital

        m (magnético): orientação espacial


📐 E as formas dos orbitais?

As diferentes soluções para a equação, com diferentes valores de nn, ll e mm, resultam em funções de onda com diferentes geometrias — que chamamos de orbitais atômicos:


✳️ Resumindo:

A equação de Schrödinger fornece as funções de onda que descrevem os orbitais. A forma dos orbitais atômicos surge naturalmente dessas soluções — são as regiões onde há maior probabilidade de encontrar os elétrons.

Portanto, sem a equação de Schrödinger, não haveria base teórica rigorosa para explicar por que os orbitais têm as formas que têm.



Ramon Lamar de Oliveira Junior a partir de informações fornecidas pelo ChatGPT

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Algumas proteínas importantes mas pouco conhecidas da maioria dos estudantes

As proteínas são moléculas essenciais para a vida, responsáveis por quase todas as funções celulares. Para funcionar corretamente, uma proteína precisa se dobrar em uma forma tridimensional específica, chamada estrutura nativa. Esse processo de dobramento é complexo e delicado, pois até pequenas falhas podem impedir a proteína de desempenhar seu papel ou até torná-la prejudicial.

Ilustração mostra coronavírus (SarsCov-2) atacando células humanas.

É aí que entram as chaperonas — proteínas especiais que ajudam outras proteínas a se dobrarem corretamente. Elas agem como “ajudantes” dentro da célula, garantindo que as proteínas recém-sintetizadas ou desnaturadas não se enrolem de maneira errada ou não se agreguem umas às outras, formando “bolas” que não funcionam.

As chaperonas não fazem parte da estrutura final da proteína; elas apenas acompanham o processo de dobramento, fornecendo um ambiente seguro para que a proteína alcance sua forma correta. Além disso, em alguns casos, as chaperonas também podem ajudar proteínas que foram desnaturadas (perderam sua forma original por calor, químicos ou outras causas) a voltar a se dobrar corretamente, um processo chamado renaturação. (Convém lembrar que, nesse caso, a renaturação é possível se o efeito sobre as proteínas for moderado, um leve aquecimento por exemplo. Fora das células, com ações extremas sobre as proteínas - como a fervura - e sem a presença das chaperonas, não há como ocorrer renaturação.)

Sem a ação das chaperonas, muitas proteínas importantes simplesmente não conseguiriam atingir sua forma funcional, o que afetaria o funcionamento das células e, consequentemente, do organismo como um todo. As chaperonas são fundamentais para a qualidade e estabilidade das proteínas, garantindo que elas se formem da maneira certa para manter a vida funcionando perfeitamente.


Proteínas de Choque Térmico: Protetoras das Células em Situações Extremas

As proteínas de choque térmico (ou HSPs, do inglês Heat Shock Proteins) são um tipo especial de proteínas que ajudam as células a sobreviver em condições de estresse, como calor excessivo, frio extremo, falta de oxigênio, exposição a substâncias tóxicas e outros tipos de agressão.

Quando uma célula é submetida a um estresse forte, muitas proteínas dentro dela podem se desnaturar — ou seja, perder sua forma correta — e se tornar incapazes de funcionar. As proteínas de choque térmico entram em ação justamente nessas situações para proteger outras proteínas.

Elas atuam como chaperonas, ajudando as proteínas desnaturadas a se dobrarem novamente em sua forma funcional, prevenindo a formação de aglomerados de proteínas que poderiam ser tóxicos para a célula. Além disso, as HSPs podem ajudar a eliminar proteínas danificadas que não podem ser reparadas.

Essas proteínas são essenciais para a sobrevivência celular, porque permitem que a célula resista a condições adversas que, de outra forma, seriam letais. Por isso, as proteínas de choque térmico são encontradas em praticamente todos os organismos, desde bactérias até humanos.

Além do papel protetor, as HSPs têm importância em diversas áreas da medicina, como no estudo do câncer e doenças neurodegenerativas, onde o controle do dobramento das proteínas é fundamental.

Febre e vírus

É comum ouvir que a febre ajuda a combater vírus porque eles não possuem chaperonas do tipo "proteínas de choque térmico" e, portanto, não conseguem se recuperar do calor, mas essa explicação é simplista e incorreta. Na verdade, vírus não são organismos vivos independentes; eles dependem da célula hospedeira para produzir suas proteínas e se replicar. Assim, mesmo que o vírus não tenha chaperonas próprias, as proteínas da célula infectada — que sim, possuem chaperonas — são utilizadas para montar as estruturas virais. Portanto, a ausência de chaperonas nos vírus não é a razão pela qual a febre ajuda a combater infecções. O verdadeiro papel da febre está em ativar o sistema imunológico, dificultar a replicação viral e criar um ambiente menos favorável ao avanço do patógeno.

Apesar disso, não controlar a febre pode ser perigoso. Embora febres leves (até cerca de 38°C) geralmente não precisem de medicação e possam até ser benéficas (por ativarem o sistema imunológico), valores mais altos já exigem atenção, pois podem causar desconforto, desidratação e, em alguns casos, convulsões — especialmente em crianças pequenas, idosos ou pessoas com doenças crônicas. Aliás, febres nesse público citado, sempre merecem ser acompanhadas de perto, mesmo febres baixas. Febres altas (acima de 39°C) são motivo de alerta e requerem avaliação médica imediata. Assim, embora a febre possa ser um aliado do corpo, ela precisa ser monitorada cuidadosamente para garantir que seus benefícios não sejam superados por riscos à saúde.

Texto produzido por ChatGPT, revisado e ampliado por Ramon L. O. Junior