O conflito entre Israel e Irã não é territorial, como o conflito Israel-Palestina, mas se baseia em diferenças ideológicas, religiosas, políticas e geoestratégicas. Ele evoluiu ao longo de décadas e hoje representa uma das tensões mais perigosas do mundo moderno, especialmente com o envolvimento de armamentos avançados e ameaças nucleares.
1. Cooperação no Início
De forma surpreendente, Israel e Irã já foram aliados. Durante as décadas de 1950 a 1970, os dois países cooperaram secretamente em áreas como energia e segurança. O xá Mohammad Reza Pahlavi, então governante do Irã, era pró-Ocidente e mantinha relações discretas com Israel, fornecendo petróleo e ajudando a conter o avanço do nacionalismo árabe.
2. A Ruptura em 1979
O ponto de virada ocorreu com a Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o xá e instaurou uma república islâmica teocrática, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini. O novo regime passou a adotar um discurso fortemente anti-Israel e anti-Ocidente, classificando Israel como um "regime sionista ilegítimo".
Regime sionista ilegítimo é a forma como o governo iraniano chama Israel para negar a legitimidade do Estado judeu. “Sionismo” é o movimento político que defende a criação e manutenção de um Estado para o povo judeu na região histórica da Palestina. Para o Irã, esse Estado teria sido criado injustamente, por meio da expulsão e opressão dos palestinos, e por isso rejeitam sua existência legal e política.
Desde então, Israel passou a ser visto pelo Irã como um inimigo religioso e político. Por outro lado, Israel passou a considerar o Irã uma ameaça à sua existência, especialmente a partir do apoio iraniano a grupos armados e da escalada nuclear.
3. A Liderança Atual
Hoje, o Irã é comandado pelo aiatolá Ali Hosseini Khamenei, que ocupa o cargo de líder supremo desde 1989. Ele tem controle final sobre as forças armadas, o sistema judiciário e os rumos políticos do país.
Já em Israel, o primeiro-ministro é Benjamin Netanyahu, uma figura central na política israelense que tem liderado campanhas contra o programa nuclear iraniano e adotado uma política de confronto direto contra Teerã.
4. Fatores do Conflito
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Ideologia e Religião: Israel é um Estado judeu e laico, enquanto o Irã é uma república islâmica xiita. O regime iraniano acredita que Israel não deveria existir e apoia a causa palestina como parte de sua missão islâmica.
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Apoio a Grupos Armados: O Irã financia e treina o Hezbollah (no Líbano) e o Hamas (na Faixa de Gaza), inimigos declarados de Israel. Isso cria uma "guerra por procuração", onde os dois países se enfrentam indiretamente.
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Programa Nuclear: Israel teme que o Irã desenvolva armas nucleares. Em várias ocasiões, Netanyahu afirmou que "não permitirá" um Irã nuclear. Já o Irã afirma que seu programa é apenas para fins civis.
5. Eventos Recentes (2020–2025)
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2020: O cientista Mohsen Fakhrizadeh, considerado chefe do programa nuclear militar iraniano, é assassinado. O Irã acusa Israel.
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2023–2024: O Irã e Israel intensificam os ataques indiretos. Bombardeios israelenses atingem alvos iranianos na Síria. O Irã responde com drones e mísseis contra Israel.
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Abril de 2024: O Irã lança centenas de drones e mísseis contra Israel em retaliação a um ataque aéreo que destruiu seu consulado em Damasco. O ataque ao consulado em Damasco havia matado o general Qasem Soleimani Jr., filho do famoso comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Qasem Soleimani, assassinado em 2020. Qasem Soleimani Jr. era uma figura importante na coordenação das operações iranianas na Síria, especialmente no apoio a grupos aliados como o Hezbollah e as milícias xiitas. Sua morte representou um golpe estratégico para o Irã na região.
6. Escalada Máxima em Junho de 2025
Em junho de 2025, o conflito atingiu seu ponto mais crítico:
Ataque de Israel: “Operação Leão em Ascensão”
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Em 13 de junho de 2025, Israel lançou a Operação Rising Lion, atingindo alvos estratégicos dentro do Irã, incluindo a instalação nuclear de Natanz e depósitos militares em Teerã. Uma das principais dificuldades para Israel em atacar o programa nuclear iraniano está na instalação de Fordow, que fica escondida dentro de uma montanha perto da cidade de Qom. Essa localização subterrânea e fortificada torna o local muito resistente a ataques aéreos, exigindo operações militares complexas e altamente planejadas para conseguir atingi-la com eficácia.
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A operação usou inteligência artificial, drones, mísseis de longo alcance e sabotagem cibernética.
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O comandante da Guarda Revolucionária Iraniana, Hossein Salami, foi morto nos ataques.
Retaliação Iraniana
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O Irã respondeu com mais de 400 mísseis e centenas de drones, alguns atingindo alvos civis e militares em Israel. Para minimizar os danos, Israel usou seus avançados sistemas de defesa antimísseis, especialmente o Iron Dome (Cúpula de Ferro), que é eficaz na interceptação de foguetes de curto alcance e drones. Além disso, Israel conta com o David’s Sling (Estilingue de Davi), para interceptar mísseis de médio alcance, e o Arrow (Flecha), projetado para neutralizar ameaças de longo alcance, como mísseis balísticos.
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Até 17 de junho de 2025, ao menos 224 iranianos e 23 israelenses morreram, com centenas de feridos.
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O Irã ameaçou sair do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, aumentando o risco de desenvolver armas atômicas.
Reação Internacional
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Os Estados Unidos reforçaram a presença militar no Oriente Médio, mas evitaram envolvimento direto.
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A comunidade europeia iniciou evacuação de diplomatas e civis do Irã.
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O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o Irã deveria “se render completamente”.
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Netanyahu declarou que não descarta atingir Khamenei diretamente.
7. Conclusão
O conflito entre Israel e Irã é uma mistura explosiva de religião, geopolítica, ideologia e poder militar. Ele começou com uma revolução em 1979, ganhou força com a ascensão de líderes radicais e atingiu níveis críticos em 2025. Com armas de destruição em jogo, e mortes civis dos dois lados, o mundo observa com apreensão a possibilidade de uma guerra regional de grandes proporções — ou até algo ainda pior.
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