Aqui, em Sete Lagoas, repousamos sobre o terreno cárstico. Bom, repousar é forma de dizer, pois tal geologia às vezes nos provoca sustos. Do famoso "Buraco do Garimpo" a outros "buracos" acontecidos em nossa malha urbana, vem grande parte da nossa preocupação com o solo, com nossa hidrogeologia e a capacidade de exploração do nosso aquífero.
Felizmente está em andamento o estudo hidrogeológico da cidade, do qual esperamos respostas claras, técnicas e científicas a respeito do aproveitamento do nosso subsolo e dos riscos que podem advir em relação a construções em determinadas áreas da cidade.
Os tais "buracos" são dolinas, eventos que ocorrem com frequência muito elevada no terreno cárstico e que possuem causas e características variadas.
Para que possamos entender um pouco do fenômeno, selecionei alguns pequenos textos sobre dolinas em diversos sites.
Está aí a provável gênese das nossas lagoas. Tantas lagoas juntas... quantas mais poderíamos ter?
Ramon Lamar de Oliveira Junior
Dolina: s.f. Geol. - Conhecida popularmente com
sumidouro, é uma depressão circular formada pelo abatimento do solo em
regiões de rochas carbonáticas (mármores, calcáreos). O diâmetro e
profundidade podem variar de poucos a dezenas de metros.
As dolinas são um fenômeno natural mas podem ser induzidas
artificialmente pela exploração em excesso da água subterrânea por onde
se dá sua drenagem. No geral no fundo de uma dolina aparece a água
subterrânea e seu nível é reflexo do nível do sistema geral,podendo
subir ou abaixar segundo as estações do ano.
O lançamento de lixo e esgoto em uma dolina polui de forma muito
agressiva o aquífero local, que é um dos mais sensíveis à poluição
porque o fluxo subterrâneo de água é muito rápido devido à alta
permeabilidade do conjunto cárstico.
A exploração da água subterrânea poderá levar a um rebaixamento
excessivo do nível hidrostático, levando a colapsos na superfície. No
entanto, antes do colapso, rebaixamento do solo pode ocorrer, o que
serve de aviso às autoridades e pessoas afetadas.
Quando o colapso ocorre em áreas habitadas, o fenômeno se
transforma em catástrofe, com potencial de letalidade e perdas
econômicas. Muitas localidades brasileiras tem sofrido com este
fenômeno, como Cajamar em São Paulo, Matozinho em Minas Gerais e a
região do Vale do Rio Una na Bahia
No Município de Nova Redenção, Bahia, na região da Chapada de
Diamantina, uma dolina funcionou como armadilha para mamíferos que ali
viviam há cerca de 11 000 anos. Em 1995, foram ali encontrados ossos
fossilizados, entre os quais um esqueleto completo de uma uma preguiça
terrícola da espécie Eremotherium laurillardi.
Dolinas – são depressões fechadas que se formam em rochas solúveis, tendo várias formas em sua abertura, podendo variar de poucos centímetros a dezenas de metros, em geral, mais largas que profundas.
Quanto a sua gênese, podem ser:
- 1 - Por Dissolução – quando rochas carbonáticas sofrem, na superfície, corrosão e dissolução por águas ácidas provocando a formação de depressões normalmente mais larga que profunda . Em alguns casos, um percurso de água se forma para a profundidade, chamando-se, então, de dolinas aluviais;
- 2 - Por Colapso ou Abatimento – quando devido a presença de uma cavidade mais profunda, ocorre o desabamento de seu teto, surgindo uma depressão na superfície, que pode ou não, se comunicar com o interior da cavidade.
Evidentemente, os tipos 1 e 2 podem associar-se.
Quanto a sua forma, podem ser:
- Tigela – largura dez vezes maior que a profundidade, bordas pouco inclinadas, e fundo plano;
- Funil – diâmetro duas a três vezes maior que a profundidade, bordas bem inclinadas e fundo estreito;
- Poço – diâmetro bem menor que a profundidade, bordas quase verticais, fundo com diâmetro próximo a abertura;
- Caldeirão – largura, fundo e profundidade com tamanhos próximos;
- Dolina em trincheira – tipo peculiar com comprimento muito maior que a largura, provocado por desabamento de longo trecho de cavernas e galerias, podendo, quando muito longo, formar um canyon de desabamento.
Quanto à presença de água, podem ser:
A dolina pode ser caracterizada como uma depressão fechada circular
ou semi-circular associada a rebaixamento topográfico coadjuvado por
fenômenos cársticos de sub-superfície.
Um dos parâmetros mais importantes na identificação de uma dolina é a
sua própria morfologia. Em geral, apresentam-se como estruturas em
semicírculo, bastante deprimidas em relação ao nível de base local,
podendo ser classificada como uma bacia centrípeta.
Outro fator importante para a identificação deste tipo de relevo diz
respeito ao seu processo de formação, evidenciado pela susceptibilidade
da rocha à dissolução química. Para formação deste tipo de morfologia,
incluindo também o caso das dolinas, é preciso que haja três fatores de
predisposição do terreno: rocha solúvel com permeabilidade de fraturas,
relevo com gradientes hidráulicos moderados a altos e clima com
disponibilidade de água, neste caso, clima tropical úmido (Karmann,
2009).
A reação que contém a água como agente degradante das rochas
calcárias, ocorre a partir da retenção do gás carbônico por meio da
água, reagindo em contato com o calcário e formando bicarbonato de
cálcio, substância bastante solúvel (Kohler, 2007).
O constante contato entre a água e estas rochas produz diversas
aberturas que podem se manifestar através de formas endocársticas e
exocársticas. Exemplos típicos de formas endocársticas são as cavernas.
As formas exocársticas ocorrem por meio de um processo que envolve a
concentração de água e consequente dissolução do calcário, formando
feições como dolinas e uvalas, sendo esta última uma espécie de
coalescência das dolinas.
O termo dolina foi, na primeira metade do século XX, utilizado para
denominar diversos tipos de depressões.
Atualmente, a denominação de dolina corresponde a uma depressão
geralmente fechada, com dimensão variada, de alguns metros de diâmetro
(dificilmente ultrapassando 2000 metros), mais larga que profunda, e com contorno
aproximadamente circular ou elíptico (Crispim, 1982; Guerra e Cunha,
1994). As dolinas são as formas típicas do modelado cársico
(Tomé, 1996).
Esquema da estrutura de uma
dolina.
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Esquemas de dolinas de abatimento
(A e B).
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Esquemas de dolinas de dissolução
(A e B).
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[Fonte: http://sapiens.no.sapo.pt/m-carsico/model-carsico-estruturas.htm]