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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Vacinas e Segurança: Compreendendo Riscos, Benefícios e a Realidade da CoronaVac (COVID-19)

Vacinas e Efeitos Adversos: O Que a Ciência Já Sabe

Vacinas são, desde o século XX, uma das ferramentas mais eficazes da medicina preventiva. Elas atuam ensinando o sistema imunológico a reconhecer e combater agentes infecciosos antes que causem doenças graves. No entanto, como qualquer intervenção médica, vacinas podem provocar efeitos adversos — geralmente leves e temporários, mas, em raros casos, podem ocorrer reações moderadas ou graves.

Entre os efeitos leves mais comuns após a vacinação (em qualquer idade e tipo), estão: dor no local da aplicação, febre baixa, mal-estar e dor de cabeça. Eventos adversos moderados podem incluir febre alta ou reações alérgicas, e os eventos graves são extremamente raros.

É importante destacar que até vacinas amplamente utilizadas e consolidadas, como as do sarampo, HPV, febre amarela e influenza, também estão associadas a eventos adversos raríssimos, como:
  • Miocardite: já relatada após vacina contra influenza e, mais recentemente, após vacinas de RNA mensageiro (Pfizer e Moderna).
  • Trombose com trombocitopenia (TTS): documentada em casos raros com vacinas de vetor viral, como a da AstraZeneca.
  • Síndrome de Guillain-Barré: associada, com baixa frequência, a vacinas como a contra gripe e raiva.
Esses dados são rigorosamente monitorados por sistemas de farmacovigilância como o VAERS (EUA) e a Anvisa (Brasil), e servem para garantir a máxima segurança na vacinação em larga escala.

Vacinas contra a Covid-19: Tecnologias Diferentes, Finalidade Comum

Durante a pandemia de Covid-19, quatro vacinas principais foram aplicadas em massa no Brasil:
  1. CoronaVac (Sinovac/Instituto Butantan) – baseada em vírus inativado.
  2. Oxford/AstraZeneca (Fiocruz) – vetor viral (adenovírus de chimpanzé).
  3. Pfizer/BioNTech – RNA mensageiro.
  4. Janssen (Johnson & Johnson) – vetor viral (adenovírus humano).
Cada uma utiliza tecnologias diferentes:
  • A CoronaVac é baseada em uma tecnologia clássica, já usada há décadas. O vírus é cultivado, inativado e usado para induzir resposta imune.
  • A AstraZeneca e a Janssen usam adenovírus modificados como vetor para introduzir o gene da proteína spike.
  • A Pfizer utiliza o RNA mensageiro da proteína spike para que o corpo a produza temporariamente e gere resposta imune.

Efeitos Adversos: Dados Comparativos

Estudos clínicos e dados de farmacovigilância mostraram diferenças claras entre os perfis de segurança:

* Fonte: Anvisa, OMS, EMA, CDC, estudos multicêntricos revisados por pares (2021–2023)


CoronaVac: A Mais Segura e a Mais Injustiçada

Apesar de ter apresentado o melhor perfil de segurança entre todas as vacinas aplicadas no Brasil, a CoronaVac foi, paradoxalmente, a mais questionada e rejeitada por parte da população durante o início da campanha de vacinação.

Muitos dos ataques vieram de discursos políticos e teorias da conspiração, sem fundamento científico. A origem chinesa da vacina, somada ao envolvimento do Instituto Butantan (governo paulista) em sua produção nacional, fez com que a CoronaVac fosse alvo de resistência em um cenário de polarização política intensa, ainda que seu uso fosse respaldado por órgãos regulatórios sérios como a Anvisa, a Organização Mundial da Saúde e agências internacionais.

Além disso:
  • Foi a primeira vacina aplicada no Brasil, permitindo que profissionais de saúde e idosos fossem protegidos ainda no pico da pandemia.
  • Demonstrou eficácia robusta contra hospitalizações e mortes, mesmo quando a eficácia contra infecção leve era menor em comparação com outras vacinas.
  • Os estudos de efetividade, como os realizados em Serrana (SP), mostraram queda drástica de internações e mortes com a imunização em massa pela CoronaVac.

Considerações Finais

Vacinas são uma conquista da ciência moderna. Nenhuma vacina é isenta de riscos, mas os benefícios superam imensamente os eventuais efeitos colaterais. Em pandemias, a velocidade com que se oferece proteção segura à população é decisiva. A CoronaVac cumpriu esse papel com eficácia e segurança, mesmo diante da desinformação.

Lições importantes ficaram:
  • A ciência precisa ser ouvida acima da ideologia.
  • A comunicação em saúde pública deve ser clara, ética e baseada em dados.
  • Vacinas salvam vidas, todas elas.

Referências

- Ministério da Saúde (Brasil) – Informes técnicos da Covid-19 (2020–2022)

- Organização Mundial da Saúde (WHO) – Safety surveillance manual for Covid-19 vaccines

- CDC (EUA) – Adverse events following mRNA Covid-19 vaccination

- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – Relatórios de farmacovigilância

- Palacios R. et al. (2021). Effectiveness of CoronaVac in a mass vaccination campaign in Brazil. The Lancet Regional Health

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