A Lagoa do Vapabuçu ou Lagoa do Matadouro, umas das sete lagoas que dão o nome oficial de nossa cidade, deixou de ter um espelho d'água constante por volta da década de 1990. Virou lagoa intermitente, com um volume de água importante surgindo no período de chuvas, período aliás que atrai (ou atraia) inúmeras espécies de aves nativas e migratórias.
Lagoa do Vapabuçu - Março de 2011 - Espelho d'água bastante comprometido e presente só no período de chuvas. |
Mais recentemente, a Lagoa do Vapabuçu tornou-se palco de um outro tipo de atenção: os incêndios em seu interior (e por interior entenda-se não só superfície, mas no subsolo também). O fenômeno não é exclusividade dessa lagoa. Acontece em várias lagoas que, com o passar do tempo, acumulam muita matéria orgânica em seu fundo. Essa matéria orgânica sofre decomposição e transforma-se num tipo de carvão conhecido como turfa. A turfa é rica em carbono e enquanto se decompõe ainda mais, acaba liberando gases combustíveis como o metano.
Solo escuro e rico em matéria orgânica do leito da Lagoa do Vapabuçu após uma chuva em abril de 2013. O solo é fofo, servindo inclusive de moradia para pequenos animais como se observa acima. |
Tudo indica que o fenômeno da combustão dessa turfa ocorre quando, no período de seca, algum fogo se inicia (espontaneamente ou provocado pelo homem) na superfície seca da lagoa. O fogo caminha para o subsolo e incendeia a turfa que fica queimando naquele ambiente pobre em oxigênio como se fosse um grande charuto enterrado no leito da lagoa. Os odores produzidos não são nada agradáveis e também é liberado muito material particulado. Isso afeta os pulmões e os olhos dos moradores e dos passantes.
Pontos de fumaça brotando do solo da Lagoa do Vapabuçu. A foto foi tirada um dia após uma chuva, o que diminuiu muito a quantidade de fumaça produzida. Outubro de 2015. |
Andar no local é perigoso, como atestou um assessor de vereador que foi averiguar o fenômeno sem ter o devido conhecimento dos riscos. Acabou afundando-se em um ponto de incêndio subterrâneo (a terra acima fica fofa e frágil) e sofreu queimaduras pois não usava nenhum tipo de equipamento de proteção individual.
Resolver o problema é complicado pois tirar a turfa é praticamente impossível. Pode ser que haja uma camada de 3 a 10 metros de material combustível. O melhor é trabalhar para recuperar o nível de água na lagoa. Talvez, com o advento da captação superficial de água do Rio das Velhas, a prefeitura possa destinar um poço artesiano de baixa vazão (entre 10 e 15 metros cúbico por hora) para tentar manter o nível de água, fazendo com isso que a umidade mantenha a turfa inativa. O projeto existe, eu mesmo encaminhei para o prefeito. Infelizmente a crise de recursos que estamos passando em 2015 impediu que as obras começassem naquela lagoa (a ideia era reformar uma lagoa por ano, primeiro foi a Boa Vista e depois a Catarina... a próxima seria a Vapabuçu).
Formação do carvão mineral a partir dos restos vegetais tendo como primeiro estágio a turfa. |
Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior
É...E SEGUIMOS ESPERANDO A TAL REFORMA...SERÁ EM QUE ANO ENTÃO?...NO AGUARDO!!!
ResponderExcluirQuero só ver!!
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