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domingo, 12 de julho de 2015

Eutrofização volta com força na Lagoa Paulino

Com a entrada do inverno e a consequente falta de renovação do volume de água da Lagoa Paulino, a eutrofização volta a aparecer com muita força. A eutrofização é um fenômeno decorrente do aumento da disponibilidade de nutrientes para os organismos aquáticos. Tais nutrientes podem vir da matéria orgânica lançada no corpo d'água e até do próprio sedimento do fundo da lagoa. 
A primeira alteração que surge numa lagoa eutrofizada é a proliferação de algas que tinge a água com manchas verdes na superfície. A partir daí a sequência é dramática: diminuição do oxigênio dissolvido na água (OD), mortandade de peixes e mau cheiro. Os nutrientes minerais liberados pela matéria orgânica em decomposição, como o nitrato e o fosfato, estão diretamente ligados a ocorrência da eutrofização. Sempre é importante lembrar que detergentes usados nas margens da lagoa (por lavadores de carros) também colaboram com o processo de eutrofização pois contêm fosfato.
Acompanhei com muita atenção os processos de procura e retirada de eventuais lançamentos de esgoto na última reforma da Lagoa Paulino. Contudo, a lagoa não foi esvaziada totalmente para retirada do sedimento porque a Secretaria de Estado do Meio Ambiente não autorizou o secamento total da referida lagoa. Com isso, muitos nutrientes ainda persistem no lodo do fundo da lagoa e podem colaborar para a ocorrência da eutrofização. 
Por determinação expressa do prefeito municipal, estudamos em conjunto com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente algumas alternativas para reduzir ou eliminar a eutrofização. As primeiras e fundamentais medidas - a procura e remoção de eventuais vazamentos de esgoto, bem como a limpeza da galeria pluvial do entorno da lagoa - foram executadas. As outras medidas ficaram praticamente no papel. Entre essas outras medidas testou-se com relativo sucesso a passagem de uma rede muito fina para remoção do excesso de algas superficiais (relativo sucesso porque, de acordo com informações que recebi, a equipe do barquinho que faz a limpeza da lagoa achou a tarefa "muito trabalhosa", descontinuando sua realização). Outra medida incluiria a compra de aeradores flutuantes que seriam usados para aumentar o nível de oxigênio dissolvido (OD), colaborando para a decomposição mais rápida e eficiente da matéria orgânica presente na água. Novo peixamento também foi sugerido para combater a proliferação das micro-algas. Até a mudança na estrutura do vertedouro da lagoa foi apresentada, pois permitiria uma melhor renovação da água em períodos chuvosos. Por enquanto, estamos no aguardo da implementação.
Infelizmente o processo continua ocorrendo e esperamos que não atinja proporção mais grave com a mortandade de peixes e outras consequências.
Durante o período que estive em assessoria da prefeitura, pude perceber o quanto é difícil e espinhosa essa tarefa de resolver problemas ambientais nas cidades. Se investimento é feito na Lagoa Paulino, muita gente diz que só se gasta dinheiro no centro da cidade enquanto os bairros sofrem com uma série de problemas. Se se procura ser econômico na abordagem desses mesmos problemas, outro tanto de pessoas argumenta que o nosso principal cartão postal está jogado às traças. Muito complicado. Também é muito complicado o entendimento a respeito de verbas ou aportes com funções específicas: saúde, educação, meio ambiente, cultura, segurança pública, etc. Parece que uma boa fração das pessoas acredita que se está tirando dinheiro da saúde (por exemplo) para resolver uma questão ambiental de uma lagoa. 
Abaixo algumas fotos tiradas hoje, mostrando a proliferação de algas na Lagoa Paulino.


Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior

2 comentários:

  1. Ramon

    Hoje tenho uma casa aqui no norte de Minas; Lassance-MG. Morando aqui há dois anos, tenho convivido com a escassez de água (maior no sertão). A cada dia mais e mais cursos d'água vão reduzindo drasticamente o seu volume. O Rio das Velhas vai seguindo este mesmo caminho. Seus afluentes na região estão sendo sugados pela falta de chuvas e pelo plantio crescente de eucalipto (muitos córregos da Serra do Cabral estão desaparecendo). Com pouca água e muita matéria orgânica, o Velhas agoniza em meio a eutrofização. Pergunto ao colega: qual será o futuro do Velhas? ainda há esperança baseada no reaparelhamento das ETEs?

    Um abraço. Cláudio/Lassance

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    1. Cláudio, querido e sumido amigo!!! Vejo com umas gotas de desesperança a situação do Velhas e de tantos outros cursos d'água. As ETEs podem ajudar, mas precisamos saber se já não rompemos o limite do consertável. Acredito que, após muitas ações negativas, a inércia levará muito do pouco que ainda temos... Abraços!!!!!!!!!!!!!

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