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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Não foi a derrota que doeu, foi o placar.

A primeira Copa que assisti - pelo menos alguns trechos de jogos (pois era menino de 7 anos e com essa idade era difícil ficar parado em frente a uma TV) - foi a de 1970. Lembro da final, do foguetório, de uns enfeites que colocavam nas antenas dos carros (parecendo uma laranja). Depois foi muito tempo até ver a nossa seleção campeã de novo. 
De 1970 para cá foram mais decepções do que sucessos nos gramados. Tivemos momentos dramáticos, em especial em 1982 na Espanha. Sem contar o "apagão" do Ronaldo em 1998, na França (juro que assisti o jogo alguns anos depois e o Ronaldo não pareceu tão apagado assim... o apagão foi do time todo, algo como agora). E a tal medalha de ouro olímpica do futebol?
Em diversas Copas fomos eliminados, ficamos tristes, alguns sempre aparecem com o "eu já sabia" e o "era isso que eu queria". Sempre foi assim... sempre será.
Mas dessa vez foi diferente. A derrota já estava anunciada naquele jogo fraco contra o México e nos pênaltis contra o Chile. Quem não quis ver não viu. O treinador-gênio já estava a beira de ser chamado de treinador-burro. As estatísticas de vitórias estavam prestes a se virar contra nós. E viraram. Fomos eliminados pelo único time que já jogou mais jogos de Copa do Mundo do que nós, com o qual absurdamente só havíamos jogado uma única vez... vencendo-os na final de 2002, a Copa do Penta.
A derrota entristeceu a todos, mas teria sido diferente se fosse um 2 x 1 ou um 3 x 2... ou muito menos mal numa disputa de pênaltis. O problema foram os 7 x 1. Acachapante!!! (Discordo de quem diz que foi humilhante... a Alemanha teve chances reais sim de nos humilhar, poderia ter imposto um placar muito mais elástico, dado olé, embaixadinhas. Aliviaram. Souberam ganhar.) Cinco gols em 20 minutos. Parecia que estavam passando o replay dos gols. Difícil esquecer dessa, vai marcar toda a história futebolística do país por um bom tempo. Teremos como nos recuperar na próxima Copa América, nas eliminatórias de 2018 ou na própria Rússia 2018? Será com essa geração, com 50% desses jogadores? Com qual técnico? Ainda usaremos passar sal grosso no vestiário ou nas traves?
Tempos difíceis pela frente. Lições amargas que devemos aprender. Lições que servem não só para o futebol. 

Ramon Lamar de Oliveira Junior

PS.: E vamos parar de politizar essa história de futebol, olimpíadas, Fórmula 1 e outras coisas do gênero. Cobrar um Brasil melhor é obrigação sempre, não é para ser esquecido quando se ganha e nem para ser lembrado na derrota. Esse é um problema de urna, escolhas e cidadania. Esse é um problema de todo dia.

Um comentário:

  1. Ramon, antes de mais nada é bom lembrar que "O Futebol é a coisa mais importante das coisas menos importantes da vida", como nos dizia o Nelson Rodrigues.

    Meu caro, o Futebol é um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e a Seleção Brasileira é um Patrimônio Cultural Imaterial do Povo Brasileiro.

    Vejamos: A importância do patrimônio cultural imaterial não reside na manifestação cultural em si, mas no acervo de conhecimentos e técnicas que se transmitem de geração em geração.

    Neste aspecto, a Seleção Brasileira é (ou será que foi?) um acervo de acúmulo de conhecimentos e técnicas da arte do futebol que apesar de ter sido introduzido no Brasil por meio de um certa Elite, foi burilado nas periferias das nossas cidades em seus campos de várzeas, que o transformou nesta paixão adorável. Diga-se de passagem que as Várzeas tornaram espécimes em extinção.

    Como patrimônio cultural imaterial a Seleção Brasileira é Tradicional e Contemporânea; Integradora e Representativa, pois não pertence a uma única entidade (no caso a CBF), mas é um patrimônio da sociedade brasileira em geral.

    A Seleção Brasileira é Patrimônio Cultural Imaterial apenas porque é reconhecida como tal por nossa sociedade que foi o motivo maior da sua criação. É a sociedade que a mantém e é a principal responsável pela transmissão do afeto dispensado a ela. Sem este reconhecimento da Sociedade, a Seleção Brasileira seria uma coisa efêmera, não valeria nada.

    Portanto, a derrota acachapante para a Alemanha não tem nada de “vergonha” ou “humilhação” nacional. Para nós brasileiros, a derrota foi não mais que estonteante, que nunca deve ser esquecida e que deve ser motivo para que seja elevada uma nova forma de perceber e aceitar os erros cometidos e que seja oxalá, uma motivação verdadeira para uma ampla reforma na estrutura do Futebol Brasileiro.

    Neste sentido, as explicações da Comissão Técnica da Seleção no dia de ontem, foi um desrespeito à inteligência nacional. Retratos de uma Estrutura Autoritária, Arcaica e Arrogante que insiste em persistir.
    Forte Abraço.

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