As opiniões emitidas neste blog, salvo aquelas que correspondem a citações, são de responsabilidade do autor do blog, em nada refletindo a opinião de instituições a que o autor do blog eventualmente pertença. Nossos links são verificados permanentemente e são considerados isentos de vírus. As imagens deste blog podem ser usadas livremente, desde que a fonte seja citada: http://ramonlamar.blogspot.com. Este blog faz parte do Multiverso de Ramon Lamar

domingo, 3 de abril de 2016

Primeiro de Abril

Excepcionalmente ontem não publiquei nenhuma notícia de "primeiro de abril", como é tradição do blog. Infelizmente o noticiário real está mais para "primeiro de abril" do que as maluquices que podemos inventar por aqui. Vamos esperar o país voltar à normalidade para que possamos retornar à brincadeira tão divertida (como o famoso caso da capivara Lili).





PS.: Todas são notícias reais do site SURREALISTA que é a versão do SENSACIONALISTA com casos estranhos... mas reais! Tá difícil fazer concorrência com a realidade! Ah... e tudo isso sem contar a nossa crise politico-financeira...

quarta-feira, 23 de março de 2016

Lagoa Paulino

Nosso principal cartão postal... bem no centro da cidade!!!

Foto: Ramon L. O. Junior

terça-feira, 22 de março de 2016

Comemoração do Dia Mundial da Água na Câmara Municipal

Ocorreu hoje (21 de março) uma sessão especial na Câmara Municipal a convite dos vereadores Dalton Canabrava e Caramelo. A sessão teve ainda a presença dos vereadores Padre Décio e Renato Gomes. Na oportunidade foram apresentadas mini-palestras a respeito do tema "A cidade e suas lagoas".


Infelizmente, por motivos profissionais (pois eu tinha que ministrar uma aula às 21 horas e a reunião começou com aqueles tradicionais 45 minutos de atraso), eu não pude assistir a todas as palestras e ao debate sobre os temas. Assisti apenas a palestra do Vinícius Barreto (Gerente Ambiental da Ambev) e da Daniela Ventura (Coordenadora do Curso de Eng. Ambiental e Sanitária da Faculdade Santo Agostinho). A palestra do Vinícius Vieira (Analista Ambiental da WWF-Brasil) eu só pude acompanhar o início. A palestra dos professores da UFSJ eu não tive como ver nada, infelizmente.
Espero que o Vinícius Vieira, por também estar ligado à Ambev, tenha aprofundado no tema "Lagoa Grande", uma vez que sua palestra era intitulada "Nascimento e Morte das Lagoas Urbanas e Rurais" e o Gerente Ambiental da Ambev nem sequer citou o nome da Lagoa Grande, detendo-se praticamente a mostrar as realizações da Ambev pelo mundo, com pouca alusão a Sete Lagoas. E espero também que as discussões tenham sido úteis em relação a esse tema em particular, que foi apontado na palestra da Daniela.
 
Daniela Ventura, durante sua explanação sobre a situação das nossas lagoas.
Durmo essa noite ansioso em receber notícias sobre o assunto.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 20 de março de 2016

Sem inveja...

Pelo menos uma invejinha já se foi. Aquela inveja boa que eu tinha dos cidadãos de Vitória que possuíam um grande estímulo para fazer atividades físicas (veja AQUI).
Ao seu modo, Sete Lagoas conseguiu a proeza de puxar seus cidadãos para as praças e outros espaços... aqueles espaços que são do povo mesmo e clama-se pelo seu melhor uso. O programa MEXA-SE colocou a atividade física na pauta com monitores e professores nas academias ao ar livre espalhadas agora por quase toda a cidade.
Muito bom ver isso acontecendo!!!

Encontro dos grupos do MEXA-SE, hoje, na Lagoa Paulino!!! Foto: Ramon L. O. Junior

Focar na Lua ou focar na Serra de Santa Helena?



Fotos: Ramon L. O. Junior
Fotos enquanto assistia ao GP da Austrália, na madrugada deste domingo.

quarta-feira, 16 de março de 2016

CONVERSA TELEFÔNICA ENTRE DILMA E LULA

Conversa telefônica entre Dilma e Lula revelam indícios de ações para atrapalhar as investigações da Operação LavaJato contra o ex-presidente Lula. A intenção parece ser a assinatura do termo de posse antes em caso de alguma tentativa de se prender o ex-presidente "só usa em caso de necessidade".
Essa e outras gravações feitas com autorização da justiça foram divulgadas pelo juiz Sérgio Moro, pouco antes de se confirmar o foro privilegiado de Lula por meio de uma publicação extraordinária de edição do Diário Oficial.
As gravações mostram também como o ex-presidente Lula interpreta o cenário da Câmara Federal, do Senado e do próprio STF, sempre com termos e expressões nada condizentes com o cargo que deve assumir (será?) de Ministro-Chefe da Casa Civil.

DILMA: Alô.
LULA: Alô.
DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.
LULA: Fala querida. “Ahn”
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o “BESSIAS” junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!
LULA: “Uhum”. Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LULA: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LULA: Tá bom.
DILMA: Tchau
LULA: Tchau, querida.


Clique aqui: https://www.youtube.com/watch?v=5GWYepL3UFI

segunda-feira, 7 de março de 2016

Plástico: inimigo no controle do Aëdes aegypti

"Não pode ser tão difícil combater um mosquito!", "É o Brasil contra o mosquito!" e "Já conseguimos vencer o mosquito no passado!".
As frases acima escondem problemas difíceis de resolver. Primeiramente não se trata de apenas um mosquito. São bilhões de mosquitos no território nacional, nos lugares mais visíveis mas também nos lugares mais escondidos. A simplificação da comparação de tamanho "nós e o mosquito" simplesmente não faz o menor sentido e é carregada de um antropocentrismo do domínio do homem sobre "a criação" que está muito longe da realidade. Se o mosquito é pequeno, o vírus é menor ainda e estamos perdendo feio a guerra. A outra questão é o problema temporal.

Fonte: www.tvsolcomunidade.com.br
Os tempos agora são outros. Podemos ter tido sucesso contra o mosquito e outras pragas urbanas na década de 1950, mas agora o volume de lixo é impressionante. E no meio do lixo, o plástico! O plástico propicia todo tipo de criadouro que o mosquito necessita. E ninguém vai suspeitar de uma tampinha de refrigerante, até que a veja abarrotada de larvas do mosquito. 

Fonte: www.saocarlosemrede.com.br
É preciso mais que uma força-tarefa militar esporádica para resolver o problema. Que solução é essa que não tem continuidade alguma? É preciso o engajamento permanente, a luta noite e dia para se evitar a instalação dos focos de criação do mosquito.
Não bastasse a dificuldade do problema ainda temos que aturar a velha política governamental de não acreditar nos avisos que os especialistas no assunto nos dão. Muitas vezes ou quase sempre prefere-se afastar o "pessimista" (assim é que o especialista é tratado nesses meios) na típica atitude de avestruz, esperando que o problema passe sem nos incomodar.
Esses mesmos especialistas já nos alertam no sentido de que o tempo para combater o mosquito já está se esgotando (ou já se esgotou). Agora é investir na atenção aos doentes. Melhorar os pontos de atendimento e ampliar o número de médicos para trabalhar forte no tratamento e orientação das pessoas. Na crise que estamos (e tem gente que ainda não acredita), é provável que essa medida também não seja executada... e seja até mesmo ridicularizada.

Texto: Ramon L. O. Junior

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Microcefalia no Brasil em 2015/2016 - Informações do Ministério da Saúde


Os casos suspeitos de microcefalia em investigação pelo Ministério da Saúde e pelos Estados chegam a 4.107 em todo o país. Os números fazem parte do Informe Epidemiológico de Microcefalia, divulgado nesta terça-feira (23 de fevereiro de 2016). O boletim aponta, ainda, que 950 notificações já foram descartadas e 583 confirmadas para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivos de infecção congênita.
Os 583 casos confirmados ocorreram em 235 municípios, localizados em 16 unidades da federação: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Já os 950 casos foram descartados por apresentarem exames normais, ou apresentarem microcefalias e/ou alterações no sistema nervoso central por causas não infeciosas.
Cabe esclarecer que o Ministério da Saúde está investigando todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, informados pelos estados e a possível relação com o vírus Zika e outras infecções congênitas. A microcefalia pode ter como causa diversos agentes infecciosos além do Zika, como Sífilis, Toxoplasmose, Outros Agentes Infecciosos, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Viral.
Os 4.107 casos em investigação representam 72,8% do total acumulado de 5.640 casos notificados desde o início das investigações em 22 de outubro de 2015 até 20 de fevereiro de 2016. O total notificado está distribuído em 1.101 municípios de 25 unidades da federação. Amapá e Amazonas são os únicos estados da federação que não tem nenhum registro de casos.
Ao todo, foram notificados 120 óbitos por microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto (natimorto) ou durante a gestação (abortamento ou natimorto). Destes, 30 foram confirmados para microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central. Outros 80 continuam em investigação e 10 já foram descartados.
Do total de confirmados, 67 foram notificados por critério laboratorial específico para o vírus Zika. No entanto, o Ministério da Saúde ressalta que esse dado não representa, adequadamente, a totalidade do número de casos relacionados ao vírus. A pasta considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês, cujo diagnóstico final foi de microcefalia.
Até o momento, estão com circulação autóctone do vírus Zika 22 unidades da federação. São elas: Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Roraima, Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Também houve a confirmação de transmissão do vírus em 29 países nas Américas.

ORIENTAÇÃO: O Ministério da Saúde orienta as gestantes adotarem medidas que possam reduzir a presença do mosquito Aedes aegypti, com a eliminação de criadouros, e proteger-se da exposição de mosquitos, como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida e utilizar repelentes permitidos para gestantes.

Distribuição dos casos notificados de microcefalia por UF, até 20 de fevereiro de 2016
Regiões e Unidades Federadas
Casos  de Microcefalia e/ou malformações, sugestivos de infecção congênita
Total acumulado de casos notificados de 2015 a 2016
Em investigação
Confirmados
Descartados
Brasil
4.107
583
950
5.640
Alagoas
102
25
85
212
Bahia
582
120
73
775
Ceará
256
33
46
335
Maranhão
151
14
16
181
Paraíba
440
59
291
790
Pernambuco
1.188
209
204
1.601
Piauí
81
32
14
127
Rio Grande do Norte
275
76
23
374
Sergipe
178
0
10
188
Região Nordeste
3.253
568
762
4.583
Espírito Santo
62
3
8
73
Minas Gerais
27
0
38
65
Rio de Janeiro
250
2
4
256
São Paulo
119
0
30
149
Região Sudeste
458
5
80
543
Acre
26
0
0
26
Amapá
Sem registro
Sem registro
Sem registro

Amazonas
Sem registro
Sem registro
Sem registro

Pará
10
1
0
11
Rondônia
10
1
0
11
Roraima
11
0
0
11
Tocantins
95
0
17
112
Região Norte
152
2
17
171
Distrito Federal
5
0
19
24
Goiás
80
6
2
88
Mato Grosso
123
0
50
173
Mato Grosso do Sul
5
1
5
11
Região Centro-Oeste
213
7
76
296
Paraná
2
0
13
15
Santa Catarina
0
0
1
1
Rio Grande do Sul
29
1
1
31
Região Sul
31
1
15
47

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Por que estou preocupado com o ESTUDO HIDROGEOLÓGICO de Sete Lagoas?

Muitas pessoas leem meus comentários aqui e acolá sobre o ESTUDO HIDROGEOLÓGICO de Sete Lagoas e ficam sem entender o motivo. Basta ler este estudo (está em inglês, se quiser, pule para o último capítulo "CONCLUSÕES", clique AQUI.
Em tons de cinza, a evolução dos limites da área urbanizada. Os pontos amarelos destacam acidentes geológicos (subsidências e colapsos que já ocorreram).

Museu do Ferroviário - Sete Lagoas - MG



Fotos: Ramon L. O. Junior

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Muita confusão sobre as consequências do "acidente" da SAMARCO/VALE/BHP BILLITON.

Metal pesado é um termo sobre o qual não existe um acordo ou definição química exata. Diversos elementos são encontrados em listas de metais pesados (incluindo alguns metaloides). Entre os mais comuns podemos citar Mercúrio, Chumbo, Cádmio, Cobre, Estanho, Níquel, Tálio, Cromo, Antimônio, Arsênio, Selênio e Telúrio. Outros como o Manganês, Zinco, Vanádio, Molibdênio, Cobalto e Estrôncio também costumam ser incluídos no grupo. Até mesmo o Ferro e o Alumínio podem ser citados como tal.
Essa confusão é um prato cheio para a SAMARCO/VALE/BHP BILLITON bater com força no peito e nos microfones e dizer: "em nossa barragem não há metais pesados!" Basta lembrar que, como não há um conceito exato, podemos adotar qualquer um que nos convenha.
Metais pesados como o Chumbo, Mercúrio e o Cádmio são extremamente danosos por não terem função alguma em nosso organismo e se concentrarem ao longo das cadeias alimentares (bioacumulação ou magnificação trófica) atingindo teores que provocam uma série de problemas que vão de neuropatias a disfunção renal e câncer.
Mas não são só metais pesados que são perigosos! Isso é fundamental que se saiba. Ferro e Manganês, sabidamente presentes nos rejeitos da SAMARCO/VALE/BHP BILLITON são nocivos ao nosso organismo. Ferro em excesso pode provocar hemocromatose (que envolve dor abdominal crônica, diabetes, manifestações cardíacas e dores articulares) e distúrbios no fígado que podem conduzir a uma forma de cirrose. Manganês em excesso provoca sintomas como rigidez muscular, tremores das mãos e fraqueza. Alumínio, outro elemento sabidamente presente na lama do "acidente" tem sido apontado como potencial causador de alterações do sistema nervoso.
Agora, lembremos dos outros organismos. Ferro, manganês e alumínio (dependendo da forma como se apresentam) são extremamente tóxicos para plantas quando em concentrações elevadas. Isso, claro, contraria a afirmação de Vania Somavilla (Diretora Executiva de Saúde e Sustentabilidade da VALE) que afirmou a potencial vantagem da lama do minério como adubo de reflorestamento, sugerindo que o "acidente" pode fazer bem para a recuperação das matas ciliares.
"A diretora da Vale que garante que os laudos analisados pela companhia não apontam quaisquer indícios de que há a presença de metais pesados: “pelo contrário, eventualmente o que é usado é uma espécie de fécula, que no momento de recuperação do rio Doce ainda servirá como adubo para o reflorestamento”." (www.eshoje.jor.br/)
Já o professor de Engenharia Costeira da COPPE/UFRJ, Paulo Rosman, autor de estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente para avaliar os impactos e a extensão da chegada da lama ao mar, é bastante otimista. Para ele o Rio Doce "ressuscitará" em 5 meses, especialmente após o período de chuvas. Rosman afirma que os efeitos no mar serão "desprezíveis", que o material se espalhará por no máximo 9 km e que em poucos dias a coloração barrenta deve se dissipar. Infelizmente ele parece não estar levando em conta. Certas comparações feitas são inaceitáveis como a explosão do monte Santa Helena (1980, nos EUA) "você vai lá hoje e vê que os animais voltaram e a mata voltou" (esquecendo-se da diferença de biodiversidade das duas regiões - lá é basicamente uma floresta de pinheiros onde somados mamíferos de médio e grande porte e aves não dá mais do que 20 espécies) e a mortandade de peixes anual na Lagoa Rodrigo de Freitas - aliás uma lagoa extremamente contaminada - onde a diversidade dos peixes que resistem é baixíssima e os animais mortos têm todos praticamente um ano de vida e são quase todos da mesma espécie (basta olhar imagens, como abaixo).
Mortandade de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas em abril de 2015. Biodiversidade? Não há como comparar com o Rio Doce com cerca de 70 espécies endêmicas (que só existem ou existiam lá).
Prefiro ficar com a opinião do biólogo, ecólogo e meu ex-professor do Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios da UFMG, Ricardo Motta Pinto Coelho. De acordo com ele “se nada for feito para recuperar o meio ambiente, a recomposição da vegetação (só da vegetação) poderá demorar de 20 a 30 anos. Os efeitos, no entanto, são imprevisíveis para a natureza. Há necessidade de estudos continuados por alguns anos para que todos os impactos causados pelo desastre possam ser mais bem avaliados e medidas de mitigação ou de remediação tomadas com o tempo”, afirma.
E continuemos aguardando análises exatas da lama, do rio, do mar, dos animais mortos...
Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Meçam as palavras ao comparar tragédias!

A razão do título desta postagem encontra-se abaixo, destacada em vermelho.
"Como é de costume, proliferou o exagero na internet - houve quem apontasse o desastre ambiental como o maior de toda a história. Bobagem. Trata-se, isto sim, do pior desastre do gênero em Minas Gerais e do mais grave do mundo tendo por causa o despejo de rejeitos minerais no ambiente - no caso da mineradora de Bento Rodrigues, três vezes maior que o da segunda colocada, a mina canadense Mount Polley, protagonista de episódio semelhante no ano passado."
Raquel Beer, in Lama Exterminadora, Revista Veja, edição 2453, pag. 64-65.

Título e trecho da matéria em questão.

Que comparação mais medíocre foi feita pela articulista da revista, na tentativa de minimizar os acontecimentos de Minas Gerais. Analise bem, os trechos seguintes, sobre os dois acidentes anteriores que foram comparados com a recente tragédia da SAMARCO/VALE/BHP BILLITON: 
“Em 18 de janeiro de 2000, um vazamento de 1300 metros cúbicos de óleo foi o responsável por mudar o cenário da Baía de Guanabara e contaminar grande parte do ecossistema de mangues no entorno. Um duto da Petrobrás que ligava a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao terminal Ilha d'Água, na Ilha do Governador, rompeu-se antes do raiar do dia, provocando um vazamento do óleo combustível nas águas da baía. A mancha se espalhou por 40 km². O episódio entrou para a a história como um dos maiores acidentes ambientais ocorridos no Brasil. O vazamento afetou milhares de famílias que viviam da pesca e de atividades ligadas ao pescado. Na época, a Petrobras pagou uma multa de R$ 35 milhões ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e destinou outros R$ 15 milhões para a revitalização da baía.” 
(Baseado em informações de www.oeco.org.br)
“No Brasil, em março de 1975, um acidente rompeu o casco do navio-tanque iraquiano Tarik Ibn Ziyad no canal central de navegação da baía de Guanabara liberando cerca 6000 metros cúbicos de óleo. Várias praias foram atingidas nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, tanto no interior da baía quanto na costa oceânica. O óleo provocou incêndios em áreas de manguezal, em torno da baía, e a contaminação afetou seriamente as comunidades animais da zona entremarés.” 
(Baseado em informações de www.cienciahoje.org.br)
Comparemos os eventos acima com o vazamento ocorrido na SAMARCO/VALE/BHP BILLITON, que, de acordo com o IBAMA, chegou a 50 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos e a matemática nos mostrará a dimensão do acontecido nas terras e águas mineiras e, por extensão, capixabas. Talvez pudéssemos citar outros eventos internacionais para comparação, aí de forma muito mais sensata, para afirmar que o acidente mineiro está abaixo da escala de outros acidentes mundiais de outra natureza. O vazamento do poço da British Petroleum (BP) no Golfo do México (2010) atingiu o volume de 700 milhões de metros cúbicos de petróleo e gerou uma multa de 80 bilhões de reais. Perto desses acidentes, os dois derramamentos de óleo citados na matéria são filhotes. Isso sem contar os 2 bilhões de metros cúbicos de petróleo lançados no Golfo Pérsico em 1991 por ordem de Saddam Hussein para atrapalhar a invasão americana na primeira guerra do golfo.
O acidente causado pelas atividades um tanto inconsequentes da SAMARCO/VALE/BHP BILLITON e suas circunstâncias pode merecer uma série de terminologias. Mas "bobagem", termo usado pela articulista, merece no mínimo um pedido de desculpas. Se não for pelo estrago ambiental, que seja muito justa e irreparavelmente pelas vidas perdidas e pelos sonhos enterrados na lama ao longo de todo o trajeto dos rios contaminados e até na foz, no Espírito Santo.
Mas façamos um breve review de alguns fatos: 879 quilômetros de rios, com uma largura média de 200 metros (apesar de já em Governador Valadares a largura ultrapassar 300 metros, e na foz ter aproximadamente 1000 metros)... o que computa quase 176 quilômetros quadrados de área de grande biodiversidade (passando inclusive dentro do Parque Estadual do Rio Doce, unidade de proteção integral) cobertos pela lama de composição até agora incerta (mas que é muito eficiente em eliminar a fauna aquática). Por enquanto uma contaminação de cerca de 100 quilômetros quadrados na foz do Rio Doce, em área de mangue, com reprodução de crustáceos, peixes, aves e desova de tartaruga marinha nas praias. Ameaça real sobre no mínimo 11 espécies do Rio Doce que já estavam ameaçadas de extinção e outras 70 espécies que não estavam em extinção mas são endêmicas das regiões afetadas, ou seja, foram colocadas em situação de risco ou já estão extintas (em outras palavras, podemos até ter o rio de volta em 10 ou 20 anos, mas essas espécies nunca mais). Todo o comprometimento do modo de vida de uma tribo indígena de grande riqueza cultural, os Krenak, umbilicalmente ligados ao Rio Doce em todas as suas tradições. Multas e penalizações (citadas inclusive no próprio artigo em torno de 1,5 BILHÃO de reais) que podem chegar a 20 BILHÕES DE REAIS, tanto para a indenização das populações humanas afetadas, como para trabalhar a recuperação ambiental. Acho que esses bilhões citados acima estão bem acima da multa paga pela Petrobrás no valor de 50 milhões, citada anteriormente, o que pode ajudar a nossa articulista a ter uma melhor visão do que chamou de bobagem.
Até por elegância, o pedido de desculpas pelo uso inapropriado de tal palavra é o que podemos esperar. Aliás, pedido de desculpas que o diretor-presidente da SAMARCO/VALE/BHP BILLITON disse que não cabia no caso do acidente e dezessete dias depois do rompimento da barragem foi obrigado a pronunciar.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

domingo, 22 de novembro de 2015

Cerambicídeos

Dizem que aproximadamente 40% de todas as espécies de seres vivos são de besouros. Isso faz dos coleópteros (besouros), sem dúvida, um dos grupos melhor adaptados às condições do nosso planeta. Ali estão os escaravelhos, os "rola-bosta", os vagalumes, os bicudos e as joaninhas. 
Dentro dessa grande Ordem dos Coleópteros, uma família tem destaque especial, a Família Cerambycidae (cerambicídeos). São besouros de corpo um tanto alongado e que se caracterizam principalmente pelo tamanho de suas antenas, sempre maiores que o corpo dos animais.

Cerambicídeo (foto Alexandre Costa Silva)
Nessa época de início das chuvas, os insetos costumam invadir a casa das pessoas à noite, atraídos pela luz e em busca de outros também que ali estejam para suas atividades sexuais. Pois bem, de uma hora para a outra nossa casa é invadida principalmente pelas "aleluias" (siriruias, siriricas, tiriricas...) que são as fases aladas reprodutoras de cupins e formigas. Inclusive, logo depois das chuvas, podem aparecer as tanajuras, formas reprodutoras das saúvas (formigas cabeçudas, formigas cortadeiras).

 
 Formiga comum alada, cupim alado e tanajura (saúva alada)

Mas um inseto que chama a atenção é o tal do cerambicídeo. Na última semana recebi duas "consultas" sobre ele. O tal "inseto de antenas grandes"! Numa das consultas, meu cunhado fotografou um belo exemplar passeando sobre o varal e queria sabem de "quem" se tratava. Outra, mais dramática, foi de uma aluna que se viu "mordida" por um cerambicídeo na madrugada de hoje. Cerambicídeos não são agressivos, basicamente são herbívoros, alimentando-se de pólen, folhas etc. Há também aqueles que têm potente aparelho bucal e cortam a madeira, conhecidos como "serra-paus". A tal "mordida", portanto, deve ter sido involuntária, ou seja, o inseto assustou-se com a mão da minha aluna e aplicou um ato de defesa. 
Entre os cerambicídeos estão duas das maiores espécies de insetos, o Titanus giganteus e o Acrocinus longimanus, ambas as espécies podem ser encontradas aqui na região de Sete Lagoas.

Titanus giganteus
Acrocinus longimanus
 Texto: Ramon L. O. Junior

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Rompimento das Barragens da Samarco em Mariana (MG)

Tenho evitado comentar aqui sobre o rompimento das barragens da Samarco, em Mariana, na tarde da quinta-feira (05 de novembro de 2015) pois gostaria de ter mais dados em mãos. Mineradoras não são boazinhas. Esse é o tipo de atividade que convive e acha normal a degradação da natureza. Se fazem ações benéficas, podem ter certeza que é à força de Compensações Ambientais, Termos de Ajustamento de Conduta, para conseguir algum tipo de certificação para exportação ou algo do tipo.


A construção e manutenção dessas barragens é muito complicada, até porque vire e mexe têm sua altura aumentada para comportarem um volume maior de resíduos. Estudos realizados a pedido do Ministério Público Estadual já haviam revelado riscos nas duas barragens. A empresa, por meio de seu diretor-presidente, diz desconhecer tais estudos. A própria Secretaria de Estado afirma que o relatório não aponta nenhuma irregularidade nas barragens, apenas traz recomendações. É uma forma do poder público se isentar das responsabilidades. O contingente de fiscais para manter na linha todas as mais de 700 barragens que existem só em Minas Gerais é, claramente, insuficiente. Os órgãos públicos sabem de cor esse livrinho de desculpas esfarrapadas. E não se assuste se FEAM, SUPRAM e IGAM também apresentarem respostas desse tipo, para esse ou para outros desastres.
Causa pavor saber que não havia um plano de alarme e remoção das populações à jusante das barragens. Nem sirenes, nem nada. Dizem que "ligaram" para alguns moradores. Isso é muito pouco, é inadmissível. Defesa Civil é o tipo da entidade que só existe depois que os problemas acontecem. Certamente, para o futuro será montada uma "Defesa Civil" eficiente na área. O número de mortos aponta preliminarmente para algo entre 20 e 30 pessoas, entre trabalhadores e moradores das terras à jusante, especialmente no subdistrito de Bento Rodrigues.
A mineradora insiste em dizer que a lama é inerte. Contém apenas areia. Nesse ponto, duvido um bocado. Óbvio que há um predomínio de areia (silicatos), mas sem dúvida há contaminação com ferro, manganês e alumínio, sempre presentes nessas lavras. Análises já indicaram o aumento da condutividade elétrica da água contaminada do Rio Doce. Há também a hipótese de zinco, arsênio e mercúrio (aí precisamos aguardar laudos). Também há a possibilidade (quase certeza) da presença de uma série de substâncias que podem ter sido carreadas para as barragens voluntariamente como óleos, solventes e outros efluentes. No caminho que o tsunami de lama percorre também são recolhidos animais mortos e seus dejetos. Daí o risco de contaminação da população com doenças como a leptospirose.
Certamente, a multa sobre a empresa será altíssima e esperamos que não seja contestada. Um dos riscos é a afirmação de tremores de 2,5 graus na região no dia do desastre. Isso, no meu entendimento não serve como desculpa. Os órgãos técnicos já informaram que pequenos sismos dessa magnitude são comuns na região e, certamente, de conhecimento da empresa. Uma barragem (ou duas) que não resiste a esses sismos só pode ser classificada como insegura.

Texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A lagoa que pega fogo

A Lagoa do Vapabuçu ou Lagoa do Matadouro, umas das sete lagoas que dão o nome oficial de nossa cidade, deixou de ter um espelho d'água constante por volta da década de 1990. Virou lagoa intermitente, com um volume de água importante surgindo no período de chuvas, período aliás que atrai (ou atraia) inúmeras espécies de aves nativas e migratórias.

Lagoa do Vapabuçu - Março de 2011 - Espelho d'água bastante comprometido e presente só no período de chuvas.
Mais recentemente, a Lagoa do Vapabuçu tornou-se palco de um outro tipo de atenção: os incêndios em seu interior (e por interior entenda-se não só superfície, mas no subsolo também). O fenômeno não é exclusividade dessa lagoa. Acontece em várias lagoas que, com o passar do tempo, acumulam muita matéria orgânica em seu fundo. Essa matéria orgânica sofre decomposição e transforma-se num tipo de carvão conhecido como turfa. A turfa é rica em carbono e enquanto se decompõe ainda mais, acaba liberando gases combustíveis como o metano.

Solo escuro e rico em matéria orgânica do leito da Lagoa do Vapabuçu após uma chuva em abril de 2013. O solo é fofo, servindo inclusive de moradia para pequenos animais como se observa acima.
Tudo indica que o fenômeno da combustão dessa turfa ocorre quando, no período de seca, algum fogo se inicia (espontaneamente ou provocado pelo homem) na superfície seca da lagoa. O fogo caminha para o subsolo e incendeia a turfa que fica queimando naquele ambiente pobre em oxigênio como se fosse um grande charuto enterrado no leito da lagoa. Os odores produzidos não são nada agradáveis e também é liberado muito material particulado. Isso afeta os pulmões e os olhos dos moradores e dos passantes.

Pontos de fumaça brotando do solo da Lagoa do Vapabuçu. A foto foi tirada um dia após uma chuva, o que diminuiu muito a quantidade de fumaça produzida. Outubro de 2015.
Andar no local é perigoso, como atestou um assessor de vereador que foi averiguar o fenômeno sem ter o devido conhecimento dos riscos. Acabou afundando-se em um ponto de incêndio subterrâneo (a terra acima fica fofa e frágil) e sofreu queimaduras pois não usava nenhum tipo de equipamento de proteção individual.

Formação do carvão mineral a partir dos restos vegetais tendo como primeiro estágio a turfa.
Resolver o problema é complicado pois tirar a turfa é praticamente impossível. Pode ser que haja uma camada de 3 a 10 metros de material combustível. O melhor é trabalhar para recuperar o nível de água na lagoa. Talvez, com o advento da captação superficial de água do Rio das Velhas, a prefeitura possa destinar um poço artesiano de baixa vazão (entre 10 e 15 metros cúbico por hora) para tentar manter o nível de água, fazendo com isso que a umidade mantenha a turfa inativa. O projeto existe, eu mesmo encaminhei para o prefeito. Infelizmente a crise de recursos que estamos passando em 2015 impediu que as obras começassem naquela lagoa (a ideia era reformar uma lagoa por ano, primeiro foi a Boa Vista e depois a Catarina... a próxima seria a Vapabuçu).

Texto e fotos: Ramon Lamar de Oliveira Junior