Ao que tudo indica, uma queima de fogos de artifício de comemoração de Ano Novo no topo da Serra de Santa Helena desencadeou mais um daqueles gigantescos incêndios na frente da mesma. Teria sido fácil combater o fogo no início, mas como costuma acontecer nesses casos os responsáveis pelo dano ambiental não estavam preparados para tanto. No início eram dois pontos que foram crescendo rapidamente e depois se encontraram. As chamas tomaram conta da região próxima ao cume e os bombeiros compareceram para apagar uma parte do mesmo. As diretrizes atuais de trabalho são de evitar o combate noturno ao fogo e, assim, o mesmo foi descendo lentamente, dando mostras que poderia apagar de uma hora para outra. Até relâmpagos eram vistos atrás da serra, talvez uma chuvinha colaborasse com a extinção... mas nada.
Início do incêndio, pouco após a meia-noite |
A presença do Corpo de Bombeiros em combate ao fogo, na sua parte mais alta. |
Durante a madrugada o fogo se espalhou e na tarde do primeiro dia do ano de 2015 podemos perceber a extensão tomada pelas chamas. |
O fogo continuou descendo madrugada afora e pela manhã uma boa parte da frente da serra estava queimada. Muita fumaça ainda sai de vários pontos enquanto escrevo esse texto.
Acompanhei, durante o ano passado, as tratativas entre a Prefeitura Municipal e a IVECO no sentido de direcionar uma compensação ambiental de plantio de árvores na nova região industrial para ser convertida em ações de proteção da APA da Serra de Santa Helena. O assunto foi até ventilado na imprensa (veja AQUI). Contudo, a parceria não teve como ser realizada, apesar dos esforços em prol da ação e o resultado foram grandes queimadas na área do Parque da Cascata no mês de outubro último.
Muita gente não entendeu o motivo da não-realização da parceria e vou pincelar rapidamente sobre o assunto. Pesa uma certa insegurança jurídica, apesar da justíssima necessidade reconhecida por todos, sobre a possibilidade de utilizar-se recursos de compensação ambiental em outra área que não a da região industrial (onde o impacto que levou à existência da compensação ambiental ocorreu). Com isso, IVECO e Prefeitura não tiveram "solo firme" para seguir com as propostas iniciais (criação do Plano de Manejo da APA, estruturação e funcionamento de Brigada de Incêndio não-voluntária e melhorias na infraestrutura do Parque da Cascata).
Pode parecer simples aos olhos do cidadão, mas a criação de uma Brigada de Incêndio (mesmo que pequena, de 10 homens) teria um custo muito grande, pois são profissionais treinados para uma função específica e que receberiam 12 meses do ano por essa ação. Não se trata de arregimentar 10 pessoas pagas só no período de secas, até porque nem sabemos mais qual é o período de chuvas (basta ver o incêndio de hoje). O Plano de Manejo da APA foi orçado pelo menor valor em cerca de 400.000 reais após várias consultas (se alguém tiver um preço melhor, procure a Secretaria de Meio Ambiente para saber sobre as necessidades específicas desse trabalho, que ao meu ver ainda está em aberto se e quando acontecerá). As reformas estruturais do Parque da Cascata são o de menos em termos de investimento, mas mesmo assim não saem muito baratas pois havia a ideia de recuperar e utilizar adequadamente todas as construções que existem dentro do parque.
Em pinceladas rápidas, a história é essa. Então é com tristeza que vejo que "a coisa não andou" e estamos presenciando mais uma grave perda ambiental. E tenho a certeza também que todos os envolvidos no projeto inicial lamentam muito e sentem muito o ocorrido.
Agora, já temos a Brigada de Incêndio.
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