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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

ENEM, cada vez mais parecido com um vestibular tradicional?

A última edição do ENEM (2013) deixou uma dúvida: trata-se de um "ponto fora da curva" ou o ENEM realmente está ficando cada mais parecido com os tradicionais vestibulares, tantas vezes criticados pelo INEP/MEC quando instituíram o NOVO ENEM?
Aparentemente, comparando-se com a edição passada (2012), a prova de 2013 cobrou mais conteúdos e fórmulas (na física, química e matemática) do que a prova anterior. É claro que não podemos esquecer que a prova de 2012 já havia dado uma escorregada ao cobrar tópicos não previstos claramente no programa (matrizes na matemática e mecanismo de reações de química orgânica). Mas a de 2013 ampliou muito o leque de cobrança, com várias questões que realmente dependiam de cálculos e "decoreba" de fórmulas (não bastava apenas a noção qualitativa ou a relação entre as grandezas envolvidas). A própria prova de 2012 do Sistema Prisional já veio com algumas questões bastante diferentes das que costumeiramente eram cobradas (como a questão de herança genética aditiva, na prova de biologia).
Tenho participado de todas as provas do NOVO ENEM (só não me inscrevi para a prova de 2010) e algumas mudanças estão começando a se mostrar problemáticas. Uma delas é o fato do uso único e obrigatório da "caneta preta feita em material transparente". Uma vez transcrito o gabarito, não há o que fazer se você mudar de ideia ou se tiver aquele insight que faltou anteriormente. E a preocupação com o tempo de prova tem provocado a necessidade de transcrever logo as respostas para evitar prejuízos ao final. Isso é muito nítido no segundo dia de provas. Mais da metade dos candidatos em minha sala de provas ficaram aguardando até os 10 minutos finais, ou seja, tentando espremer o cérebro nos instantes derradeiros para resolver uma ou outra questão, com o restante do gabarito todo passado e intocável.
Sei que depois virá a aplicação da TRI e, só então, teremos a noção do comportamento geral das notas. Mas as condições de prova, especialmente para quem está procurando vagas em cursos mais concorridos, estão se tornando insustentáveis, massacrantes. A antítese daquilo que o sistema preconizou ao criar o NOVO ENEM (uma prova democrática... bla bla bla). 
Preocupante também é a análise do ótimo desempenho divulgado recentemente das escolas públicas FEDERAIS, que ainda por cima contam com as cotas para aprovação. Se o desempenho delas é, em média, até melhor do que o desempenho médio das escolas particulares, por que raios seus alunos têm o direito de participar das políticas de cotas? Vou sempre insistir nesse ponto que vem configurando-se em uma injustiça crescente, já que as vagas de cotistas ainda não estão em 50%... mas logo estarão.
Outro aspecto, já alheio ao exposto no título desta postagem, é a questão do que fazer com as escolas e seus alunos do terceiro ano do ensino médio. São Paulo ainda não percebeu o problema pois seus alunos ainda ficam na preparação e expectativa para a aguardada prova da FUVEST. Mas na maioria dos outros estados, o ano letivo praticamente se encerra junto com a prova do ENEM, prejudicando todo o aprendizado de outros conteúdos que não estão contemplados no programa das provas do ENEM.
Em 2014, a coisa será mais complicada com a Copa do Mundo e com o calendário escolar esdrúxulo que está sendo proposto. Quem quiser se dar bem no ENEM terá uma ótima chance se se concentrar nos estudos e nas aulas desde o mês de fevereiro... e também um bocado durante a própria Copa do Mundo. 2014 vai ser um ano muito esquisito, onde o foco nos estudos vai ser o diferencial entre a aprovação e o desempenho medíocre. Não me surpreenderei se alguns dos alunos de grande potencial se derem mal nas provas do ENEM por absoluta falta de programação de estudos.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

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