"Tia Iza" foi minha professora de geografia na maior parte do ensino fundamental (acho que foi na quinta, sexta e sétima séries, no Colégio Dom Silvério). Na oitava série, se não estou muito enganado, era o Gamela (Edson Abreu) que lecionava a Geografia e a História... e pediu um trabalho de História sobre o Egito. Nosso grupo dividiu o tema e ficou por minha conta falar da economia do Egito Antigo. Fui me socorrer com a "Tia Iza". Após a aula, fomos até sua casa e ela me mostrou vários livros sobre o Egito, emprestando-me alguns. Deu uns conselhos sobre a apresentação, disse o que era mais importante enfocar , com toda calma, com todo carinho que desde sempre lhe foi peculiar, e desejou boa sorte, que sabia que eu ia me sair bem e tal.

Preparei o tema. Na véspera, fui conversar com o Gamela. Disse a ele que eu estava um pouco nervoso, ansioso, sei lá... que eu não gostava de apresentar trabalho, falar em público... essas coisas. Gamela então falou assim: "- Ramon, tenho certeza que você estudou o assunto e sabe tudo o que tem que ser falado. É igual assistir a um filme e depois contar para seus colegas de turma. Faz assim, faz de conta que está contando uma história para seus amigos. Vai dar tudo certo."
Essas palavras do mestre Gamela ligaram alguma coisa dentro de mim. Desde então comecei a falar e não parei mais. Devo muito àqueles dois: "Tia Iza" emprestou-me os livros, deu as dicas e o apoio... Gamela ativou o programa "professor" que havia em mim.
Fotografar a casa da "Tia Iza" tem então um gosto especial. Ainda por cima que a anfitriã naquele momento foi minha querida amiga e colega Adriana Drummond, para quem "Tia Iza" é tia mesmo.
A casa preservada, as mexericas no quintal vistas bem alto por cima do muro e do telhado. Patrimônio da minha história, uma das páginas mais importantes da minha vida, que sempre vou guardar com muito carinho. (Pouca gente sabia dessa história...)
Foto e texto: Ramon Lamar de Oliveira Junior