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segunda-feira, 17 de março de 2025

BARRAGEM DE ASSUÃ E LAGO NASSER: IMPACTOS NEGATIVOS SOBRE O EGITO

A Barragem de Assuã, localizada no rio Nilo, no Egito, foi uma das obras de engenharia mais importantes do século XX. Construída entre 1960 e 1970, teve como principal objetivo regular a vazão do rio, controlar enchentes e garantir o fornecimento de água para irrigação e geração de energia hidrelétrica. Com 111 metros de altura e 3,6 quilômetros de extensão, a barragem criou o Lago Nasser, um dos maiores reservatórios artificiais do mundo, com aproximadamente 5.250 km² de área e capacidade para armazenar cerca de 132 km³ de água. No entanto, a barragem trouxe uma série de consequências ambientais, sociais e culturais que alteraram profundamente a dinâmica da região.

Imagem aérea da Barragem de Assuã.

Houve uma redução da vazão do rio à jusante da barragem, com menos água chegando até a foz. A evaporação intensa no Lago Nasser, localizado em uma região quente e árida, contribuiu para essa redução, pois grandes volumes de água se perdem antes de seguir rio abaixo. Outro fator importante foi o aumento da captação de água para irrigação, diminuindo o fluxo que chega ao Mediterrâneo. A infiltração da água no solo arenoso ao longo do Lago Nasser também representa uma perda considerável, reduzindo ainda mais a quantidade de água disponível para o curso inferior do rio. Além disso, a construção de outras barragens e sistemas de captação nos países a montante, como Sudão e Etiópia, reduziu ainda mais o volume de água disponível. O crescimento populacional também intensificou a demanda hídrica para abastecimento urbano, agrícola e industrial, agravando ainda mais a situação.

Um dos impactos mais significativos foi a mudança no regime de vazão do Nilo. Antes da construção da barragem, o rio apresentava ciclos naturais de cheia e vazante, que fertilizavam as planícies com o lodo rico em nutrientes. Com a regulação da vazão, essa fertilização natural foi interrompida, tornando a agricultura dependente do uso de fertilizantes artificiais. Além disso, a retenção de sedimentos na barragem reduziu a reposição de nutrientes na foz do Nilo, afetando ecossistemas costeiros e a atividade pesqueira, que viu um declínio na produção devido à redução da oferta de alimento para as cadeias tróficas marinhas. A diminuição da vazão do Nilo também impactou a salinidade na foz do rio. Antes da construção da barragem, o fluxo constante de água doce ajudava a equilibrar a salinidade na região costeira. Com a redução desse fluxo, houve um aumento na intrusão da água salgada no delta, afetando ecossistemas aquáticos e reduzindo a disponibilidade de alimento para diversas espécies marinhas e estuarinas. Como consequência, a atividade pesqueira na foz do Nilo foi prejudicada, impactando comunidades que dependiam dessa fonte de sustento.

Também a água do Mediterrâneo próximo à foz do Nilo ficou mais salina após a construção da Barragem de Assuã. Antes da barragem, o rio despejava grandes volumes de água doce no mar, diluindo a salinidade na região costeira. Com a redução do fluxo fluvial, menos água doce chega ao Mediterrâneo, permitindo que a água salgada avance mais para dentro do delta. Essa alteração no equilíbrio salino afetou o ecossistema marinho e estuarino. Espécies de peixes e crustáceos que dependiam de uma salinidade mais baixa sofreram declínios populacionais, impactando a atividade pesqueira.

Localização da Barragem de Assuã e do Lago Nasser.

A diminuição da descarga de água doce para o Mediterrâneo permitiu a intrusão da água salgada no delta do Nilo, comprometendo solos agrícolas e dificultando o cultivo de diversas espécies vegetais. Como resultado, áreas antes férteis foram degradadas, levando a prejuízos para pequenos produtores agrícolas.

Outro problema decorrente da construção da barragem foi o aumento na incidência de doenças parasitárias, como a esquistossomose. A criação do Lago Nasser proporcionou um ambiente propício para a proliferação do caramujo hospedeiro do parasita causador da doença. Com isso, a população local passou a enfrentar maiores desafios sanitários, exigindo esforços para o controle da enfermidade. Além disso, a estagnação das águas em algumas áreas favoreceu o crescimento de algas e organismos nocivos, impactando ainda mais a qualidade da água disponível.

Além das questões ambientais e sanitárias, a construção da barragem teve um grande impacto sobre o patrimônio histórico e cultural do Egito. Diversos sítios arqueológicos e templos antigos foram ameaçados pela elevação do nível das águas do Lago Nasser. Para evitar a perda dessas riquezas, monumentos como os templos de Abu Simbel e Philae tiveram que ser desmontados e realocados em áreas mais altas, em uma das maiores operações de resgate arqueológico da história, realizada com o apoio da UNESCO. No entanto, muitos sítios históricos menores e aldeias tradicionais foram submersos e perdidos para sempre, causando um impacto irreversível na herança cultural da região.

O templo de Abu Simbel foi deslocado aproximadamente 200 metros para trás e 65 metros acima de sua posição original para evitar que fosse submerso pelas águas do lago Nasser, após a construção da represa de Assuã, no Egito.

A barragem também teve implicações geopolíticas, pois o controle da vazão do Nilo tornou-se uma questão estratégica para o Egito e os países a montante do rio, como Sudão e Etiópia. A dependência da água do Nilo tornou-se um fator crítico para a estabilidade da região, e disputas sobre o uso dos recursos hídricos continuam até hoje.

Em suma, a Barragem de Assuã trouxe benefícios econômicos e estruturais para o Egito, como a segurança hídrica e a geração de energia hidrelétrica, mas também resultou em desafios ambientais e sociais. A gestão desses impactos continua sendo uma questão fundamental para a sustentabilidade da região, exigindo medidas que minimizem os efeitos negativos sobre a agricultura, a pesca, a saúde pública e o patrimônio cultural, ao mesmo tempo em que garantam o aproveitamento adequado dos recursos hídricos do Nilo.

Lições para nós: A transposição do Rio São Francisco

A transposição do Rio São Francisco é um projeto complexo com o objetivo de desviar parte das águas do rio para beneficiar áreas do semiárido brasileiro. Embora não envolva uma mudança física tão significativa quanto a construção da barragem de Assuã, que deslocou templos e causou grandes impactos, a transposição também traz impactos ambientais e sociais comparáveis aos efeitos de grandes projetos de engenharia em cursos d'água.

Assim como a represa de Assuã afetou os ecossistemas locais e alterou os níveis de água do Nilo, a transposição modifica o fluxo natural do São Francisco, impactando o ecossistema aquático e as comunidades ribeirinhas. Além disso, a salinidade da foz do São Francisco já vem se alterando, afetando a pesca e a biodiversidade local, o que pode ser intensificado pela transposição, que reduz o volume de água doce.


Ramon Lamar de Oliveira Junior, com informações próprias e acréscimos do ChatGPT na organização da estrutura do texto.

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