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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

ENTREVISTA COM O PROFESSOR MÁRIO DE MARIA

Introdução: Quem estudou Biologia em qualquer nível e não se encantou com esse ser humano? Uma pessoa de conhecimento ímpar, com uma vontade genuína e quase ansiosa de compartilhar tudo o que sabe, sem guardar sequer uma vírgula para si, transmitindo seu saber com generosidade aos alunos. Conhecido como “o Cara dos Artrópodes,” de piolhos a aranhas, escorpiões e até Limulus, ele reuniu uma coleção didática que impressiona até hoje e enche os olhos de quem visita a mostra de Biologia da UFMG. Sei disso porque meus alunos me enviam fotos do evento, e reconheço ali aqueles espécimes mais interessantes... e as famosas pegadinhas, como a inesquecível Lepas. É impossível não tê-lo como referência. Que fique registrado para a posteridade, quando eu e ele já formos apenas saudade, que existiu um professor maravilhoso e maravilhosamente comprometido com o ensino de Biologia.

Entrevista com o Professor Mário De Maria

1. Professor Mário De Maria, conte para nós, resumidamente, sobre suas origens.

Sou cidadão brasileiro, nascido em Belo Horizonte, em 1938, tendo como avós paternos imigrantes italianos e, maternos, imigrantes portugueses. Formei-me no antigo Curso de História Natural da UFMG, hoje Curso de Ciências Biológicas.

2. Como ingressou na carreira de professor e pesquisador?

Ainda como estudante, fui estagiário no Laboratório de Malacologia do Instituto de Endemias Rurais, sob a orientação do brilhante pesquisador Lobato Paraense. Também estagiei no mesmo instituto, no Laboratório de Ecologia, com o Roberto Milward. O estágio na Malacologia abriu portas para eu trabalhar como pesquisador no Laboratório de Esquistossomose, do Departamento de Biologia da UFMG, sob a orientação do brilhante pesquisador José Pellegrino, que me ofereceu uma bolsa financiada pelo Exército Americano. Os americanos estavam preocupados com o grande número de soldados mortos por esquistossomose japonesa durante a guerra.

Algum tempo depois, a UFMG abriu concurso para Professor Assistente do Departamento de Zoologia, onde comecei minha carreira de professor universitário. Como era professor em tempo parcial, trabalhei paralelamente nos colégios Tiradentes da PMMG, Dom Silvério e Santo Agostinho. Com a criação do Colégio Universitário da UFMG, prestei concurso e entrei para a equipe de Biologia, onde aprendi muito com colegas que vieram de Brasília e utilizavam a metodologia BSCS (Biological Science Curriculum Study), uma nova abordagem no ensino de Biologia. Trabalhei com professores como Edmar Chartone, Dulce R. Niffinegger, Isa Brant Starlig, Pedro Marcos Linardi, Ney Carnavalli e José Luiz Pedersoli. Nesse emprego, realmente me desenvolvi como professor. Com o fechamento dessa brilhante instituição, voltei para o Departamento de Zoologia, no ICB.

3. Por quais instituições passou, como docente ou pesquisador?

Além da UFMG, onde desenvolvi a maior parte da minha carreira acadêmica, trabalhei nos colégios Tiradentes da PMMG, Dom Silvério e Santo Agostinho, e no Colégio Universitário da UFMG, onde tive a oportunidade de trabalhar com uma equipe altamente capacitada e inovadora.

4. Como educador, o que considera mais importante transmitir para os estudantes?

"Mestre é aquele que caminha com o tempo, procurando paz, fazendo comunhão, despertando sabedoria. Mestre é aquele que estende a mão, inicia o diálogo e encaminha para a aventura da vida. Não é o que apenas ensina fórmulas, regras, raciocínios, mas aquele que desperta o aluno para a realidade, ao seu modo. Mestre não é aquele que dá de seu saber, mas aquele que faz germinar o saber do seu aluno."

5. Qual ou quais considera as suas maiores alegrias como educador?

Acompanhar o sucesso profissional dos meus alunos. Você, Ramon, é um deles!

6. Quais autores, pesquisadores ou livros mais o influenciaram como educador ou pesquisador?

  • Silent Spring (Rachel Carson)
  • Biologia dos Invertebrados (Jan A. Pechenik)
  • Biologia Celular e Molecular (De Robertis)
  • Biologie Animale (M. Acontece et P. Grassé)
  • Acúleos que Matam (Wolfgang Burcherel)
  • Parasitologia Médica (Samuel Pessoa)

Pessoas: sou grato ao Prof. Dr. José Pellegrino, que me deu a oportunidade de iniciar minha carreira de pesquisador, e ao grande colega e amigo Pedro Marcos Linardi, que sempre me apoiou.

7. Deixe uma mensagem para todos que foram seus alunos, em todos os tempos, em todos os locais.

Que sigam os passos que citei sobre o verdadeiro papel de um mestre.

Informações adicionais

Na minha carreira, fiz o mestrado em Parasitologia no Departamento de Parasitologia do ICB - UFMG. Por questões financeiras, não fiz o doutorado. Paralelamente ao curso de História Natural, cursei Engenharia Sanitária na Escola de Engenharia da UFMG, pois sempre levei a sério minha profissionalização, o que não me deixava tempo para diversão. Sou casado há 57 anos com Celsa Maria, médica, amiga, companheira e também minha ex-aluna nos cursos secundário e superior. Ela sempre me apoiou, principalmente no exercício da minha profissão. Temos três filhos, sete netos e um bisneto.





Revisão do texto: ChatGPT