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sábado, 13 de dezembro de 2025

SERIADO UFMG 2025 - BIOLOGIA E QUÍMICA - SIMULADOS E LISTA DE EXERCÍCIOS BASEADOS NO PROGRAMA

Seguem-se os links, sem enrolação:

SIMULADO 01: CLIQUE AQUI

SIMULADO 02: CLIQUE AQUI

SIMULADO 03: CLIQUE AQUI

LISTA DE QUESTÕES: CLIQUE AQUI


SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - SERIADO UFMG - 


sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

GRATUITO: TODAS AS PROVAS DO ENEM E NOVO ENEM EM PDF PARA BAIXAR - DOWNLOAD - DE 1998 A 2025 - E SIMULADOS DO MEC

JÁ COM TODAS AS ÚLTIMAS PROVAS!

Inclusive a Segunda Aplicação 2025 para as cidades onde se realizou a COP30.

ABSOLUTAMENTE DE GRAÇA, SEM ENROLAÇÃO OU ARQUIVOS FALSOS. Agora basta clicar nos links para baixar as provas do nosso website. É para você que já passou raiva tentando baixar as provas do ENEM do site do MEC ou de outros sites. Aqui você poderá baixar todas, mas todas mesmo, sem desconfiança e amolação. Todos os links foram testados e os arquivos encontram-se isentos de vírus. Qualquer defeito na hora de abrir os links, por favor nos avisem.

ATENÇÃO: PROGRAMA DAS PROVAS DO ENEM (Não é a matriz de habilidades e competências!). Clique  AQUI

A DÚVIDA DE SEMPRE: A NOTA DE CORTE DO ENEM (SiSU) vai aumentar ou vai diminuir? Leia uma explicação simples sobre o assunto clicando AQUI.

ATENÇÃO: Meu Canal do Youtube tem vários cursos gratuitos e completos e Biologia e Química para o ENEM. Pesquise nas Playlists. Para acessar, clique AQUI. Inscreva-se!!!

SIMULADOS PARA O ENEM
ATENÇÃO: Nós, da SALINHA DNA (www.salinhadna.blogspot.com), postamos alguns simulados rápidos com questões de Matemática (6), Química (6), Biologia (6) e Física (2). Você resolve pelo Google Forms e recebe o gabarito assim que termina. Nesse blog você pode conferir também nossos cursos online. Confira os links:



GUIA  OFICIAL DE REDAÇÃO DO ENEM 2022 - Elaborado pelo INEP/MEC - Clique AQUI

Confira nossa lista de possíveis temas de redação clicando AQUI.

Estou disponibilizando as provas LEDOR e LIBRAS divulgadas pelo INEP/MEC. Algumas questões dessas provas são diferentes das aplicadas para os demais alunos.

PROVAS
ENEM ANTIGO - 63 QUESTÕES INTERDISCIPLINARES + REDAÇÃO
1998 - CLIQUE AQUI
1999 - CLIQUE AQUI
2000 - CLIQUE AQUI
2001 - CLIQUE AQUI
2002 - CLIQUE AQUI
2003 - CLIQUE AQUI
2004 - CLIQUE AQUI
2005 - CLIQUE AQUI
2006 - CLIQUE AQUI
2007 - CLIQUE AQUI
2008 - CLIQUE AQUI

SIMULADOS DE 2009 (Feitos pelo MEC para apresentar o modelo das questões)
Ciências da Natureza: AQUI
Ciências Humanas: AQUI
Códigos de Linguagem: AQUI
Matemática: AQUI

PROVAS DE 2009 (3 provas: anulada, válida e sistema prisional)

PROVAS DE 2010
PROVAS DE 2011

PROVAS DE 2012

PROVAS DE 2013
2014 21 PROVA 2014 SEGUNDA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (PPL)
2014 22 PROVA 2014 SEGUNDA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (PPL)
2014 31 PROVA 2014 TERCEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA
2014 32 PROVA 2014 TERCEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA

PROVAS DE 2015 
2015 11 PROVA 2015 PRIMEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA
2015 12 PROVA 2015 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA
2015 21 PROVA 2015 SEGUNDA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (PPL)
2015 22 PROVA 2015 SEGUNDA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (PPL)

PROVAS DE 2016
2016 11 PROVA 2016 PRIMEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA
2016 12 PROVA 2016 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA
2016 12 PROVA 2016 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (redação mais legível)
2016 21 PROVA 2016 SEGUNDA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA
2016 22 PROVA 2016 SEGUNDA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA
2016 31 PROVA 2016 TERCEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (PPL)
2016 32 PROVA 2016 TERCEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (PPL)

PROVAS DE 2017
2017 11 PROVA 2017 PRIMEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2017 12 PROVA 2017 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (CNA/MAT)
2017 21 PROVA 2017 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2017 22 PROVA 2017 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL SEGUNDO DIA (CNA/MAT)
2017 31 PROVA 2017 TERCEIRA APLICAÇÃO LIBRAS PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2017 32 PROVA 2017 TERCEIRA APLICAÇÃO LIBRAS SEGUNDO DIA (CNA/MAT)

PROVAS DE 2018
2018 11 PROVA 2018 PRIMEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2018 12 PROVA 2018 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (CNA/MAT)
2018 21 PROVA 2018 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2018 22 PROVA 2018 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL SEGUNDO DIA (CNA/MAT)

PROVAS DE 2019
2019 11 2019 11 PROVA 2019 PRIMEIRA APLICAÇÃO PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2019 12 2019 12 PROVA 2019 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (CNA/MAT)
2019 21 2019 21 PROVA 2019 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL PRIMEIRO DIA (RED/COD/CHU)
2019 22 2019 22 PROVA 2019 SEGUNDA APLICAÇÃO E PPL SEGUNDO DIA (CNA/MAT)

PROVAS DE 2020
2020 12 2020 12 PROVA 2020 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA (CNA/MAT) LEDOR (Esta prova é lida para os candidatos que têm déficit de visão, por exemplo. Há questões de Biologia que são diferentes da prova aplicada para os demais candidatos. Inclusive uma questão sobre o Coronavírus que provocou a Epidemia da SARS em 2002/2003.)

PROVAS DE 2021


2023 12 2023 12 PROVA 2023 PRIMEIRA APLICAÇÃO SEGUNDO DIA - LEDOR - COM QUESTÃO DIFERENTE!

Para o sucesso dessa coletânea de provas, contamos com a pesquisa em vários sites e com as colaborações dos professores e amigos Luís Fernando Pereira e Emiliano Chemello (coautores da Coleção Química da Editora Moderna) e Sérgio Ferreira. Agradecimentos super-especiais ao Mateus Botelho por várias colaborações e principalmente pela terceira aplicação do Enem 2014 (tarefa que já julgávamos impossível de conseguir) e ao site www.ebc.com.br. Agradecimentos ao Vinícius por informar sobre a divulgação da Segunda Aplicação do ENEM 2015 no site do INEP. Agradecimentos ao Elawan Saraiva por informar sobre a divulgação da Segunda Aplicação do ENEM 2016 no site do INEP. Agradecimentos muito especiais ao Edcley de Souza Teixeira por nos auxiliar junto ao INEP a conseguir as provas do PPL 2016. Agradecimentos à Sra. Maria Inês Fani, ex-presidente do INEP. Agradecimentos ao ex-aluno e colega Marcelo, pela indicação das provas de Libras 2017.

Confiram também o aplicativo http://app.vc/ramonbiologia (com dicas de biologia).

Ramon Lamar de Oliveira Junior

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Prepare-se para o Vestibular Seriado da UFMG: Provas Anteriores da UFMG!

ATENÇÃO: AULÃO NESTA QUINTA-FEIRA!!!


Olá, pessoal! 

Para quem está se preparando para o Vestibular Seriado da UFMG, tenho uma ótima notícia! 
Clique no link abaixo para baixar um arquivo compactado recheado com muitas provas antigas da UFMG, com foco especial nas disciplinas de Biologia, Química e Matemática. 


Esse material é perfeito para você conhecer o estilo das provas, os tipos de questões cobradas e praticar bastante antes da sua prova.
Além disso:
  • É gratuito;
  • Testado e seguro, sem vírus;
  • E sem enrolação, só conteúdo de qualidade para turbinar sua preparação.

Pegue também o edital da primeira fase 2025:

Ah... e você pode assistir gratuitamente aulas de teoria e resolução de exercícios no canal: 


Não perca essa oportunidade de estudar com material original e aumentar suas chances de sucesso! Bons estudos e boa sorte no Vestibular Seriado!

Ramon L. O. Junior

Seriado UFMG
Provas Antigas UFMG
Provas Anteriores UFMG
Biologia e Química UFMG
Medicina UFMG
Provas Anteriores da UFMG!
Provas Anteriores da UFMG!
Provas Anteriores da UFMG!
Provas Anteriores da UFMG!
Provas Anteriores da UFMG!
Provas Anteriores da UFMG!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Discurso de Formatura - 3o Ano - Colégio Impulso - 09/12/2025

Queridas formandas e formandos do Terceiro Ano do Colégio Impulso.
Queridos familiares, colegas professores, direção, funcionários e demais convidados.

Boa noite!

É com satisfação e alegria que me coloco na condição de paraninfo desta turma. Sei da responsabilidade de representar, em palavras, tudo aquilo que vocês construíram ao longo dos últimos três anos e, em especial, dos últimos dois anos em que lecionei para vocês.

Vocês são uma turma de excelência. Não apenas porque alcançaram notas altas, venceram etapas seguidas de provações, produziram projetos brilhantes ou conquistaram aprovações tão desejadas. Vocês são excelentes porque, mesmo diante dos desafios — e não foram poucos — mantiveram algo que não se ensina em livros: determinação, disciplina e coragem para seguir em frente. Bom, é claro que em certos momentos fiquei apreensivo com vocês, com receio de não conseguirem conduzir bem o barco em águas turbulentas. Mas no final tudo deu certo!

O Ensino Médio é um período intenso. É tempo de descobertas, de amadurecimento, de crises, de decisões que às vezes parecem enormes demais. É também um tempo de dúvidas, cansaço, pressão e incertezas. E, ainda assim, vocês conseguiram manter um desempenho acadêmico admirável, fruto do esforço e do compromisso diário.

Foram dias de provas difíceis, aulas longas, semanas que pareciam impossíveis — mas que vocês transformaram em realidade. E quando obstáculos surgiram — sejam eles pessoais, familiares, emocionais, sociais ou até mesmo aqueles que ninguém vê — vocês não desistiram. Vocês se reinventaram, buscaram ajuda, apoiaram uns aos outros e mostraram, com maturidade, que a inteligência vai muito além do conteúdo: ela vive na capacidade de persistir, cooperar e superar.

Hoje celebramos a conclusão de uma etapa, mas também comemoramos a afirmação de uma identidade: a identidade de uma turma forte e resiliente. Vocês provaram que excelência não é um rótulo, mas uma postura diante da vida.

A partir daqui, cada um seguirá seu caminho. Alguns buscarão a universidade, outros o mundo do trabalho, outros ainda descobrirão novos sonhos pelo caminho. “E tá tudo bem!”, como diz o grande filósofo, o Craque Neto! O importante é que levem consigo aquilo que demonstraram todos esses anos: a capacidade de enfrentar desafios com lucidez e coragem.

Lembrem-se: o conhecimento abre portas, mas é o caráter de cada um de vocês que mantém essas portas abertas.

Gostaria de aproveitar a oportunidade para reverenciar e agradecer aos colegas Cramer e Luciano, com quem divido as disciplinas de Química e Biologia. É uma honra trabalhar em harmonia com vocês, chegar ao final de mais um ano e ver que cumprimos com muita eficácia a tarefa que nos foi designada.

Aos meus caros formandos e formandas deixo um derradeiro pedido: que vocês continuem cultivando a curiosidade, a sensibilidade, a ética e a vontade de transformar o mundo. O mundo precisa — e muito — de jovens como vocês.

Parabéns, turma. Vocês honram esta escola, seus professores e suas famílias… e, mais do que tudo, honram a si mesmos. Sigam confiantes. O futuro não é algo que se espera: é algo que se constrói.

Muito obrigado!

Ramon Lamar de Oliveira Junior
09/dezembro/2025
Sete Lagoas - MG

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

REVISITANDO O GLIFOSATO E SUA SEGURANÇA

Nos últimos meses, o debate sobre o glifosato ganhou um novo capítulo decisivo. Um dos estudos mais citados para sustentar a segurança do herbicida — publicado em 2000 e amplamente usado por agências reguladoras no mundo todo — foi oficialmente despublicado após 25 anos. A decisão ocorreu porque vieram à tona indícios graves de conflito de interesse: o artigo utilizava exclusivamente dados fornecidos pela própria Monsanto, sem estudos independentes, e havia suspeitas de ghostwriting, com trechos escritos por funcionários da empresa sem a devida declaração. Esses fatores comprometeram a confiança nas conclusões e levantaram questionamentos sobre a integridade científica por trás do documento.

A despublicação tem implicações profundas. Por décadas, esse estudo serviu como um dos principais pilares para validar a segurança do glifosato, especialmente quando associado ao uso do Roundup e de culturas geneticamente modificadas para resistir ao herbicida, como a soja transgênica. Essa tecnologia permitiu que agricultores utilizassem doses cada vez maiores de glifosato, já que a planta cultivada não sofria danos. O resultado foi uma aplicação intensiva e recorrente do produto em larga escala.

https://valor.globo.com/agronegocios

Agora, com a retirada desse estudo do corpo científico, uma série de dúvidas se abre. Reguladores e pesquisadores precisam reavaliar a farmacotoxicidade do glifosato com maior rigor, desta vez baseada em evidências plenamente independentes e transparentes. Não significa, automaticamente, que está comprovado que o glifosato causa câncer ou outros danos graves, mas significa que parte das certezas usadas para defender sua segurança não é mais confiável. Isso recoloca no centro da discussão temas como exposição crônica, resíduos em alimentos, impactos ambientais e efeitos de longo prazo sobre a saúde humana.
A situação é especialmente sensível no Brasil, onde a soja transgênica resistente ao glifosato domina vastas áreas agrícolas. O modelo de cultivo associado à aplicação intensiva pode passar a ser questionado, tanto por órgãos reguladores quanto por consumidores e organizações de saúde e meio ambiente. É possível que, a partir desse episódio, haja pressão para estabelecer novos limites, revisar protocolos de segurança ou incentivar alternativas menos dependentes de herbicidas.
O episódio revela algo maior: a necessidade de ciência independente, livre de conflitos de interesse e com acesso aberto aos dados brutos. Quando decisões de grande impacto econômico e sanitário se apoiam em estudos que depois se mostram comprometidos, toda a sociedade é prejudicada. A retratação do estudo de 2000 não encerra o debate sobre o glifosato, mas marca o início de uma fase que exige mais transparência, mais rigor e mais responsabilidade.
Para agricultores, consumidores, pesquisadores e formuladores de políticas públicas, o momento é de reflexão: como equilibrar produtividade, segurança e sustentabilidade? O futuro do glifosato — e de modelos agrícolas baseados em seu uso intensivo — dependerá das respostas que conseguirmos construir coletivamente, a partir de evidências sólidas e independentes.

Explicando a questão da soja transgênica resistente ao glifosato

A introdução da soja geneticamente modificada para resistir ao glifosato transformou profundamente o manejo agrícola nas últimas décadas. Essa tecnologia permitiu que o herbicida fosse aplicado diretamente sobre as lavouras sem causar danos à planta cultivada, eliminando com eficiência a maioria das ervas daninhas. Como consequência, o uso do glifosato tornou-se mais frequente e em doses progressivamente maiores, uma vez que a cultura permanecia protegida contra seus efeitos.
Esse modelo de produção, embora tenha simplificado práticas agrícolas e reduzido custos operacionais para muitos produtores, resultou em uma dependência crescente do herbicida. Além disso, a aplicação intensiva favoreceu o surgimento de plantas daninhas resistentes, exigindo ainda mais pulverizações para manter o controle. Assim, a combinação entre soja transgênica tolerante e glifosato consolidou um sistema de cultivo altamente dependente do produto, cujo impacto ambiental e sanitário tem sido cada vez mais debatido pela comunidade científica e por órgãos reguladores.

Quanto usamos de glifosato no Brasil?

Com base nos dados disponíveis, uma estimativa razoável sugere que o Brasil consome — ou comercializa — algo na ordem de duzentas a trezentas mil toneladas anuais de glifosato (ingrediente ativo), em anos recentes. Esse volume impressionante dá a dimensão do quanto o herbicida se tornou central para o modelo agrícola brasileiro, consolidando-se como o produto mais vendido e mais aplicado do país dentro do grupo dos agrotóxicos.
O uso expressivo do glifosato está diretamente ligado à expansão das culturas transgênicas tolerantes ao herbicida, especialmente a soja RR, seguida pelo milho e pelo algodão. Esses cultivos permitem que o agricultor aplique o produto diretamente sobre a plantação sem causar danos às plantas — uma tecnologia que simplifica o manejo de plantas daninhas e reduz custos de operação. O efeito colateral, porém, é que o volume total aplicado nas lavouras aumenta significativamente, uma vez que a principal limitação ao uso do glifosato — o risco de queimar a cultura — deixa de existir.
A soja, por si só, explica boa parte desse consumo. O Brasil é o maior produtor e exportador de soja do mundo, com dezenas de milhões de hectares plantados anualmente. Como mais de 95% da área é ocupada por variedades transgênicas resistentes ao glifosato, a cultura responde pela maior parcela da demanda nacional do herbicida. O milho safrinha, cultivado logo após a soja, também utiliza intensamente o produto para dessecação pré-plantio. Já o algodão, outra cultura de grande área no Cerrado, adota manejo semelhante, com uso recorrente de glifosato ao longo do ciclo.
Além dessas culturas principais, o herbicida também é amplamente empregado em áreas de pastagem, na cana-de-açúcar e na dessecação de áreas antes do plantio de diversas culturas, prática comum no sistema de plantio direto — que depende fortemente de herbicidas para funcionar.
Essa combinação — transgênicos tolerantes, agricultura de larga escala, plantio direto e múltiplas safras por ano — ajuda a explicar por que o glifosato domina o mercado de herbicidas brasileiro. Mais do que um produto, ele se tornou uma peça estrutural do modelo agrícola atual. Por isso mesmo, qualquer discussão sobre sua segurança, uso e regulamentação tem impacto enorme, tanto do ponto de vista produtivo quanto ambiental e de saúde pública.

Entendendo o transgênico

A adoção de cultivares resistentes ao glifosato transformou profundamente o manejo de plantas daninhas na agricultura brasileira. Antes do desenvolvimento da soja transgênica resistente ao herbicida, o glifosato precisava ser aplicado com extremo cuidado: sua ação é não seletiva, ou seja, mata praticamente qualquer planta que atinge. Isso obrigava o agricultor a direcionar o produto apenas para as ervas daninhas, evitando ao máximo o contato com as folhas da soja cultivada, pois qualquer deriva ou erro de aplicação poderia comprometer seriamente a lavoura. A operação, portanto, era mais lenta, exigia maior precisão e demandava mão de obra experiente.
Com o advento da soja resistente ao glifosato, esse cenário mudou completamente. As novas cultivares passaram a tolerar o herbicida, permitindo que ele fosse aplicado de maneira mais ampla, inclusive por pulverização aérea ou tratorizada sobre toda a área plantada, sem risco de danificar a cultura principal.
Além disso, a resistência genética fez com que os agricultores pudessem usar doses maiores de glifosato sem comprometer a cultura, o que contribuiu para o aumento expressivo do consumo nacional.
Isso trouxe como vantagem imediata uma drástica simplificação do controle de plantas daninhas, garantindo maior eficiência operacional, redução de custos de manejo, menor necessidade de técnicas complexas de aplicação e, sobretudo, a possibilidade de realizar o controle mesmo com o mato já estabelecido.

Ramon Lamar de Oliveira Junior

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

AULÃO ONLINE PARA O SERIADO UFMG

#SERIADOUFMG #SERIADO #UFMG


RESOLUÇÃO DE VÁRIAS QUESTÕES ABORDANDO OS TÓPICOS DO PROGRAMA DO SERIADO UFMG 2025 PRIMEIRA ETAPA.
BIOLOGIA E QUÍMICA. NÃO PERCA!!!


segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Capins invasores no Cerrado brasileiro: a ameaça silenciosa dos capins africanos (e questão do ENEM 2025)

O Cerrado é um dos biomas mais biodiversos do planeta, abrigando milhares de espécies vegetais e animais altamente adaptadas ao clima sazonal, ao solo pobre em nutrientes e ao regime natural de queimadas. Porém, nas últimas décadas, o equilíbrio desse ambiente tem sido profundamente impactado pela chegada e expansão de gramíneas exóticas invasoras, especialmente os chamados capins africanos.

Originalmente introduzidos no Brasil para formação de pastagens, controle de erosão e até ajardinamento, esses capins encontraram no Cerrado condições ideais para se espalhar. Seu crescimento rápido, alta produção de biomassa e resistência ao fogo fazem com que dominem grandes áreas, substituindo a vegetação nativa e alterando completamente o funcionamento do ecossistema.

Por que os capins africanos são um problema?

Os capins invasores competem com as plantas nativas por luz, espaço e nutrientes. Como crescem muito mais rápido e produzem mais biomassa que a vegetação típica do Cerrado, eles:

  • Aceleram e intensificam incêndios, pois acumulam grande quantidade de matéria seca inflamável.
  • Reduzem a biodiversidade, formando grandes monoculturas e impedindo o estabelecimento de novas espécies nativas.
  • Alteram o ciclo hidrológico, já que mudam a estrutura do solo e a dinâmica da infiltração de água.
  • Favorecem a reinvasão, porque se regeneram rapidamente após queimadas ou distúrbios.

 As espécies invasoras mais comuns no Cerrado

1. Capim-gordura (Melinis minutiflora)

https://tropicalforages.info/text/entities/melinis_minutiflora.htm

2. Capim-braquiária (Urochloa spp. especialmente Urochloa decumbens e Urochloa brizantha)

Urochloa decumbens - https://plantastoxicas.com.br/urochloa-decumbens/

3. Capim-marmelada (Urochloa plantaginea)

https://www.inaturalist.org/taxa/288222-Urochloa-plantaginea

4. Capim-colonião (Megathyrsus maximus sin. Panicum maximum)

https://www.feedipedia.org/node/416

5. Capim-andropogon (Andropogon gayanus)

https://revistacultivar.com.br/

Impactos ecológicos e socioeconômicos: Além das consequências ambientais, os capins invasores influenciam atividades humanas, aumentando custos de manejo, dificultando restauração ecológica e favorecendo incêndios próximos a áreas urbanas.

Como combater os capins invasores?

O controle dessas gramíneas exige:

  • remoção manual ou mecanizada;
  • uso criterioso de herbicidas;
  • manejo integrado do fogo;
  • restauração com espécies nativas;
  • prevenção da expansão.

 

QUESTÃO DO ENEM 2025

E aí? Qual resposta você marcaria???

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Aranhas: Loxosceles (Aranha-marrom)

(Esta postagem foi feita em 05.03.2011, mas pela atualidade e pelo surgimento recentes de casos de acidentes no período, foi elevada momentaneamente para as primeiras posições do blog para facilitar acesso.)

Vou começar esse post de uma forma diferente. Segue abaixo o relato do artista plástico Luciano Diniz (condensei algumas partes). Esse relato foi publicado na comunidade do Orkut sobre os “Causos de Sete Lagoas”:
Resolvi abrir um depósito que tenho na entrada do meu atelier para uma faxina de rotina, e eis que me deparo com o local infestado de aranhas. Matei muitas, ou quase todas pensei eu, mas no dia seguinte me apareceu uma mancha esbranquiçada na lateral externa do pé direito, bem na junta. Lembrei-me então de um vídeo que vi sobre o assunto, do sintoma aparente do efeito de uma aranha pica o ser humano, e me dirigi à uma farmácia para me medicar. Tomei comprimidos, passei pomadas, e fiquei tranquilo que em alguns dias aquilo estaria desaparecido.
Mas nada disso ocorreu, ao contrário, foi só piorando, passei por 8 médicos que não descobriam o que eu tinha, mesmo avisando estar desconfiado da aranha. Fiz todo tipo de exame possível, e tudo estava perfeito, glicose, triglicérides, colesterol, etc, tudo em ordem e o pé só piorando, o que era um mistério, pois tinha saúde excelente, frequentava há anos a academia, boa alimentação. E fui só piorando, veio uma bengala, depois as muletas, até que caí de cama, sem conseguir andar e a ferida só aumentando, até então já contornando por trás até quase o peito do pé, e uma dor insuportável.
Finalmente, descobri que havia sido realmente vítima de uma aranha. Graças eu ter uma saúde excelente devido à alimentação e a malhação, me salvei. Poderia ter morrido ou perdido o pé.
Fui então enviado imediatamente a um cirurgião que me operou e retirou todo o tecido necrosado e envenenado. Fiquei 32 dias imóvel sobre uma cama sentindo dores desesperantes, pois só sobraram os nervos sobre os ossos ao retirar toda a carne já dissolvendo e necrosando, mais 6 meses de cama em recuperação, e mais de um ano nas muletas. Hoje me sinto praticamente um deficiente físico, pois não tenho mais os movimentos do pé, ainda ando com dificuldade, mas pelo menos estou vivo e andando, graças à Deus.
Muito provavelmente o nosso amigo Luciano foi vítima da aranha-marrom (gênero Loxosceles). A aranha-marrom, pertencente à família Sicariidae, também é conhecida como aranha-violino (devido a uma mancha escura em forma de violino que geralmente está presente no dorso do animal). Essa aranha é originalmente de ambiente cavernícola, entretanto já se adaptou ao interior de nossas residências. É uma das poucas aranhas que se alimentam de insetos mortos (a maioria come insetos vivos) que ela encontra com facilidade em nossas casas. A lagartixa de parede é o predador dessa aranha no ambiente doméstico. A Loxosceles possui tamanho total (corpo e patas) entre 3 a 4 centímetros no máximo.

Loxosceles. Observe a mancha dorsal em forma de violino (nem sempre é bem visível). Crédito da foto: Ubirajara de Oliveira (Bira) - Laboratório de Aracnologia - ICB/UFMG.

Nas nossas casas ela habita normalmente os armários, guarda-roupas, atrás de quadros e entre as telhas (quando não há laje). Normalmente é dócil, não ataca. Porém, se comprimida contra o corpo ela inocula o veneno. A picada não dói, pois as quelíceras são muito pequenas e não provocam dor ao penetrar na pele.  O veneno também não é neurotóxico, como o da armadeira. Mas a picada deixa o veneno que é NECROSANTE. Assim, de 24 a 48 horas depois da picada seguem os sintomas iniciais descritos pelo Luciano, inicia-se com uma mancha parecendo mármore. Depois vai complicando e chega a necrosar toda a pele.
Médicos e farmacêuticos normalmente não têm informação sobre esse tipo de acidente. Geralmente confundem com furúnculo ou cabelo encravado e não dão muita importância. Na dúvida, recorra ao HPS João XXIII em BH e mostre a lesão. Eles conhecem bem esses casos pois são assessorados pelos biólogos da UFMG e são a referência para esse tipo de acidente. Acredite, biólogos conhecem mais esses casos do que os médicos, afinal de contas, se expõem mais a esses acidentes em cavernas e tal. Não há nos Cursos de Medicina, uma disciplina que trate com detalhes desses casos. O pessoal do Laboratório de Aracnologia da UFMG montou um curso excelente sobre o assunto. Fiz o curso e estive presente em algumas aulas em outras vezes que foi oferecido. Infelizmente, nas turmas que frequentei, nenhum matriculado era aluno do curso de medicina. Só biólogos mesmo e alguns curiosos interessados no assunto (inclusive meu aluno Saulo - que de vez em quando dá as caras aqui no blog).
A procura dessas aranhas em nossas casas é importante. Não as confunda com aquelas aranhas pernudas que ficam no canto das paredes, quase lá no teto. Aquelas - Pholcus phalangioides - não fazem nadinha, no máximo nos ajudam comendo pernilongos. Procure cuidadosamente (use luvas) atrás de quadros na parede. Nossos colegas biólogos do Laboratório de Aracnologia da UFMG coletaram mais de 300 numa casa de alto padrão no bairro Mangabeiras em BH, sem nenhum acidente na casa, pois as aranhas não atacam. Só picam, como já mencionei, se pressionadas contra nosso corpo (dentro de sapatos, roupas...).

Uma Loxosceles perto de sua teia onde deposita ovos. O corpo é pequeno, cerca de 8 a 10 milímetros. Mas as pernas são alongadas.
Crédito da foto: Ubirajara de Oliveira (Bira) - Laboratório de Aracnologia - ICB/UFMG.

O tratamento é a inoculação do soro anti-loxosceles até no máximo 48 horas do acidente. Pode usar o soro depois, mas o efeito será menor e algum grau de ferida vai se estabelecer. Ou seja, vá para o HPS João XXIII, rápido. Farmácias, remedinhos e pomadinhas não farão nenhum efeito. No máximo, poderão evitar a infecção por bactérias quando a ferida estiver gigante.




Ao lado, imagens chocantes de lesões tegumentares causadas pela Loxosceles. Eu não aconselho, mas se tiver estômago, clique na imagem para ampliar. Não consegui os créditos das duas primeiras imagens, quem souber, por favor me informe. As demais estão devidamente referenciadas. Febre, dor, edema local, mancha avermelhada, irritabilidade, taquicardia, náuseas e vômitos são sinais e sintomas que costumam acompanhar o desenvolvimento das lesões.



Felizmente (bom, melhor seria não ter acontecido, claro!), nosso amigo Luciano foi vítima da forma Tegumentar, ou seja, "apenas" lesões de pele (mas que foram muito graves). Em 2% dos casos pode se estabelecer a forma Visceral, ou seja, o veneno ataca os órgãos internos, em especial o fígado e os rins causando sintomas sérios e progressivos: febre alta e persistente, destruição das hemácias, com consequente anemia e icterícia, perda de proteínas na urina, acidose metabólica, desequilíbrio hidroeletrolítico e crise hipertensiva. Arritmia cardíaca completa e agrava o quadro. A urina fica escura como na Hepatite ("urina de coca-cola") e o prognóstico é grave, especialmente em crianças e idosos, muitas vezes culminando em óbito.

OBSERVAÇÃO

Recentemente tenho recebido várias fotos de aranhas para identificação. O pessoal realmente se preocupa muito com a aranha-marrom. Mas não é toda aranha de coloração marrom que é a perigosa Loxosceles. Entre as aranhas que são muito confundidas com a aranha-marrom está a aranha-cuspideira. 
A aranha-cuspideira também é uma aranha pequena, amarronzada, mas seu cefalotórax é mais alto do que o cefalotórax da aranha-marrom. É possível perceber isso em fotos "de perfil". Mas a cuspideira também tem 3 pares de olhos. E a cuspideira não tem a famosa mancha em forma de violino. 

Sendo assim: 
  • O cefalotórax da aranha-marrom (Loxosceles) é plano ou levemente achatado, com formato mais oval ou em violino, sem a elevação pronunciada que caracteriza a aranha-cuspidora.
  • Aranha-cuspidora (Scytodes) → cefalotórax abaulado e alto, lembrando uma “cúpula”.
  • Aranha-marrom (Loxosceles) → cefalotórax baixo e plano, com o desenho em forma de violino (na região dorsal anterior).
  • Essa diferença de formato é uma das características visuais mais úteis para distingui-las, especialmente quando observadas de perfil.
 Ramon Lamar de Oliveira Junior



OUTRAS IMAGENS COMPARATIVAS


terça-feira, 23 de setembro de 2025

Sete Lagoas, a Estrada dos Tropeiros e as Gameleiras da Memória

A história de Minas Gerais é inseparável de suas estradas coloniais. Quando se fala em Estrada Real, muitos imediatamente lembram os caminhos oficiais reconhecidos hoje pelo Instituto Estrada Real — o Caminho Velho, o Caminho Novo, o Caminho dos Diamantes e o Caminho do Sabarabuçu. Esses trajetos foram fundamentais para a circulação do ouro e dos diamantes entre as minas e os portos do Rio de Janeiro e Paraty, consolidando uma rede de controle fiscal e de vigilância da Coroa portuguesa.
Mas, paralelamente a esses caminhos oficiais, existia uma imensa malha de estradas secundárias, atalhos, trilhas e rotas alternativas utilizadas por tropas de mulas e gado, responsáveis pelo abastecimento das vilas mineradoras. É nesse contexto que surge a chamada Estrada dos Tropeiros, que cruzava a região de Sete Lagoas, conectando-a às áreas mais ativas da mineração.

A participação de Sete Lagoas no sistema de estradas coloniais
Embora não esteja no mapa oficial da Estrada Real, Sete Lagoas teve papel fundamental na engrenagem econômica e social do período. A cidade e seus arredores eram ricos em lagoas, pastagens e terras agricultáveis, o que a transformou em um importante polo de abastecimento para os centros mineradores. Enquanto Ouro Preto, Sabará e Diamantina dependiam quase exclusivamente da mineração, era em localidades como Sete Lagoas que se produziam os alimentos, o gado, os couros e outros insumos essenciais à vida cotidiana nas minas.

O tropeirismo foi a espinha dorsal dessa conexão. Tropas de mulas e boiadas seguiam em longas caravanas transportando:
  • alimentos (milho, feijão, mandioca, rapadura);
  • gado em pé e carne fresca para abastecer os arraiais;
  • produtos derivados da pecuária, como couro e sebo;
  • além de mercadorias vindas de fora, como tecidos, ferramentas, sal e aguardente.
Essas tropas seguiam em direção ao norte, conectando Sete Lagoas a Curvelo, Serro e Diamantina, onde se integravam ao Caminho dos Diamantes. Assim, mesmo não estando no traçado oficial, a cidade fazia parte de um circuito indispensável para a manutenção da vida mineradora.

As Gameleiras como marcos de viagem
Dentro de Sete Lagoas, a memória do tropeirismo está viva em pontos específicos. Um deles é o bairro rural de Gameleiras, cujo nome remete às antigas árvores que marcavam pousos de tropas. Mas talvez o símbolo mais marcante esteja dentro da própria cidade, próximo à Lagoa do Cercadinho.
Ali permanecem de pé duas enormes gameleiras (Ficus doliaria, gameleira branca), árvores centenárias de copa ampla, cujas raízes se entrelaçam com a história local. Esses exemplares não são apenas vegetação: eles funcionavam como marcos naturais e referenciais de viagem.
As tropas que saíam de Sete Lagoas rumo ao norte passavam por esse ponto, aproveitando a sombra generosa e a proximidade da lagoa para descansar antes de seguir viagem. Na prática, essas duas árvores eram o portal simbólico de saída da cidade pela Estrada dos Tropeiros, um verdadeiro testemunho vivo do movimento que ligava Sete Lagoas ao Caminho dos Diamantes e à vasta rede de circulação colonial.

Patrimônio vivo ameaçado
Essas duas gameleiras, localizadas logo abaixo da Lagoa do Cercadinho, são tombadas pelo patrimônio histórico, reconhecidas como parte da memória cultural da cidade. No entanto, apesar desse status de proteção, estão atualmente ameaçadas de corte pelo proprietário da área em que se encontram.


É uma contradição dolorosa: árvores que sobreviveram por séculos, testemunhando a passagem de tropeiros, viajantes e boiadas, hoje correm risco por interesses imediatos que ignoram seu valor simbólico e coletivo.
Mais do que árvores, elas representam a história de Sete Lagoas, a ligação com a Estrada dos Tropeiros e, por consequência, com o próprio processo de formação de Minas Gerais. Preservá-las não é apenas proteger o meio ambiente, mas também garantir a continuidade de uma memória que pertence a todos.

📌 Em tempos de urbanização acelerada e de apagamento da história local, as Gameleiras da Lagoa do Cercadinho nos lembram que a identidade de uma cidade se constrói também na preservação de seus símbolos. Cortá-las seria mais do que eliminar árvores centenárias: seria apagar um pedaço vivo da memória coletiva.

Ramon L.O. Junior

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

AINDA SOBRE EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES

Existem várias teorias sobre a evolução das espécies. É um assunto recorrente nos vestibulares e os estudantes têm que saber interpretar os fatos à luz de cada teoria. As mais famosas são o Evolucionismo de Lamarck, o Evolucionismo de Darwin e Wallace e a Teoria Sintética da Evolução (Neo-Darwinismo). 

Os postulados principais de cada uma são:

Lamarck
Lei do uso e desuso → estruturas usadas se desenvolvem, não usadas atrofiam.
Herança dos caracteres adquiridos → características adquiridas ao longo da vida passam aos descendentes.
Adaptação como resposta direta ao ambiente.

Darwin e Wallace
Existem variações entre os indivíduos da mesma espécie → todos os indivíduos diferem em vários aspectos anatômicos e funcionais.
Na natureza nascem mais indivíduos do que o ambiente suporta
Ocorre a luta pela sobrevivência → competição por recursos limitados.
Seleção natural → os mais adaptados sobrevivem, reproduzem e deixam mais descendentes.
As características mais adaptativas passam para os descendentes.

Teoria Sintética (Neodarwinismo)
As variações são produzidas pelas mutações e recombinação de genes → fontes principais da variabilidade. (Variabilidade genética → matéria-prima para a evolução.)
Seleção natural → atua sobre fenótipos, moldando frequências gênicas.
As características mais adaptativas passam para os descendentes de acordo com as leis da genética e se fixam nas populações de acordo com os postulados da genética de populações.

Comparação clássica das teorias de Lamarck e Darwin e Wallace.


Como as três teorias explicariam uma situação-modelo como "a existência de peixes albinos em rios no interior de cavernas"?

ENUNCIADO: “Em um rio subterrâneo dentro de uma caverna foram encontradas populações de peixes albinos (sem pigmentação). Explique, segundo as teorias evolutivas de Lamarck, Darwin e a Teoria Sintética, como se justificaria a presença desses animais.”

Respostas:

Lamarck: Os peixes que viviam no escuro deixaram de usar a capacidade de produzir pigmentação (que não é necessária nesse ambiente), e essa capacidade foi desaparencendo ("se atrofiando") com o tempo (lei do uso e desuso). As características adquiridas (perda de pigmento = albinismo) foram transmitidas aos descendentes (herança dos caracteres adquiridos), originando uma população de peixes albinos.

Darwin e Wallace: Existiam variações naturais entre os peixes, alguns com menos pigmento e outros com mais pigmento. No ambiente escuro da caverna, a pigmentação não traz vantagem (nem proteção e nem camuflagem); indivíduos albinos sobreviveram e se reproduziram normalmente. Com o tempo, a seleção natural favoreceria a predominância dos albinos (pois têm vantagem por não gastar energia produzindo pigmento).

Teoria Sintética: Mutação e recombinação gênica originaram indivíduos albinos de forma completamente aleatória (casual). A ausência de luz eliminou a vantagem da pigmentação, e a seleção natural permitiu que os genes do albinismo se fixassem, passando para a descendência. Além disso, o isolamento reprodutivo na caverna reduziu o fluxo gênico com populações externas, favorecendo a manutenção do caráter albino.

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

CHARLES DARWIN

Charles Darwin nasceu em 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsbury, Inglaterra, filho de Robert Darwin, médico respeitado, e Susannah Wedgwood, da famosa família de porcelanas Wedgwood. Era o quinto de seis filhos. Quando tinha apenas oito anos, perdeu a mãe, Susannah, em 1817, um evento que marcou profundamente sua infância. Apesar dessa perda, Darwin recebeu apoio dos tios e da família estendida, especialmente da família Wedgwood, que valorizava educação, curiosidade intelectual e incentivo às ciências. Esse ambiente familiar estimulante foi fundamental para o desenvolvimento precoce do interesse de Darwin pela natureza, mesmo sem a presença materna.

Darwin iniciou seus estudos em escolas locais e posteriormente na Shrewsbury School, onde se destacou mais por sua curiosidade natural do que pelo desempenho acadêmico formal. Em 1825, ingressou na Universidade de Edimburgo, para estudar medicina, conforme o desejo de seu pai, mas rapidamente percebeu que não se adaptava à prática médica. Achava as cirurgias traumáticas e pouco interessantes, o que desviou seu interesse para atividades intelectuais e científicas, especialmente a botânica e a história natural. Durante sua permanência em Edimburgo, Darwin participou de clubes de história natural, colecionou insetos e plantas, e teve contato com naturalistas que alimentaram seu gosto pela pesquisa.

Em 1828, Darwin transferiu-se para a Universidade de Cambridge, com o objetivo de se formar como clérigo da Igreja da Inglaterra, profissão respeitável e segura socialmente. Em Cambridge, frequentou cursos de teologia e filosofia, mas encontrou verdadeira paixão nas atividades de história natural. Foi nesse período que conheceu John Stevens Henslow, mentor fundamental que o introduziu à botânica, geologia e técnicas de coleta científica. Henslow também o recomendou para a viagem no HMS Beagle, que se tornaria decisiva para sua carreira científica.

Durante a viagem do Beagle (1831–1836), Darwin estabeleceu uma relação profissional e pessoal importante com o capitão Robert FitzRoy. FitzRoy, líder da expedição, era um homem disciplinado e de convicções religiosas fortes, mas reconhecia a competência científica de Darwin. Apesar de diferenças de opinião — FitzRoy era profundamente religioso e cético quanto às ideias evolucionistas —, os dois mantiveram um relacionamento de respeito. Essa convivência proporcionou a Darwin experiências práticas de coleta e observação em regiões diversas, desde a Patagônia e Chile até as ilhas Galápagos, consolidando sua capacidade de análise e percepção das variações entre espécies.

 
H.M.S. Beagle

Após retornar da viagem, Darwin se dedicou à análise de suas coleções e à escrita de artigos científicos. Em 1848, com a morte do pai, Robert Darwin, Charles ganhou independência financeira, o que permitiu dedicar-se inteiramente à pesquisa sem preocupações profissionais externas. Essa liberdade foi crucial para o desenvolvimento de suas ideias sobre seleção natural.

Em 1839, Darwin casou-se com Emma Wedgwood, sua prima de primeiro grau, membro da mesma família intelectual que o apoiou na infância. Emma era profundamente religiosa e preocupada com a moralidade e bem-estar familiar. O casamento, embora afetuoso, trouxe consigo algumas preocupações genéticas. Diversos estudiosos e biógrafos sugerem que alguns problemas de saúde de seus filhos possam ter sido agravados pelo casamento consanguíneo, uma prática relativamente comum na época entre famílias da elite. A família Darwin enfrentou trágicas perdas, incluindo a morte de alguns filhos ainda jovens, eventos que afetaram profundamente a vida pessoal de Darwin, embora ele continuasse seu trabalho científico com disciplina e dedicação.

Darwin, em 1854

A vida familiar de Darwin, incluindo o apoio de Emma e a convivência com filhos doentes, contrasta com sua intensa atividade científica. Ele conseguia manter a rotina de pesquisas, observações e correspondência com naturalistas do mundo inteiro, mesmo diante das dificuldades pessoais. Emma, embora profundamente religiosa, apoiava Darwin e administrava a casa, garantindo que ele tivesse tempo e estabilidade para sua pesquisa.


Entre 1836 e 1859, Darwin consolidou suas ideias sobre evolução. A correspondência com outros naturalistas, a análise meticulosa de suas coleções do Beagle e os estudos de variação em plantas e animais o levaram à formulação da teoria da seleção natural, culminando na publicação de A Origem das Espécies em 1859. A trajetória de Darwin evidencia a interação entre contexto familiar, apoio de tios e esposa, mentorias acadêmicas, independência financeira e experiências práticas de campo. Essa combinação permitiu que ele se tornasse um naturalista cuja obra transformou a biologia moderna.

Amigos, colegas e "discípulos"

Durante sua carreira, Charles Darwin não esteve sozinho em suas investigações científicas. Ele manteve uma extensa rede de amigos, colegas e correspondentes que contribuíram significativamente para o desenvolvimento de suas ideias. Muitos desses contatos eram cientistas renomados da época — naturalistas, geólogos, botânicos e biólogos — cujas observações ajudaram Darwin a fortalecer suas teorias.

Entre os amigos mais próximos estava Joseph Dalton Hooker, botânico britânico e confidente de Darwin, que ofereceu críticas construtivas e validou suas conclusões sobre a evolução das plantas. Outro grande aliado foi Thomas Henry Huxley, que se tornaria famoso como o “cão de combate” da teoria darwiniana, defendendo publicamente a evolução e formando uma geração de jovens cientistas interessados na biologia evolutiva.

Darwin também manteve uma amizade e intensa correspondência com Asa Gray, botânico americano que se tornou um defensor crucial da teoria da seleção natural nos Estados Unidos. Gray ajudou a interpretar a teoria de Darwin em termos botânicos e espirituais, conciliando ciência e religião para muitos leitores americanos, o que ampliou significativamente a aceitação de suas ideias.

Além desses, Darwin interagiu com inúmeros naturalistas e pesquisadores ao redor do mundo, como Alfred Russel Wallace, que independentemente chegou a conclusões semelhantes sobre a seleção natural, e Geoffroy Saint-Hilaire, Charles Lyell (geólogo), Richard Owen (anatômico), entre outros. A correspondência ativa e o intercâmbio de espécimes e observações transformaram Darwin em um verdadeiro núcleo de uma rede científica global.

Darwin também inspirou diretamente futuros “discípulos” que deram continuidade ao estudo da evolução, como os jovens naturalistas da Inglaterra, América e Europa que seguiram seu trabalho em diversas áreas da biologia, ecologia e paleontologia. Além dos grandes nomes, ele contou com a colaboração de amadores e naturalistas locais que coletavam espécimes e enviavam dados valiosos, antecipando uma forma de ciência colaborativa que se tornaria modelo no futuro.

Em resumo, Darwin não foi um solitário pensador; foi o centro de uma comunidade científica em expansão. Seus amigos, correspondentes e discípulos — de Hooker e Huxley a Gray e Wallace — garantiram que suas ideias sobre evolução e seleção natural alcançassem reconhecimento mundial e permanecessem influentes até os dias de hoje.

Darwin e a "perseguição" religiosa

Charles Darwin enfrentou, ao longo de sua vida, tensões religiosas consideráveis, embora falar em “perseguição” no sentido de ataques físicos ou legais não seja exatamente preciso. A oposição foi sobretudo intelectual e social, ligada ao choque entre suas ideias sobre evolução e os ensinamentos religiosos predominantes.

Darwin nasceu em uma família anglicana, embora pessoalmente tenha se tornado cada vez mais cético em relação à religião organizada ao longo de sua vida. Sua teoria da seleção natural, apresentada em A Origem das Espécies (1859), questionava a interpretação literal da Bíblia sobre a criação, o que gerou resistência da Igreja Anglicana, instituição dominante na Inglaterra vitoriana. Clero, estudiosos e parte do público religioso reagiram com críticas severas, considerando a ideia de evolução uma ameaça à moral e à ordem divina.

Alguns debates famosos ilustram essa tensão: por exemplo, o confronto público entre Thomas Huxley (defensor de Darwin) e o bispo Samuel Wilberforce na Oxford Debate de 1860, que se tornou símbolo do embate entre ciência e religião. Embora não tenha havido perseguição legal formal, Darwin evitou frequentemente discussões públicas sobre religião para proteger sua reputação e manter sua pesquisa em foco, mostrando sua prudência diante do clima religioso da época.

No entanto, é importante notar que a oposição não veio majoritariamente do catolicismo, que tinha menor influência na Inglaterra vitoriana, mas sim da anglicana e de setores protestantes conservadores. Darwin próprio manteve relações cordiais com alguns religiosos que aceitavam ou conciliavam a ciência com a fé, como Asa Gray, que via compatibilidade entre seleção natural e crenças religiosas.

O homem veio do macaco?

Charles Darwin começou a considerar a evolução humana de forma teórica já nos anos 1830–1840, durante e após a viagem do Beagle, mas publicou formalmente sobre o tema apenas em 1871, em seu livro A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo (The Descent of Man, and Selection in Relation to Sex). Nesse livro, Darwin expandiu suas ideias da seleção natural para explicar a origem do homem, abordando aspectos físicos e mentais, e introduziu conceitos de seleção sexual para explicar características humanas, como diferenças entre sexos, comportamento social e capacidades cognitivas. Ele também tratou da origem das emoções humanas e da continuidade entre humanos e outros primatas, reforçando que o ser humano não ocupava uma posição separada da natureza, mas sim resultava de processos evolutivos semelhantes aos observados em outros animais.

Representações feitas por Darwin para uma "árvore da vida".

É nesse contexto que surge a famosa, mas simplificada e muitas vezes distorcida, “ideia do macaco”: a percepção popular de que Darwin teria afirmado que “o homem veio do macaco”. Na verdade, Darwin nunca disse que o homem descendia de macacos modernos, mas sim que humanos e macacos atuais têm ancestrais comuns. A confusão surgiu da forma como suas ideias foram interpretadas pelo público e pela imprensa da época, especialmente por críticos religiosos que queriam ridicularizar suas teorias.

Vale destacar que, embora a obra tenha causado enorme polêmica, Darwin já havia sugerido ideias sobre a evolução do homem de forma mais indireta em correspondências e notas, especialmente a partir da publicação de A Origem das Espécies (1859), mas evitou, naquele momento, entrar em detalhes explícitos sobre a espécie humana para não inflamar críticas religiosas e sociais.

E depois de Darwin???

As teorias de evolução não terminam com Darwin. Ele lançou as bases da compreensão científica da evolução com a seleção natural, mas o desenvolvimento da biologia evolutiva continuou por décadas e se expandiu com descobertas posteriores. Darwin propôs que as espécies mudam ao longo do tempo por meio da seleção natural: indivíduos com características vantajosas sobrevivem e se reproduzem mais. Ele também explorou a seleção sexual e a evolução humana em A Descendência do Homem (1871). No entanto, Darwin não conhecia os mecanismos genéticos precisos, pois Gregor Mendel ainda não havia sido redescoberto e a genética moderna ainda não existia.

A redescoberta dos trabalhos de Mendel em 1900 permitiu que pesquisadores como Hugo de Vries, Carl Correns e Erich von Tschermak confirmassem os princípios da herança genética, e a partir daí a evolução de Darwin começou a ser combinada com a genética mendeliana, dando origem à síntese moderna da evolução, consolidada nas décadas de 1930 e 1940 por cientistas como Theodosius Dobzhansky, Ernst Mayr, Julian Huxley e George Simpson. A síntese moderna integrava genética, seleção natural, paleontologia e sistemática, explicando como a variação genética dentro das populações é o combustível para a evolução e permitindo compreender adaptação, especiação e história evolutiva de forma quantitativa e rigorosa.

Um avanço decisivo nesse período foi a contribuição de Thomas Hunt Morgan, que estudou a herança genética utilizando a mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster). Morgan demonstrou experimentalmente que os genes estão localizados nos cromossomos e que mutações podem gerar variação hereditária dentro das populações. Seu trabalho forneceu evidências concretas de como as mudanças genéticas alimentam a evolução, reforçando e expandindo a síntese moderna ao conectar diretamente a genética clássica com os princípios darwinianos da seleção natural.

Com a descoberta da estrutura do DNA por Watson e Crick em 1953, a biologia molecular passou a influenciar a teoria evolutiva, permitindo estudar mutações genéticas, recombinação, deriva genética e migração com precisão. Surgiram campos como evolução de genes, epigenética, paleogenética e biologia evolutiva do desenvolvimento, conhecida como evo-devo. Hoje, a evolução é entendida como um processo dinâmico e multifatorial, envolvendo seleção natural, seleção sexual, deriva genética, cooperação, simbiose e mudanças ambientais rápidas.

Darwin continua sendo a base conceitual da teoria evolutiva, mas a compreensão moderna vai muito além de suas ideias iniciais, conectando ecologia, genética, paleontologia, biologia molecular e comportamento, e mostrando a evolução como um fenômeno contínuo e complexo que afeta todas as formas de vida na Terra.


Linha do Tempo de Charles Darwin

1809 – Nascimento

  • 12 de fevereiro: Nasce em Shrewsbury, Inglaterra, filho de Robert Darwin e Susannah Wedgwood, quinta de seis crianças.

1817 – Perda da mãe

  • Morte de Susannah Wedgwood.

  • Recebe apoio dos tios e da família Wedgwood, que incentivam a educação e a curiosidade científica.

1825 – Universidade de Edimburgo

  • Ingressa para estudar medicina, a pedido do pai.

  • Não se adapta à prática médica (cirurgias traumáticas).

  • Participa de clubes de história natural, coleciona insetos e plantas.

  • Desenvolve interesse por biologia experimental e botânica.

1828 – Universidade de Cambridge

  • Transfere-se para Cambridge para formar-se como clérigo da Igreja da Inglaterra.

  • Conhece John Stevens Henslow, mentor de história natural.

  • Participa de excursões botânicas e coleta científica, desenvolvendo habilidades de observação e registro de dados.

  • Começa a afastar-se do foco clerical, concentrando-se em história natural.

1831–1836 – Viagem no HMS Beagle

  • Participa como naturalista na expedição global liderada pelo capitão Robert FitzRoy.

  • Observa ecossistemas diversos, espécies endêmicas e variação entre populações.

  • Mantém uma relação de respeito e aprendizado com FitzRoy, apesar das diferenças ideológicas.

  • Coleta fósseis, plantas, animais e realiza anotações detalhadas que fundamentarão suas futuras teorias.

1836–1839 – Retorno e análise científica

  • Analisa minuciosamente coleções e dados da viagem.

  • Inicia correspondência com naturalistas e cientistas do mundo todo.

1839 – Casamento com Emma Wedgwood

  • Casa-se com sua prima Emma, membro da família Wedgwood.

  • O casamento é afetuoso, mas há preocupações com consanguinidade e saúde dos filhos.

  • A família enfrenta tragédias, incluindo a morte de alguns filhos em tenra idade, eventos que impactam emocionalmente Darwin, mas não interrompem seu trabalho científico.

1848 – Morte do pai, Robert Darwin

  • Darwin herda parte da fortuna familiar, conquistando independência financeira.

  • Ganha liberdade para se dedicar inteiramente à pesquisa, análise de dados e escrita científica.

1859 – Publicação de A Origem das Espécies

  • Depois de anos de estudo e elaboração de suas ideias sobre seleção natural, publica a obra que transforma a biologia.

Resumo da Trajetória

  • A trajetória de Darwin é marcada pela combinação de influência familiar, mentoria acadêmica, experiências de campo e independência financeira, permitindo-lhe unir observação prática e análise teórica.

  • Relações importantes:

    • Família Wedgwood e tios: incentivo à educação e ciência.

    • John Stevens Henslow: mentor acadêmico, recomendou o Beagle.

    • Capitão Robert FitzRoy: liderança da expedição e contato com perspectivas religiosas e científicas divergentes.

    • Emma Wedgwood: apoio emocional e familiar, gerenciando a casa e cuidados com os filhos.